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quarta-feira, 21 de outubro de 2015

2015, o ano mais quente da história do Distrito Federal



De setembro a outubro, o Inmet registrou as nove temperaturas mais altas desde que iniciou a medição, em 1963. A área queimada cresceu 58,6% em relação a 2014. Previsão de chuva só para quinta-feira. Mesmo assim, calor deve continuar

por Flávia Maia , Isa Stacciarini
No domingo, chegou-se ao ápice da temperatura, 36,4ºC: nem à noite o calor tem dado trégua na capital

Os termômetros têm mostrado o que o brasiliense está sentindo na pele: 2015 é o ano mais quente da história recente do Distrito Federal. Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), somente este ano foram registradas as nove temperaturas mais altas da série histórica medida desde 1963. Nos últimos cinco dias, o calor tornou-se mais evidente, com marcações acima dos 35ºC, inclusive à noite. O ápice ocorreu no domingo, com 36,4ºC e 11% de umidade relativa do ar.

Com a temperatura em alta e a umidade em baixa, a Defesa Civil acionou duas vezes estado de emergência na capital — situação que não ocorria desde 2012. A estimativa do Inmet é de chuva na próxima quinta-feira, mas ela não será suficiente para diminuir temperaturas e amenizar a sensação de tempo abafado. “Deve chover entre a tarde e a noite, mas, mesmo assim, a temperatura vai continuar alta”, prevê Morgana Almeida, meteorologista do Inmet.

O calor não tem dado trégua nem no período noturno. Morgana explica que as temperaturas estão altas porque há uma massa de ar quente e seco na região, que inibe a formação de chuva e “segura” a intensa radiação solar recebida durante o dia, mantendo a noite quente. “Brasília tem recebido muita radiação solar, típica da primavera. Porém, a massa de ar não deixa essa radiação ir para a atmosfera e fica essa sensação abafada.”


A combinação de baixa umidade e calor trouxe também o aumento das queimadas, o que intensifica a sensação de quentura e contribui para as dificuldades respiratórias. Dados do Corpo de Bombeiros mostram que a área queimada em 2015 cresceu 58,6% em relação a 2014 — são 11.760 hectares, o que equivale a 28 Parques da Cidade. Grandes incêndios, como o da Floresta Nacional (Flona), na semana passada, contribuem para o aumento da área queimada. A queimada da Flona durou mais de 30 horas, mobilizou 100 homens, um helicóptero, um avião e 14 viaturas. Ontem, focos de incêndio ocorreram no Fassincra, em Brazlândia, e próximo ao Iate Clube.

Embora o calor e a seca tenham castigado, o consumo de água caiu 2% em relação ao mesmo período do ano passado, segundo a Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal (Caesb). Uma das explicações para a queda no consumo pode ser o uso racional da água pela população. A empresa destaca que, nesta época, o consumo médio de água per capita aumenta entre 8% e 10%. Dessa forma, o brasiliense que usava 190 litros por dia está usando de 205 a 209 litros.

Com consumo equilibrado, os reservatórios que abastecem o DF continuam satisfatórios para o período. Para manter o nível do Paranoá, que tem uso múltiplo, foi preciso alinhar os grupos que usam a água. A Companhia Energética de Brasília (CEB), por exemplo, que retira água do Paranoá, está acionando, durante o dia, apenas uma das três turbinas existentes para gerar energia elétrica. Dessa forma, mantém o nível do lago para abastecimento e uso recreativo. “Os níveis dos reservatórios estão bons, mas é preciso chover para enchê-los e para a água infiltrar e recompor os lençóis freáticos, que estão sendo usados agora no período seco”, analisa Camila Campos, coordenadora de Informações Hidrológicas da Agência Reguladora de Águas, Energia e Saneamento do DF (Adasa).

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