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sexta-feira, 17 de junho de 2016

CARTA DE DENÚNCIA #EscravizadasJamais


Aviso de conteúdo – violência concreta e simbólica, feminicídio, esquartejamento, imolação, adoecimento emocional absoluto, estupro, escravização. (…)

"quem ouviu, um soluçar de dor, no canto do Brasil?"
Clara Nunes

A ofensiva conservadora no Brasil também é midiática.

Nós, Blogueiras Negras, denunciamos e lamentamos que espaços midiáticos concedidos publicamente difundam ideais que poderiam facilmente ser caracterizados como discursos de ódio sob o disfarce de novelas de época. Na impossibilidade de ser explicitamente racista, sexista, por exemplo, empresas de mídia veiculam tais conteúdos sob uma débil camada de verniz histórico, sem qualquer problematização ou compromisso com a realidade.

Isso se torna ainda mais evidente quando as personagens somos, nós mulheres negras. Escrava Isaura, a quinta posição no ranking de programas mais vendidos ao exterior pelo maior conglomerado de comunicação do pais (Globo) e cuja estreia completa 40 anos, nada mais é que o Brasil exportando narrativas de ódio contra toda uma população que é classificada (e violentada) segundo seu gênero, sua cor, sua idade e seu tipo de corpo, entre outras coisas.

Infelizmente Liberdade Liberdade (Globo) e agora Escrava Mãe (prólogo de Escrava Isaura, televisionada pela Record, empresa ligada à igreja evangélica Universal) reeditam novelas que nada mais são que engrenagens de um racismo estrutural e estruturante, cujas implicações concretas e simbólicas se retroalimentam com ferocidade. Falar de novela é entender como a violência se naturaliza e se justifica fora das telas enquanto o entendimento dos discursos e significados que estruturam as relações econômicas e sociais criam possibilidades.

Essa discussão também é sobre a inserção de profissionais negras no mercado de trabalho, por exemplo. Agradecemos a todas aquelas (e não a seus empregadores) que desbravam e mantém possíveis caminhos por todas nós. Nossa intenção não é investir sobre as atrizes (e demais profissionais) negras qualquer sentimento de culpa ou inadequação. Muito pelo contrário.

Assim, gostaríamos de expressar nosso sentimento de admiração, respeito e gratidão às atrizes Neusa Borges, Zezeh Motta, Nayara Justino, Sheron Menezzes, Olívia Araújo, Mariana Nunes e Heloísa Jorge. Nosso objetivo é a ampliação de oportunidades para autoras, atrizes, técnicas, críticas de arte e demais negras dessa industria. É pela representatividade e visibilidade afirmativas que estamos e estivemos organizadas em luta.
É pela vida (de todas as) mulheres

A dramaturgia é capital no entendimento dos mecanismos que estruturam as violências concretas que nos são dirigidas. Sob a camuflagem de novela de época, por exemplo, é justificada e naturalizada a cultura do estupro. Como resultado, essa e tantas outras opressões que incidem sobre a mulher negra se tornam invisíveis até mesmo para o cenário feminista nacional. No protesto em que nos manifestamos contra a violação de nossos corpos, pelo menos na cidade de São Paulo, não houve menção aos crimes contra mulheres negras notoriamente publicizados nos últimos dias.

Não nos esqueçamos de Rayzza Ribeiro, mulher negra, 21 anos, estudante. Queria ser médica. Foi violentada, esquartejada, carbonizada, vítima de feminicídio. Não nos esqueçamos de Isadora Cézar, mulher negra, feminista, aluna da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, 23 anos, vitimada mortalmente pela violência sexual alojamento da instituição e pela revolta pela impunidade de seu agressor, cuja única sanção foi perda do acesso à moradia universitária.

Não nos esqueçamos que a violência contra a mulher negra no Brasil tem medida. Desde 2003 houve um aumento de quase 200% de feminicidio contra mulheres negras, alvos de uma aliança corriqueira e mortal entre racismo, sexismo, lgbtfobia, cisheteronormatividade e um modelo judaico-cristão que incidem sobre as relações sociais, econômicas e institucionais que nos desqualificam como objeto que se manipula dentro e fora das telas.

É mesmo pela vida de todas?

Às famílias dessas mulheres, nosso sentimento profundo e sincero.
A ofensiva também é midiática

Vivemos duros tempos de retrocessos tanto concretos quanto simbólicos.

O tamanho da luta também pode ser mensurada pelo herói branco de Escrava Mãe. Seu dorso recortado por chibatas quer nos convencer de que a escravização e suas consequências não marcaram apenas a nossa pele, invisibilizar uma luta por direitos que é secular, silenciar o modo como um racismo que é estrutural e estruturante vitima toda uma população fora das telas. É a afirmação de que, se todos sofremos, não existe a necessidade ou urgência de ações afirmativas por exemplo.

