A greve da Policia Militar do Estado da Bahia, deflagrada no último dia 15 de abril, merece o nosso repúdio por toda sua lógica de terror, medo e morte que já se espalha por nossas comunidades em todo território baiano e o nosso repúdio a toda lógica de segurança pública do governo da Bahia que em oito anos de administração deixou engordar o monstro do extermínio, da brutalidade policial, das execuções sumárias e extrajudiciais. Ainda que tivessem a oportunidade de nos ouvir em diversas ocasiões sobre propostas concretas dos caminhos possíveis para um outro modelo de segurança, o governo optou pela militarização do espaço negro com suas bases de segurança (UPPs) ocupando e controlando comunidades inteiras, todas comunidades negras que só receberam fuzis, algemas e viaturas como instrumentos da política de segurança pública do governo. Como prometido, nenhum outro serviço alcançou nossos locais de moradia. As bases comunitárias são campos de concentração de pessoas negras da Bahia e, ainda assim, eles falam de um mito de promoção da igualdade, em que autoridades e ativistas negros se calam diante de nossa desgraça frente a segurança pública, mas surfam nas redes sociais felizes com seus editais que não mudam em nada a estrutura.
A greve da polícia revela a responsabilidade do poder judiciário e do ministério público, encurvados diante ao executivo, tímidos e calados diante destas atrocidades como a elevada taxa de homicídios praticados pela policia baiana com o apelido de autos de resistência, resistência seguida de morte. Esses órgãos são cúmplices da tortura e dos maus tratos que assolam as cadeias baianas, as carceragens superlotadas das delegacias de policia. Mas são os reis das condenações aquecendo o empreendimento industrial carcerário, aumentando os lucros das “hospedarias punitivas”, fazendo vistas grossas às revistas vexatórias e a criminalização de mulheres, mães e familiares de presos e presas da Bahia, de um modo geral.
A greve é sim politico-eleitoreira e coloca luz sobre um truculento líder de policiais que em 2012, de forma inescrupulosa, acendeu o pavio do terror na Bahia , levando os vândalos da policia militar a matar, sequestrar, mutilar, agredir e roubar sob a luz do dia e agora volta colocando a mesma lógica , chorando aos pés de seu dono, o neto de ACM, a maior promessa de fascismo da politica baiana e de um Capitão, Deputado Tadeu, com seu script de retrocesso político querendo faturar com mortes e saques que já se espalham pela Bahia.
É um equivoco a leitura política que fala em direito a greve de trabalhadores. A polícia militar é moralmente inconstitucional, é uma consequência nefasta da ditadura militar, seu resquício. A policia militar espalha o medo, mata, tortura e prende mais que a ditadura, não merece greve, deve ser extinta conforme recomendação da ONU, clamor e bandeira histórica dos movimentos sociais, qualquer posição diferente é oportunismo de quem não quer definir um lado, de quem tem entre seus quadros essa turma de fardados.
A greve da Policia Militar do Estado da Bahia já deu seu recado a população, o exercito e a guarda nacional em nosso Estado não trouxe qualquer sensação de segurança , essas forças militares vieram proteger os shoppings e os moradores de comunidades, como Alfaville, Corredor da Vitória e Caminho das Arvores areás nobres da cidade do Salvador.
21 mortes em 24 horas em Feira de Santana quando a média é uma morte por dia. Do total, sete são “suspeitos” da morte de um policial militar. Aumento das mortes em Salvador e Região, um carro preto seguindo pela orla matando gente. Na Suburbana mais de 13 mortes em uma noite e a policia ameaçando quem quer se se posicione contra sua barbárie.
Agora vamos contar os mortos de um jogo político que não levou em conta a vida das pessoas?
Vamos ouvir o que dos candidatos nas eleições que se aproximam?
- Exigimos apuração de todas as mortes.
- Exigimos que todos os candidatos se posicionem quanto ao seu projeto de segurança pública para o Estado.
- Exigimos o fim das ocupações militares nas comunidades negras.
- Exigimos o fim do Baralho do crime, Tatuagem do Crime e Almanaque do Crime, expedientes de comunicação da Secretaria de Segurança Pública do Estado da Bahia que auxiliou em muitas das mortes que ocorreram durante a greve.
- Conclamamos aos movimentos sociais e as comunidades que construam a II Marcha Contra o Genocídio do Povo Negro, para que em momentos como esses nossas posições sejam livres de um comando branco em nossas organizações.
Fonte: Negrobelchior.
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