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sexta-feira, 31 de maio de 2013

Marilena Chauí: classe média é violenta, fascista e ignorante

Professora Marilena Chauí (Foto: Divulgação).

     Marilena Chauí falou sobre o ProUni para explicitar o racismo que emergiu com força na sociedade, a partir do momento em que as salas de aula do ensino superior ficaram cheias de pobres e negros

     O ineditismo de medidas governamentais e seus resultados surpreendentes estão sendo analisados durante o lançamento do livro 10 anos de governos pós-neoliberais no Brasil: Lula e Dilma. O primeiro deles ocorreu no último dia 13, em São Paulo, e contou com presença de Emir Sader, Márcio Pochmann e Marilena Chauí.

     Sem as sutilezas filosóficas das aulas emocionantes que costuma dar em eventos desse tipo, ela foi direto ao assunto. Chauí falou sobre o Bolsa Família para exemplificar a “revolução feminista” que vem ocorrendo no país, ao direcionar o recurso para a mulher, e depois o exemplo do ProUni, para explicitar o racismo que emergiu com força na sociedade, ao encher as salas de aula do ensino superior de pobres e negros.

     Por fim, fez duras críticas à classe média: “a classe média é uma abominação política, porque é fascista, é uma abominação ética porque é violenta, e é uma abominação cognitiva porque é ignorante. Fim”, concluiu ovacionada.


Ausência de cotas na USP é moralmente indefensável

Não há calouros negros na USP (Foto: Ilustração).

Por: Paulo Nogueira, 

A USP estimula a iniquidade. A falta de cotas raciais na principal universidade brasileira é moralmente indefensável

Estou aqui de queixo caído. Não. Me lembrei de que, segundo os grandes filósofos, perplexidade é atributo dos tolos. “Não se espante com nada”, escreveu Sêneca. “Porque tudo se repete o tempo todo”. Coloquemos assim.

Me chamou a atenção, negativamente, a notícia que li hoje na Folha. As três faculdades mais concorridas da USP não têm sequer um calouro negro. Vou repetir: nem um. Zero.

Estamos em 2013. Em que ano está a USP?
Não existem cotas raciais lá, em nome de uma distorção criminosa e cínica da palavra meritocracia. Mérito estaria na obtenção das notas necessárias para entrar na USP, pura e simplesmente. Ora, ora, ora.

Que mérito existe nisso tão intransponível assim quando você estuda em escolas caras e concorre com alunos que enfrentaram o ensino público e jamais tiveram dinheiro para comprar livros, recorrer a professores particulares, fazer cursinhos e trocar de computador regularmente?

O sistema da USP, na verdade, perpetua a iniquidade. É a negação da meritocracia. Vejo que o novo reitor tem falado a favor de cotas raciais, mas sem poder de influência. Vejo que o governador Alckmin também já manifestou apoio, igualmente sem influência. Há uma força inercial terrível que congela as coisas na USP e impede a modernização do pensamento. Quero ver quem está por trás da negação da meritocracia, e pesquiso. Claro.

Vou dar em Demétrio Magnolli, uma das cabelas mais reacionárias do país – e por isso mesmo uma personagem com presença frequente na mídia brasileira. Magnolli dá, sobretudo à mídia das Organizações Globo, um pretenso verniz acadêmico a teses primitivas que significam, essencialmente, a manutenção de privilégios. É uma daquelas pessoas que, estivéssemos na década de 1780, estariam se batendo por Versalhes, e que seriam tomadas de estupor reprobatório quando caísse a Bastilha.

Nada, a não ser o conservadorismo petrificado, justifica que seja mantido na USP um sistema que beneficia minúscula uma fração da sociedade já suficientemente privilegiada. É um tapa na cara de todos nós a ausência de um só calouro negro nas três faculdades mais concorridas da USP.

Cotas e justiça racial: de que lado você está?



Por Luís Roberto Barroso,
     Participei na semana passada, na Universidade de Harvard, de uma banca de doutorado de tese que discutia o tema das ações afirmativas no Brasil: Racial Justice in Brazil: Struggles over Equality in Times of New Constitutionalism (“Justiça Racial no Brasil: A Luta por Igualdade em Tempos de Novo Constitucionalismo”), de autoria de Adílson Moreira. O autor já era doutor no Brasil e vive nos Estados Unidos há mais de sete anos. Um belo trabalho, com uma crítica sensível e equilibrada ao discurso oficial brasileiro (“o humanismo racial brasileiro”) de que não há racismo entre nós.

     O discurso de que somos uma sociedade miscigenada e de que não existe relação entre a cor da pele e o sucesso econômico e profissional. As desigualdades seriam fruto de preconceitos e discriminações sócio-econômicas, não raciais. Após desconstruir essa maneira romântica e irreal como costumávamos pensar sobre nós mesmos, o trabalho conclui que as ações afirmativas são decisivas para colocar fim, em algum lugar do futuro, na posição de subordinação e inferioridade das pessoas que têm a cor da pele mais escura.

     Ações afirmativas são políticas públicas que procuram dar uma vantagem competitiva a determinados grupos, como forma de reparação de injustiças históricas. Também contribuem para criar histórias de sucesso que possam funcionar como símbolo e motivação para os grupos desfavorecidos. Cotas raciais em universidades são uma espécie de ação afirmativa. Essa não é, porém, a única forma de realizar o objetivo de inclusão. E, possivelmente, nem é a melhor. Incentivos e ensino de qualidade na primeira infância, por exemplo, são alternativas mais eficientes no longo prazo.

     As cotas, porém, são um mecanismo emergencial e paliativo de promover ascensão social e, sobretudo, de propiciar à próxima geração – os filhos dos cotistas – maiores chances de romper o cerco e de ter acesso a bens sociais e valores culturais que fazem a vida ser melhor e maior. Uma “etapa”, como registrou a ministra Carmen Lúcia, ao votar no memorável julgamento da ADPF 186, relatada pelo ministro Ricardo Lewandowski, na qual se validou a política de cotas étnico-raciais.

     Há três posições básicas em relação à questão racial. A primeira é a do mais puro e assumido racismo, baseado na crença de que alguns grupos de pessoas são superiores a outros. A segunda sustenta que, no caso brasileiro, somos uma sociedade miscigenada, na qual ninguém é diferenciado por ser, por exemplo, negro. Reconhecem desequilíbrios no acesso à riqueza e às oportunidades, mas eles seriam de natureza econômica, não racial. Por essa razão, os defensores desse segundo ponto de vista opõem-se às políticas de ações afirmativas, que levariam à “racialização” da sociedade brasileira, em canhestra imitação dos norte-americanos.

     A terceira posição é a de que é fora de dúvida que negros e pessoas de pele escura, em geral, enfrentam dificuldades e discriminações ao longo da vida, claramente decorrente de aspectos ligados à aparência física. Uma posição inferior, que vem desde a escravidão e que foi potencializada por uma exclusão social renitente.

     Em relação aos que professam o primeiro ponto de vista – o do racismo assumido –, tudo o que se pode esperar é que um dia uma luz moral ou espiritual venha iluminá-los. Onde não há racionalidade, não há argumentos a oferecer. Gente que não se impressiona com o fato de que não há raças, do ponto de vista científico, como já amplamente comprovado. Elas só existem como um fenômeno social e cultural, como uma forma de conservação de poder e de hierarquização de pessoas.

     Já os que defendem o humanismo racial brasileiro, fundado na suposição de que aqui transcendemos a questão racial, acreditam sermos uma sociedade homogeneizada pela miscigenação. Todos são iguais, independentemente da cor da pele. Vale dizer: veem o que desejam e creem no que preferem, confundindo vontade com realidade. Para chegar a esta conclusão relativamente simples, basta olhar a quantidade irrisória de negros em postos de primeiro time no governo, nas empresas e nos escritórios de advocacia.

