Por Jarid Arraes, Revista Fórum,
O racismo brasileiro é tão escrachado quanto não tem vergonha na cara. A empresa Divino Fogão, rede de restaurantes que também publica uma revista, parece ter a intenção de reivindicar o pódio entre aqueles que sentem mais saudade da escravidão.
Na revista da empresa, que pode ser acessada online, é possível conhecer o “mascote” da marca: uma mulher negra, vestida com roupa de cozinheira e que, segundo a própria explicação da Divino Fogão, deve ter mais de 50 anos de idade. As “mascotes” devem ser simpáticas e acolhedoras, para fazer com que os clientes se sintam saboreando a verdadeira comida da fazenda. Para completar a palhaçada, o nome da mascote é “Sinhá”.
Será que os responsáveis pela rede Divino Fogão têm a ilusão de que ninguém entende o contexto? O nome “Sinhá” faz alusão ao período de escravidão, pois era utilizado para designar as mulheres brancas donas de escravos; ironicamente, esse mesmo termo está sendo atribuído a mulheres negras fardadas como serviçais. A impressão que dá é que a empresa tem o objetivo de levar os clientes de volta ao clima “colonial” da fazenda, completo com a opção de possuírem escravas domésticas que os sirvam com passividade.
No mesmo documento, eles ainda têm a audácia de reclamar da dificuldade para conseguir “profissionais” para o teatro colonial. Talvez se contratassem mulheres negras para posições de chefia, com roupas alinhadas e postura de gerente, quem sabe mais candidatas não apareceriam para preencher a vaga. Mas a ideia que a Divino Fogão tem da mulher negra é de que deve ser uma cozinheira submissa e sorridente, a própria figura da Tia Anastácia, subalterna da família rica branca.
Qualquer que seja a desculpa esfarrapada, a Divino Fogão precisa entender, de uma vez por todas, que esse tipo de racismo cordial não passará em silêncio.
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Foto de capa: Reprodução.
Fonte: racismoambiental
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