por Diosmar Filho[1],
Se é preciso motivo para nos manifestar em defesa das instituições públicas, o Governo da Presidenta Dilma, o PT e a “democracia”, frente a agenda midiática das panelas Le Cruset da cidadania do consumo neste fim de semana.
A matéria de Carta Capital Redemocratização incompleta perpetua desigualdades no Brasil, diz relatório[2] do Relatório Final da Comissão Estadual da Verdade Paulista “Rubens Paiva”, se torna um bom motivo para no mínimo o debate escrito.
É intrigante que os relatórios das Comissões Nacional ou Estadual, conseguem pensar na redemocratização de um país que não era democrático antes da ditadura e depois dela. Isso porque o racismo perdurou-perdura antes e depois na vida da população negra, que representa mais que 51% da totalidade populacional. E todas as violências se abatem sobre as mulheres e homens negros neste país, e principalmente o seu futuro a sua juventude.
Ao se falar em redemocratização e desigualdade, esquecem que vivemos numa sociedade, que não aceitou sua cor Negra, como princípio de cidadania e sobre isso as estatísticas vão falar por si.
Então, espero que o texto nos mova aos debates e as manifestações, porque neste momento o verde e o amarelo (esperança e riqueza) são apropriados e remetem a Carta Magna e as conquistas institucionais ao passado, que não é só de trinta anos de ditadura, mas ao Brasil das trevas da violência humana (a escravidão) ainda não reparada pelo Estado brasileiro à população negra violentada e responsável pela sua construção.
Neste mês, os Estados Unidos celebram os 50 anos da Marcha de Selma pelos direitos civis à população negra. Nos anos 60, as manifestações contra a invasão do Vietnã e o reconhecido do direito à paz ao povo vietnamita de Martim Luther king Jr. – Prêmio Nobel da Paz, foram recebidas como traição pelo presidente Lyndon Johnson e a grande imprensa americana. O mesmo, afirmou que “os homens há anos falam sobre a guerra e a paz. Mas, agora já não podem apenas falar sobre isso. Não é mais uma escolha entre violência e não violência, é não violência e não existência”[3].
Essa mensagem alimenta e reconstrói o espaço da política e o significado de se manifestar, na defesa do projeto de governo conquistado pela sociedade progressista e a “democracia” assegurada pela constitucionalidade das eleições, valiosa na caminhada para uma Nação brasileira.
As eleições é a peça capaz de quantificar e reconhecer nós mulheres, homens, jovens e crianças negras como maioria da população que luta por cidadania e direitos democrático.
Por isso, há motivos para manifestação pela Reforma Política nos próximos dias, mas é preciso movimento, é preciso voltar a marchar no Brasil. O que ocorre no momento com os movimentos de luta pela e na terra contra a política neoliberal para o campo, sob a liderança das mulheres da Via Campesina e os Movimentos dos Sem Terra.
No entanto, 18 de novembro de 2015, será o dia de tomar Brasília com a Marcha das Mulheres Negras contra o Racismo e a Violência e pelo Bem Viver 2015[4]. Essa oportuniza o Estado brasileiro (racista, sexista, machista e lesbo-homofóbico), signatário dos objetivos Década Internacional de Afrodescendentes da ONU a reorientar as agendas da política, para os direitos civis e sociais da população negra e dos Povos Indígenas donos da terra como princípio e ação para se chegar a democracia plena.
Nestes vestígios de Mata Atlântica ainda controlada (politicamente e economicamente) pelos resquícios do Estado Colonial em pleno o século XXI, a população negra é a diferença da sociedade para se alcançar um Brasil-Nação com uma sociedade democrática com equidade.
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[1] Geógrafo e ativista social negro
[2]http://www.cartacapital.com.br/sociedade/redemocratizacao-incompleta-perpetua-desigualdades-no-brasil-diz-relatorio-573.html
[3] Filme A história de Martin Luther King, XENON VIDEO INC. (1994)
[4] http://www.2015marchamulheresnegras.com.br/
Fonte: População negra e saúde
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