Apropriação cultural e a experiência afro-brasileira.

por Flora Lucini, 

Da Capoeira às cerimônias de Yoruba, grupos religiosos , a cultura afro-brasileira é uma das maiores atrações turísticas no Brasil, predominantemente na Bahia.

A maneira como a Bahia é comercializada internacionalmente, atingiu muita curiosidade no sub-consciente das pessoas e dos ativistas sociais do mundo a respeito de como exatamente são os "negros" da Bahia e seu cotidiano.

Eu comecei a pesquisar o turismo na Bahia, na esperança de encontrar uma resposta para esta pergunta. Em uma palestra ministrada pela Dra. Erica Lorraine Williams em seu livro “Sex Tourism in Bahia” (Turismo Sexual na Bahia), Dra. Williams nos dá como exemplo um lugar da Bahia chamado "Pelourinho", reconhecido como Patrimônio Mundial da UNESCO. 

No centro das principais mentiras, havia um painel de papelão pintado com as imagens de um "Capoeirista" e uma "Baiana"com duas cavidades onde seria o rostos dos mesmos. Esse mural é destinado á atrair turistas para em vez colocar seus rostos na cavidade e tirar fotos posando como um" Capoeirista "ou uma" Baiana". Os turistas também têm acesso á acessórios e então posam com uma "peruca afro" ou um torniquete se assim o desejarem. O que isso faz é banalizar e estereotipar um certo arquétipo das características afro-brasileiras a partir de seus trajes e seus cabelos.

A comercialização da experiência afro-brasileira na Bahia é aquele que pinta um quadro que se limita a esta definição e é explorada com fins lucrativos no mundo do turismo.

Continuando minha pesquisa, encontrei um artigo muito interessante escrito pelo grupo “Black Women of Brazil”, sobre a apropriação Cultural e da “white washing” das imagens usadas para retratar as mulheres afro-brasileiras. 

Neste artigo que incluía Bahia ,expandiu-se a apropriação para o nordeste e expôs a imagem consistente usada pela mídia impressa brasileira ao retratar como reconhecemos uma mulher afro-brasileira, é na verdade sempre com um tom mais claro de pele , alguns diriam mesmo mulher "branca " com características eurocêntricas. 

Nos exemplos incluíam desde Ivette Sangalo, Daniela Mercury para, mais recentemente, a controversa Claudette Leitte e seu álbum intitulado "Negra Lora", que significa mulher negra loira. 

Estes exemplos são apenas a ponta do iceberg que é apropriação da experiência afro-brasileira , pessoas e cultura. Há numerosos exemplos de apropriação, na vida cotidiana africana no Brasil e fora do Brasil. Este tipo de apropriação não é exclusiva do Brasil, mas apenas de forma desenfreada em toda a Diáspora, provando mais uma vez que é de extrema importância afro-latinos em geral continuarem na luta pelo controle sobre a forma como são representados, não só é imperativo mas necessário.

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by Flora Lucini - Afro Brazilian Festival Atlanta

Fonte: Abyssinia.