Ou pela naturalidade com que se reproduz num programa de auditório matinal (em cuja plateia estão crianças negras que em seguida dirão em alto e bom som que não gostam de seus cabelos) uma atriz negra sendo marcada a ferro e brasa. Pela naturalidade com que nossa sexualidade é reduzida a condição de fetiche para um casal de brancos. Com que somos violadas, perseguidas, impedidas de exercer o consentimento enquanto, aqui fora, somos feridas de morte pelo feminicídio.

Assim é com veemente revolta e profunda indignação que nós, Blogueiras Negras, denunciamos e lamentamos a veiculação de Liberdade Liberdade e agora Escrava Mãe, cujo título é uma flagrante afronta. Não aceitaremos, mais uma vez, sermos objeto do sadismo midiático que sente prazer em manipular, simbólica e portanto concretamente, nossa existência. Sobretudo por aqueles que alinhavam e se beneficiam do retrocesso, por aqueles que defendem que carregamos na pele a maldição de Caim.

Acreditamos que nos pertencem o corpo e as narrativas sobre ele. Defendemos que o direito ao exercício do consentimento, concreto ou simbólico, bem como o direito ao aborto, à escolha sobre à parentalidade, ao arranjo familiar e às crenças que aceitamos ou refutamos são inegociáveis. Que sejamos nós a construir nossos próprios discursos de modo a visibilizar aquilo que nos mata mas também tudo aquilo que nos cura. Qualquer movimento em direção oposta à ampliação de tais diretos constitui um retrocesso que não será tolerado.

Fonte: Blogueirasnegras

A internet revela que o Brasil é um dos países mais racistas do mundo

A Internet chegou para provar que somos um dos países mais racistas do mundo, tanto se olharmos os números de denúncias, como no racismo institucionalizado das polícias, no serviço médico, na mídia, no mundo corporativo

(Imagem: Recortes de alguns casos de racismo registrados na internet e que repercutiram em 
Pragmatismo Político)

Instituto Humanitas Unisinos – IHU,
Nascido em uma comunidade pobre de Salvador, Paulo Rogério Nunes começou a entender bem cedo o que significava ser afro-descendente no Brasil ao olhar para as zonas nobres da cidade mais negra do país e ver apenas brancos. Já na universidade percebeu que a discussão sobre a diversidade e a exclusão apenas existiam e resolveu dedicar sua carreira profissional a dar visibilidade aos problemas raciais.

Hoje, filiado ao Berkman Center for Internet and Society da Universidade Harvard, pesquisa sobre a inclusão no meio digital e coordena um projeto que mapeia iniciativas de jovens que estão produzindo inovação e tecnologias para o combate ao racismo na rede, de aplicativos à vlogs. A SaferNet, instituição que recebe queixas de violações de direitos na Internet, recebeu em nove anos mais de 469.000 denúncias de casos de racismo. Somente em 2015 foram 55.000 denúncias no país.

Na entrevista à María Martín, publicada por El País, 15-06-2016, ele afirma que “a Internet chegou para provar que somos um dos países mais racistas do mundo, tanto se olharmos os números de denúncias, como no racismo institucionalizado das polícias, no serviço médico, na mídia, no mundo corporativo“.

Eis a entrevista:

O Brasil se odeia mais nas redes sociais do que na rua?
As redes sociais são um reflexo do mundo off-line. Todo o discurso de ódio e as violações de direitos humanos que acontecem nas redes digitais são originárias das assimetrias sociais e da legitimação da desigualdade que é algo naturalizado na sociedade. O racismo, por exemplo, é um sistema de opressão institucionalizado no Brasil. Podemos identificar isso nas relações interpessoais, na forma como o Estado trata os cidadãos afro-brasileiros e, sobretudo, na economia. Quando alguém usa a Internet para cometer um ato de racismo, ela apenas sente-se mais confortável ao usar o anonimato e por ter o sentimento de impunidade, já que há muitos casos diariamente que não são resolvidos.

Não há como separar o racismo cometido nas redes digitais do sistema de opressão racial que existe no Brasil fora do mundo virtual. Não é à toa que vivemos num ambiente de extrema violência onde milhares de jovens, em sua maioria negros, são assassinados todos os anos. Nas redes digitais, as consequências do racismo são, em geral, de caráter psicológico. Já nas ruas as consequências são físicas e não raramente geram morte, sejam cometidas por grupos extremistas ou pelo braço armado do Estado.

Vários estudos indicam um aumento de discursos de ódio canalizados através das redes sociais. Quais seriam as causas?
É verdade que há uma sensação de que existe um aumento do ódio na Internet. De fato, o número de denúncias e reportagens sobre esse assunto só cresce. Mas se analisarmos friamente, vamos perceber que, na verdade, as redes sociais aumentaram o poder de comunicação dos cidadãos, amplificando discursos, por isso achamos que há mais violações, mas, de fato, elas sempre estiveram presentes em nossa sociedade, pois o discurso do ódio é a base da nossa abissal desigualdade. Mas, sem dúvida, esses discursos vêm tomando uma grande proporção nos últimos tempos. Funciona assim: se antes uma pessoa racista fazia um comentário em seu círculo social, isso ficava ali, até que alguém eventualmente o denunciasse.

