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segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

Nota de apoio á greve de fome e mobilização estudantil na Universidade Federal da Paraíba (UFPB)


REIVINDICAÇÕES DE QUEM TEM FOME:

Nós, estudantes independentes da UFPB, depois de diversas tentativas frustradas de diálogo com nossa Majestosa Reitora e Professora Margareth Diniz e seus representantes enviados pelo vice-reitor, fomos levados a iniciar uma greve de fome em frente a reitoria.Às oito horas da manhã do dia 23 de fevereiro de 2016, um grupo de estudantes se acorrentaram na entrada do prédio e deflagrou greve de fome. Motivo esse não banal e tão radicalizado devido ao sucateamento das políticas de assistência estudantil na Universidade Federal da Paraíba, políticas estas, que não condizem com as necessidades reais das e dos estudantes que entram na Universidade.

Políticas de Assistência Estudantil e Permanência são imprescindíveis para a democratização das universidades públicas, especialmente para a camada mais pobre de estudantes, muitos e muitas vindos de outras cidades e estados, até mesmo países, e que não possuem condições financeiras para manterem-se na Capital, necessitando do auxílio da Universidade para que prossigam saudavelmente suas vidas acadêmicas e construam seu papel de cidadão e cientistas na sociedade.

Na UFPB,observa-se um número muito baixo de estudantes assistidos e um Restaurante Universitário extremamente restrito, único no país aonde apenas uma parte de quem estuda na Universidade tem acesso. Além disto, o estopim de nossa ação deu-se devido a lista de auxílio moradia lançada na noite do dia 22 de fevereiro com UM ANO de atraso, excluindo diversos estudantes que estão em profunda situação de vulnerabilidade social, havendo até mesmo casos de estudantes que moram em Centros Acadêmicos e na rodoviária da cidade.

Diante de tal realidade, continuaremos com nossa greve de fome e outras ações de resistência até que as seguintes exigências sejam cumpridas:

A) A serem efetivadas imediatamente:
I. Contemplação de todas as pessoas dentro do perfil socioeconômico do PNAES (Plano Nacional de Assistência Estudantil) que solicitaram o auxílio moradia/residência em 2015.1

II. Abertura do R.U. para todos os e as feras da UFPB que
solicitaram assistência estudantil enquanto não forem divulgados os resultados dos processos no período de 2015.2

III. Mudança na logística de alimentação no Restaurante Universitário, de forma que não haja mais necessidade de tanta espera para comer, consequentemente perdendo o horário das aulas.

IV. Expansão no número de funcionários do Restaurante Universitário para que a gestão do espaço se dê de maneira mais dinâmica em horários de pico sem sobrecarregá-los.

V. Mudança do Superintendente do Restaurante Universitário.
O candidato a ocupar este cargo deverá no mínimo ter experiência com a área de permanência e assistência estudantil. Devendo haver uma eleição entre os funcionários do Restaurante Universitário e estudantes, para que decidam quem irá ocupar o cargo.

VI. Reajuste dos valores dos auxílios de acordo com as necessidades básicas (alimentação, moradia, transporte, gás, luz, água, eletricidade e internet) e inflação real.

VII. Transparência total das contas e políticas da PRAPE (Programa de Auxílio Permanência Estudantil) e participação estudantil na construção das mesmas.

VIII. Publicização da última auditoria pública sobre a situação dos auxílios e residência e caso necessário realização de nova auditoria.

IX. Expansão no número de funcionários da Creche Universitária para que possa-se atender todas as mães estudantes e funcionárias da UFPB, havendo contratação de professores e professoras; incentivos de programas de extensão; estágio e docência e melhoria nas condições estruturais da mesma.

X. Cumprimento de condições de higiene aprovadas pela vigilância sanitária nos locais de produção, transporte e consumo dos alimentos servidos no Restaurante Universitário, em especial no condizente ao reabrimento da cozinha do RU I.

XI. Contratação de novas e novos assistentes sociais para a
PRAPE, possibilitando que haja um cumprimento responsável dos prazos nos editais de auxílio.

XII. Desmilitarização do R.U. Entende-se por isso a retirada de guardas armados do Restaurante Universitário.

XIII. Lançamento de edital para duplicação do número de pessoas que se alimentam no Restaurante Universitário. Consideramos que isto agora é possível por conta da reabertura total do RU I.

XIV. A responsabilização da PRAPE pela regulamentação da
condição de “hospede”; abertura imediata de leito aos e ás feras que assim o solicitar, garantindo a integridade das e dos estudantes que ocuparem os quartos; e ocupação dos quartos livres na residência universitária por meio do edital.

B. A serem efetivadas até o final do período 2016.1:
I. Um novo modelo de acesso ao RU, com a participação de entidades estudantis para sua formulação, para que todas e todos estudantes da UFPB sejam contemplados e contempladas com a criação de faixas de beneficiários em modelo progressivo. De forma a garantir o acesso ás e aos estudantes que se insiram no perfil socioeconômico.

II. Lançamento dos editais de assistência estudantil juntamente com o período da matricula.

III. Funcionamento das cozinhas dos Restaurantes Universitários de cada campi para a preparação dos alimentos, com implantação de uma política local que garanta que 30% dos alimentos sejam comprados de produtores agro ecológicos, seguindo o exemplo da Lei Nº 11.947.

IV. Incentivo a projetos de extensão e pesquisa que visem a inserção dos e das estudantes dos cursos de Gastronomia,
Engenharia de Alimentos, Nutrição e demais cursos da área alimentícia na atuação do funcionamento dos Restaurantes Universitários.

V. Conclusão da construção e consequente abertura do R.U II.

VI. Construção de uma nova residência universitária e consequente expansão de vagas.

VII. Criação de um Programa de Auxílio Imediato à/ao estudante, que dê direito ao Restaurante Universitário e à moradia; aumento para o prazo de entrega de documentações relacionadas á matrícula, para pessoas oriundas de outras cidades enquanto aguardam o resultado dos editais de assistência estudantil, para os quais devem ser encaminhados automaticamente. Vale ressaltar que esta é uma realidade comum em outras Universidades.

VIII. Criação de uma política que incentive a atuação por meio dos programas de extensão e pesquisa dos e das estudantes nos serviços prestados á comunidade dentro do campus, como a creche.

IX. A reestruturação da segurança na universidade, retirando-se assim o porte de armas dos guardas, tanto terceirizados quanto servidores federais. Oferecer treinamento continuado com os funcionários da segurança e garantir a paridade entre gêneros no
quadro de funcionários (guardas terceirizados e servidores).

Estudantes em luta da Universidade Federal da Paraíba

Dossiê Mulheres Negras: retrato das condições de vida das mulheres negras no Brasil


Questões relevantes sobre a condição de vida das negras brasileiras e as grandes distâncias que ainda separam homens e mulheres negros e brancos são debatidas no "Dossiê Mulheres Negras: retrato das condições de vida das mulheres negras no Brasil”. O documento está já disponível para acesso e download gratuitos no site do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) no link: http://bit.ly/1gIDrKj.

O livro, editado pelo Ipea e entidades parceiras e organizado pelas pesquisadoras Mariana Mazzini Marcondes, Luana Pinheiro, Cristina Queiroz, Ana Carolina Querino e Danielle Valverde é voltado para o debate de questões relevantes sobre as condições de vida das negras brasileiras. Analisa, em cinco capítulos, pontos como situação educacional, inserção no mercado de trabalho, acesso a bens duráveis e às tecnologias digitais, condição de pobreza e vivência de situações de violência.

Luana Simões Pinheiro revelou em entrevista a Adital que o objetivo do Dossiê é apresentar um filme das condições de vida das mulheres negras brasileiras ao longo de um período de 15 anos, sob o ponto de vista de jovens mulheres negras. Por isso, algumas mulheres inseridas na academia ou organizações sociais foram convidadas a escrever sobre o tema a partir de um conjunto de dados disponibilizado pelo Ipea e de suas próprias experiências de vida.

