A escritora Conceição Evaristo, que participa de mesa na Flip no domingo, 30 de julho
por Amanda Massuela e Helô D'Angelo,
Número de autores negros chega a 30%; curadora Joselia Aguiar espera que programação deste ano seja um ‘ponto de virada’ na trajetória do evento
A Festa Literária Internacional de Paraty (Flip), que acontece entre 26 e 30 de julho, trará 22 mesas com 46 autores, dos quais 22 são homens e 24 são mulheres. É a primeira vez nos 15 anos de existência da Flip que o número de autoras supera o de autores – e a primeira vez em 10 anos que o evento tem na curadoria uma mulher, a jornalista baiana Joselia Aguiar. O número de autores negros, ainda que baixo, também aumentou: neste ano, eles representam 30% da programação.
“Havia expectativa para que essa edição tivesse mais negros e mulheres. São dois movimentos paralelos de ativismo muito importantes e isso nos fez repensar a representação dos eventos literários. Há cinco anos, ninguém era perguntado sobre isso, ficava todo mundo silencioso, era naturalizado”, disse a curadora em conversa com jornalistas na manhã desta terça-feira (30).
Nas últimas edições do evento, a baixa diversidade e a pequena representatividade na programação recebeu críticas do público e dos próprios autores. Na edição do ano passado, por exemplo, a falta de autores negros em mesas centrais da Flip causou debates entre os presentes – inclusive, a escritora Conceição Evaristo, um dos nomes confirmados para esta edição, chegou a chamar a atenção do então curador, Paulo Werneck.
“É muito fácil fechar três programações só com homens, é muito mais rápido”, disse Aguiar, refletindo que, para as mulheres, batalhar por um lugar ao sol no mercado literário é mais difícil, já que a elas é empurrada a função da maternidade, as tarefas domésticas e outras responsabilidades que envolvem a família. “Não necessariamente as mesas vão falar sobre feminismo, mas muitas delas foram pensadas a partir desse ponto de vista, desse olhar e dessa contribuição.”
Programação
Entre os nomes confirmados estão a ruandesa Scholastique Mukasonga, a britânica da África do Sul Deborah Levy, o islandês Sjón e o rapper ativista angolano Luaty Beirão. Um dos principais encontros será entre os autores negros Marlon James, da Jamaica, e Paul Beatty, dos Estados Unidos, ambos vencedores do Man Booker Prizer, prêmio mais prestigiosa da língua inglesa. A romancista e poeta Conceição Evaristo encerra o evento ao lado de Ana Maria Gonçalves, em um tributo a autoras africanas e da diáspora negra.
Um dos eixos da curadoria foi a busca por autores renovadores da linguagem – como Lima Barreto (1881-1922), grande homenageado desta edição, que aparece como tema, direta ou indiretamente, de dez mesas. A curadora diz que espera que a programação da Flip deste ano seja um “ponto de virada” para a própria festa, para outros eventos literários que acontecem pelo país e para o próprio mercado editorial.
“Estamos trazendo autores que há muito tempo já poderiam ter vindo, mas que talvez por fugirem do padrão e por trabalharem com editoras independentes não vieram”, disse a curadora. “São autores que estão aí já presentes, e que a gente pode redescobrir. É como entrar numa livraria e ir ali para baixo na prateleira, ou então em cima – e não apenas ver o que está só ali na frente como proposta.”
Número de autores negros chega a 30%; curadora Joselia Aguiar espera que programação deste ano seja um ‘ponto de virada’ na trajetória do evento
A Festa Literária Internacional de Paraty (Flip), que acontece entre 26 e 30 de julho, trará 22 mesas com 46 autores, dos quais 22 são homens e 24 são mulheres. É a primeira vez nos 15 anos de existência da Flip que o número de autoras supera o de autores – e a primeira vez em 10 anos que o evento tem na curadoria uma mulher, a jornalista baiana Joselia Aguiar. O número de autores negros, ainda que baixo, também aumentou: neste ano, eles representam 30% da programação.
“Havia expectativa para que essa edição tivesse mais negros e mulheres. São dois movimentos paralelos de ativismo muito importantes e isso nos fez repensar a representação dos eventos literários. Há cinco anos, ninguém era perguntado sobre isso, ficava todo mundo silencioso, era naturalizado”, disse a curadora em conversa com jornalistas na manhã desta terça-feira (30).
Nas últimas edições do evento, a baixa diversidade e a pequena representatividade na programação recebeu críticas do público e dos próprios autores. Na edição do ano passado, por exemplo, a falta de autores negros em mesas centrais da Flip causou debates entre os presentes – inclusive, a escritora Conceição Evaristo, um dos nomes confirmados para esta edição, chegou a chamar a atenção do então curador, Paulo Werneck.
“É muito fácil fechar três programações só com homens, é muito mais rápido”, disse Aguiar, refletindo que, para as mulheres, batalhar por um lugar ao sol no mercado literário é mais difícil, já que a elas é empurrada a função da maternidade, as tarefas domésticas e outras responsabilidades que envolvem a família. “Não necessariamente as mesas vão falar sobre feminismo, mas muitas delas foram pensadas a partir desse ponto de vista, desse olhar e dessa contribuição.”
Programação
Entre os nomes confirmados estão a ruandesa Scholastique Mukasonga, a britânica da África do Sul Deborah Levy, o islandês Sjón e o rapper ativista angolano Luaty Beirão. Um dos principais encontros será entre os autores negros Marlon James, da Jamaica, e Paul Beatty, dos Estados Unidos, ambos vencedores do Man Booker Prizer, prêmio mais prestigiosa da língua inglesa. A romancista e poeta Conceição Evaristo encerra o evento ao lado de Ana Maria Gonçalves, em um tributo a autoras africanas e da diáspora negra.
Um dos eixos da curadoria foi a busca por autores renovadores da linguagem – como Lima Barreto (1881-1922), grande homenageado desta edição, que aparece como tema, direta ou indiretamente, de dez mesas. A curadora diz que espera que a programação da Flip deste ano seja um “ponto de virada” para a própria festa, para outros eventos literários que acontecem pelo país e para o próprio mercado editorial.
“Estamos trazendo autores que há muito tempo já poderiam ter vindo, mas que talvez por fugirem do padrão e por trabalharem com editoras independentes não vieram”, disse a curadora. “São autores que estão aí já presentes, e que a gente pode redescobrir. É como entrar numa livraria e ir ali para baixo na prateleira, ou então em cima – e não apenas ver o que está só ali na frente como proposta.”
Fonte: revistacult
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