     Na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), ambiente acadêmico em que habito, a política de cotas sócio-econômicas e raciais tem produzido uma revolução profunda, silenciosa e emocionante. Um laboratório de inclusão social, onde jovens pobres e negros se superam para alcançar uma vida melhor. Um pouco melhor para eles próprios. Muito melhor para os seus filhos.

     Em 1998, eu dei a aula inaugural da universidade, falando para uma plateia de professores e de alunos em que quase 100% eram brancos. A cota racial era inequívoca: só entravam brancos. Este ano, voltei a dar a aula inaugural, já agora celebrando 25 anos da Constituição. Os professores continuavam todos brancos. Mas a audiência, repleta, interessada e calorosa, era um arco-íris de cores, de Angola à Escandinávia. Um dia será assim, também, no corpo docente. Um esclarecimento: não se trata de imitação do que se passa nos Estados Unidos, pois lá cotas raciais não são admitidas pela Suprema Corte.

     Minha filha faz vestibular este ano. Em razão das cotas raciais, suas chances de entrar para uma universidade pública de primeira linha são mais difíceis. Eu lamento, mas não me arrependo de defender esta modalidade de ação afirmativa. Nem ela. Ambos sabemos que acima das nossas circunstâncias pessoais, estamos fazendo um país melhor. Um mundo melhor. Tenho fé que, em algumas gerações, a cor da pele será irrelevante. O processo civilizatório tem derrotado sucessivos preconceitos. Nesse dia, não precisaremos mais de ações afirmativas. Mas, até lá, é preciso escolher um lado.

Fonte: Conjur

quinta-feira, 30 de maio de 2013

Programa Ensaio (1974) | Cartola e Leci Brandão

     Gravado em 1974, o programa traz Cartola e Leci Brandão cantando e contando fatos de suas vidas. Cartola conta do começo da carreira, da parceria com Dona Zica e da Mangueira. Canta "Alvorada no Morro", "Ao Amanhecer", "Disfarça e Chora" e "Acontece", entre outras. Leci Brandão fala do preconceito que enfrentou por ser mulher e conta outras histórias. Ela canta várias músicas. Entre elas "Pensando em Donga" e "Maravilhoso Vagabundo".

O Racismo visual no Currículo Lattes

por Marcos Romão,
Minha avó sempre me dizia para não procurar chifre em cabeça de cavalo. Ela desconhecia, que o paquiderme palomino do racismo brasileiro, possui um chifre invisível, que distribui chifradas nas horas que você baixa a guarda.

Feliz, em uma manhã de segunda-feira, comecei a registrar a minha cor em meu “Currículo Lattes”, no Portal do CNPQ, a porta visual da nata profisional e produtora do conhecimento do meu imenso Brasil.

Já não era sem tempo. Sociólogo há 35 anos, com registro profissional nº 99 na carteira de trabalho e negro há mais tempo, morro de curiosidades em saber a cor dos outros primeiros cem sociólogos, que tiveram o privilégio de poderem exercer a profissão, assim que ela foi reconhecida pelo governo brasileiro, ainda em plena ditadura militar.

ripado da página do CNPQ

Saber a cor dos meus parceiros de profissão é uma curiosidade científica, mas sobretudo afetiva e política.

Minha turma na UFF formou-se em 1978. Éramos éramos tres negros que cursavam a egrégia e perseguida, escola fluminense de ciências sociais, que cultivava as mentes, dos futuros produtores do conhecimento de meu país. Nossa turma teve como homenageado, o AI5, que não precisou ser convidado, pois sempre esteve presente.

Éramos uma Marlene e dois Joãos, Oliveiras, Paivas e Romãos. Todos pertencentes à plebe ignara, que assanhada, começava a falar por todo Brasil, que era negra e vinha para balançar o coreto da academia dos brancos contentes consigo mesmo.

O outro João não estava lá, soube que completou o curso depois. Carioca do subúrbio, teve problemas com os costumes racistas de Niterói, minha cidade natal.

Foi namorar logo a filha de um juiz, que apesar de esquerda, era um juiz de Niterói. Dançou, pois ficou visível demais. Nós negros não caíamos pela politica, fichinhas que éramos, bastava plantar um dólar de maconha em nossos bolsos, para aniquilar nossas carreiras. Todos fumavam, mas ó nós dançávamos por sermos “maconheiros plebeus” metidos a dormir com as filhas dos fidalgos.

Fiquei feliz em saber anos atrás, que o meu amigo João completara o curso depois da cadeia foi para São Tomé. A ONU e o “exílio permanente” sempre arranjam um emprego para os cérebros negros brasileiros, ainda bem. Está vivo, creio eu.

ripado da página do CNPQ

Marlene de Oliveira, mulher e negra, não teve a nossa sorte de homens negros, que aprenderam os truques para enganar o racismo acadêmico e chegar aos 60 cheios de gás para continuarem pensando . Marlene morreu.

Fundadora do grupo produtor de novos conhecimentos sobre o Brasil, o ” Grupo de Estudos André Rebouças” da UFF, ela que era a grande acadêmica entre nós três, morreu de pós-parto e sangramento na flor da idade.

Fruto do investimento de gerações seculares, a mulher negra e acadêmica Marlene, morreu como morrem milhares de negras, por incúria e racismo institucional dos hospitais.

Solidária como sempre, acadêmica, continuou negra e morreu como uma igual. Abandonada pela sistema, que nunca reparou que ela existia.

ripado da página do CNPQ

O racismo brasileiro, está melhorando. Melhorou pois mostra a sua cara, ou as suas mãos sempre lavadas da omissão.

A omissão dos produtores do conhecimento no Brasil em relação ao racismo e as desigualdades raciais é tão gritante, que não bastam números, estatísticas e denúncias para fazê-los acordarem. A impressão que se tem é que não querem mesmo ver o racismo. Ver o racismo é ver como agem os produtores de textos e de artes visuais e responsáveis por suas edições (friso isto para que não culpem seus estagiários da programação).

Racismo no Brasil existe e chifre em cabeça de cavalo cientista também. Minha avó e a cientista social Marlene de Oliveira, se vivas, poderiam confirmar:

Na chamada principal do portal feito pelo CNPQ, para que anunciemos ao mundo a nata da produção epistemológica brasileira, o CNPQ nos demonstra o racismo institucional, que de subliminar, só tem o cavalo, pois o chifre está escancarado.

Na página do CNPQ aparecem cientistas brancos, estudantes com olhares inteligentes também brancos, mãos brancas que digitam nossos destinos e um negro de outro planeta, que sentado, sorri agradecido, sob o o olhar condescendente de um professor branco.

ripado da página do CNPQ

Fonte: MamaPress

quarta-feira, 29 de maio de 2013

Brasil - Uma história inconveniente (Legendado)

Documentário que retrata a triste realidade dos escravos no Brasil.

Será que realmente a escravidão terminou?

Artistas e Movimento Negro falam sobre decisão da justiça de suspender editais de incentivo à produção cultural negra


     Produtores e militantes do Movimento Negro que promovem atividades artísticas e culturais questionaram dia (22) decisão da Justiça Federal, que suspende editais de incentivo à produção cultural negra do Ministério da Cultura. Foram inscritos 2,4 mil projetos de médio e pequeno porte que concorriam a R$ 10 milhões. Na avaliação das entidades negras, a medida é um retrocesso e compromete projetos que refletem a diversidade brasileira.

     Adriana Araújo organização da Feira Preta em São Paulo, revela dificuldade para acessar recursos, mesmo com uso de leis de incentivo fiscal estadual e federal, como a Lei Rouanet. Para fazer a feira de produtos étnicos nos últimos quatro anos, ela recebeu dinheiro de empresas privadas apenas da Petrobras, da Natura e do Banco Santander. "Mas não por leis de incentivo, que [por meio delas] poderiam passar quantia maior". A dificuldade a fez buscar o edital do Ministério da Cultura.

