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terça-feira, 17 de março de 2015

Mulheres negras: sororidade e luta


“8 de março o que é o que é? É o dia internacional da mulher!” Esse grito de guerra eu aprendi aos 9 anos de idade – em 1988 – ainda me arrepio quando lembro daquele dia. E também da avenida Paulista inteira tomada por milhares de mulheres cantando a música Maria, Maria (do Milton Nascimento e Fernando Brant). No dia seguinte contei com muito orgulho o motivo da minha ausência para a professora da quarta série. Nessa época, minha mãe – Sandra Regina – era militante da ARMMA: Associação Regional de Mulheres Margarida Alves, na cidade de Santos. Ainda tenho a lembrança de muito acolhimento naqueles tempos em que sobrevivíamos com muitas dificuldades financeiras. Lembro-me do cheiro de café e do gosto do chá com bolachas na cozinha da casa da Gemma Rebello, e dos abraços das companheiras que nos fortaleciam. O termo utilizado para traduzir esse sentimento de acolhimento entre as mulheres feministas é: ‘sororidade’.

Por Tatiana Oliveira, do Revista Fórum,
“Sororidade é uma dimensão ética, política e prática do feminismo contemporâneo. É uma experiência subjetiva entre mulheres na busca por relações positivas e saudáveis, na construção de alianças existencial e política com outras mulheres, para contribuir com a eliminação social de todas as formas de opressão e ao apoio mútuo para alcançar o empoderamento vital de cada mulher. A sororidade é a consciência crítica sobre a misoginia e é o esforço tanto pessoal quanto coletivo de destruir a mentalidade e a cultura misógina, enquanto transforma as relações de solidariedade entre as mulheres.” (RÍOS, Maiara Moreira de, Y DE LOS Marcela Lagarde . Sororidad. In: GAMBA, Susana Beatriz. Diccionario de estúdios de género y feminismos. Buenos Aires: 2009.) No último sábado – dia 7 de março – participei da “Roda de Conversa: de Preta pra Preta”, promovida pelo Núcleo Impulsor do estado de SP da Marcha das Mulheres Negras 2015. O evento, realizado no Sindicato dos Advogados, teve a presença de cerca de 50 mulheres e foi marcado pela ‘sororidade’, pela necessidade que temos de falar e dividir nossas dores, nossas lutas e também nossas conquistas.

Discutimos o significado do dia 8 de março e a importância do movimento de mulheres negras construído pela luta de quem sofre duplamente pela opressão machista e o racista. Além da articulação para a construção da Marcha das Mulheres Negras 2015 – Contra o Machismo, a violência e pelo bem-viver! que será realizada no dia 18 de novembro. O encontro durou quase quatro horas e encerrou com uma oficina na qual customizamos camisetas e cartazes para o dia seguinte, a Marcha do Dia Internacional da Mulher!

Mulheres Negras resistem por COMULHER Comunicação Mulher

Fonte: Geledés

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