Após dois anos sem lançar nada, Markão Aborígine apresenta seu novo trabalho: TERESAS, Uma música e um clipe muito importantes para o rapper. A letra? Markão compôs ao lado de sua esposa. O vídeo? Produzido apenas por mulheres.
A atriz Meimei Bastos é protagonista neste trabalho, Markão teve a alegria de contar com a linda Josi Araújo fazendo o refrão da canção e pessoas especiais que participaram do documentário.
Sobre a música Markão Aborígine diz: “TERESAS é uma música de nossas histórias, de nossas mães, de nossas irmãs, de nossas mulheres, de empoderamento e força”.
Confira:
LETRA
Quantas?
Quantas?
Teresas, Antonias, Marias, Amélias
Não sabem, mas são rainhas todas elas
Acordam de madrugada, limpar a casa, fazer café
E seu companheiro nem mesmo está de pé
Segue a jornada, prepara a marmita
Não recebe um bom dia, mas a palavra que humilha
Ouvindo a ingratidão gritar
Mulher não faz nada, só fica em casa
Eu que trampo pra lhe sustentar
Recolhe o choro no olhar
Sabe que durante o dia terá que cozinhar, lavar, passar
Em pensamento "Deus é mais, vou superar"
Onde se escondeu o homem que escolhi pra amar?
Nesse conto, o príncipe tornou-se o sapo
Morto ou adormecido, naquele corpo magro,
Abatido com roupas que mais parecem sacos
E o perfume agradável acabou
Deu espaço ao hálito forte de 51
Noites brigas sem motivo algum
Gritos são tiros disparados em sua cabeça
Palavrões, agressões pra que jamais esqueça
"Ei Teresa você é minha mulher
E com você eu faço o que eu quiser"
Violência física, psicológica
"Ela gosta disso", mas qual sua ótica?
Mulher de malandro gosta de apanhar?
Talvez sua baixa estima, não a faça enxergar
Que é ser humano e tem dignidade
Mas cresceu ouvindo que ''mulher não é gente de verdade''
Numa pia
Lava roupas com água fria
Enquanto escorrem lágrimas quentes
Lava a tristeza e odor de aguardente
Tão presente em cada dia
No corpo as marcas,
Nos olhos as lágrimas que não secam jamais.
Mas eu ei de encontrar minha paz,
Eu ei de encontrar minha paz
E agora mesmo ele está no bar
E pra aumentar a renda terá que costurar
Vive fazendo remendos, tapando buracos do orçamento
Por dívidas que faz sem teu conhecimento.
Não entendo, como pode está escrito 'ambiente familiar'
Acima das bebidas que vendem no bar
Se é este mesmo bar
Que destruiu meu lar
Eu queria como muitos, admirar o entardecer
Contemplar um céu lindo ao anoitecer
Mas é justamente nesse horário
Que ele sai do trabalho
Meu filho esconde-se no quarto, ao ver barulho no portão
Fecha o caderno, interrompe a lição
Chora num canto ao ouvir o palavrão
E diz ''papai não fala isso não''
Eles são minha fortaleza
Por eles não desisto aconteça o que aconteça
Escrevo pequenas receitas numa caderneta
Salgado, chocolate, doce, sobremesas
Compro revistas, vagonite, tricô, crochê
Meus filhos não precisarão de você
Escreve uma placa improvisada num papelão
Com um barbante estende naquele portão
E vê ali, superação de suas mágoas
"Aceito encomendas de ovos de páscoa"
Maior dádiva, escrita com suas próprias letras
Após os 40 anos, matriculou-se no EJA
No corpo as marcas,
Nos olhos as lágrimas que não secam jamais.
Mas eu ei de encontrar minha paz,
Eu ei de encontrar minha paz
Eu sou guerreira por natureza
Eu sou Maria, Sou Antônia, Sou Teresa
Eu vou lutar
Eu sou guerreira por natureza
Eu sou Maria, Sou Antonia, Sou Teresa
No corpo as marcas
As lágrimas que não secam jamais
Mas eu ei de encontrar minha paz.
Fonte: Polifonia Periferica.
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