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terça-feira, 29 de abril de 2014

Não se enganem!!


Uma alma iluminada bem que tentou salvar a patifaria que foi a “homenagem” que o Esquenta tentou fazer para Douglas GD, dizendo as sábias palavras “nada é mais perigoso do que ser jovem, NEGRO e pobre nesse país” e apresentando dados sobre o genocídio da juventude negra no Brasil. Mas pelo visto nossa querida Regina tem dificuldades com interpretação de texto e mesmo depois desse vislumbre de bom senso por parte da produção, ainda não entendeu que colocar mocinhas louras e ricas, chorosas segurando cartazes “eu não mereço ser assassinada” e cantando pela paz não significa nada, não diz nada para nós que somos assassinados, silenciados e invisibilizados diariamente.
Mas diz sobre eles, diz sobre os objetivos e interesses desse tipo de espaço que estão nos oferecendo nas grandes mídias. Uma moldura negra para a festa branca, nossa dor e o sangue de nossos jovens servindo para justificar o medo dos senhores e incentivar sua busca desesperada pela própria segurança, foi isso que vi naquele espetáculo de sensacionalismo e oportunismo.

Pouco me importa o horror dessa elite estúpida diante da violência, pouco me importa se eles ficaram tristes com a história do Douglas, essa é a história de todos nós que estamos da ponte pra cá e essa história foi escrita por eles com o nosso sangue. Se querem ajudar, mostrem, julguem e condenem os culpados, assumam também sua parcela de culpa em tudo isso, cada vez que reproduzem o discurso do mérito; que chamam violência policial de justiça e tratam a pobreza e os pobres como meros objetos para sua diversão…

Quem não concorda comigo, me responda: em que pode nos interessar as falas sobre a opressão e o genocídio da juventude negra ou as lágrimas de Carolina Dickman, Fernanda Torres e Leandra Leal? Que contribuição as imbecilidades pseudofilosóficas de Pedro Bial podem trazer, seja para a luta contra o racismo seja para confortar a mãe que sofre a perda de seu filho? E fechamos com chave de ouro com os palpites de Fausto Silva, aquele mesmo que certamente chamaria o cabelo de Douglas de vassoura de bruxa. Todos podem nos dizer, de dentro de seus condomínios e carros de luxo, como sofremos, se sofremos, o que é o racismo e a violência, é isso mesmo?!?!?

Eram os nossos que deveriam estar ali. Onde estão os intelectuais e ativistas negros para falar sobre o genocídio de seus jovens?? Onde estão as referências que inspiraram o menino Douglas para começar a dançar?? Onde está o espaço privilegiado para o desabafo da mãe, a presença dos amigos e a vida do jovem antes e fora do Esquenta?!?!? Nada disso estava ali, nós não estamos, nem nunca estivemos ali. Não se enganem!!!!Acompanhe nossas atividades, participe de nossas discussões e escreva com a gente.

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Mariana Santos de Assis é formada em letras e mestranda em Linguística Aplicada na Unicamp. Escreve no blog conversaafiadaca.blogspot.com.br

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