"Os dados apresentados mostram que as mulheres negras permanecem na base da pirâmide social, sofrendo o peso de preconceitos e discriminações simultâneos, que não só as excluem de determinados espaços pelo fato de serem mulheres, mas também as excluem de outras possibilidades, pelo fato de serem negras. É como resultado desse processo que as mulheres negras apresentavam, em finais dos anos 2000, uma taxa de desemprego de 12,5%, enquanto as mulheres brancas tinham taxas de 9,2% e os homens brancos – grupo melhor inserido socialmente – de inferiores 5,3%”, destaca.

Retomando pontos do Dossiê, Luana também ressalta que, na mesma linha, as mulheres negras ganhavam, em média, apenas 30% dos rendimentos auferidos pelos homens brancos, em 2009.

"Ainda que essa desigualdade venha se reduzindo (no caso dos salários, por exemplo, este percentual era de 20%, em 1999), as distâncias são ainda muito grandes, evidenciando que as políticas universais são certamente importantes, porém insuficientes para reverter os quadros de desigualdade verificados, sendo fundamental contarmos também com políticas de natureza afirmativa”.

O ‘Retrato das desigualdades’ surgiu a partir de pesquisas do Ipea e da ONU Mulheres, que, em 2004, decidiram investir na produção e disponibilização de um amplo conjunto de informações sobre as desigualdades de gênero e raça existentes na sociedade brasileira. A partir daí nasceu a publicação Retrato das desigualdades de gênero e raça, cuja última edição havia sido lançada em 2011. Os indicadores são produzidos tendo por base as Pesquisas Nacionais por Amostra de Domicílios (PNAD), realizadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).


Dossiê Mulheres Negras: retrato das condições de vida das mulheres negras no Brasil

CAPÍTULO 1
TRANSFORMAÇÕES NO ACESSO AO ENSINO SUPERIOR BRASILEIRO: ALGUMAS IMPLICAÇÕES PARA OS DIFERENTES GRUPOS DE COR E SEXO 
Edilza Correia Sotero

CAPÍTULO 2
ARTICULANDO GÊNERO E RAÇA: A PARTICIPAÇÃO DAS MULHERES NEGRAS NO MERCADO DE TRABALHO (1995-2009)
Márcia Lima
Flavia Rios
Danilo França

CAPÍTULO 3
A CONCRETIZAÇÃO DAS DESIGUALDADES: DISPARIDADES DE RAÇA E GÊNERO NO ACESSO A BENS E NA EXCLUSÃO DIGITAL
Layla Daniele Pedreira de Carvalho

CAPÍTULO 4
MULHERES NEGRAS, POBREZA E DESIGUALDADE DE RENDA
Tatiana Dias Silva

CAPÍTULO 5
A VITIMIZAÇÃO DE MULHERES POR AGRESSÃO FÍSICA, SEGUNDO RAÇA/COR NO BRASIL 
Jackeline Aparecida Ferreira Romio 


Fonte: ipea, adital.

HOMENS E MULHERES DE CABELOS CRESPOS E CACHEADOS VÃO SE REUNIR NO PARQUE DA CIDADE


O encontro acontece no próximo domingo (6/3) e tem programação extensa

Atenção você, que é apaixonado – ou apaixonada – pela beleza do seu cabelo 100% natural, crespo e cacheado: no próximo domingo (6/3) acontecerá o 11º Encontro CCDF (Crespxs e Cacheadxs do DF).

A programação conta com um momento de bate-papo, oficina de turbante, piquenique coletivo, troca de produtos e fotos oficiais do evento, que acontecerá próximo ao Estacionamento 11 do Parque da Cidade.

Acesse a página do evento no Facebook para mais informações.

Programação:
12h30 – Chegada (levem panos para sentar)
12h30 às 13h50 – Bate-papo descontraído (Momento de Partilhar)
14h – Oficina de turbante com Romisa (Levem os seus turbantes e lenços)
15h às 16h – Lanche, Troca de produtos e Fotos (Deve-se levar alguma contribuição para o piquenique)
16h – Fotos Oficiais e Encerramento

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Fonte: Metropoles

Ministério Público do Distrito Federal investiga citação do órgão em propaganda de ‘curso de cura gay’



Apuração de 2015 sobre mesmo grupo foi arquivada; aula era para pastores.
Post em rede social diz que conteúdo foi ‘chancelado por MP’; órgão rejeita.

O Ministério Público do Distrito Federal abriu procedimento administrativo para investigar a citação do órgão na propaganda de um curso sobre a “cura gay“. Uma imagem que circula em redes sociais diz que o MP “chancelou o conteúdo” da palestra, dada pelo professor Claudemiro Soares, mas o órgão nega a informação.

Em nota, o MP diz que não analisou ou chancelou o curso e que “não compactua com qualquer ação que favoreça a patologização de comportamentos ou práticas homoeróticas e a adotarem ação coercitiva tendente a orientar homossexuais para tratamentos não solicitados”, conforme recomendado pelo Conselho Federal de Psicologia.

O procedimento administrativo foi aberto após questionamento do G1 à assessoria de imprensa e de defensores dos direitos humanos pelas redes sociais.

A reportagem tentou contato com o professor Claudemiro Soares ao longo do dia, mas o celular dele estava desligado, e por redes sociais, mas não recebeu retorno até a publicação desta reportagem.


Em vídeo publicado por ele na web, Soares se intitula um “ex-gay” que conseguiu superar o homossexualismo há 19 anos. Ele disse que virou homossexual porque a mãe dele teria ido a um centro espírita quando estava grávida.

Na gravação, Soares afirma que foi “viciado no homossexualismo” na adolescência, por causa de “orgias entre os coleguinhas. “Eu gostava. Não queria contar para os meus pais, meus irmãos. Porque aqueles meninos que me abusavam, meninos com quem eu me envolvia, eram minha família.”

Ele diz ainda que aos 16 tentou ter uma namorada, mas não deu certo. Soares diz ter sido hostilizado até na igreja que frequentava, onde era chamado de “mariquinha” e “fresco”. Na imagem que circula nas redes sociais e diz “conteúdo chancelado pelo MP”, Soares usa uma camiseta com os escritos “Ninguém nasce gay”. Hoje, ele tem dois filhos.

O curso diz levar “orientações para famílias e educadores à luz da Ciência e da Bíblia”. Até as 19h30 desta quinta, a postagem original tinha 4,3 mil reações e 21,5 mil comentários, sendo a maioria em represália ao conteúdo.

A suposta chancela do MP ao conteúdo do curso se refere ao arquivamento de uma ação em janeiro de 2015. Na época, o professor Soares também ministrou um curso sobre “prevenção, tratamento e cura gay” em Taguatinga. O caso foi levado ao Núcleo de Enfrentamento à Discriminação (NED), que abriu investigação e se reuniu com os organizadores e com representantes da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).

Após o encontro, o promotor Thiago Pierobom disse não ter encontrado indícios suficientes para abrir um processo porque o curso, segundo os organizadores, era voltado a “pastores e obreiros” em “viés exclusivamente religioso”.

O promotor do NED diz ter esclarecido aos instrutores sobre a impossibilidade de tratamento clínico da homossexualidade, já que esta não é vista pela psicologia como doença, e expedido recomendação para “enfatizar a absoluta proibição de qualquer forma de discriminação social”.

O MP não informou, na nota divulgada, se poderá pedir o cancelamento das palestras em caso de ilegalidade. No processo de 2015, o NED emitiu recomendação para que as investigações não interrompessem nenhuma celebração religiosa, se a atividade fosse feita em “local de culto”. O material de divulgação mais recente não diz onde o curso seria ministrado.

O órgão diz ainda que o arquivamento do processo considerou o “teor exclusivamente religioso do curso, à luz da liberdade de religião” e se baseou na laicidade do Estado “em relação à compreensão de quais comportamentos sexuais são supostamente ‘pecado’, por mais que tais convicções pareçam equivocadas ou mesmo ultrapassadas para outras pessoas”.