     Organizadora do Festival da Mulher Afro-Latino-Americana e Caribenha, Jaqueline Fernandes, de Brasília, sofre com o mesmo problema: captar recursos na iniciativa privada. Segundo ela, o edital suspenso era o início de uma política para grupos que sofrem com a burocracia e a discriminação. "Sentimos na pele a diferença quando a gente chega para as empresas, públicas ou privadas, com temas negros e outros projetos. Mesmo com a melhor produção do mundo, se forem estes os temas [gênero e raça, principalmente], vão ser preteridos", disse a diretora da Griô Produções.

     Para o presidente do Grupo Cultural Olodum, João Jorge Santos Rodrigues, da Bahia, a dificuldade de as empresas e dos editais universalistas distribuírem recursos para produtores negros é um reflexo do racismo das instituições. "Sé há um campo em que a contribuição dos afrodescendentes é fundamental e visível no Brasil é na cultura e no esporte, mas mesmo assim, como mostram os dados do Ministério da Cultura, por meio das políticas atuais, os recursos não chegam", disse.

     De acordo com o presidente do órgão, Hilton Cobra, "nem com lupa" é possível encontrar projetos de incentivo à cultura negra patrocinados por empresas privadas no país, por isso a necessidade dos editais com recorte racial, que estão agora suspensos pela Justiça.

"É necessário que se saiba que há uma dificuldade nos mecanismos de captação [de recursos] atuais, que são excludentes e as empresas não querem vincular a marca delas à nossa cultura e arte negra", completou Cobra. Ele também atuou por 25 anos como produtor cultural e cobra que a classe artística se manifeste. "Uma única pessoa não pode retroceder toda uma política".

Fonte: Mulher Negra.

Vanessa da Mata: "Nossa geração tem que dar o recado também"


Por: Susan Souza,
"As pessoas deixam de fazer bobagens quando têm a intelectualidade funcionando em prol de si mesmas", reflete a cantora Vanessa da Mata quando perguntada pelo iG sobre as políticas culturais em andamento pelo Brasil. No ultimo domingo (26), a cantora mato-grossense apresentou pela primeira vez o projeto Nivea Viva Tom Jobim ao público de São Paulo, no Parque da Juventude, com entrada gratuita.

O repertório do compositor carioca ganhou novos arranjos de Eumir Deodato - que já trabalhou com Frank Sinatra, Aretha Franklin e o próprio Tom -, e contou com sugestões de Vanessa. "Tivemos de misturar o novo com o clássico, porque a nossa geração tem que dar o recado também", explicou a cantora. O espetáculo já passou por Salvador, Recife, Brasília e Porto Alegre. Depois de São Paulo, segue para o Rio de Janeiro em apresentação única na praia de Ipanema (09/7).

Em 2013, comemora-se os 50 anos do primeiro disco solo de Tom Jobim, "The Composer of Desafinado Plays", lançado em 1963. Nele estão faixas que são referência em se tratando de bossa nova, nascidas da parceria com Vinicius de Moraes, como "Chega de Saudade".

Neste show que vem agora a São Paulo e Rio, músicas como “Só Tinha de Ser com Você”, “Desafinado”, “Eu Sei que Vou te Amar” e a internacional “Garota de Ipanema” têm espaço garantido, assim como canções menos conhecidas do repertório do maestro.

iG: Como tem sido seu contato com a obra de Tom Jobim? 
Vanessa da Mata: Eu já era fã e ficava estudando o que ele compunha, a definição das imagens que as melodias fazem. Estudei muito essa geração dele, gosto de como eles constroem a letra. Tom era um compositor simples, brincalhão e de bom humor.


iG: É um trabalho de responsabilidade, na sua opinião? 
Vanessa da Mata: Não sinto como uma responsabilidade, mas sim como a delícia de cantar Tom. A responsabilidade veio no começo, quando a gente estava montando os arranjos. O Tom era o próprio clássico, mas muito revolucionário para a época dele e estávamos trazendo para a minha geração uma forma de interpretar. Nessa hora foi com mais cuidado que trabalhamos, mas com um pouco de interferência. Nós preservamos a melodia, mas trouxemos uma maneira de tocar do nosso jeito.


iG: Eumir Deodato arranjou as composições do projeto. Você também palpitou na nova roupagem? 
Vanessa da Mata: Palpitei muito. Ele vinha com arranjos de base e harmonia. Quando trouxe os timbres, teve um momento em que falei: "Fui chamada para fazer isso!". Tivemos de misturar o novo com o clássico, porque a nossa geração tem que dar o recado também. Tom é o segundo artista mais gravado do mundo e não seria um trabalho que fizesse diferença se nós tivéssemos medo de criar um arranjo novo.


iG: Você acha que o Brasil carece de mais homenagens a artistas de bossa nova? 
Vanessa da Mata: As pessoas mais novas quase não conhecem o Tom e a geração dele. Ainda há muita gente boa, poetas, cantores, compositores e escritores. Temos um comportamento muito estranho no Brasil de não dar tanto valor para as coisas. Trabalhos belos são deixados para trás com uma facilidade muito grande porque o brasileiro não tem memória. Tem gente que colabora com isso e não se lembra de artistas como Lupicínio Rodrigues, Cartola, Dolores Duran e tantos outros para levar ao popular.


iG: Qual é o seu contato com a atual música pop brasileira, como sertanejo universitário, tecnobrega...? 
Vanessa da Mata: Não tive a chance de ver um show da Gaby (Amarantos), mas sei que é muito interessante. Com o sertanejo universitário não tenho contato, são outras turmas. A Tulipa Ruiz eu acho linda, do Junior Barreto gosto desde antes do primeiro disco, a galera nova do Recife que faz uma junção do manguebeat antigo com pop. Los Hermanos eu gosto muito. Eles não vão para a TV, mas continuam fazendo sucesso e eu dou valor a isso.


iG: Você acha que o Brasil está conduzindo bem a Cultura? 
Vanessa da Mata: Acho que falta muito ainda porque a verba é muito pequena para Cultura. Ela é sempre deixada de lado assim como a Educação, que não está em primeiro plano. Se Educação e Cultura estivessem crescendo juntas o País seria voltado para um desenvolvimento grandioso. Com isso precisaria menos de armas, as coisas se solucionam melhor quando há cultura. As pessoas deixam de fazer bobagens quando tem a intelectualidade funcionando em prol de si mesmas. Você não se vende, tem mais dignidade e não se desespera tão facilmente. Por enquanto, acho que ainda é muito pouco.

Fonte: iG

terça-feira, 28 de maio de 2013

FEBEM - O começo do fim (Documentario)

"FEBEM: o começo do fim" (1991). Diretora: Rita Moreira, Gênero: Documentário, Duração: 12min, País: Brasil, Cor: Colorido. Sinopse: Registro dos 4 dias em que 2.000 crianças começaram a ser liberadas da famigerada instituição. Testemunhos e depoimentos.




Os usos da raiva: mulheres respondendo ao racismo

Por Audre Lorde (tradução de Renata),

Nota da tradutora
     Este texto foi escrito em 1981, faz parte do livro Sister Outsider e pode ser lido na íntegra, em inglês, aqui (pdf). A tradução foi dividida em três partes e amanhã e quarta será publicada a continuação. Alguns trechos foram cortados, mesmo com os questionamentos bem específicos à identidade da Audre (cis, negra, lésbica e mãe, por exemplo), por serem particulares demais a determinadas ocasiões.