Hoje, esses mesmos comentários são feitos de maneira aberta e muitos deles tornam-se virais. Ou seja, o que era um comentário restrito a um número pequeno de pessoas passa a ser algo que viola e ofende toda uma coletividade. Por outro lado, a visibilidade desses casos é muito boa, pois por muito tempo o movimento negro denunciou sozinho o mito da “democracia racial”, no qual muitos acreditavam que o racismo no Brasil era menor do que em outros países. A Internet chegou para provar que somos um dos países mais racistas do mundo, tanto se olharmos os números de denúncias, como no racismo institucionalizado das polícias, no serviço médico, na mídia, no mundo corporativo…

A crise política tem favorecido um aumento dessa hostilidade?
Os momentos de crise política sempre elevam as tensões sociais e acirram o radicalismo. Não há dúvida que isso tem influenciado o aumento dos casos de racismo nas redes sociais. Apesar da questão político-partidária não ser o foco de nossa pesquisa, percebemos isso ao vermos alguns números recentes. Casos de xenofobia, racismo e intolerância religiosa, que já são bastante elevados no Brasil, terminam sendo ampliados em um contexto onde há uma crise de representatividade, de liderança e aumento de uma retórica nociva e polarizada. As tensões históricas e a extrema desigualdade brasileira são elementos fundamentais para compreender o momento atual.

Que papel jogam nas redes sociais, nesse sentido, personagens que, como Bolsonaro, têm milhões de seguidores e promovem discursos ultra-conservadores e ofensivos contra quem não pensa como ele?
Assim como no Brasil, o mundo vem passando por um momento bastante difícil em relação ao aumento da narrativa do ódio. Em vários países, grupos extremistas de vários matizes ideológicos estão usando as redes para imporem suas ideias e eliminarem a possibilidade do diálogo, que é algo fundamental para a democracia. As pessoas que vocalizam o discurso de ódio são apenas a ponta do iceberg, infelizmente, pois representam um pensamento que pouco contribui para o desenvolvimento do nosso país. Precisamos ter instituições públicas sólidas para controlarem os excessos dentro do contexto de liberdade de expressão. Esse talvez seja mais um dos desafios que a Internet precisa superar e isso é urgente. A retórica do extremismo não é saudável e pode nos levar a um lugar muito perigoso. Precisamos usar o potencial da Internet para dar voz a nossa criatividade, à construção de novas formas de superar os problemas sociais e garantir um futuro melhor para as próximas gerações. Esse foi o propósito inicial dos entusiastas que sonharam com uma sociedade em rede.

Em casos famosos como os ataques racistas contra a atriz Thais Araújo, temos visto depois que alguns dos agressores também eram negros. Como se explica isso?
O racismo brasileiro está tão internalizado que, por vezes, até os oprimidos se comportam como opressores. Realmente é difícil explicar como isso pode acontecer, mas há de se observar com cuidado como essas pessoas, na verdade, reproduzem o discurso racista. A escola, por exemplo, infelizmente tem sido um dos primeiros vetores onde fomentam-se ou toleram-se as práticas racistas ou a negação da história e contribuição africana para o mundo. Só recentemente, em 2003, que surgiu uma lei para que os estudantes tenham acesso a informações cruciais para o combate de ideias racistas, como o fato de que foram os africanos os primeiros a dominarem a matemática, astronomia, engenharia etc. A auto-agressão vem de uma negação profunda de sua própria identidade.

O líder pan-africano Marcus Garvey disse certa vez que “um povo que não conhece sua história é como uma árvore sem raiz“. É preciso fortalecer as contra-narrativas ao discurso de ódio, apresentando fatos históricos importantes, além da valorização estética e cultural dos afro-brasileiros, e em especial das mulheres negras que são o alvo principal dessas agressões. Não podemos perpetuar a ideia de que a cultura negra começou há 500 anos com a escravidão. Isso é muito limitador, parcial e abre caminho para aberrações como essas.

Quais são as características específicas do Brasil, diante de outros países, nesse fenômeno?
Quando eu e minha colega, a antropóloga Niousha Roshani, conversamos com os diretores do Berkman Center lá da Universidade Harvard para incluirmos o Brasil nessa pesquisa, apresentamos a eles dois pontos importantes: o primeiro é que os brasileiros realmente são hiperconectados e são os que mais passam tempo on-line. Além disso, mostramos para eles que somos o país com o maior número de descendentes de africanos fora da África; e por fim, que há aqui um movimento forte de jovens produzindo comunicação nas redes para combater o racismo com muitas páginas, portais, sites, games, aplicativos e várias tecnologias.

