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terça-feira, 3 de março de 2015

Brasil receberá primeira visita de rei bantu após a escravidão


Visita de Armindo Francisco Kalupeteca “Ekwikwi V” é a 1ª visita oficial de um soberano bantu ao país desde a escravidão

O Brasil – país das Américas que recebeu o maior contingente de cidadãos proveniente de povos Bantu durante os séculos do tráfico negreiro – ainda não recebeu a visita de nenhum rei tradicional representante dos grupos em questão, sendo que o país já teve a honra de acolher soberanos tradicionais dos povos Iorubá (Alaafin Oyó ou rei de Oyó, Obá Ladeyemi III, e Ifon, em 2014) e Jêje.

Nas regiões que ocuparam, os bantu introduziram a metalurgia, a agricultura e a forma de governo centralizada.

Formaram sociedades matrilineares nas quais as terras cultivadas eram consideradas dos antepassados, as florestas eram comunitárias e o trabalho era individual. Esses grupos foram maioria na Bahia, Alagoas, Pernambuco, Maranhão, Minas Gerais e Rio de Janeiro. E em muitos momentos reproduziram aqui sua organização (especialmente nos quilombos), sua arte e visão de mundo.

A capoeira, a congada, as danças e cerimônias cateretê, caxambu, batuque, samba, jongo, lundu e maracatu são heranças banto, assim como o candomblé aqui denominado de congo-angola, onde a capoeira angola encontra ligações.

Entre descendentes de povos Bantu que marcam, a partir do Brasil, as lutas dos povos negros no mundo, estão Zumbi dos Palmares e Ganga Zumba, mas cujas origens são, em grande parte, desconhecidas pela maioria do povo brasileiro.

Agora, se depender do ILABANTU (Instituto Latino Americano de Tradição Afro Bantu), das organizações parceiras dos povos e comunidades tradicionais de matriz africana e do movimento negro brasileiro, Afrocom (Brasília), Cenarab (Minas Gerais), Acbantu (Bahia), e órgãos de governo como Secretaria Municipal de Promoção da Igualdade Racial da Prefeitura de São Paulo, Prefeitura Municipal de Teresina (Piauí), Prefeitura Municipal de Ilhéus (Bahia), o país terá uma dívida a menos entre as inúmeras contraídas com relação à África e aos povos da diáspora. Há alguns meses o ILABANTU está encampando esforços para consumar a visita de Rei do Bailundo, Armindo Francisco Kalupeteca “Ekwikwi V”, ao Brasil.

Finalmente, no dia 4 de abril, o soberano e sua comitiva aportarão no aeroporto de Guarulhos para, de lá, cumprirem um roteiro de viagens a, pelo menos, outras quatro capitais, além de cidades do interior brasileiro e países da América Latina.

As ações já realizadas até agora incluem articulações com instituições governamentais e da sociedade civil que estão se empenhando regional e nacionalmente no apoio à visita do Rei Bantu. Incluiu também viagem do coordenador nacional do ILABANTU, Taata Katuvanjesi – Walmir Damasceno, à Brasília em janeiro, onde foi recebido por representantes do Itamaraty, do gabinete da Presidenta Dilma Rousseff e da SEPPIR (Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial), obtendo compromisso do governo federal em diferentes esferas quanto ao apoio à visita do Rei do Bailundo ao Brasil.

No dia 16 de fevereiro, o coordenador nacional do ILABANTU embarca para Angola num esforço conjunto da Embaixada de Angola no Brasil e do Consulado Geral de Angola em São Paulo, aonde vai se reunir com o Rei, sua comitiva e as autoridades governamentais locais para ara alinhar detalhes e preparar a visita que o Rei “Ekwikwi V” ao Brasil.

Em um momento marcado pela celebração da Década dos Afrodescendentes estabelecida pela ONU – criada por resolução de sua Assembleia Geral no dia 23 de dezembro último e que será celebrado de 2015 – quando foi lançada – a 2024 e pela implementação de políticas públicas voltadas à reparação quanto aos povos negro-africanos no país por parte do governo brasileiro, a visita do Rei do Bailundo Armindo Francisco Kalupeteka “Ekwuikwui V” e sua comitiva ao país visa colaborar com a difusão das tradições bantu deste lado do oceano promover nacional e internacionalmente sítios históricos de marcado protagonismo de populações Bantu no Brasil.

A vinda do Rei Tradicional Bantu expressa ainda um sentimento de revitalização histórica da herança africana e contribui com a revalorização dos aportes culturais dos africanos e seus descendentes fortalecendo a Ancestralidade Africana no país. O Rei atual, que nasceu em 24 de Março de 1974, na aldeia de Calondueio (comunidade de Luvemba, em Bailundo, região do planalto central da República de Angola), é neto do antecessor Augusto Katchitiopololo.

Alguns dos sítios de histórica presença bantu que serão visitados pelo Rei Ekwikwi V e sua comitiva – integrada por Rainha Joaquina Kassueka Tawape; Isaac Francisco Lucas, Ministro-Secretário do Reino do Bailundo; Judith Maria Cecília Luacute, que também integra a assessoria de Sua Majestade, Walmir Damasceno (Ilabantu); Raimundo Nonato Konmannanjy da Silva (Acbantu); Patrícia Zapponi (Afrocom), Makota Celinha Gonçalves (Cenarab).

– Cais do Valongo, que integra Circuito Histórico e Arqueológico da Celebração da Herança Africana no Rio de Janeiro;
– Parque Memorial Quilombo de Palmares em Alagoas;
– Quilombo do Cafundó no Vale do Ribeira em São Paulo;
– Terreiro de Matamba Tombensi Neto (casa de cultura tradicional angolana fundada em 1885), Ilhéus, Bahia.

Nas localidades a serem visitadas, haverá recepções ao soberano do Bailundo com as presenças de autoridades tradicionais de povos de matriz africana e do governo, ativistas do movimento negro, acadêmicos e pesquisadores (as) de distintas universidades.

COLETIVA DE IMPRENSA

No dia 4 de abril será realizada a Coletiva de Imprensa na qual será possível obter detalhes do roteiro de visitas do soberano e sua comitiva, bem como compartilharmos mais sobre o que esse momento histórico representa. A coletiva será nas dependências do ILABANTU, em endereço que segue abaixo. Para que possamos nos organizar para melhor recebê-lo (a), queira por gentileza confirmar presença pelo endereço de email ilabantu@inzotumbansi.org.

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