*

Racismo. A crença na superioridade inerente de uma raça sobre todas as outras e, deste modo, o direito de dominância — manifestado ou subentendido.

     Mulheres respondendo ao racismo. Minha resposta ao racismo é raiva. Eu vivi com raiva, a ignorando, me alimentado dela, aprendendo a usá-la antes de ela destruir minhas visões, durante a maior parte da minha vida. Uma vez respondi em silêncio, com medo do peso. Meu medo da raiva me ensinou nada. Seu medo da raiva irá te ensinar nada, também.

     Mulheres respondendo ao racismo significa mulheres respondendo à raiva; a raiva da exclusão do privilégio inquestionável, de distorções raciais, do silêncio, maltrato, estereótipo, defensividade, errar nomes, traição e cooptação.

     Minha raiva é uma resposta a atitudes racistas e a ações e presunções que surgem dessas atitudes. Se a forma como você lida com outras mulheres reflete essas atitudes, então minha raiva e seus medos que a acompanham são focos que podem ser usados para o crescimento do mesmo modo que eu usei ao aprender a expressar raiva para o meu crescimento. Mas para cirurgia corretiva, não culpa. Culpa e defensividade são tijolos num muro contra o qual todxs nós nos debatemos; eles não servem aos nossos futuros.

     Porque não quero que esta se torne uma discussão teórica, darei alguns exemplos de intercâmbios entre mulheres que ilustram estes pontos. Por questão de tempo, vou encurtá-los. Quero que vocês saibam que houve muitos outros.

Por exemplo:
     Eu falo a partir de uma raiva direta e particular numa conferência acadêmica e uma mulher branca diz: “Diga-me como você se sente, mas não diga muito duramente ou não posso te ouvir”. Mas é minha conduta que a impede de ouvir ou a ameaça de uma mensagem que sua vida pode mudar?

     O Programa de Estudos sobre Mulheres de uma universidade do sul [dos Estados Unidos] convida uma mulher negra a ler em seguida a um fórum de uma semana sobre mulheres negras e brancas. “O que esta semana deu a vocês?”, pergunto. A mulher branca mais franca diz: “Acho que recebi muito. Eu sinto que mulheres negras realmente me entendem bem melhor agora; elas têm uma ideia melhor de onde partem minhas ideias”. Como se entendê-la fosse o centro do problema racista.

     Depois de quinze anos de um movimento de mulheres que professa tratar as preocupações de vida e possíveis futuros para todas as mulheres, ainda ouço, dentro e fora do campus: “Como podemos tratar as questões de racismo? Nenhuma mulher negra compareceu”. Ou do outro lado dessa declaração: “Não temos alguém em nosso departamento equipadx para ensinar sobre o trabalho delas”. Em outras palavras, racismo é um problema das mulheres negras, um problema de mulheres de diferentes raças e etnias, e apenas nós podemos discuti-lo.

     Depois de eu ler minha obra entitulada “Poemas para Mulheres em Fúria”, uma mulher branca me pergunta: “Você vai fazer algo com a forma como podemos lidar diretamente com nossa raiva? Eu sinto que é tão importante”. Eu pergunto: “Como você usa sua raiva?”. E então tenho de desviar de seu olhar vazio antes que ela possa me convidar a participar de sua própria aniquilação. Eu não existo para sentir a raiva dela por ela.[…]

     Eu levo minha filha de dois anos num carrinho de compras pelo supermercado em Eastchester [Nova York] em 1967 e uma garotinha branca passando no carrinho de sua mãe grita, empolgada: “Olha, mamãe, uma empregada bebê!”. E a sua mãe te cala, mas ela não te corrige. E então quinze anos depois, numa conferência sobre racismo, você ainda pode considerar essa história humorística. Mas eu ouço que sua risada é cheia de terror e doença.

     Uma branca acadêmica dá as boas-vindas à aparição de uma arrecadação feita por mulheres de diferentes raças e etnias, menos negras. “Isso me permite lidar com racismo sem lidar com a severidade de mulheres negras”, ela me diz.

     Numa reunião cultural internacional de mulheres, uma poeta branca estadounidense bem conhecida interrompe a leitura do trabalho de uma mulher negra para ler seu próprio poema, e depois sai correndo para um “painel importante”. 

     Mulheres respondendo ao racismo significa mulheres respondendo à raiva; a raiva da exclusão do privilégio inquestionável, de distorções raciais, do silêncio, maltrato, estereótipo, defensividade, errar nomes, traição e cooptação.

     Se mulheres na academia querem de verdade um diálogo sobre racismo, vai requerer reconhecer as necesssidades e os contextos vivos de outras mulheres. Quando uma mulher acadêmica diz “Não posso arcar”, ela pode querer dizer que está fazendo a escolha sobre como gastar seu dinheiro disponível. Mas quando uma mulher que recebe auxílio do governo diz “Não posso arcar”, ela quer dizer que sobrevive com a quantia de dinheiro que mal subexistia em 1972 e ela com frequência não tem o suficiente para comer. Ainda assim, a Associação Nacional de Estudos sobre Mulheres aqui em 1981 faz uma conferência na qual se compromete a responder ao racismo, embora recuse desistir da taxa de inscrição para mulheres pobres e mulheres de diferentes raças e etnias […] participarem nesta conferência. Este é meramente outro caso da academia discutindo a vida dentro de circuitos fechados da academia?

     Para as mulheres brancas presentes que rconhecem estas atitudes como familiares, mas, acima de tudo, para todas as minhas irmãs de cor que vivem e sobrevivem a milhares desses encontros — para as minhas irmãs de cor que, como eu, ainda tremem debaixo de suas armaduras, ou que às vezes questionam a expressão de nossa raiva como inútil e perturbadora (as duas acusações mais populares) — eu quero falar sobre raiva, minha raiva, e sobre o que aprendi de minhas viagens através de seus domínios.

Audre Lorde nasceu 1934, em Nova York, e foi poeta, ensaísta, feminista intersecional e ativista. Ela costumava se definir como ”negra, lésbica, mãe, guerreira, poeta”. Morreu em novembro de 1992.


*

     Os exemplos que Audre deu ainda ocorrem hoje em dia? Mesmo que não sejam no meio acadêmico. Como mulheres negras são tratadas no feminismo quando querem dizer algo, quando querem falar sobre racismo e de suas experiências?

segunda-feira, 27 de maio de 2013

Menino de 12 anos chamado de gay grava desabafo emocionante




Vídeo: garoto de 12 anos chamado de gay grava desabafo emocionante. Theo Chen fala do sofrimento com o ‘bullying homofóbico’ e diz que não sabe ainda afirmar se é homossexual

Um vídeo com o desabafo de um adolescente de 12 anos, vítima de bullying escolar por homofobia, vem ganhando repercussão no Youtube e nas redes sociais. Talvez pela eloquência e sinceridade de um ser tão jovem, ou pela angústia que o garoto consegue transmitir em apenas seis minutos de gravação.

Até esta sexta-feira (24), o vídeo intitulado “Gay” registrou mais de 200 mil visualizações, sendo que a versão legendada em português foi assistida mais de 80 mil vezes.

Menino de 12 anos chamado de gay grava desabafo emocionante. Assista no vídeo abaixo.

No material, postado no dia 6 deste mês, Theo Chen, morador de Cingapura, relata que os maus-tratos e as brincadeiras maldosas aumentaram nos últimos dois meses.

“Eu recebi muito ódio online no Ask.FM, Facebook, Youtube (…). Eles basicamente me chamam de bicha ou gay, boiola, coisas assim”.

O preconceito seria praticado por internautas, amigos e colegas de escola e teria piorado depois que Theo começou sentir o gostinho da fama por causa do seu canal “Theo Chen”, no Youtube, o tornando uma espécie de “webcelebrity” – celebridade da internet.