Se compararmos com os outros países que estão sendo analisados, é claro que há semelhanças também. Os afroamericanos são bastante conectados e há uma tradição de imprensa negra que fez uma excelente migração para o on-line, além de movimentos que surgiram nas redes como o Black Lives Matter. A diferença é que apesar de tanta visibilidade eles são apenas 13% da população dos EUA, já aqui somos mais da metade dos brasileiros. Por fim, no caso da Colômbia, há uma característica em comum com o Brasil, que é o tipo de racismo ibérico, onde não houve uma segregação no âmbito legal, mas que empurrou a população afro-colombiana para a base da pirâmide social. A diferença é que aparentemente há muito mais movimentos que contestam o racismo aqui no Brasil do que lá.

Quais são os instrumentos legais que um internauta anônimo tem para se defender dos ataques? Há outras vias, além dos tribunais, para combater o ódio virtual?
Existem as vias tradicionais do Judiciário que precisam ter sua eficácia discutida e também há plataformas que recebem denúncias como a SaferNet e Humaniza Redes. Além disso, há várias redes de solidariedade e que produzem uma contra-narrativa e apoio às vítimas de racismo e demais violações de direitos humanos na Internet. Estamos começando a estudar esses grupos para entender melhor como eles atuam. No evento que fizemos no Rio de Janeiro, no final do mês de abril, conseguimos apresentar alguns deles como o aplicativo Kilombu, que dá visibilidade a empreendedores negros; o grupo Desabafo Social, que criou a Ubuntu, uma rede social livre. Há ainda grupos de makers e hackers em favelas, vlogueiras negras com canais de vídeos, além de aplicativos para mapear a violência policial e outros para denunciar problemas nas cidades. Ou seja, tudo isso entra nesse grande movimento de empoderamento dos cidadãos para não ficarem passivos em relação ao racismo estrutural da sociedade brasileira.Todos precisam ser co-responsáveis em promover de diversidade.

Haveria como diminuir a grande proteção que é o anonimato para diminuir atitudes hostis?
A neutralidade da rede e o anonimato devem ser preservados, pois garantem outros direitos. A questão não é mudar a essência da rede, mas garantir que as pessoas sejam responsabilizadas por seus atos de maneira rápida e justa. Deve-se estimular uma maior participação cidadã nas redes, uma revisão dos procedimentos no caso de crimes digitais e o fortalecimento das instituições que combatem o racismo. A Internet nasceu livre, aberta, democrática e descentralizada. E assim deve permanecer.

Quem escuta quando uma mulher negra chora?

Por Maria Rita,
#Griteporelas nasce da necessidade de questionar a falta de estatísticas sobre a vida das mulheres negras; nasce pedindo o recorte racial em pesquisas, dados e estatísticas.

Quantas das mulheres estupradas a cada 11 minutos são negras? Quantos dos mais de 4.000 feminicídios anuais atingem mulheres negras? Quantas das mulheres agredidas a cada 4 minutos são negras?

Em uma sociedade fundada nos pilares do racismo podemos deixar de nos questionar sobre nossos números, sobre o porquê da nossa realidade ser escondida? Em uma sociedade onde até ontem éramos escravizadas podemos nos sentir seguras?

Com nossas vidas invizibilizadas, com nossas especificidades apagadas, nós mulheres negras ainda lutamos para nos levantar contra a mistura cruel de racismo e machismo, e sobrevivermos.

Vistas como corpos sempre disponíveis, vítimas do esteriótipo da mulher boa de cama, “negra fogosa” e “mulata cor-de-pecado” estaríamos nós a correr um maior risco ser vítima de violência sexual? E a ter esta violência naturalizada?

Sem acesso ao mesmo nível educacional e índice de renda que mulheres brancas, muitas de nós dependem de relações abusivas para própria sobrevivência e a de nossos filhos. Não estamos então, ao menos, tão propensas quanto a qualquer outra mulher a estar sofrendo violência doméstica?

Quais são as taxas de suicídio entre mulheres negras? Qual a situação de nossa saúde mental uma vez que nossos filhos, irmãos e pais são mortos, todos os dias, pelo estado que deveria nos proteger? Quantas de nós este mesmo estado matou ou encarceirou?

São tantas as perguntas sem resposta que a nós, resta apenas perguntar: A quem interessa que nossa realidade seja apagada? A quem interessa o mito de uma sociedade cruel, mas igualitária em suas crueldades? A quem interessa que estejamos sendo mortas, agredidas e violentadas em silêncio? Até quando mais?


#Griteporelas, porque sim, somos #portodaselas, mas quem será por nós a não ser nós mesmas? E como ser por todas nós se desconhecemos quem e quantas somos?

Use a # e faça sua denuncia, explicite um acontecimento , grite por você, pela sua mãe, tia, avó, grite pelas mulheres negras a sua volta, grite por nós, nos ajude a fazer esta conta e a tentar apontar e trabalhar para resolver os problemas que nos afetam no silêncio e no apagamento.

