O Brasil tem movimento negro bastante forte nacional e internacionalmente, e é graças a ele que o tema do racismo estrutural passou a ser abordado no país. A afirmação foi feita esta semana (12) pela gerente de programas da ONU Mulheres, Ana Carolina Querino, em entrevista à Rádio Vaticano.
O Brasil tem um movimento negro bastante forte nacional e internacionalmente, e é graças a ele que o tema do racismo estrutural passou a ser abordado no país. A afirmação foi feita esta semana (12) pela gerente de programas da ONU Mulheres, Ana Carolina Querino, em entrevista à Rádio Vaticano.
“O movimento negro teoriza bastante, denuncia bastante, tem sido atuante. É em função das ações desse movimento que o tema passou a ser tratado, que começaram a vir as primeiras respostas do Estado brasileiro para a questão racial no país”, disse Ana.
Segundo a gerente da ONU Mulheres, foi por conta do movimento negro brasileiro que a própria autoestima da população afrodescendente passou a crescer, assim como o reconhecimento. “Essa proporção de 53% de afrodescendentes (no Brasil) aumentou ao longo da década de 1990 e 2000 em função de campanhas implementadas pelo movimento negro com o mote ‘não deixe sua cor passar em branco’”, explicou.
“O instituto de estatística faz a pergunta como autodeclaração, a pessoa responde como se vê. Muitas pessoas por vergonha ou por não se reconhecer como negro, acabavam falando outras denominações: mulato, moreninho, chocolate. Vários outros nomes que não são brancos, mas em função do racismo na sociedade, é difícil se autodenominar como negro. As ações do movimento negro vieram nesse sentido de reforçar a autoestima e o reconhecimento”, declarou.
De acordo com Ana, o Brasil passou por um bom tempo de negação da questão, com a prevalência da falsa noção de democracia racial, apesar de toda a desigualdade e segregação enfrentada pelos negros na sociedade brasileira.
O Brasil tem movimento negro bastante forte internacionalmente, disse a gerente de programas da ONU Mulheres, Ana Carolina Querino. Foto: RV
“Havia essa ideia de que as relações eram pacíficas. Por muitos anos, essa noção foi responsável por silenciar a voz de luta e de protesto de muitos movimentos negros do país”, disse. “O caminho a percorrer é muito longo, mas os passos vem de longe e estão sendo dados”, concluiu.
Ana citou alguns dados sobre o racismo estrutural presente no país: 70% dos pobres são negros; dois em cada três assassinatos são de negros; as diferenças salariais são enormes entre brancos e negros; as cotas criadas nos anos recentes para o acesso dos negros às universidades ainda não estão tendo efeito no mercado de trabalho, entre outros.
Ela endossou a importância da Década Internacional de Afrodescendentes 2015-2024, aprovada há dois anos pelas Nações Unidas. O Brasil tem tido papel ativo na definição das ações da Década, que incluem campanhas contra a mortalidade dos jovens negros, valorização da mulher negra, combate ao racismo institucional, valorização dos quilombolas e das religiões de origem africana, reconhecimento das figuras negros nos diversos âmbitos do conhecimento, entre outras.
Fonte: Nações Unidas.
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