Mais postagens

Em outros textos divulgados na mesma rede social, Soares defende que a “cura gay é um direito reconhecido pela Justiça”, que “transsexualidade é uma fraude” e que “feminismo é demônio”. Das 20 publicações mais recentes e públicas no perfil, 14 falam sobre a homossexualidade, 3 sobre feminismo e aborto, 2 sobre religião e 1 sobre política.

Na noite desta quinta, os comentários de todas essas publicações tinham sido “invadidas” por ativistas dos direitos LGBTs, com memes, montagens e mensagens de protesto. A nota do Ministério Público, divulgada no site, também foi colada diversas vezes no perfil.

Fonte:  G1.

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

TERREIRADA com Filhos de Dona Maria (28/02)



Edição de fevereiro da TERREIRADA pra aproveitar o último suspiro do mês do carnaval! Vem com a gente e se prepare: além da nossa apresentação vai ter DJ Pezão (Criolina) mandando ver na música brasileira. 

Pra quem nunca foi:
Dos tambores e temperos do terreiro de matriz africana vem a nossa inspiração. Nosso samba traz elementos do samba de roda, chula, afoxé e jongo. Por meio da música reafirmamos a identidade negra e suas tradições, fortalecendo a cultura afro-brasileira. Apresentamos um repertório de sambas que cultuam os Orixás e a ancestralidade negra presente no Brasil.

Pra embelezar:
** Loja Barravento Ateliê 
** Macramí Pulseiras

Pra comer: 
** Acarajé
** Animal Tropical com o melhor da comida Paraense 

Pra aquecer:
Guardião das Leis!

Serviço:
Terreirada com Filhos de Dona Maria
Participação especial: DJ Pezão
Data: 28 de fevereiro (domingo)
Horário: 16h
Entrada: R$ 15 - não há venda antecipada de ingressos
Local: Circulo Operário do Cruzeiro (SRE/S Áreas Especial 09, Cruzeiro Velho (ao lado da Administração do Cruzeiro)
Informações: 61 8211-6556


A FILOSOFIA UBUNTU NA ARTE TRADICIONAL NEGRO-AFRICANA (01/03)










Fundação Brasileira de Teatro oferece curso de Arte e Pensamento: A Filosofia Ubuntu na arte tradicional Negro-Africana.

A FILOSOFIA UBUNTU NA ARTE TRADICIONAL NEGRO-AFRICANA

Curso certificado pela Fundação Brasileira de Teatro, mantenedora da Faculdade de Artes Dulcina de Moraes.

Em 3 módulos de março a maio de 2016, mas, que podem ser cursados e certificados separadamente! 16 horas cada módulo, totalizando, os três, uma formação de 48 horas-aula.

Venha conosco renovar motivações, expandir visões e percepções de mundo e, ainda, aprimorar seu currículo e suas redes de contato e articulação!

Professor David Almeida (Mestrando e Bacharel em Filosofia pela Universidade de Brasília, Articulador Negro e Artista Plástico)

O valor é R$200,00 por módulo. São 3 módulos certificados um por um, será um por mês, de março a maio, 48h aula no total os três. As aulas serão as terças e quintas, das 19:30 as 21:30 na Fundação Brasileira de Teatro (Faculdade Dulcina), que fica no CONIC, em frente à Praça Zumbi dos Palmares.]

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Primeiro módulo:
Introdução aos estudos africanistas; contribuições de Tempels, Griaule, etnólogos pós-colonialismo; desconstrução das etnologias e criação de uma compreensão endógena da África por pensadorxs africanxs como Jennifer R. Wilkinson, Hampaté Bâ, V. Y. Mudimbe, Marame Gueye, Mogobe Ramose, J. Ki-Zerbo.

Segundo módulo:
A filosofia Ubuntu ("sou porque nós somos"), sua vigência nos mitos, na dança, nos ritos, na pintura, na escultura, na tradição oral.

Terceiro módulo:
Além dos Modelos Generocêntricos: Restaurando a Maternidade nos discursos Yorubás de Arte e Estética" de Oyèrónké Oyewùmí. A filosofia africana moderna em sua relação com o Ubuntu: etnofilosofia, sagacidade filosófica, filosofia ideológico-nacionalista e filosofia profissional segundo Séverine Kodjo-Grandvaux.
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"Não é só que os povos tenham costumes diferentes; não é só que os povos acreditem em deuses diferentes e esperem diferentes destinos após a morte. É, antes, que os mundos de povos diferentes têm formas diferentes. Os próprios pressupostos metafísicos variam: o espaço não se conforma à geometria euclidiana, o tempo não constitui um fluxo contínuo de sentido único, as causas não se conformam à lógica aristotélica, o homem não se diferencia do não-homem, nem a vida da morte, como no nosso mundo".
Walter Goldschmidt, prefaciando A Erva do Diabo de
Carlos Castaneda, 1976


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Serviço
Curso: Arte e Pensamento: A Filosofia Ubuntu na arte tradicional Negro-Africana
Professor: David Almeida
Início: 01/03/2016
Duração: Março à Maio
Dias: Terças e quintas
Horário: 19:30 às 21:30
Local: Teatro Dulcina de Moraes (Ed. FBT - Quadra SDS, Bloco C, S/N - 30/64 - Asa Sul/DF).

Clube do Choro de Brasília convida: Camboatá (27/02)




Camboatá é um projeto de performance musical, poesia e dança que conta a história de mulheres negras brasileiras utilizando cantigas de capoeira. Em sua performance o Camboatá tem três personagens. Dona Maria do Camboatá, Salomé e Aidê.

Os ingressos custam: R$ 30,00 (inteira) e R$ 15,00 (meia).

A saída da casa no dia, só será autorizada mediante a entrega do bilhete de liberação... Obs.: Ingressos somente na bilheteria ou site do Clube do Choro.

Levanta a saiaMais um curtinha do Camboatá na participação no evento anual do grupo Beribazu.Agradecimento às capoeiristas Marisa e Juliana que abrilhantaram o show <3Filmagem: Alexandre Gomes
Publicado por Camboatá em Domingo, 24 de janeiro de 2016

SERVIÇO
Data: 27 de fevereiro (sábado) às 21 horas
Local: Clube do Choro (Setor de Divulgação Cultural – Bloco G)
Ingressos: R$ 30,00 (inteira) e R$ 15,00 (meia-entrada)
Bilheteria (em dinheiro) ou clubedochoro.com.br
Informações: (61) 3224-0599.

PEÇA/FESTA ULTRA-ROMÂNTICO | UlTRA-COISA! (27/02)


ULTRA-ROMÂNTICO | UlTRA-COISA!

Peça-festa com a residência discotecária de DeltaFoxx e intervenção troca-troca com Algodão Choque e Grupo Liquidificador! Coisas virão e recheadas de DJs lubrificadas, ecléticas, badaladas e diferentonas! Logo logo mais divulgaremos o lineup dessa coisa.
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LINEUP

# Jane Santiago
# DeltaFoxx (residentes) 
# Carol Sterica
# Medro Pesquita

Intervenção com ALGODÃO CHOQUE!
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INGRESSOS!!