Acompanhe a iniciativa e seus resultados no instagram o Blogueiras Negras – @blogueirasnegras.oficial

Festival Latinidades 2016 | Concurso de Drags Negras

 
O primeiro Concurso de Drags Negras – Rupaulas Drag Race vai acontecer no dia 29 de julho de 2016, em Brasília, na Festa Latinidades, que também vai contar com shows e performaces de dança.

A partir do envio de material via e-mail, a Curadoria realizará um processo seletivo prévio, a fim de escolher as dez finalistas, que irão se apresentar ao vivo no dia 29. Os critérios para a avaliação serão originalidade, carisma, performance, talento e qualidade estética. A vencedora, além de um prêmio em dinheiro no valor R$ 1.000,00 (mil reais), receberá a coroa e a faixa de Rainha Drag Afrolatina 2016. O segundo e terceiro lugares ganharão prêmios surpresa.

As selecionadas deverão realizar uma dublagem (lipsync) de até 4 minutos, em Brasília, no dia 29/7. A organização não se responsabilizará por quaisquer custos referentes ao traslado e outras logísticas necessárias para participantes de outros estados ou países.

O resultado da seleção será publicado no site www.latinidades.com no dia 1 de julho de 2016.

Poderão se inscrever no concurso artistas Drag Quens que:

Se autodeclararem negras
II) Forem maiores de 18 anos

III) Não tenham parentesco de primeiro e segundo grau com membros da Comissão Organizadora do Festival Latinidades.

Para participar:

As inscrições serão realizadas exclusivamente através do e-mail curadoria@latinidades.com, mediante o envio de mensagem com o título “Inscrição – Concurso de Drags Negras Rupaulas Drag Race”. O e-mail deverá apresentar obrigatoriamente: 
  •  No corpo do e-mail: nome completo, nome artístico e social (caso haja) telefones para contato, breve release de no máximo dez linhas.
  • Até 03 fotos.
  • Até 04 arquivos de vídeo ou link para visualização. Mínimo de um minuto, com registro de performances anteriores.  

Fonte: Afrolatinas

Erês! Roda de conversa infanto-juvenil

 
Crianças e (pré-)adolescentes vêm cada vez mais se destacando no combate ao racismo. Com criatividade e desenvoltura, eles/as encantam e inspiram jovens e adultos/as na celebração e na reafirmação da identidade e da cultura negra.

Gustavo Gomes (SP): Estudante da 6.º série no CEU Curaçá, no Itaim Paulista, São Paulo. Seus talentos foram revelados no sarau Clubinho Poético, pelas mãos da bibliotecária Gorete. Aos 10 anos, uma gravação em que falava sobre discriminação racial viralizou no Youtube. Recebeu o prêmio Cidadão São Paulo pela ONG Catraca Livre, em 2015. Autor do livro Meu Universo.

MC Soffia (SP): MC Soffia começou a sua carreira aos 6 anos de idade, logo após participar do projeto “O Futuro do Hip Hop”. Aos 12 anos, a rapper já participou de vários grandes eventos. Soffia se orgulha de ser negra e gosta de produzir sons contestadores sobre paradigmas sociais. Para ela, nascida e criada na periferia de São Paulo, o rap significa “música de força e resistência”.

Pedro Henrique Cortês (SP): Seu canal no YouTube, PH Cortês, ganhou destaque sobretudo pela série “Meus heróis negros brasileiros”, e conta atualmente com mais de 12 mil inscritos/as. PH, que tem hoje 14 anos, ganhou o Prêmio Jovem em Destaque de 2016, da Assembleia Legislativa de São Paulo, e participa da edição 2016 do projeto Click Esperança, do Criança Esperança.

Coordenadora: Renata Morais (RJ): Diretora de criação da Lulu e Lili e coordenadora da Crespinhos SA, que viajam o Brasil apresentando os desfiles e fazendo conexões fotográficas com crianças e adolescentes negros/as. Fundadora e articuladora social do Pracomu, que faz uma ponte entre morro e asfalto.

Quer se inscrever para está atividade? Clique aqui.

Fonte: Afrolatinas.

terça-feira, 14 de junho de 2016

FESTIVAL LATINIDADES 2016 | DE 25 A 31 JULHO



Realizado há oito anos em Brasília, o Festival Latinidades chega à sua nona edição em 2016, com o tema Comunicação. É considerado o maior festival de mulheres negras da América Latina.

Alô Brasil, alô mundo!
Está chegando o maior festival de mulheres negras da América Latina. Tudo certo para a realização da nona edição do Festival Latinidades, que vai acontecer de 25 a 31 de julho, no Complexo Cultural da República, em Brasília. A partir do tema Comunicação vamos discutir sobre memória, fortalecimento de identidades, arte, cultura, ativismo digital e muito mais, sempre destacando o protagonismo das mulheres negras. Fique ligada/o e comece a se preparar para vir!

