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sexta-feira, 10 de julho de 2015

Anúncio para debater racismo ‘recruta’ negra para papel de doméstica no DF

Peça de campanha publicitária promovida pelo Festival Latinidades, em Brasília
 (Foto: Festival Latinidades/Divulgação)

Um festival de cinema que será realizado no final do mês em Brasília ganhou repercussão nas redes sociais ao elaborar um falso anúncio recrutando atrizes negras para interpretar o papel de empregada doméstica em um filme. Quem disca o número ouve uma gravação que revela a intenção dos organizadores de debater a questão racial e promover o evento.

“Olá. O anúncio que você viu faz parte da campanha do Festival Latinidades. Se você teve interesse pelo papel, gostaríamos de te convidar para o festival, um evento que vai discutir o papel da mulher negra no cinema e na sociedade. Se você achou isso um absurdo, junte-se a nós e venha para o Latinidades”, diz a gravação.

O evento acontece em Brasília desde 2008 para comemorar o Dia da Mulher Negra Latino Americana e Caribenha, que é celebrado em 25 de julho. As atividades são orientadas por temáticas relacionadas à superação das desigualdades de gênero e raça. O acesso a toda a programação é gratuita.
Olá. O anúncio que você viu faz parte da campanha do Festival Latinidades. Se você teve interesse pelo papel, gostaríamos de te convidar para o festival, um evento que vai discutir o papel da mulher negra no cinema e na sociedade. Se você achou isso um absurdo, junte-se a nós e venha para o Latinidades”

Gravação de anúncio para fomentar debate sobre racismo

Neste ano, o festival acontece de 22 a 26 de julho no Cine Brasília e terá como tema Cinema Negro. A ideia é debater o protagonismo e a representação das mulheres negras em filmes, colocando-as no centro do debate sobre políticas públicas para o audiovisual.

“Produtoras, roteiristas, atrizes, editoras, dubladoras, câmera-woman – quantas conhecemos? Quantas estão no mercado? Afinal, o que é o cinema negro? Que cinema está sendo produzido na diáspora negra? Quais os circuitos onde é possível acessar esta produção? Como está representada a imagem da mulher negra no cinema? Como criar uma rede de circulação da produção cinematográfica/audiovisual produzida por pessoas negras, valorizando temas específicos e transversais?”, questiona a organização.

Coordenadora de ações somativas do festival, Bruna Pereira diz que a organização está satisfeita com a repercussão do falso anúncio. “Nós esperávamos levantar o debate. Essa é a primeira fase da campanha e, nesse aspecto, a gente acredita que atingiu o objetivo. A partir disso, queremos problematizar esse engessamento das mulheres negras como empregada doméstica, como escrava.”

O grupo prevê novas ações para os próximos dias. Bruna diz que ainda não é possível saber quantas pessoas viram o anúncio e quantas fizeram a ligação, mas a expectativa é que o evento tenha lotação máxima na maior parte dos dias – o Cine Brasília tem cerca de 600 lugares.

“Acho que a revolta vem em um processo muito forte de denúncia de episódios de racismo e discriminação racial na sociedade brasileira. Se diz muito que o racismo no Brasil é velado e que os próprios negros se discriminam, mas acho que isso cai por terra, porque a gente vê que qualquer tipo de ação discriminatória é rapidamente criticada” conclui.

Fonte: Ceert.

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