Os ingressos serão vendidos na hora. Para a peça $10 (meia) e $20 (inteira). Para quem quer só a festa, ingresso $20 a noite inteira. Não vendemos antecipado nem reservamos e a lotação da peça é de 100 ratas de bom gosto. Não se atrase!

| A bilheteria abre 21h e aceitamos somente dinheiro |
|O bar aceita débito e crédito |

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INFORMAÇÕES:
Produção: (61) 8425-6885
Imprensa: (61) 9202-2144

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FICHA TÉCNICA
Baseado em “Noite na Taverna” de Álvares de Azevedo

Direção: Fernando Carvalho
Dramaturgia: Karinne Cristina Ribeiro
Elenco: Fernanda Alpino, Iza Cavanellas, Kael Studart, Karinne Ribeiro e Marcos Davi

Iluminação: Ana Luisa Quintas
Cenografia: O Grupo
Trilha Sonora Original: Ricardo Dantas
Execução Psicodélica de Trilha: André Chaybe
Designer gráfica e de aplicativo: Luísa Bianchetti
Fotografias: La Conga Rosa
Videomaker: Márcio Mota

Coreografias Marciais: Marcos Davi
Confecção de Máscara: Felipe Pacheco
Cenotécnico e Rato: Ramon Lima
Ass. de Vídeo: Leonardo Vieira Teles
Técnico de Iluminação: Davi Maia

Curadoria de DJs: DeltaFoxx e Bruno Antun
Artista Visual Coordenador de Acontecimento Expandido: Gregório Soares e Leopoldo Wolf
Grupos Convidados (TROCA-TROCAS): Grupo Tripé, Algodão Choque, Cantigas Boleráveis e Corpos Informáticos
ULTRA ZINE: Starllone Souza
Desenvolvimento de aplicativo: BlackApe

Assessoria de Imprensa: Melissa Luz e Emanoela Voltolini
Produção Executiva: Elisa Mattos (Desvio Produções)
Ass. de Produção: Rafael Salmona e Gustavo Haeser
Realização: Grupo Liquidificador

Classificação indicativa: 18 anos

ULTRA-ROMÂNTICO #3ULTRA-ROMÂNTICO || ULTRA-COISA27 FEV || SUBSOLO DO DULCINA || 22Hvídeo Márcio Motaarte Luísa Bianchetti
Publicado por Grupo Liquidificador em Quarta, 24 de fevereiro de 2016

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SERVIÇO
Data: 27/02/2016
Hora: a partir das 22:00hrs
Local: Faculdade de Artes Dulcina de Morais - SDS Bl C n° 30/64 Ed. FBT Brasília/DF
Entrada: Para a peça $10 (meia) e $20 (inteira). Para quem quer só a festa, ingresso $20 a noite inteira.

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

O valor da vida no Brasil: “Estamos cuidando das crianças, mas as deixamos morrer na adolescência”


Eliana Sousa Silva, diretora da Redes da Maré, escreveu artigo sobre como o Estado conseguiu reduzir substancialmente a mortalidade infantil ao mesmo tempo em que é incapaz de proteger os jovens negros e pobres, que representam 53% de um total absurdo de 56 mil assassinatos por ano. “O consenso da sociedade em torno do tema da mortalidade infantil foi a base para a melhora dos índices, assim como o fato de o problema integrar uma agenda mundial definida pelas Nações Unidas. O mesmo deve ocorrer com o assassinato de jovens, e cabe ao governo brasileiro mobilizar-se para isso”, afirma

O valor da vida no Brasil

Por *Eliana Sousa Silva,
O que você estava fazendo no sábado à noite, em 28 de novembro 2015? Provavelmente, se divertindo om familiares ou amigos. O mesmo faziam cinco adolescentes e jovens negros em um carro popular, em um bairro do subúrbio carioca, a caminho de uma pizzaria, até serem fuzilados por policiais militares.

Todos morreram pelo simples fato de serem negros, jovens e se encontrarem em uma região da cidade considerada perigosa?

O Mapa da Violência 2014 traz dados macabros: foram 154 homicídios diários, totalizando 56.337 assassinatos em 2012, sem levar em conta os desaparecidos que não entram nessa conta. Os números revelam uma face do Brasil oculta por uma invisibilidade derivada da naturalização: determinada parcela da população está tendo suas vidas brutalmente abreviadas.

Os versos de Alberto Caeiro, heterônimo de Fernando Pessoa, bem poderiam ilustrar esse genocídio: “Se, depois de eu morrer, quiserem escrever a minha biografia, não há nada mais simples. Tem só duas datas –a da minha nascença e a da minha morte”.

Afinal, se nos distanciarmos do contexto em que essa poesia foi criada, seus versos poderiam ser anunciados por qualquer adolescente ou jovem brasileiro entre 15 e 29 anos, negro, pobre e do sexo masculino. Eles representam 53,4% do total dos assassinatos, mas as forças sociais do país não enxergam a tragédia em toda a sua dimensão.

Um contraponto a essa situação é o enfrentamento da mortalidade infantil: a ação integrada de agentes o Estado, instituições de pesquisa e da sociedade civil, em particular a Pastoral da Criança e conselhos de defesa da criança e do adolescente, fez com que a mortalidade das crianças brasileiras tivesse significativa queda desde os anos 1980.

Dados do governo federal de 2015 mostram que a taxa de mortalidade das crianças abaixo de cinco anos apresentou queda de 65% entre 1990 e 2010, e o número de óbitos por mil nascidos vivos passou de 53,7 para 19.

Estamos cuidando das crianças, mas as deixamos morrer na adolescência ou juventude. No campo do imaginário social, há uma razão para isso: quando se vê uma criança pobre com demandas, ela provoca indignação e desejo de proteção; o jovem na mesma situação provoca medo e insegurança.

Logo, as mortes não ocorrem de forma natural, não são um “fato da vida”. Elas acontecem, antes de tudo, porque os assassinos se sentem impunes para matar e apoiados socialmente. É urgente superar esse imaginário terrível.

O consenso da sociedade em torno do tema da mortalidade infantil foi a base para a melhora dos índices, assim como o fato de o problema integrar uma agenda mundial definida pelas Nações Unidas. O mesmo deve ocorrer com o assassinato de jovens, e cabe ao governo brasileiro mobilizar-se para isso.

Precisamos reverberar a indignidade até que se torne parte do imaginário que essa violência não será mais aceita. Apenas pela mobilização poderemos pressionar canais legais, implicar Judiciário e Legislativo, pressionar para que a polícia seja mais eficiente e voltada para garantir a segurança pública de todos os cidadãos. Essa é a principal tragédia brasileira de hoje.

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*Eliana Sousa Silva é diretora da Redes da Maré e da Divisão Universidade Comunidade da PR-5- UFRJ e integrante da Rede Folha de Empreendedores Sociais.





Assassinatos negros expõem racismo


Para Átila Roque, não há solução mágica para a segurança pública no país.

O assassinato de jovens negros na periferia das cidades expõe o racismo e a violência da sociedade brasileira, afirmou o diretor executivo da Anistia Internacional, Átila Roque. A organização destaca que, segundo dados do Mapa da Violência 2012, dos 56 mil assassinatos registrados no país, 30 mil são de jovens entre 15 e 29 anos. Destes, 77% são negros.

Segundo Roque, a violência sempre teve papel-chave na busca da ordem pelo Estado e está profundamente arraigada na forma como a sociedade distribui o poder. Ele disse que, apesar de o Brasil não se ver como um país racista, a cor influencia no tratamento que se dá ao cidadão. “O Estado, que detém o monopólio da força, acaba sendo violador de direitos e abusa da força letal”, disse o diretor em debate feito na Matilha Cultural, na capital paulista.

Para Átila Roque, não há solução mágica para a segurança pública no país. É preciso primeiro quebrar o ciclo de impunidade e romper com a lógica da guerra, na qual a busca é por eliminar o inimigo.

A fundadora do Movimento Mães de Maio, Débora Maria, lamentou a criminalização dos jovens e criticou a tentativa de se legitimar mortes com o argumento de que a vítima tinha passagem pela polícia. Ela, que teve o filho assassinado em maio de 2006, disse que basta ser pobre e morar na periferia para morrer.

A defensora pública Daniela Skromov Albuquerque afirmou que as mortes causadas por policiais militares costumam ter um roteiro padronizado, em que o suspeito atira e o policial reage em legítima defesa. Ela ressaltou que uma função da Polícia Militar é preservar a vida.