Em outro vídeo mais recente, ele dança, dubla a música “Sweet Nothing” de Calvin Harris, além de fazer caras e bocas. Com um dia de postagem, essa publicação havia alcançado 1.076 exibições. Ele também aparece dublando artistas como P!Nk, Bruno Mars e Nick Minaj, e até mesmo falando sobre coisas da vida.

Apesar de os comentários serem de cunho homofóbico, Theo afirma, sem pudores, que ainda não sabe afirmar se é gay.

“A verdade é que eu realmente não sei. Vocês pelo menos sabem quantos anos eu tenho? Eu tenho 12 anos, e vocês me chamam de gay? E o que importaria se eu fosse gay? Eu achei que este mundo fosse livre. Vocês não deveriam julgar as pessoas pela sexualidade, mas pela personalidade”.

Em outro momento, ele afirma que, por enquanto, prefere garotas. “Agora eu gosto de meninas, não penso que sou gay neste momento. Não que haja algo errado em ser gay. Ser gay é legal. Não há nada de errado.”

A intenção de Theo ao expor os sentimentos, segundo ele, era fazer com que as pessoas pensassem sobre o que dizem. O menino ainda lamenta e diz que gostaria de estar aproveitando a escola, mas não pode, porque as pessoas o atormentam o tempo inteiro.

Assista abaixo ao vídeo legendado:


Igualdade Racial Já!

32 conselheiros (titulares e suplentes) são integrantes governamentais
 e da sociedade civil organizada.
Por: Rose Albuquerque,
     Nesta ultima quinta-feira (23/05), o município de Jaboatão dos Guararapes deu um grande passo para a afirmação do direito de igualdade e combate ao racismo. Sob o lema "Igualdade Racial Já!", os integrantes do Conselho Municipal de Igualdade Racial – Lei nº 838/12, aprovada na Câmara de Vereadores – foram empossados, na sede da Prefeitura Municipal. Os 32 conselheiros (titulares e suplentes) são integrantes governamentais e da sociedade civil organizada.

     O prefeito de Jaboatão dos Guararapes, Elias Gomes, que esteve presente no ato, destacou a importância desse momento para o município. "Estamos firmando um pacto entre sociedade e poder público para construir um Jaboatão mais igual. Afinal, as diferenças devem ser de opiniões, mas não discriminação de cor, raça ou religião. Para as divergências de opinião, precisamos exercitar a tolerância, mas para o racismo, devemos combatê-lo, partindo do princípio de que todos nós somos irmãos", enfatizou Elias.

     O Conselho Municipal de Igualdade Racial terá a função de fiscalizar, normatizar, avaliar e deliberar ações em conjunto com a Prefeitura Municipal. A secretária de Políticas Sociais Integradas, Karla Menezes, lembrou essa parceria entre sociedade civil organizada e gestão. "Esse Conselho será um meio para debater a igualdade, a democracia e a tolerância. Não existe mobilização única, sem parceria. E foi muito boa a aprovação dessa Lei Municipal, com isso, o Conselho fica legalmente instituído", afirmou Karla.

     O Pai Antônio, do Centro Espírita São Jerônimo, situado em Cajueiro Seco, fez uma louvação na abertura da solenidade. Ele disse que esse Conselho é uma conquista de todos. "Jaboatão precisa avançar muito na questão de combate ao racismo. Com esse Conselho, poderemos alcançar mais políticas públicas voltadas para esse tema, especialmente na educação, na religião, na formação profissional, na cultura e em outros temas", contou.

     Maria Lúcia dos Prazeres, chefe do Núcleo de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, conselheira do Conselho Municipal de Igualdade Racial e uma das idealizadoras da instituição, apresentou o slogan "Igualdade Racial Já!" da atual gestão do Conselho, bem como o símbolo. "A cabaça tem um significado representativo para a cultura negra. Ela representa o mundo, o espaço da criação, que é o útero. Assim, para que tenhamos a inspiração necessária para buscar os direitos e o respeito à cultura negra", afirmou.

     Também estiveram presentes na solenidade, o vereador Alberto; a secretária executiva da Mulher, Ana Selma Santos; e a secretária executiva de Segurança Cidadã, Márcia Alencar.

AVANÇO

     De acordo com informações do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2012, Jaboatão dos Guararapes registrava uma quantidade populacional acima de 644 mil habitantes. Entre esses, mais de 399 mil (62% dos entrevistados) se consideravam negros ou pardos. Isso significa que o município tem a segunda maior população negra do Estado.

     Diante disso, a Secretaria de Direitos Humanos e Políticas sobre Drogas de Jaboatão dos Guararapes, através do Núcleo de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, enviou para a Câmara Municipal de Vereadores a Lei nº 838/12, que foi aprovada em 19/12/2012. O texto estabelece a criação do Conselho Municipal de Igualdade Racial.

     Para o secretário Direitos Humanos e Políticas sobre Drogas, Marcello Gadelha, "o ato de empossar os novos conselheiros municipais de Igualdade Racial em Jaboatão dos Guararapes traz consigo a afirmação do Núcleo que já existe na gestão municipal. Logo, muitos tabus já foram quebrados, mas é preciso estimular a cultura de combate ao racismo a à exclusão social".

ESTRUTURA

     O Conselho Municipal de Igualdade Racial é composto por 32 integrantes. Ele é dividido em 16 segmentos, oito representam a sociedade civil organizada: saúde; juventude negra; religião de matriz africana; movimento negro; pesquisadores e estudiosos; pessoa idosa e pessoa com deficiência; entidades e grupos culturais; e minorias éticas raciais. E oito representam as secretarias municipais: Mulher; Assistência Social; Qualificação Profissional e Empreendedorismo; Educação; Cultura; Saúde; Direitos Humanos; e Segurança Cidadã.

Fonte: Jaboatão

Manifesto do coletivos Pretas Candagas, Latinidades e Griô contra a violência do racismo na gestão da cultura brasileira


     Estamos há dois meses da VI edição do Latinidades – Festival da Mulher Afro-Latino Americana e Caribenha 2013. Uma louca correria por agregar valores aos temas e atividades, reunir redes, coletivos, instituições, grupos, viabilizar a vinda de pessoas que partilham com a gente a caminhada e também das que não caminharam com a gente ainda. As que chegam para o debate, as que vêm pelas apresentações artísticas e despertam para os debates. Ao mesmo tempo, lançar a publicação do ano passado, produzir cada espaço e, o mais difícil, sempre: captar recursos para fazer com que o projeto, além de trazer nossa militância, venha com a qualidade e porte que sempre prezamos em todos os sentidos. Este ano, em especial, estamos muito felizes por trabalhar com um tema que nos é muito caro: Arte e Cultura Negra – Memória Afrodescendente e Políticas Públicas.

     Em meio a tantos debates importantes e necessários relacionados ao tema, sempre está a pauta do empreendedorismo negro, o fomento, o respeito aos nossos saberes, as recorrentes políticas brancas para a nossa cultura negra. De forma que estávamos desde março ansiosas pelo resultado do edital para artistas e produtor@s negr@s, lançados pelo Ministério da Cultura. Primeiro porque acompanhamos o processo do edital e vibramos pela vitória de finalmente ter conquistado esta importante ação afirmativa voltada para a cadeia produtiva da cultura negra. Também porque tínhamos esperança de uma vaga, afinal não é todo dia que temos oportunidade de escrever e apresentar uma proposta a uma banca que considere nossas demandas e saberes. Sabemos de muitas propostas importantes encaminhadas, pelo que sabemos foram mais de duas mil.