MAIORES INFORMAÇÕES, ACESSE: http://www.latinidades.com 

Exposição explora o papel do cabelo na identidade da mulher negra

sophia costa

Mostra “Raízes”, da estudante Sophia Costa, tem o objetivo de mostrar que o cabelo é, além de um elemento estético, também um discurso político

Por Pedro Alves,
Quem vê a estudante Sophia Costa, 21 anos, exibindo com orgulho o cabelo afro, não imagina como o visual era diferente. Alisamentos, relaxamentos e visitas ao salão de beleza eram parte da rotina semanal da jovem. Desde os 14 anos, ela fazia de tudo para deixar o cabelo liso porque o considerava mais bonito dessa forma.

Há três anos, no entanto, tudo mudou: “Na faculdade, comecei a ver outras garotas com cabelo afro e me inspirei. Hoje, o meu referencial de beleza é completamente diferente e tenho muito orgulho do meu cabelo negro”, afirma.

Com o desejo de representar esse processo de transição e aceitação pelo qual passam muitas garotas negras, Sophia resolveu fazer a exposição fotográfica “Raízes”, que tem o objetivo de mostrar o papel do cabelo na construção da identidade da mulher negra. Nas fotos, 12 modelos representam deusas, rainhas e guerreiras, sempre com o cabelo em evidência.

O projeto nasceu como trabalho de conclusão para o curso de publicidade que Sophia faz na Universidade de Brasília (UnB). No entanto, tem ganhado proporções maiores, a exposição também vai ser exibida no Terraço Shopping entre os dias 24 de junho e 3 de julho.







A ideia para o projeto veio do desejo de representar no trabalho final as transformações vividas na UnB: “Queria que meu TCC estivesse ligado à minha experiência pessoal na faculdade e a transição do cabelo foi um dos momento mais importantes desse período”, afirma Sophia. As fotos foram feitas durante dois fins de semana, com os equipamentos da universidade e a ajuda de diversos amigos e parceiros.

Ao fim do processo, Sophia deseja mostrar que, além de ser um elemento estético, o cabelo também tem um papel importante na definição da mulher negra: “Quando passei as usar meu cabelo original, toda a minha visão de mundo mudou, e esse processo não é só individual mas também coletivo. Quando a mulher negra descobre a verdadeira força do seu cabelo, ela se empodera”.

Exposição “Raízes”
Lançamento no dia 11/6 (sábado), às 20h, no Espaço Co-Piloto (CLS 306, Bloco A, Loja 33, Sobreloja). Entrada Franca. Classificação indicativa livre.
 
De 24 de junho a 3 de julho, no Terraço Shopping (Terraço Shopping , n.EA 2/8 lote 5, 7, Octogonal)


Carta de uma mulher negra aos homens




Quero dividir um pouco do que aprendi e venho aprendendo com as mulheres negras sobre relacionamentos. Falo sobre relações entre mulheres e homens. Primeiro porque em um relacionamento homoafetivo ambas, em geral, têm mais coisas em comum. Segundo porque, dada minha vivência, estou mais apta a falar da relação entre mulher e homem.

A primeira coisa que um homem que assume uma relação junto a qualquer mulher negra deve saber é que, a partir desse momento, a luta é dos dois. Quaisquer agressões, sejam elas explícitas ou não, dizem respeito a você também. A mulher negra é a protagonista da sua própria história e tem coisas que só ela sabe e sente, mas se você está ao lado dela saiba que não deverá deixar passar machismo e racismo e que terá que ser também um guerreiro.

Ainda sinto que nunca é demais repetir que às mulheres negras foram reservados lugares estereotipados na sociedade. Tais como empregada fiel, favelada barraqueira, mulata exportação ou ainda a exótica. Sabemos que todos esses lugares tem fundamentos históricos relacionados aos lugares em que fomos colocadas durante todos esses anos pós-abolição no Brasil. Ainda hoje algumas famílias, herdeiras da aristocracia brasileira, têm nas suas casas mulheres negras descendentes de outras mulheres negras que foram escravizadas e continuaram trabalhando na casa dos senhores, agora patrões. Muitas dessas famílias mais esclarecidas (neste caso o termoesclarecido é mesmo uma boa palavra para se usar. Se não entendeu o porquê sugiro que pesquise um pouco sobre herança racistas na língua portuguesa) até tratam essa mulher negra empregada como se fosse da família. Mas sempre se esquecem que ela é um ser humano que como tal tem a sua própria história e não é apenas uma extensão da história dessa família branca. Do outro lado temos abarraqueira que nada mais é que mais uma mulher negra forte, que luta pelos seus direitos e pelos direitos dos seus e que compreendeu que para conseguir ser respeitada, muitas vezes precisa ir para o confronto direto. Com isso geralmente é vista simplesmente como louca, exagerada ou barraqueira. O outro estereótipo clássico reservado para as mulheres negras, principalmente as mais jovens, é damulata (palavra etimologicamente racista) ou exótica (usando de padrões de beleza branca, para definir o que ‘e ou não exótico). Dois termos pelos quais não aceitamos ser chamadas.