Daniela lembrou que muitos casos registrados como morte decorrente de intervenção policial, conhecidos como auto de resistência, trazem múltiplos disparos de arma de fogo em regiões vitais, muitas vezes nas costas, e sem registro de policiais feridos ou viaturas atingidas, o que eliminaria uma versão de confronto ou troca de tiros. Ela disse ainda que a falta de depoimentos de testemunhas e cenas de crimes alteradas prejudicam as investigações e dificultam as punições

Fonte: DomTotal.

App Vigilante permite denunciar casos de violência policial pelo celular


“Não é só pelos 20 centavos”, “O gigante acordou”, “Vem pra rua, vem”.

Por Ana Beatriz Rosa, 
Essas frases marcaram o ano de 2013, quando ocorreram diversas manifestações por todo o País. A população estava descontente com uma série de pautas e o aumento da tarifa do transporte público se encarregou de ser a gota d’água.

Nas ruas lotadas, jovens e adultos se misturavam. Mas, de repente, era recorrente sentir a ardência nos olhos, a fumaça, a correria e a brutalidade.

A ação truculenta da polícia nas passeatas, principalmente em São Paulo, ecoaram para o resto do Brasil.

A situação foi vivenciada bem de perto por um grupo de estudantes de direito que, mais tarde, foram os responsáveis por reivindicar o habeas corpus coletivo para os manifestantes presos durante os atos organizados pelo Movimento Passe Livre.

Entre eles, estava Luccas Adib, bacharel em Direito e diretor-executivo da EvoBra, associação sem fins lucrativos que pesquisa inovações em políticas públicas.

Em entrevista ao HuffPost Brasil, Adib explicou a origem do projeto:
“Toda aquela situação me intrigou. Vi pessoas tendo o seu direito violado por policiais. A maioria da população, na verdade, não sabe quais são os seus direitos. Um policial pode pedir para acessar ao seu celular? Ou cometer qualquer tipo de violência? Resolvi estudar e pesquisar mais sobre o tema. Foi ai que surgiu a ideia de criar uma ferramenta que mediasse essa situação e atuasse em colaboração com a própria polícia para conter os abusos.”
Nascia a ideia do Projeto Vigilante, aplicativo lançado este mês para o sistema Android, que tem por objetivo principal empoderar o cidadão, mediar as denúncias de situações de abuso de autoridade ou violência e, assim, fortalecer o papel das ouvidorias nas instituições — a ouvidoria da polícia é uma espécie de ombudsman da segurança pública no Estado. É um órgão dirigido por um representante da sociedade civil, com autonomia e independência, cuja principal função é ser o porta-voz da população em atos irregulares praticados pelas Polícias.
“Nosso objetivo não é acumular dados e direcionar para outros fins. O que queremos é ser um facilitador paraestatal da denúncia. Não faz mais sentido que o Estado utilize como meio formal de comunicação um telefone, notificação escrita ou fax. A ouvidoria das polícias foi criada em 1995 e os mecanismo de diálogo com a população são da mesma época. Estamos atrasados nessa ponte e a ideia do projeto veio para complementar uma lacuna.”
Um método mais dinâmico que facilite o diálogo entre a população e o Estado pode vir a ocupar um espaço importante na construção de uma sociedade que se preocupa com os direitos do cidadão.

No site da Ouvidoria da Polícia de São Paulo, por exemplo, é possível acessar relatórios de prestação de contas das denúncias.

O último período contabilizado, no entanto, foi o primeiro semestre de 2015, que contou com 95 queixas de abuso de autoridade, 88 de corrupção passiva, 27 de tráfico de drogas com envolvimento de policiais e 544 queixas de má qualidade no atendimento. A taxa de indivíduos responsabilizados pelas queixas, porém, não é divulgada.


Dividido em duas partes, “Denuncie” e “Conheça seus direitos”, o app é gratuito e tem capacidade para armazenar até dez mil queixas, que podem ser cadastradas de forma anônima ou não.

Mas, como garantir que os dados enviados pelos usuários sejam encaminhados, processados e as devidas partes do processo responsabilizadas, de fato? Por uma imposição legal, qualquer ouvidoria é obrigada a receber todo tipo de denúncia e encaminhar o protocolo.

Contudo, segundo o bacharel em direito, é comum que as vítimas não tenham suas queixas processadas por falta de elementos que estruturem as denúncias.

E ai está o diferencial do aplicativo: permitir que a queixa seja feita em diversas mídias, uma vez que é possível armazenar fotos, áudios, vídeos e mensagens por meio dos smartphones.

O serviço conta ainda com geolocalização, a possibilidade de identificação da corporação (polícias Civil, Militar, Federal ou Guarda Metropolitana), a descrição e o tipo do delito e a diferenciação entre “testemunhas” e “vítimas” no momento de cadastro da ocorrência.

Para ser efetivo, o Projeto Vigilante deve trabalhar em parceria com as ouvidorias e corregedorias.

“O nosso papel é fazer com que as denúncias sejam entregues. Depois disso, a responsabilidade é do Estado. Nós somos uma ferramenta e nos preocupamos em ser acessíveis para todo usuário que quiser fazer uma denúncia, inclusive o policial que sofre com o abuso de autoridade de seus superiores”, afirma o fundador do app.

A plataforma, somente disponível para Android, por enquanto, é resultado do projeto colaborativo EvoBra, fundado em 2015 por Luccas e que hoje conta com uma equipe de 7 integrantes.

A associação sem fins lucrativos, ainda, lançou uma campanha de financiamento coletivo para finalizar a estruturação do aplicativo para outros formatos, como o IOS e o Windows, além de outras melhorias.

Fonte: HuffPost Brasil.

Ex-Pantera Negra é libertado após 43 anos em solitária nos EUA


Albert Woodfox, o detento mantido mais tempo em uma solitária nos EUA –43 anos– foi libertado nesta sexta-feira (19), segundo confirmou o seu advogado de defesa. Woodfox, de 69 anos, era um dos Panteras Negras, grupo que militava por autodefesa dos negros contra o racismo e a violência policial, e tem o recorde de anos passados em isolamento em uma prisão americana.

Na solitária desde 1972, acusado de ter participado do assassinato de um guarda prisional, Woodfox era o único membro do grupo de três prisioneiros condenados pelo crime que ainda estava detido. O trio, conhecido como Os Três de Angola, contava ainda com Robert King, que, depois de 29 anos na solitária, foi liberado em 2001, e Herman Wallace, que morreu poucos dias depois de ser solto, em outubro de 2013, após mais de 41 anos de isolamento.

Woodfox estava preso na década de 1970 por assalto a mão armada quando o agente prisional foi morto durante uma rebelião. Ele foi responsabilizado pelo crime em 1972. Ele foi a julgamento novamente em 1998, quando a condenação por homicídio foi mantida.

Ele foi solto no dia em que completou 69 anos. “Depois de quatro décadas de isolamento, a soltura de Albert Woodfox está muito atrasada e é inegavelmente justa”, disse Jasmine Heiss, da Anistia Internacional. “Nada vai reparar verdadeiramente o confinamento solitário cruel, desumano e degradante ao qual o Estado da Louisiana o submeteu”, completou.

Woodfox ficou detido, na maior parte do tempo, na Penitenciária Estadual de Louisiana. Ele sempre se declarou inocente do assassinato, argumentando que ele e os outros dois homens foram acusados devido ao ativismo, na prisão, pelo Partido dos Panteras Negras –movimento em prol dos direitos dos negros que começou nos anos 1960, na Califórnia, e permaneceu ativo até 1982. (Com agências internacionais)

"Lia para manter minha sanidade mental", diz ex-Pantera Negra preso 45 anos numa solitária

Em primeira entrevista após sair da prisão, Woodfox disse que precisava ‘manter o foco na sociedade, permanecer conectado com o mundo exterior’

Durante o tempo em que permaneceu preso, no Estado da Louisiana, nos EUA, a leitura era um modo de “permanecer conectado com o mundo exterior” e essa conexão era única forma de não perder sanidade. Woodfox, que ficou preso por 45 anos em regime solitária, fez a declaração à emissora norte-americana Democracy Now!, na primeira entrevista que deu a um canal de televisão ou rádio após sair da prisão.

