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sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

Parem de dizer às mulheres negras que sejam fortes!


Já há algum tempo que me encantei pela intervenção mental que o Stop Telling Women to Smile (algo como “parem de dizer às mulheres que sorriam”) propõe. Acho que a Tatyana Fazlalizadeh pegou o “não sou obrigada” nosso de cada dia e colocou no papel, sabem? Temos repetido esta ideia como um mantra, mas numa sociedade onde nos pedem o tempo todo que sejamos bonitas, bem-sucedidas, agradáveis, educas e etc., é sempre bom lembrar. Sim, queridas leitoras, não somos obrigadas!

Por Élida Aquino no Meninas Black Power,
Depois de ler o texto de Tanisha Lynn Pyron (que compartilho abaixo) e observar outra vez o STWS, fiquei pensando em quantas obrigações nós, mulheres pretas em todo mundo, encontramos pelo caminho. Pensei mais: de quantas delas sabemos nos livrar? Não sei se já pensaram em quantas coisas precisamos ser, quantas coisas achamos que precisam estar sempre sob nosso controle, mas é fácil entender que muitas delas nos atingem feio e muitas de nós, infelizmente, não sabem como se abrir, desabafar, compartilhar o peso que as pressões desse mundo nos colocam sobre os ombros. Tudo nos forja pra estarmos sempre fortes, prontas, sem jamais fraquejar, certo? Mas será que é natural estarmos sempre assim? Aprendi com minhas irmãs dentro do MBP que precisamos caminhar juntas e levar as cargas, falar mais do que nos machuca, saber pedir que segurem nossas mãos quando as coisas ficam complicadas demais pra resolvermos sozinhas… Bem, este post poderia render muitas denúncias sobre nossas dores, mas só quero oferecer às minhas iguais uma forma de enxergar que todas necessitamos de suporte em algum momento, que não precisamos ser fortes o tempo todo, que é saudável saber se livrar dos pesos e que não podemos deixar que nossas lutas nos sufoquem, nos matem, nos roubem de nós.

Desejo em nome do Coletivo MBP que vocês vivam bem, que a resistência sirva também pra nos libertar a cada dia mais.

PAREM DE DIZER A MULHERES NEGRAS QUE SEJAM FORTES!

Por Tanisha Lynn Pyron, via 50 Shades of Black,
“Mais alguém notou a grande quantidade de suicídios de algumas irmãs negras notáveis no último ano? Irmãs fortes, que pareciam ter tudo? Karyn Washington (22 anos, criadora do blog For Brown Girls) e Titi Branch (45 anos, co-fundadora de Miss Jessie’s) são bons exemplos. O mito da mulher negra e forte está literalmente MATANDO irmãs.

Por que nós usamos nossa força e independência como um distintivo de honra?Será que é porque dói ouvir respostas aos nossos pedidos de ajuda? Por que somos culturalmente estimadas e admiradas por nossa capacidade de absorver e tolerar situações negativas e tempos difíceis? Querem saber um segredo? Eu, na verdade, me sinto ofendida quando as pessoas adoram minha “força de menina negra” porque isso significa que eles nunca reconheceram minha necessidade de ajuda ou buscaram justiça em meu favor. Famílias e comunidades reais acolhem e oferecem força para aqueles que amam. Eu peço apoio e ajuda quando preciso. Posso receber? Raramente… Mas ainda assim eu pergunto. Reclamo e choro quando preciso; faço minhas preces e recebo conselhos quando preciso (porque não tenho todas as respostas sob meu domínio); estou inclinada ao meu coração e aos que me amam e me conduzem a reconhecer a verdade.

Independente do motivo para o qual foi planejado, tudo na criação possui pontos fortes e fracos. Isso é equilíbrio. Nós lidamos com coisas que pensamos ser fortes de forma diferenciada. Aplicamos mais pressão e peso porque acreditamos que podem suportar tudo. Essa pressão produz estresse e tensão e pode ser que o que pensávamos ser forte e resistente desmorone. Sabemos o que estresse e tensão fazem com o corpo e a mente. Algumas irmãs têm ataques cardíacos, derrames, desmaios, perdem a funcionalidade ou tornam-se viciadas simplesmente porque a vida lhes deu mais do que poderiam suportar, uma carga desproporcional, e ninguém estendeu a mão para ajudar. Apoiem suas irmãs. Gentilezas e abraços fazem maravilhas. Mulheres negras precisam de ajuda também! Mulheres independentes precisam de apoio também!

A força é equilibrada pela fraqueza.”

Fonte: Geledés.

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