O fato é que somos diversas! Transitamos em diferentes lugares e não podemos ser enquadradas em papeis. Se você, homem, está ao lado de uma mulher negra saiba que ela é um universo, assim como qualquer mulher e que seria ignorância querer resumi-la.

Sabemos que sexo e amor são coisas distintas e lindas quando caminham juntas. Nós mulheres negras gostamos de sexo, assim como mulheres não negras, mas existe uma diferença histórica do que foi feito na vida de ambas. Já é hora de nos conectarmos às nossas raízes e ao nosso sagrado feminino e entendermos que a diferença não é só física, é cultural. Nós, mulheres negras, já estamos cansadas de sermos hipersexualizadas e pouco amadas. Não queremos mais ser tratadas como objetos na feira de venda de escravos. Esperando alguém dizer se somos úteis para servir na cama ou na cozinha. Seja sincero sobre suas intenções numa relação com a mulher negra, ela pode ter as mesmas intenções que você, ou não. Basta não se sentir superior a ela na tomada de decisões e assim tudo irá caminhar bem.

Se você é um homem negro, sabe que o racismo é uma constante e que devemos estar sempre alerta na defesa e efetivação dos nossos direitos como seres humanos. Ainda assim, você vai precisar entender o que é estar ao lado de uma mulher negra, você vai precisar eliminar o seu machismo e compreender que não é melhor do que ela pelo fato de ser homem. Você vai precisar respeitá-la, muito, além de amá-la. Vai ter que entender que se hoje você é um homem negro vivo, muito provavelmente isso é responsabilidade também de uma forte mulher negra.

Se você é um homem branco vai precisar ter o coração e mente muito abertos para, minimamente, compreender o que esta mulher negra passou durante toda a sua vida. Que as coisas que ela fala e pelas quais luta são resultado de sentimentos e sofrimentos vivenciados todos os dias por ela e pelas suas semelhantes. Com força e amor não nos tornarmos mulheres amarguradas ou desiludidas da vida. Ao contrário, o sofrimento é nosso combustível! Se uma mulher negra optar por estar ao seu lado, ela certamente acredita na sua capacidade de enxergar além dos seus privilégios como homem branco, ela acredita que poderá ver em você um verdadeiro companheiro.

Seja!

Se você e essa mulher negra vierem a ter filhos, eles terão em si muito do que é essa mulher. Se o filho nascer de pele clara, mesmo sendo negro, automaticamente já terá algumas facilidades, mas só algumas. Se nascer de pele escura poderá ser o primeiro suspeito de furtos na escola, o primeiro suspeito de violência contra seus colegas, o primeiro a ser parado pela polícia, a primeira a ser vista como objeto sexual (e não como uma possível namorada), a primeira a ser solicitada a servir, a primeira a ser desrespeitada pelas suas características físicas, a primeira ou o primeiro a ser morto em situações de conflito.

Se nós mulheres negras, não nos calamos e não nos conformamos é para que isso não mais aconteça. E se você, homem, está ao lado dela, lute também com todas as suas forças para que isso não mais aconteça.

Outro dia, um amigo me disse que quer ver chegar o dia em que ele não precise mais lutar e possa finalmente viver na serenidade. Eu também quero ver chegar esse dia! Mas enquanto ele não chega, seguimos nos equilibrando na corda bamba da vida, entre a serenidade alerta e a luta pacífica, até o dia em que sejamos finalmente todos respeitados em nossas diferenças!

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Atriz, Cantautora e batuqueira. Atuo em diferentes frentes, buscando unir minha vivência e militância de mulher negra ao meu trabalho artístico.

Comentários sobre massacre na Flórida mostram por que precisamos lutar contra homofobia


Enquanto os Estados Unidos choram a perda de 50 pessoas após atentado em boate gay em Orlando, internautas destilam ódio e preconceito em portais brasileiros

Por Bruna Aidar,


Os Estados Unidos amanheceram de luto depois que 50 pessoas foram mortas em um atentado em uma boate na cidade de Orlando (Flórida). No maior tiroteio da história do país, outras 53 pessoas ficaram feridas. O responsável pelos ataques seria Omar Mateen, americano, mas ainda não há confirmação sobre qual teria sido a motivação dos crimes, embora as autoridades policiais já tratem o caso como um ato de terrorismo.

Para a própria família de Mateen, no entanto, o crime não está relacionado à religião islâmica. Seu pai disse à rede americana NBC acreditar que ele tenha agido movido pelo seu ódio pela comunidade LGBT. Segundo ele, Omar ficava alterado ao ver homens se beijando. “Estamos dizendo que nos desculpamos. Não sabíamos que ele tomaria esse tipo de atitude”, declarou.

