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quinta-feira, 16 de julho de 2015

Serena Williams explica alguns aspectos de como o racismo funciona


transcrição do vídeo do Youtube Serena Williams explain aspects of how racism works


Tennis é um esporte de [gente] branca. Eu viajo para Europa o tempo todo, eu viajo para Rússia onde podemos contar as pessoas negras, geralmente sou eu e minha mãe.

Meu pai sempre disse que não podemos nos adiantar e fazer tudo o que queremos fazer da nossa vida sem conhecer nosso passado antes.

A primeira vez que eu tive a oportunidade de visitar a África eu realmente adorei. Estar cercada por gente da mesma cor que eu, foi uma coisa ótima. Eu me senti tão bem! E então garotos e garotas brancas devem se sentir como eu me sinto na Rússia.

Eu amo o Muhammad Ali. Eu amo seus posicionamentos, ele foi para a prisão pelo que acreditava e esse é o melhor exemplo que se pode dar, quer dizer não dá para ser melhor que isso. Zina Garrison era a maior! E eu sempre amei Zina. Ela era uma ótima jogadora. Eu lembro de ter 8 [anos] e nós fomos hit [treinar] com ela no Texas, foi uma experiência ótima.

Quando ela chegou as finais em Wimbledon eu lembro que fiquei muito feliz, pois podemos finalmente parar de treinar e ir para casa assistir o jogo.

Tem alguns afro-americanos que não conseguiram [se profissionalizar] por que no tênis a pessoa tem que se dedicar integralmente para jogar no circuito profissional e a pessoa tem que ter muito apoio. E algumas vezes isso não é possível, porque para afro-americanos é difícil ter o apoio da família ou apoio financeiro. Tênis é um esporte caro. Nós éramos pobres eu não sei como conseguimos, tenho que perguntar isso a meu pai [risos].

Eu me sinto abençoada porque tive esse apoio dos meus pais e das minhas irmãs. Elas estavam nas quadras tanto quanto nós, nos apoiando, pegando nossas bolas, ou apenas se certificando que tudo estava bem. Então era um negócio de família.

Era difícil ser um pai técnico. Meu pai aprendeu a jogar tênis sozinho. Ele decidiu que ia aprender e então comprou livros, revistas e vídeos. Ele ensinou minha mãe e depois eles nos ensinaram. Quando começou a aprender o tênis, meu pai era jovem e ingênuo/imaturo, não vou dizer a idade dele para as pessoas dessa idade não ficarem ofendidas… [risos]

Nós começamos a jogar no [torneios] juniors. Mas aí meu pai viu os pais colocando muita pressão nas crianças, pais que eram muito exigentes e gritavam com seus filhos e eram crianças que nem estavam em circuitos competitivos. Então, meu pai decidiu que não nos queria num ambiente desses. Ele queria que tivéssemos vidas normais, mas que treinássemos. E não queria nos expor a uma sequencia de pressões e frustrações tão cedo na nossa vida, pois ficariámos desmotivadas para jogar quando chegássemos no circuito profissional.

Venus definitivamente abriu muitas portas para mim porque ela foi a primeira. Para mim foi como se ela tivesse aberto o Mar Vermelho e eu só tive que atravessar. Eu ligo para ela e digo “vou jogar contra tal e tal jogadoras” e ela me diz quais estratégias funcionam para cada uma. Eu acho incrível que ela conhece todas essas jogadoras!

Eu falo com minhas irmãs todos os dias. Nós crescemos todas dividindo o mesmo quarto. Nós morávamos em uma casa de 2 quartos.

Minha mãe nos criou para sermos mulheres negras fortes, mulheres negras poderosas. Para não deixar ninguém passar por cima da gente de maneira ou forma nenhuma. Minha mãe é a mulher mais forte que eu conheço. Eu acho que nunca serei o que ela é ou foi. Se eu conseguir ser a metade do que ela é eu serei uma mulher incrível.

Uma vez eu disse que sou a 8 vezes ganhadora do Grand Slam mais subestimada do mundo. Cada artigo que eu leio diz que dominei minhas adversárias, mas eles nem fazem ideia do quão forte eu posso bater [na bola] e eu sei que não estou batendo com toda minha força. E tênis não é só força bruta, é sobre estratégia é fazer o seu adversário se mexer de uma forma que ele perca o tempo da bola, que ele perca a jogada. E eu nunca ganho esse crédito mental. É bem frustrante.

Mas, no final das contas, eu estou muito feliz com quem sou e com meus resultados. Quando você treina sua vida inteira para fazer algo, você se sente pronta pra fazer.

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Arquiteta de formação, imigrante por opção, apaixonada por imagens, letras, formas e cometas. Gosta de olhar o céu, de sentir cheiro de mar escutando o barulho das ondas.

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