Número de assassinatos de jovens negros no DF é dez vezes maior do que de jovens brancos

Há dois anos, 564 jovens perderam a vida de forma violenta no DF. 514 eram negros e 50, brancosMarcello Casal Jr/ Arquivo Agência Brasil

Mapa da Violência mostra que homicídios de negros aumentou mais de 32%

Carol Oliveira, Do R7,

Os jovens negros são as principais vítimas de homicídios no Distrito Federal. Para cada jovem branco morto, nove negros são assassinados. O Mapa de Violência de 2014 analisa dados de um período de dez anos com enfoque em raça e cor e revela que os crimes violentos no Brasil tem preponderante caráter racial. 

Há dois anos, 564 jovens perderam a vida de forma violenta no DF. 514 eram negros e 50, brancos. Ou seja, para cada jovem branco morto, morrem dez negros.

A capital do país é uma reprodução do cenário nacional neste tema. Números revelam que, em 2012, 6.823 jovens negros foram assassinados em todo o país enquanto 23.160 negros morreram da mesma forma. Para a população parda e preta, a chance de morrer vítima de violência é quatro vezes maior. 

A representante do Movimento Negro e ex-secretária de Promoção da Igualdade Racial do DF, Josefina Serra, analisa os números com preocupação e afirma que existe, no Brasil e no DF, um projeto de extermínio da população negra.

— Nós discutimos isso há muito tempo. Nós afirmamos que existe um projeto de branqueamento do país através da morte de negros. É o extermínio da população negra por meio do extermínio dos jovens negros. Se você mata os jovens, mata a população, afirma.

Além da vulnerabilidade excessiva a homicídios, a Mapa da Violência mostra que o número de homicídios entre jovens brancos e negros no DF aumentou 19% entre 2002 e 2012. Mas quando o recorte é feito por critério de raça e cor, os caminhos são diferentes. Os homicídios contra brancos caiu 32,3% enquanto o de negros subiu 32,4%.

Quando se considera a população geral, em qualquer faixa etária, O Distrito Federal é uma das unidades da federação onde mais se mata negros. A taxa de homicídio é de 63,4 a cada 100 mil habitantes, o quarto lugar nacional. Perde apenas para Alagoas, Espírito Santo e Paraíba.

Josefina avalia que, além do recrutamento de jovens negros pelo crime, as forças policias se mostram responsáveis por altos índices de mortes de negros.

— A gente vem falando há tempos da violência policial. Funciona assim: até que se prove o contrário o negro suspeito. Tudo está ligado à questão do racismo. O jovem negro não tem autoestima, ele não se sente incluído na sociedade, no mercado de trabalho. Se ele não é morto pelo crime, ele é morto pela polícia. 

Fonte: R7.