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sexta-feira, 6 de março de 2015

Mulheres recebem salário 46% menor do que homens no DF

Codeplan e GDF divulgam estudo sobre as mulheres no DF e Entorno (Foto: Gustavo Schuabb/G1)

Estudo da Codeplan aponta que 72% dos lares são chefiados por homens.
Em 89% das casas administradas por mulheres, elas não têm companheiro.

As mulheres recebem salário 46% menor do que os homens no Distrito Federal e e cidades do Entorno, apontou o artigo “Mulheres no DF e nos Municípios Metropolitanos – Perfis de desigualdade”, divulgado nesta quinta-feira (5) pela Companhia de Desenvolvimento do Distrito Federal (Codeplan).

O estudo mostra que 72% dos lares são chefiados por homens, e que as mulheres não vivem com o companheiro em 89% das casas administradas por elas. Quando o homem é o provedor da casa, ele divide o espaço com uma mulher. “Isso mostra que as mulheres precisam fazer uma dupla, até tripla jornada”, afirma o diretor da pesquisa, o professor Flávio Gonçalves.

Ao todo, o DF tem 1,5 milhão de mulheres, mais da metade dos 2,8 milhões de habitantes da capital. A apresentação faz parte do programa “Março de todas as mulheres”, da Secretaria de Políticas para as Mulheres, Igualdade Racial e Direitos Humanos (Semidh). Participaram da divulgação do estudo a secretária da Semidh, Marise Ribeiro, o presidente da Codeplan, Lucio Rennó, e a deputada federal Erika Kokay (PT).

Segundo Gonçalves, os dados apontam um reflexo de uma cultura machista. “Em muitos casos, a mulher pode até ganhar mais do que o homem, mas tem medo de dizer que assume as principais responsabilidades da casa.”

O artigo mostra que a renda média de uma mulher que trabalha no Plano Piloto é de R$ 5.400, enquanto a dos homens é de R$ 6.900. A região que apresentou a maior disparidade foi a Fercal, com 47% de diferença.

Segundo a secretária Marise Ribeiro, o governo planeja ações para mudar o quadro. “Nós queremos aumentar os centros de atendimento a mulher para seis [unidades], vamos fazer inauguração da casa da mulher brasileira em abril. Ações antigas darão lugar a outras, em escutas com a sociedade civil.”

Violência
O estudo não apresenta dados sobre a violência contra a mulher, mas o tema foi discutido pelos convidados. “A naturalização da violência faz com que ela se entranhe na sociedade e passe despercebida. A violência é caracterizada como algo que diminui uma pessoa perante a outra. Essa disparidade de salários, de acesso à educação, é uma violência, e está enraizada no país”, afirmou a deputada Erika Kokay.

“A discriminação é cruzada. A mulher sofre por ser mulher. Agora, a mulher negra, a mulher idosa, a mulher LGBT, tem um peso nessa discriminação. E isso leva a demonstração mais extrema, que é a violência”, disse a secretária Marise.

Erika disse que senadoras e deputadas estão se unindo para aumentar a representatividade no parlamento para 30%. “Nós temos na Câmara Federal 9,9% de mulheres. Existem espaços predeterminados para homens e mulheres, que precisam ser desconstruídos”.

A Secretaria de Direitos Humanos informou que vai realizar no próximo dia 25 de março uma audiência pública para debater casos de violência contra a mulher. A reunião está prevista para a Câmara Legislativa, às 10h.

Fonte: G1.

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