“[Ler] era uma das ferramentas que nós usávamos para permanecer focados e conectados com o mundo exterior”, disse Woodfox, ao ser perguntado se ler era permitido durante a detenção. Ele especificou que costumava ler “livros de história e sobre Malcolm X”, além de obras de Martin Luther King, Frantz Fanon e James Baldwin.

Woodfox foi libertado na última sexta-feira (19/02), dia em que completou 69 anos. Ele, a pessoa que passou mais tempo presa em uma solitária na história dos Estados Unidos, foi o último dos chamados “três de Angola” — em referência ao nome do estabelecimento prisional onde estava — a ser libertado. Woodfox integrava o grupo dos Panteras Negras, que militava por autodefesa dos negros contra o racismo e a violência policial.

Perguntado sobre o papel de Burl Cain, então diretor da penitenciária, e de Buddy Caldwell, então procurador-geral da Louisiana no caso, Woodfox afirmou que eles “desrespeitaram totalmente a Constituição, a lei, o processo legal e a falta de evidência”. “Eles apenas decidiram que éramos culpados e que fariam tudo que pudessem para nos deixar presos até morrermos”, afirmou.

O ativista destacou que foi visitar as lápides da mãe e da irmã, primeiro local aonde se dirigiu ao sair da prisão, por sentir um “vazio” ao não ter podido se despedir delas. Woodfox disse que na ocasião das duas mortes requereu uma ida ao funeral, mas em ambos os casos a Justiça negou.

A Democracy Now! entrevistou também Robert King, um dos “três de Angola”, que saiu da prisão em 2001 e passou a militar pela libertação dos companheiros. O terceiro ex-Pantera Negra, Herman Wallace, morreu de câncer em 2013, poucos dias após ter sido libertado.

Albert Woodfox foi libertado no dia de seu aniversário de 69 anos, na última sexta-feira (19/02)

“Em 1972, eu, Herman Wallace e Robert King sabíamos que, para termos alguma chance de manter nossa sanidade e não permitir que a prisão nos destruísse, teríamos que manter nosso foco na sociedade”, disse Woodfox. O ex-Pantera Negra disse ainda que as visitas eram permitidas duas vezes por mês, mas “por conta da longa distância e da situação econômica”, os familiares não conseguiam vê-lo o quanto desejavam e geralmente o visitavam uma vez por mês.

Entenda o caso

Meses após terem sido detidos por assalto à mão armada em 1971, Woodfox e Wallace foram acusados, julgados e condenados pelo homicídio do guarda prisional Brent Miller e enviados para a solitária. King, por sua vez, foi acusado de estar envolvido na morte do guarda, mas não foi julgado; foi condenado pela morte de outro detento. Eles sempre negaram envolvimento nos crimes e afirmaram durante todo o tempo que foram colocados na solitária por lutarem por melhores condições de vida na prisão.

O programa na Democracy Now! mostrou o trecho de um documentário que mostra Teenie Verret, viúva do guarda Brent Miller, afirmando que acredita na inocência dos homens. “Se eles não fizeram isso, e acredito que não fizeram, eles estão vivendo em um pesadelo há 36 anos”, disse ela, em uma fala gravada em 2010.

Fonte: UOLOpera Mundi.

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

Angela Davis fala sobre libertação negra, sua história e sua visão contemporânea


Cinquenta anos depois da fundação do Partido Pantera Negra de Auto-defesa , a agenda e o estilo da lendária organização revolucionária Negra permanecem relevantes no debate público atual. A erradicação da “violência policial e do assassinato de negros”, essencial ao movimento “Vidas Negras importam” (“Black Lives Matter”), constava da plataforma de dez pontos dos Panteras Negras cinco décadas atrás. Tanto a aclamação e a condenação emergiram quando suas icônicas boinas pretas surgiram recentemente na apresentação da Beyoncé durante o intervalo do campeonato Super Bowl.

Por Tatiana Bustamante,
É evidente que os Estados Unidos ainda estão amarrados às mesmas desigualdades e injustiças raciais de 50 anos atrás – e que o orgulho negro permanece um tema polêmico. Tal não surpreende a intelectual, ativista, ícone feminista e parceira dos Panteras Negras, Angela Y. Davis.
“Ao lermos os dez pontos do programa do Partido Pantera Negra, constatamos que os mesmos temas do período pós-escravocrata estão no centro de um programa elaborado em 1966”, aponta Davis, atualmente professora emérita da Universidade da Califórnia, Santa Cruz. “Em 2008, quando Barrack Obama foi eleito, esses temas não foram discutidos o bastante e, definitivamente, não foram solucionados, portanto a eleição de uma pessoa a um cargo político não reverte automaticamente a história de uma opressão econômica resultante do racismo, o que não significa que não tenha sido importante eleger Barack Obama, mas que a batalha continua.”
Na semana passada, na Espanha, enquanto defendia a libertação do político separatista basco Arnaldo Otegi, Davis dedicou alguns momentos à EBONY.com para discutir temas contemporâneos como o “Black Lives Matter”, a eleição presidencial de 2016, e detalhes de seu mais recente livro “Freedom is a constant struggle: Ferguson, Palestine and the Foundations of a Movement” (Haymarket Books, 2016), editado pelo ativista pelos direitos humanos Frank Barat.

“Estive envolvida no movimento Palestine Solidarity por muito tempo”, disse Davis.
“Quando os protestos de Ferguson ocorreram, há um ano e meio, ativistas no terreno da Palestina ocupada foram os primeiros a expressarem, no Tweeter, seu apoio aos manifestantes em Ferguson. Disso decorreram conexões transoceânicas muito interessantes e ricas. Uma delegação palestina visitou Ferguson. Ativistas do Black Lives Matter e de Ferguson, (assim como membros do) Dream Defenders, Black Youth Project 100 viajaram à Palestina, cerca de um ano atrás, para expressar sua solidariedade.”
EBONY.COM: Qual é a mensagem do seu novo livro?

Angela Davis: Estou particularmente interessada em fazer com que os ativistas ligados ao movimento pela liberdade Negra se deem conta de que nossas lutas jamais teriam alcançado a universalidade atual, não fosse a solidariedade da África, Ásia, América Latina, Europa e Austrália. Nossas lutas são globais, assim, é importante que incorporemos essa visão global às nossas batalhas no terreno contra os crimes cometidos pela polícia e o complexo prisional industrial. Desde muito jovem estou envolvida em organizações – o Partido Comunista, o Partido Pantera Negra – dotadas dessa perspectiva global.

EBONY.COM: Conforme destacado em seu livro, os acontecimentos em Ferguson depois dos disparos da polícia contra Michael Brown expuseram a militarização das forças de ordem. Aonde chegou esse incentivo à militarização e como pode ser interrompido?

Angela Davis: Quando se observa a história da polícia, principalmente ao longo dos últimos 15 anos, após o 11 de setembro, pode-se verificar uma ênfase na transferência de recursos das forças armadas para a polícia. Essa é uma história muito mais longa se analisarmos como a Guerra do Vietnã resultou em impactos na polícia local. Os esquadrões SWAT surgiram em decorrência do uso de técnicas e tecnologia aplicadas pelos Boinas Verdes na Guerra do Vietnã. O Departamento de Polícia de Los Angeles foi o primeiro a usar tais táticas contra o Partido Pantera Negra. Também emergiram as corporações de policiamento privatizadas. No livro, menciono o G4S (“Group 4 Security” – Grupo para a Segurança), uma corporação de segurança privada que disseminou policiamento e detenção por todo o mundo. É importante não olhar apenas para a forma como momentos de imposição do terror foram conduzidos por departamentos de polícia, mas é também essencial entender a dimensão econômica de tais processos. A G4S, obviamente, é a terceira maior empresa do mundo, e o maior empregador no continente africano. Está vinculada, historicamente, à privatização das prisões nos Estados Unidos e em outros lugares.

