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sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

Rafael XVX - Vermelho, Preto e Verde


Rafael XVX - Vermelho, Preto e Verde

Vermelho, preto e verde: essência que inflama
Da diáspora emana, bandeira panafricana
Vermelho, preto e verde: a sigla e a luta
E a vida é sempre duas lutas: os livros e as ruas

Eu sou João e no convés o sangue do capitão
Por não ceder às chibatas da falsa abolição
O temporal inundou o coração do marinheiro
E o meio necessário fez o Almirante Negro
Mas não mudou os ventos do repositório imagético
Que vê um subalterno em cada afro-brasileiro
E a senzala herdada pelo povo periférico
Ganha linhas de crédito como grilhões de dinheiro
E o fenótipo ainda é a questão derradeira
Nas portas giratórias das casas financeiras
Nas provas de universidades, alunos pouco universais
Que não aceitam medidas de reparação raciais
Mas isso não é sobre você
É sobre identidade, realocação de poder
Ancestralidade, conceitos de liberdade
Estude Frantz Fanon e Marcus Garvey para entender

Vermelho sangue jorrado, preta pele chagada
Verde vivência natural que de nós foi roubada
Dominação psíquica após o navio negreiro
Reconstrução da auto-estima é o passo primeiro
Fraternidade áspera, perceba a condição igual
De todo negro quando em contexto pós-colonial
Racismo é sistêmico e não só injúria racial
Culturalmente associados à arquétipos do mal
Eu sou John Africa e sua casa de afro naturalistas
Queimados vivos pelas mentes segregacionistas
Eu sou o plano de revolta de Mala Abubaker
Sou Malcolm X entre a volta da Mecca e morrer
Lélia Gonzales e o corpo hipersexual
Angela Davis contra a violência policial
Eu sou Abdias do Nascimento, Zumbi e Luís Gama
Sou Luther King enxergando no topo da montanha

SANKOFA — retomar a luz africana
Tribos tinham dietas de base vegetariana
Visão holística promove vida natural
Saúde é empoderamento pessoal
Métodos de resistência, aprender e ensinar
Autonomia e organização popular
Cotidiano de revolução, três cores na parede
África no sangue, isso é vermelho preto e verde

Vermelho, preto e verde: essência que inflama
Da diáspora emana, bandeira panafricana
Vermelho, preto e verde: a sigla e a luta
E a vida é sempre duas lutas: os livros e as ruas

Mas isso não é sobre você
É sobre identidade, realocação de poder
Ancestralidade, conceitos de liberdade
Estude, Frantz, Fanon


Fonte: Rafael Bessa.

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