     Hoje, é com muita tristeza e indignação que recebemos a notícia de suspensão dos editais pela Justiça Federal, com o entendimento de que eles representam uma prática racista. Abrindo a notícia para entender mais sobre o processo, passava pela cabeça que fosse um trote ou coisa do tipo. Sabemos e vivemos a realidade da falta de políticas e instrumentos de fomento para as nossas produções, mas ainda não queríamos crer em tamanho retrocesso. Racismo institucional, racismo puro, racismo!


     A decisão veio do Juiz José Carlos do Vale Madeira, da 5ª Vara da Seção Judiciária do Maranhão e foi publicada no Diário Oficial de 20/05/013. Pensamos ser impossível. O MinC, com muita competência já abriu editais para cultura cigana, idosos, culturas populares, indígenas, crianças, pessoas com deficiência, hip hop, mas nunca se deu tamanha polêmica. Respondemos a várias agressões, até mesmo em fóruns de cultura, pessoas que acreditam defender a liberdade e a fruição dos bens culturais, mas ainda não compreenderam a dimensão do racismo que existe dentro delas. E a despeito de qualquer polêmica, nunca houve suspensão desses editais.

     Certa vez a ativista, filósofa e nossa mestra Sueli Carneiro afirmou que tudo o que existe de mais popular e erudito no Brasil diz respeito à cultura negra. De que forma está tratada esta cultura em termos de políticas públicas? Como propor e garantir que os saberes orais e ancestrais sejam considerados nos editais, chamadas públicas e outras linhas de fomento e incentivo? Como garantir que as manifestações negras sejam vistas para além da folclorização e do exotismo? Que pesquisas temos com indicadores relacionados à economia da cultura afro-brasileira e afro-latina? Como esta cadeia promove, formaliza e agrega atrizes e atores negros? Qual a melhor forma de inserir no mercado de trabalho e tirar da informalidade agentes da cultura negra? Quais programas e projetos preveem capacitação nas áreas relacionadas à cadeia produtiva da cultura e que podem nos atender? Que linhas de crédito específicas temos para empreendedoras e empreendedores negros e que trabalham com cultura negra?

     Diante de tudo isso, resolvemos nos manifestar abordando o tema em 2013 e agora, de forma indignada pela suspensão dos editais. Ao mesmo tempo por revolta, vendo mais uma vez o racismo que impede o Brasil de avançar, e em apoio ao Ministério da Cultura, Seppir e Fundação Palmares, para que neste momento estejamos juntas e juntos. É momento mais uma vez de recorrer, momento de mais uma batalha, na qual precisamos nos manifestar, ocupar as ruas, as audiências, nos movimentar, criar mais um marco de luta e de vitória.

Em 2011 nos manifestamos com um texto que reproduzimos aqui. As mesmas angústias. Temos muita caminhada pela frente, caminhantes!!!

Deu branco nas políticas culturais

     Abre edital. Para saber, geralmente, tem que fazer parte um circuito seleto. Abre edital, uma mãe de santo que confere e-mail uma vez por semana recebe a informação. Não entende muito. Faltam dois dias. Pede ajuda. Ela faz uma rede, passa pros grupos de capoeira, que passam pros de percussão. O movimento cultural negro se agita, fóruns multiplicam a oportunidade. O correio nagô faz o serviço. A negrada se ouriça, quer participar, levar a cultura afro-brasileira pros palcos, ser remunerada. O jogo é pesado: tem que ter CNPJ, saber elaborar projeto, fazer inscrição online, ter nota fiscal para comprovar antigos cachês que nunca foram pagos, contratos que vão ser analisados pelo Ministério Público. E se você tem tudo isso concorre para projetos de pequeno porte, tendo em vista os valores de aporte.

     O terreiro não tem documento. A capoeira não tem Ordem dos Músicos (nem tem que ter). Mestras e mestres griôs não tem o valor da oralidade ancestral considerada na maior parte dos editais. As comunidades quilombolas não estão em dia com o ECAD. Nós sempre criamos, mas os direitos autorais não entram nos nossos bolsos. Para tradições negras, regras brancas, já disseram. A cultura do sinhôzinho ainda é a que tem fomento. Quem tem os mecanismos, leva. E daí vem o papo de ter que aprender, é fato. Mas eu me pergunto pra que a mestra de capoeira vai querer ter OMB…e por aí vai a nossa batalha: qual edital vai considerar nossas especificidades? Porque também queremos jogar de acordo nossas preciosidades e referências.

     Após várias lutas parece que estamos quase que no mesmo ponto. É como o GOG diz: “o opressor ameaça recalçar as botas” quando se fala em ações reparatórias mínimas.


Distrito Federal, 21 de maio de 2013


domingo, 26 de maio de 2013

Protesto Olodum



PROTESTO OLODUM - Olodum 

Força e pudor
Liberdade ao povo do Pelô
Mãe que é mãe no parto sente dor
E lá vou eu

Declara a nação,
Pelourinho contra a prostituição
Faz protesto, manifestação
E lá vou eu

Aqui se expandiu
E o terror já domina o brasil
Faz denúncia olodum Pelourinho
E lá vou eu

Brasil liderança
Força e elite da poluição
Em destaque o terror, Cubatão
E lá vou eu

Io io io io io
La la la la la la la
Io io io io io
La la la la la la la
E lá vou eu

Brasil nordestópia
Na bahia existe etiópia
Pro nordeste o país vira as costas
E lá vou eu

Nós somos capazes
Pelourinho a verdade nos trás
Monumento caboclo da paz
E lá vou eu

Io io io io io
La la la la la la la
Io io io io io
La la la la la la la
E lá vou eu

Desmound tutu
Contra o apartaid lá na África do Sul
Vem saudando o Nelson Mandela
O olodum

Io io io io io
La la la la la la la
Io io io io io
La la la la la la la
E lá vou eu

Moçambique, Moçambique, Moçambique
Moçambique, Moçambique, Moçambique

Programa Mais Cultura das Escolas


     Programa Mais Cultura das Escolas recebe inscrições até o dia 30 de junho.  5 mil projetos serão contemplados com valores entre R$ 20 mil e R$ 22 mil para desenvolverem projetos que visem à promoção de iniciativas culturais em aproximadamente 34 mil escolas públicas de todo o Brasil. O objetivo é democratizar o acesso à cultura e ampliar o repertório cultural de estudantes, professores e comunidades escolares do ensino básico. 

     Artistas, mestres das culturas populares, cinemas, pontos de cultura, museus, bibliotecas, arte educadores e outras iniciativas culturais agora podem elaborar Planos de Atividade Cultural em diálogo com projetos pedagógicos e com os eixos temáticos do Mais Cultura nas Escolas.

Podem se inscrever as Escolas Públicas que estejam ativas ativas nos Programas "Mais Educação" e "Ensino Médio Inovador", ambas do MEC, desde 2012. 

Para maiores informações, visite http://www.cultura.gov.br/maisculturanasescolas ou escreva para o endereço maisculturanasescolas@cultura.gov.br.

Fonte: MEC.

Meninos de comunidade carioca escrevem livro sobre educação sem violência


     A história de Lucas, personagem central do livro, foi criada por 12 meninos e meninas, entre 6 e 13 anos,da comunidade da Maré, participantes do projeto Esporte, Cultura e Cidadania da Fiocruz. O projeto desenvolvido pelo Promundo, com financiamento da Save the Children, teve o objetivo de dar voz aos pequenos sobre como pensam que poderiam ser educados sem o uso da violência.

     A obra é parte dos esforços do Promundo e dos demais membros da Rede Não Bata Eduque para estimular o debate sobre alternativas à educação sem o uso de castigos físicos e humilhantes. Veja a notícia:


Fonte: Geledes.

sábado, 25 de maio de 2013

Mano Brown prega a paz em shows aguardado da Virada


Mano Brown fez jus à posição de artista mais aguardado da Virada Cultural e pregou a paz durante o show dos Racionais, que marcou a volta do grupo à programação do evento na tarde do ultimo domingo (19/05).

