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quinta-feira, 16 de abril de 2015

A turma que não “se adaptou” a ter uma aluna negra: uma denúncia de racismo!


Daquelas coisas que você lê no Facebook e não acredita que possa ser verdade diante do tamanho absurdo. Uma mãe que recebeu uma ligação da escola da filha informando que ela estava sendo mudada de sala porque “a turma não se adaptou a ela”. Como assim? A menina em questão tem 12 anos, de uma pele linda e reluzente, que gosta de usar um aplique trançado no próprio cabelo. Para a turma que “não se adaptou a ela” leia-se: não se adaptou a ela por ela ser negra. Ficou horrorizada? Eu também fiquei.

Lorena foi convidada a se retirar de uma turma onde alunos a discriminavam, desrespeitavam, soltavam piadinhas terríveis e ridículas. Assim, na lata: o errado vencendo o certo. O bullying acima da tolerância às diferenças. O racismo no lugar do respeito. Já que para a tal escola quem está fora dos padrões é a parte desrespeitada e não a parte que desrespeitou.

A mãe dela escreveu uma carta aberta. E nesta história, não há como justificar o comportamento racista dos colegas da filha dela. Absolutamente nada justifica esta aberração. Camila, a mãe, conta que recebeu uma mensagem pelo WhatsApp da filha que dizia: “olha só o que sofro”. Junto com esta frase havia uma gravação que a menina fez com a voz dos colegas.

A sequência do que se ouve é deprimente. Os colegas disparam atrocidades do tipo: “Sua preta, testa de bater bife do cara******!”
“Eu sou racista mesmo, quando eu quero ser racista eu sou racista, entendeu?”
“Toda vez que eu encontrar ela na minha frente eu vou zuar até ela chorar”
“Você vai ficar neste grupo até você chorar”
“Cabelo de movediça, cabelo de miojo, cabelo de macarrão”

Isto não aconteceu há dois séculos atrás. Isto foi há duas semanas, em São Bernardo do Campo, São Paulo. Que tipo de crianças, adolescentes são estes? Que tipo de exemplos eles recebem em casa? Que vergonha desses pais.

As crianças são uma folha em branco, moldadas por nós e pelo ambiente em que vivem. E eu fico pensando o que a gente realmente precisa fazer na prática para ensinar os nossos filhos o quanto ser racista é absurdo. É inadmissível deixar que eles usem termos pejorativos. É imprescindível explicar que cada um é de um jeito, mas somos todos iguais no quesito respeito. Precisamos com urgência colocar a mão na consciência e trilhar um caminho para criar filhos bacanas e inteligentes e não criaturinhas preconceituosas e dignas de pena como estes meninos que ofenderam a Lorena.

Fabiana Santos é jornalista, mãe de Felipe, de 10 anos e Alice, de 4 anos. Eles moram em Washington-DC. O melhor amigo de Felipe se chama Leland e é negro. Mas isto não faz a menor diferença pra eles, porque amizade não tem cor. 

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