Uma das creches embargadas pela construtora fica na 204/205 Sul
Promessa de construção de locais para mães deixarem crianças enquanto trabalham estão no papel. Crise também atinge prestadores de serviços para o GDF, como merendeiras, recepcionistas e serviços gerais
Mães de pelo menos 24 mil crianças estão sem lugar para deixá-las. Das creches prometidas pelo GDF, 12 ficaram prontas, mas as construtoras não liberaram o uso do espaço por falta de pagamento. Dessa forma, das 6,7 mil novas inscrições para 2015, o governo teve condições de receber 2,5 mil — no total, são 50 mil vagas, em 87 creches. A previsão da Secretaria de Educação é inaugurar nove creches até março, o que permitiria mais mil alunos. Vinte e cinco obras seguem em andamento. “É claro que a quantidade de vagas oferecidas é aquém da demanda do DF, mas, por enquanto, essa é a nossa realidade. Como as creches não dependem de um calendário letivo rígido, à medida que elas forem inauguradas, as vagas serão preenchidas”, detalha o secretário de Educação, Júlio Gregório.
Sem creche, a rotina da manicure Leiry Paula de Jesus, 30 anos, ficou complicada. Ela mora em Santo Antônio do Descoberto (GO) e trabalha em Águas Claras. A mãe e a irmã ajudam a cuidar dos dois filhos dela. “Fico pensando em como será o dia em que elas não puderem me auxiliar.”
Na casa da cabeleireira Nadia Maria Campelo, 26 anos, o orçamento apertou diante da falta de um lugar para deixar as crianças, de 4 e 10 anos. Ela gasta pelo menos R$ 500 com uma cuidadora. “Além de pagar a pessoa, tenho custos com alimentação e outras despesas”, lamenta a moradora do Recanto das Emas.
As creches embargadas ficam na Asa Sul, em Santa Maria, no Areal, em Águas Claras, em Sobradinho, em Samambaia e em Ceilândia. As empreiteiras dizem que só vão liberar os espaços após o pagamento das obras. O Sindicato da Indústria da Construção Civil (Sinduscon-DF) ressalta as dificuldades das empresas. “São firmas pequenas, que não têm recursos para arcar com os custos. Desde dezembro, elas não recebem, por isso, algumas obras estão paradas, e as que estão prontas não foram entregues”, explica o presidente do Sinduscon, Luiz Carlos Botelho.
Terceirizados
Por falta de pagamento dos salários e dos benefícios, prestadores de serviço do GDF se reuniram ontem, às 10h, em frente ao Teatro Nacional. Foram convocadas cerca de 3 mil pessoas, entre merendeiras, recepcionistas e serviços gerais. Compareceram 400. O dinheiro dos atrasados sai dos cofres públicos e é repassado aos terceirizados pelas empresas contratadas pelo governo local, que alega ter pagado todas as contas referentes a 2015. “Não existem débitos fora do prazo. O governo desconhece toda e qualquer dívida com as classes” informou a Secretaria de Relações Institucionais, por meio da assessoria de Comunicação.
Entre as empresas acusadas pelos trabalhadores de atrasar os pagamentos, estão a Servegel e a G&E Eventos. A primeira disse que o pagamento está em dia, e que o vale-refeição e o vale-transporte, ainda atrasados, serão quitados. O diretor-geral da G&E, Guilherme Leite, confirmou o débito referentes às férias e aos salários de janeiro, mas culpou o GDF: “Estão nos devendo três meses de faturas. Tivemos de recorrer a empréstimos”.
Fonte: Correiobraziliense.
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