"Estive na Virada nesta madrugada. Sou da rua, já vi muita coisa, mas vi muita covardia nas ruas do centro ontem (madrugada de sábado para domingo. Todo mundo fala da polícia, do sistema. Mas vi vários malucos se agredindo, se roubando, se desrespeitando. Vi uns malandros roubarem o Mizzuno de um moleque. E o moleque vai voltar para quebrada sem o tênis. Quanto custa um Mizzuno? 900 paus? Quem ganha 900 por mês aí?", perguntou. Neste momento algumas mãos se ergueram. "Quem não ganha nada aí?", replicou Brown, e desta vez um mar de braços se ergueu. Brown continuou seu discurso, e resumiu: "O rap precisa de gente de caráter, não de malandrão", antes de dar sequência à apresentação do grupo, ressoante como sempre em todas as camadas do público. Veja o vídeo disponibilizado pela TV Cultura:


Fonte: MSN

Atabaque Nzinga

      Documentário musical sobre a Cultura Afro Brasileira, cuja estrutura narrativa se traduz por um jogo de búzios, onde nossa protagonista Ana (Taís Araújo) chega atraída pelo "chamado do tambor" em busca de seu auto- conhecimento e seu caminho. Pela estrada da percussão nas locações de Pernambuco, Bahia e Rio de Janeiro, Ana encontra diferentes ritmos, grupos musicais e coreográficos, experienciando sua integração na sociedade brasileira. O material filmado em Angola, África, onde no séc. XVII viveu e reinou a Rainha Nzinga, guerreira famosa, cujo nome serve de batismo à protagonista do filme, é uma referência e ilustra o passado da história do negro no Brasil. Assista:


Fonte Gibiteca.

Programa 3a1 - Roberto Carlos Ramos (TV Brasil)

     Programa 3a1 entrevista Roberto Carlos Ramos, contador de histórias. Comentadores: a escritora e pedagoga, Fanny Abramovich, e o jornalista Bruno Paes Manso, do Estado de S. Paulo. Apresentador: Luiz Carlos Azedo. Dividido em 5 partes, assista:

Parte 1

Parte 2

Parte 3

Parte 4

Parte 5

Fonte: TVBrasil.

Sessão Solene em Homenagem ao Dia Mundial da Africa (27/05)


     Câmara dos Deputados realiza Sessão Solene em homenagem ao Dia da África, que é comemorado dia 25 de maio. A atividade acontece no Plenário Ulysses Guimarães da Câmara dos Deputados, dia 27 de maio de 2013, segunda-feira, às 10 horas.

Confirmações: (61) 3215.5237 / 3216.1784

Fonte: Seppir.

sexta-feira, 24 de maio de 2013

Apoio urgente às Acadêmic@s Indígenas da UnB!

Por Nosso Coletivo Negro/DF,
     As/os estudantes indígenas da UnB estão se mobilizando para reivindicar e conquistar condições mais justas e sustentáveis para realizar seus estudos universitários, especialmente no tocante às suas bolsas. Por Ações Afirmativas efetivas e por inteiro!

     Nós do Nosso Coletivo Negro-DF já declaramos apoio total e solicitamos que tod@s também apoiem essa jornada! Apoio comparecendo à FUNAI pra apoiar a ocupação, com subsídios com diálogo, ver o que estão precisando, compartilhando conteúdos nas redes sociais, promovendo debates, etc.

Na carta abaixo, a associação se pronuncia, há também contatos:

A FUNAI não cumpre acordo do convenio nº 001/2004 entre FUB/FUNAI e atrasa o pagamento das bolsas de estudantes indígenas da universidade de Brasília. Em consequência disso, todos os estudantes estamos com atrasos nos aluguéis, contas de água e luz, IPTU, bem como com dificuldades na compra de alimentos, deslocamento, medicamentos, higiene básica etc. Ontem sete estudantes indígenas receberam ordem de despejo para desocupar ainda hoje suas moradias. Esse descompromisso da FUNAI acarreta na violação dos direitos humanos e indígenas e é contrário à implementação do Programa de Plano de Metas para a Integração Étnica e Racial da UnB, pois sem esse auxílio se torna impossível a permanência dos indígenas na Universidade de Brasília.

Por este motivo, os estudantes indígenas da Associação de Acadêmicos Indígenas do Distrito Federal ocupamos nesta tarde de quinta-feira a FUNAI e exigimos a presença da presidenta Márta Azevedo. Só sairemos quando for apresentada uma solução para a situação dos estudantes indígenas da Universidade de Brasília.
Brasília, 23 de Maio de 2013
Contato:
8249.7585 / 8170.6244 

Associação dos Acadêmicos Indígenas do Distrito Federal

Imagens: da AAIDF

     Unidas/os nas diferenças profundas, jamais indiferenças... Aldeia, Quilombo, Favela! Viva os diálogos marginais emancipatórios, pela descolonização. Nós por nós, por amor! Confira agora o Vídeo Clipe da Música No Yankee, Fase Terminal e Brô MC`s (primeiro grupo de rap indígena do Brasil):


Dia da África

quinta-feira, 23 de maio de 2013

Um Olhar Sobre os Quilombos do Brasil - Mocambo

     O documentário Um Olhar Sobre os Quilombos do Brasil, percorre cinco comunidades remanescentes de quilombos no Brasil: Gurutuba (MG), Mocambo (SE), Barra e Bananal (BA), Ivaporunduva (SP) e comunidades do Alto Trombetas (PA) registrando aspectos históricos e contemporâneos relacionados a questões territoriais, identidades culturais, lutas coletivas e conquistas de direitos. No cruzamento entre nossos olhares e os olhares dos próprios quilombolas, evidencia-se a diversidade de cada experiência e os elementos comuns entre elas.


Fonte: Elochannels.

3º Prêmio Nacional Jornalista - Abdias Nascimento

Negros que ascenderam socialmente continuam sofrendo racismo

Aumenta o racismo contra negros e pardos no Brasil. 
(Foto: reprodução)

Ascensão social faz aumentar casos de racismo em shoppings e universidades. Pessoas negras enfrentam discriminação e preconceito em ambientes antes frequentados apenas por brancos

     Nos últimos dez anos, com melhorias consistentes nos indicadores sociais no Brasil, os cidadãos mais pobres passaram a ter acesso a outros níveis de consumo, como em lojas de shopping, aeroportos, cinemas e universidades. No caso de cidadãos negros e pardos, para muitos isso significou também maior exposição à discriminação racial nos ambientes antes frequentados majoritariamente por pessoas brancas.

     Na Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir), já são 15 as denúncias de racismo em universidades, 12 registradas neste ano, quatro vezes mais que as três contabilizadas em 2011 – quando a Ouvidoria da Seppir passou a receber os relatos de discriminação –, afirma Carlos Alberto Silva Júnior, ouvidor da Seppir.

     Segundo ele, este aumento não está relacionado a manifestações contra a lei que garante metade das vagas nas universidades federais a negros, pardos e índios, desde que tenham cursado o ensino público, sancionada no final de agosto.

“A lei é recente, e muitas situações ocorreram antes que ela foi sancionada. O que percebemos é que há, além da maior exposição de negros em situações de consumo antes pouco comuns por causa de condições financeiras, também maior percepção por parte destes cidadãos do que é preconceito racial”, diz.

     Daniel Teixeira, advogado e coordenador de projetos do Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdade (CEERT), afirma que, neste ano, aumentou em cerca de 30% as denúncias de crimes raciais em situações de consumo registrados na entidade – que lida com casos de natureza racial e de intolerância religiosa, por exemplo.