Gostaria de destacar que empresas como a G4S já reconheceram o que as feministas denominam “interseccionalidade”. A G4S vai de policiamento privado ao transporte de imigrantes a prisões privadas, à deportação de pessoas oriundas do México, nos Estados Unidos, para a fronteira mexicana, deportação de africanos da Europa para países na África. Acredito que a G4S tenha lidado com a questão da violência sexual contra mulheres, então criaram agências que tratam de mulheres ameaçadas ou que foram vítimas de violência sexual.

Eu menciono esse aspecto pois há uma lição para nós de que a noção feminista de interseccionalidade deve ser integrada também em nosso trabalho. Prefiro falar em interseccionalidade de lutas, e como é importante vincular o combate à violência de gênero à luta contra a violência de Estado, crimes da polícia e crimes contra os corpos das mulheres.

EBONY.COM: Você fala de como as bases que já foram lançadas permitem que os movimentos de massa de hoje sejam eficazes. Contudo, muitos dos atuais grupos liderados por ativistas do novo milênio rejeitam as estruturas tradicionais de organização. Então como aquelas bases lhes podem ajudar a criar mudança efetiva?

Angela Davis: Jovens estão em busca de fóruns a partir dos quais eles possam expressar uma urgente necessidade de mudança radical. Eles questionam a máxima de que liderança deve ser individual e masculina. Estão lidando com novos modelos coletivos de liderança.

Pode-se notar a ascensão de muitas mulheres à liderança. Naturalmente, há as três mulheres que criaram o Black Lives Matter – Patrisse Cullors, Opal Tometi and Alicia Garza – que levantaram muitas questões interessantes sobre o que significa construir liderança. No Black Youth Project 100 há a Charlene Carruthers que é uma porta-voz potente, mas que sempre esclarece que fala por um coletivo. No Dream Defenders, desafiam as formas hetero-patriarcais. Questionam o impacto do sexismo e da homofobia e todas essas ideologias em sua geração.

Para aqueles da minha geração, tais processos soam estranhos, mas, claro, o Movimento pelos Direitos Civis desenvolveu de forma diferente dos movimentos que o precederam. Os movimentos dos anos 1930 liderados principalmente por comunistas negros (cuja história foi apagada justamente em função do anticomunismo) desafiaram a liderança que viera antes, então trata-se de um processo que acontece. É animador testemunhar o que poderá resultar do movimento atual.

EBONY.COM: O que você pensa a respeito da candidatura do ativista Deray McKesson, do Campaign Zero, à prefeitura de Baltimore?

Angela Davis: Os grupos mencionados tiveram impacto na condução das eleições nacionais e foram alvo de críticas sobre como os candidatos não abordaram questões ligadas a racismo e como a polícia segue agredindo pessoas e comunidades negras. Ativismo deve ocorrer em todas as áreas, inclusive naquela eleitoral. Não é produtivo pensar que tudo está orientado para a política eleitoral. Mas é certamente importante contar, nas eleições, com indivíduos que tenham experiências progressistas ou no âmbito de movimentos radicais.

EBONY.COM: Haveria um candidato específico que você apoiaria nesta eleição presidencial?

Angela Davis: Eu sempre tendo a priorizar uma política independente, mais radical, mas realmente acredito na importância de que Bernie Sanders toque em temas que, de outro modo não seriam abordados no contexto de uma campanha entre os dos maiores partidos.

É absolutamente essencial levantar temáticas como a descomodificação da educação e [a necessidade da] educação gratuita. E, obviamente, ele apela em favor de uma educação gratuita em nossas universidades públicas, o que possuem uma história de gratuidade. São atualmente privatizadas como universidades particulares. A história do apelo em prol da educação pública relacionada à luta pela liberdade Negra traz lições importantes. Antigos escravos pediram por educação pública gratuita no Sul, criando, assim, o contexto para que estudantes brancos e pobres tivessem acesso à educação.

E, naturalmente, há a questão da assistência de saúde. Eu concordo plenamente com a ideia de um sistema de saúde gratuito e de único-pagador (“single-payer health care”). E há questões mais amplas sobre o complexo industrial prisional que não foram discutidas. É preciso levantar o assunto do fim do encarceramento em massa, mas também questionar o racismo embutido em toda a história da punição neste país.

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**Sheryl Huggins Salomon é escritora do Brooklyn, baseada em Nova York, editora e consultora de mídia digital.



Mulheres e a dificuldade em denunciar


Nós mulheres, ao longo de muitos anos, fomos consideradas objeto sexual, estupradas, violentadas, designadas a procriação, fomos propriedade do homem, e através disso deveríamos ser submissas ao marido, deixando com que ele fizesse o que bem entendesse, não podendo nos recursar ou criar qualquer tipo de resistência e o pior, não possuíamos direitos, não tínhamos como denunciar.

Com a [pouca] evolução da sociedade, depois da Constituição Federal ter consagrado a “igualdade” entre os sexos, nós passamos a ter um pouco mais de consciência dos nossos direitos e de como exercê-los. Foram criadas leis, tratados internacionais e convenções para assegurar e proteger os direitos da mulher e prevenir contra a violência, discriminação e preconceito, tais como: A Lei Maria da Penha, que é um mecanismo para coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher; a criminalização do Feminicídio, agora tipificado como crime e inserido no Código Penal brasileiro; A Convenção Interamericana para prevenir, punir e erradicar a violência contra a mulher; a Convenção sobre a Eliminação de todas as formas de Discriminação contra a Mulher, ratificada por 186 Estados em 2010 entre outros.

Esses mecanismos reconhecem a violência contra a mulher no âmbito público e privado, afirmando constituir grave violação aos direitos humanos e entendendo que tal violência limita o exercício dos demais direitos fundamentais, e para que tais ações sejam efetivas e sua finalidade seja alcançada, foram criados Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher, com competência criminal e cível, bem como, o atendimento policial especializado para as mulheres, em particular nas delegacias de atendimento à mulher.

É claro que isso não basta: além de tudo é necessário o trabalho conjunto, articulado de ações da União, Estados, Distrito Federal e Municípios, integração do Poder Judiciário, do Ministério Público, da Defensoria Pública com as áreas de segurança pública, assistência social, saúde, educação e trabalho.

Ainda assim, com todos os esforços e sobretudo da sociedade civil organizada, atualmente, as mulheres – principalmente as mulheres negras – encontram grande dificuldade em ter seus direitos respeitados e de serem ouvidas quando em condição de vítima, pois ainda é muito presente reflexos, no âmbito da desigualdade, que persistem na sociedade em decorrência de componentes de ordem histórico-cultural: a estrutura e instituição patriarcal, a hierarquização entre o homem e a mulher, a dependência (seja ela financeira, emocional ou psicológica) da mulher em relação ao seu companheiro – todos esses princípios oriundos de um conceito de família na visão patriarcal.

Tendo em vista todo esse cenário complexo e que faz parte de uma estrutura, as mulheres – sobretudo as mulheres negras, periféricas e pobres – tem dificuldade em denunciar!

Pelo constrangimento que passa sendo a vítima e sendo questionada como se fosse o autora do próprio crime ou acusada de ter dado algum motivo, para que esse crime acontecesse; As mulheres tem dificuldade em denunciar por achar um absurdo suas palavras não terem veracidade diante de quem era para ajudá-las e não ter atitudes e comportamentos discriminatórios e racistas, julgando-as culpadas e não vítimas; Por não poderem confiar em quem deveria assegurar, proteger e efetivar os seus direitos, já previstos e instituídos em lei.

As mulheres tem dificuldade em denunciar por medo de quem a agrediu e com medo de serem silenciadas por quem deveria dar importância a sua voz; Por ter a consciência de que seus direitos estão na lei, mas que na realidade vivemos numa falsa democracia, em uma sociedade machista, mesquinha, com comportamento e atitudes embasadas no patriarcado, em que o homem ainda tem poder ao ponto de nos objetificar, humilhar e subestimar diante da sociedade.