Enquanto as famílias das vítimas sofrem a perda de seus entes e milhares de pessoas ao redor do mundo se solidarizam não só com a dimensão do massacre, como também com sua possível orientação homofóbica, alguns comentários em grandes portais brasileiros evidenciam porque o ódio contra homossexuais ainda é um sério problema a ser enfrentado.

Associando a comunidade gays a doenças como a Aids e à libertinagem, usuários destilaram preconceito em matérias sobre a tragédia. No G1, por exemplo, um homem comentou: “Morre milhões de pessoas de fome e miséria e não se faz nada…morre uma meia duzia numa casa de surubas e ficam tudo chorando,…kkkkkkkkkk…” (sic).

Outro comentou: “A policia está esperando o sangue secar para entrar na boate e não correr o risco de contrair HIV, Sifilis, Herpes, Gonorreia, HPV”. “Um alivio para os familiares, pois a família deve sofrer muito quando tem um filho g.a.y, e quando eles se vão a família fica aliviada”, escreveu mais um, mesmo frente às imagens de diversos pais e familiares desesperados no local do ataque.

Confira alguns dos comentários:


Pais ganham na Justiça direito de registrar filha com nome africano


Quase três meses após seu nascimento, a menina Makeda Foluke de Paula da Silva finalmente poderá ter o registro civil, com a decisão favorável proferida nesta quinta-feira (9) pelo Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ). Nascida no dia 16 de março, o Oficial de Registros de São João de Meriti, na baixada fluminense, recusou o registro sob alegação de que o nome poderia deixar a criança exposta ao ridículo.

De acordo com o advogado da família, Hédio Silva Jr, a recusa foi baseada no artigo 55 da lei 6.015/73, dos registros públicos, que diz, no parágrafo único, que “os oficiais do registro civil não registrarão prenomes suscetíveis de expor ao ridículo os seus portadores”. Mas, para o advogado, houve arbitrariedade por parte do cartorário que tomou a decisão apenas por se tratar de um nome africano.
“Foi uma recusa totalmente arbitrária, porque o registrador entendeu que o nome destoaria da brasilidade, foi um dos argumentos, e que o nome seria suscetível a trocadilhos e galhofas. Mas nós argumentamos que, a depender da criatividade do zombador, qualquer nome é suscetível de trocadilhos ou galhofa. O que houve foi associar um nome africano a algo ruim, algo negativo, os pais se sentiram discriminados pelo registrador”.
O pai da menina, o bombeiro militar Cizinho Afreeka, se disse surpreso com a recusa e afirma que o ato foi uma “sutileza do racismo” instituído na sociedade e facilitado pelos argumentos legais. “Com certeza, são sutilezas do racismo, que a gente tem dificuldade de provar que é. Mas são esses modelos, que a própria lei facilita,que abrem brecha para uma pessoa fazer esse tipo de interferência. Se fosse outra pessoa de origem alemã ou japonesa, eu duvido que aconteceria isso e não passaria por esse constrangimento”.

Cizinho relata que conversou com o superior no cartório e a recusa permaneceu, sendo necessário abrir o processo de dúvida e justificar a escolha do nome. De acordo com o pai, o Ministério Público de São João de Meriti sugeriu que fosse acrescentado outro nome, como Ana, antes de Makeda, e a juíza da Infância e Juventude da cidade acatou. Então, a família recorreu ao TJRJ.

O advogado explica que a justificativa está na Constituição, que tutela a cultura afrobrasileia e indígena e as qualifica como parte do patrimônio cultural brasileiro. “Tem uma resolução do CNJ sobre registro de nome de crianças indígenas, integradas ou não, que permite que sejam atribuídos nomes indígenas a essas crianças. É uma norma que preserva a identidade cultural dos povos indígenas e das crianças indígenas. Nós também utilizamos esse argumento. A Constituição não hierarquiza a cultura europeia, afrobrasileira e indígena. Como essa norma é aplicada a nomes indígenas, também deve ser aplicada a nomes africanos”.
 
O pai de Makeda lembra que o Brasil sempre suprimiu os nomes africanos da sua história: “O país se orgulha de ser formado pelas raças, mas é só retórica, porque uma delas não tem autonomia e autoridade para nominar. Outra coisa que fica mais nítida é a gente fazer um resgate histórico e saber que as pessoas africanas que foram escravizadas, aqui no Brasil, tiveram o nome [africano] arrancado”.

A família, agora, aguarda o acórdão ser publicado para levar o documento ao cartório e fazer o registro de Makeda Foluke. Makeda significa grandiosa e era o nome da rainha do Reino de Sabá, na região onde hoje estão a Etiópia e o Iêmen, que teria vivido [a rainha] no século X antes de Cristo. Foluke é um nome iorubá e significa colocada aos cuidados de Deus.

Fonte: Geledés.