     As denúncias relacionadas aos centros de compras lideram nos 25 casos acompanhados pelo CEERT desde janeiro e evidenciam que o preconceito ocorreu em função da cor da pele e não da classe social. “Em muitos casos, quando a pessoa é pobre, ela não consegue identificar direito se está sofrendo preconceito por ser negra ou por ser pobre e, muitas vezes, acaba relacionando tudo à pobreza”, afirma Teixeira.

“Mas, quando estas pessoas conseguem melhorar sua situação financeira, percebem que não é mais por causa da pobreza que são discriminadas”, afirma. “Tem um caso emblemático de um músico que foi o único da banda a ser barrado em shopping de elite em São Paulo onde eles se apresentariam. Ele chegou de táxi e foi impedido de entrar pelos seguranças, alegando que o motivo era por estar com um instrumento. Mas os outros músicos, todos brancos, também estavam com seus instrumentos e nenhum foi barrado”, relata.

     Tanto para o advogado do CEERT como para o ouvidor da Seppir, a queda na desigualdade social registrada nos últimos dez anos no Brasil (que fez o índice Gini, usado pela ONU para medir a desigualdade, cair de 0,594 para 0,527 entre 2001 e 2011) beneficia a população de negros e pardos no país, historicamente relegadas às posições mais baixas da sociedade, e revela mais nitidamente as situações de preconceito.

     Para Silva Júnior, há uma discriminação histórica – como na lei de Imigração de 1890, que proibia a entrada de africanos, e na lei que criminaliza e legaliza a prisão por vadiagem logo após o fim da escravidão, quando a maior parte dos negros não tinha emprego formal algum -, mas há também o preconceito difuso.

     A secretária Nacional de Combate ao Racismo da CUT, Maria Júlia Reis Nogueira, acostumada a uma rotina de aeroportos por conta do trabalho, e dona de cartões de fidelidade que dão os maiores benefícios na compra de passagens, conta que já caiu na armadilha do preconceito difuso em situações de consumo.

“Sempre viajo a trabalho, não me visto como uma madame, e percebi que em muitos locais quando entro na fila destinada aos portadores do meu cartão de fidelidade têm pessoas que me perguntam se estou na fila correta. No começo, ao perceber que esta atitude era em função da cor pele, respondia sempre que, se não tivesse o cartão, não estaria naquele lugar. Mas agora, quando me perguntam isto eu questiono a pessoa se está fazendo esta pergunta para todo mundo que está na fila, independente da cor da pele”, afirma.

Fonte: RedeBrasilAtual.

quarta-feira, 22 de maio de 2013

QUILOMBO - O filme

     Premiado com o troféu de 2° Lugar na "7ª Mostra Cinema Popular Brasileiro" (2010) e escolhido pelo Júri Científico do "Quatrième festival international de films de recherche : diasporas, cultures et citoyennetés - 2011-2012" (IV Festival Internacional de Filmes de Pesquisa sobre Escravidão). Circuito de exibição: Paris, México, Veracruz, Mérida, Chetumal, Dakar, Abidjan, Cotonou, Lomé, Ngaoundéré, Porto Príncipe, Havana, Ouagadougou, Rio de Janeiro, Quebéc eToronto. 

SINOPSE
     O filme investiga uma localidade na região serrana do município de Casimiro de Abreu (RJ) chamada "Quilombo". O acesso é difícil, estrada de chão sinuosa e esburacada, com altitude mínima de cerca de 700m, abundância de água e terra fértil. Chegando lá, nenhum negro foi encontrado, apenas descendentes de colonos suíços. A questão "o nome do local tem relação com o passado de resistência dos escravos?" é o fio condutor do filme, que reúne entrevistas com moradores e ex-moradores do Quilombo, moradores da cidade de Casimiro e historiadores, além de belíssimas imagens da natureza do local, imagens de mapas e manuscritos sobre a região, produzidos no início do século XIX, e ruínas arqueológicas. A trilha sonora é uma interpretação original de ritmos africanos. 


FICHA TÉCNICA
Direção: Nina Tedesco 
Direção de Produção e realização: Renata Azevedo Lima
Assistentes de Produção: Alexandre Lira, Jacqueline Pinto Fernandes e Joyce Martins de Castro 
Pesquisa: Renata Azevedo Lima
Roteiro: Nina Tedesco
Direção de Fotografia: Nina Tedesco
Maquinistas: Alexandre Bortolini, André Luiz Santhiago, Carlos Leandro Faria e Renata Elstro
Captação de Som: Alexandre Bortolini, André Luiz Santhiago e Carlos Leandro Faria
Edição: Mayra Sergio
Animação: Gustavo Bragança
Trilha sonora/ música original: Alexandre Lira e Estevão Siffert 
Músico convidado: Guido Sabença
Atriz: Alexia Coutinho

Fonte: Quilombo.

Programa de Bolsa Permanência para estudantes cotistas tem inscrições abertas


Quilombolas, indígenas e estudantes em situação de vulnerabilidade econômica receberão auxílio, que varia de R$ 400 a R$ 900

     Quilombolas, indígenas aldeados – que vivem em comunidades tradicionais reconhecidas – e estudantes das instituições de ensino e universidades federais em situação de vulnerabilidade socioeconômica são o público beneficiado pelo Programa Nacional de Bolsa Permanência. O auxílio será concedido aos estudantes que atendam os critérios para a política de cotas descrita na Lei 12.711/2012, matriculados em cursos com carga horária maior que cinco horas diárias e que tenham renda per capta familiar mensal de até 1,5 salários mínimos. O cadastro das instituições pode ser feito neste link.

     O valor da bolsa é de R$ 400 (quatrocentos reais). Para quilombolas e indígenas aldeados o auxílio será de R$ 900 (novecentos reais), sendo que essas duas categorias de estudantes receberão apoio financeiro independentemente do curso. Entre os documentos necessários para pleitear a bolsa estão a declaração do Imposto de Renda, comprovantes de rendimentos e, no caso de quilombolas e indígenas, as declaração da Fundação Nacional do Índio (Funai) ou da Fundação Cultural Palmares.

“É um instrumento de avanço para o desenvolvimento da Política Nacional de Assistência Estudantil que tem, no primeiro ano de implementação da Lei 12.711/2012, um fator de alavanca para a consolidação da inserção de estudantes negros nas universidades públicas federais. Com o incentivo aos estudantes quilombolas, é possível inferir que a vida destas comunidades ganhará um fator gerador de novas perspectivas”, afirma a secretária de Políticas de Ações Afirmativas da SEPPIR, Angela Nascimento.

FNDE
     Os recursos para a concessão das bolsas virão do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE). A portaria que institui o auxílio foi publicada no Diário Oficial da União pelo MEC e prevê ainda que o bolsista poderá ser denunciado se estiver irregular. O texto diz que qualquer pessoa, física ou jurídica, poderá denunciar irregularidades identificadas no pagamento de bolsas do Programa Bolsa Permanência, por meio de expediente formal contendo necessariamente: exposição sumária do ato ou fato censurável, que possibilite sua perfeita determinação; e identificação do responsável pela prática da irregularidade, bem como a data do ocorrido.

“Sempre foi um grande desafio assegurar o acesso e a permanência dos estudantes quilombolas, pelo grau de vulnerabilidade socioeconômica e pela grande distância entre as universidades e a maioria das comunidades. A bolsa-permanência é fundamental porque vai ajudar a reverter a imensa exclusão dessas comunidades no acesso ao ensino superior. A ampliação da presença quilombola e indígena, por sua vez, é um fator extremamente positivo para enriquecer a diversidade de pesquisas e de olhares dentro do universo acadêmico”, destaca a diretora de programas da Secretaria de Políticas das Comunidades Tradicionais da SEPPIR, Barbara Oliveira.

Fonte: Seppir.