E por isso, essa realidade precisa mudar! Leis foram feitas para ser respeitadas, direitos para proteger os indivíduos. Papel, tinta e palavras jurídicas reunidas dentro de um código ou Constituição não faz das mulheres, mulheres livres, dotadas de autonomia, respeitadas com seus direitos assegurados e protegidos, mas sim, a efetividade e garantia de execução do que foi decidido e sancionado. A quebra de dogmas, tabus e paradigmas machistas, racistas e discriminatórios que ainda limitam mentes e pessoas em relação aos direitos da mulher. Isso irá nos tirar o medo de denunciar!

Para denunciar, ligue 180.

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Que horas ele chega? Mulher trabalha cada vez mais que homem

Desigual: Cristiane, com a filha Hanna, trabalha 20 horas a mais que o marido,
 Alexandre, por semana - Ana Branco. 

Números do IBGE mostram que diferença entre dupla jornada dos dois gêneros aumentou nos últimos dez anos no Brasil

Por CÁSSIA ALMEIDA / DAIANE COSTA,
A mulher trabalha cada vez mais que o homem. Não se trata de opinião ou sentimento, é dado estatisticamente comprovado pelo IBGE. Em uma década, a diferença aumentou em mais uma hora. Em 2004, as mulheres trabalhavam quatro horas a mais que os homens por semana, quando se soma a ocupação remunerada e o que é feito dentro de casa. Em 2014, a dupla jornada feminina passou a ter cinco horas a mais, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), que reúne informações de mais de 150 mil lares

Jornada delas em casa é o dobro da dos homens

Nestes dez anos, os homens viram sua jornada fora de casa cair de 44 horas semanais para 41 horas e 36 minutos, num resultado influenciado tanto pela formalização do mercado de trabalho quanto pelo aumento do número de homens inativos nos últimos anos, explica André Simões, do IBGE. A estagnação econômica de 2014 também ajuda a explicar a situação, com o aumento do desemprego. O tempo extra, no entanto, não se converteu em maior dedicação a afazeres domésticos. A jornada deles dentro de casa permaneceu a mesma de dez anos atrás: dez horas semanais.

— É um tempo imutável — classifica a economista da UFF Hildete Pereira de Melo, estudiosa das questões de gênero.

No mesmo período, as mulheres mantiveram seu ritmo de trabalho fora de casa em 35 horas e meia. Dentro de casa, porém, a jornada delas chega a 21 horas e 12 minutos por semana, mais que o dobro da dos homens.

Só a louça: Aline usa as unhas pintadas para não lavar os pratos, tarefa de Fábio – Ana Branco.

A sobrecarga para as mulheres é bem evidente na casa da dentista Aline Costa Guedes, de 35 anos, do vendedor Fábio Resende, de 36 anos, e da filha Catharina, de 4 anos, em Vila da Penha, subúrbio do Rio. Com o argumento “pintei as unhas e não posso estragá-las”, ela consegue fazer o marido, pelo menos, lavar louça. Segundo Aline, o tema é recorrente nas conversas com as amigas, que se admiram ao saber que Fábio “até lava louça”. Ela trabalha duas horas a mais que o marido por semana:

— O Fábio é um excelente pai, presente, mas é normal que a carga dos filhos venha um pouco para cima da mãe. A logística da casa, desde lembrar que tem de pagar tal conta a comprar material de limpeza, é tudo comigo. Eu tenho vontade de chegar em casa e encontrar tudo direitinho.

O marido diz, brincando, que a mulher encontra a casa em ordem quando a diarista faz limpeza:

— Ela só encontra a casa assim às quartas e sextas. Não me nego a fazer nada. Mas se eu vir o cesto cheio de roupa, não vou pôr na máquina.

A máquina de lavar roupas parece assustar.

— A nossa máquina é a mesma desde que casamos, há oito anos. E ele faz perguntas até hoje: “É para usar qual botão?”, “Bota amaciante?” — brinca Aline.

— Mas eu ponho pra bater e penduro — defende-se Fábio.

‘PARA MIM, TEM DE ESTAR TUDO AJEITADINHO’

Na casa da professora de Educação Física Cristiane Lacerda, de 45 anos, e do técnico de vôlei Alexandre Rozenberg, de 41 anos, em Botafogo, Zona Sul do Rio, a situação se repete. Com dois filhos, Breno, de 10 anos e Hanna, de 8 anos, praticamente todo o cuidado das crianças fica com Cristiane. Alexandre leva Hanna para a natação e serve o seu almoço.

— Sou muito agitada. Ele é mais tranquilo. Ele ajuda, mas se está a fim de ver televisão, vai para a TV. As roupas ficam comigo, as coisas das crianças e a comida, porque nem um ovo ele sabe quebrar. Esses dias comprei alface e pus em cima da pia. Saí, voltei e estava ainda em cima da pia. Eu perguntei: “Não podia ter lavado?”. Ele disse: “Ah, você não falou” — conta Cristiane, que chega a trabalhar 20 horas a mais por semana que o marido.

Alexandre ouve as reclamações da esposa e diz estar gostando de saber o que a incomoda. Pede que ela fale mais, mas antes, defende-se.

— Eu nunca lavei alface! Nem sei como faz. Sou do signo de virgem e, para mim, tem de estar tudo ajeitadinho. Fico incomodado com as coisas fora do lugar. Eu não vou mexer na máquina de lavar roupas. Mas, se quiser, eu ponho a mesa, eu dobro e guardo as roupas. Várias vezes ela vê que tem coisa para fazer e eu estou sentado vendo futebol na TV. Daí é a morte — conta em tom de brincadeira.

Regina Madalozzo, especialista em economia de gênero do Insper, diz que, mesmo quando a mulher trabalha fora, o ritmo é acelerado em casa:

— Apesar de a mulher ter conquistado seu lugar no mercado de trabalho, ela ainda não se libertou do trabalho doméstico. Isso só pode mudar via educação. O trabalho doméstico é responsabilidade de todos. O problema é a dificuldade de os homens aceitarem uma ocupação que não é remunerada.

Segundo Simões, do IBGE, apesar de a sociedade estar discutindo a questão, a mudança no comportamento masculino ainda não surgiu nos números.

— A mulher trabalha mais que o dobro dos homens. Não houve resposta a essas discussões que estão sendo travadas na sociedade. É cultural. O menino não é estimulado a ajudar nas tarefas domésticas. A menina ganha vassoura, fogão, boneca para cuidar e o menino, bola para jogar futebol.

Neuma Aguiar, socióloga da UFMG, e uma das poucas pesquisadoras no país a tratar do uso do tempo, diz que a ajuda masculina se limita às compras, ao cuidado dos filhos, principalmente no fim de semana e nos momentos de lazer, e o trato dos animais. O trabalho mais pesado de faxina, cozinha e cuidados recai sobre os ombros da mulher:

— A saída que as mulheres encontraram para dar conta de todo o trabalho é ter menos filhos.

‘MEU FILHO É IGUAL A MIM, FICA NO SOFÁ’

E a desigualdade persiste mesmo entre os casais mais escolarizados. Entre as mulheres que têm ensino superior, a jornada é 4 horas e 12 minutos maior que a do homem. Entre as mulheres que têm ensino fundamental incompleto, a diferença é de 4 horas e 48 minutos em relação ao homem. O estudo faz a mulher trabalhar 36 minutos menos por semana. Neuma crê que a nova geração vai conseguir diminuir essa desigualdade:

— Eu acho que as mulheres mais jovens podem mudar alguma coisa.

Cristiane e Alexandre, que desde outubro cortaram a empregada para reduzir gastos, passaram a incluir os filhos nas tarefas.

— Meu filho é igual a mim quando minha mãe pedia ajuda: continua sentado no sofá — diz o pai.

Cristiane não perde a esperança:

— Hanna ajuda mais do que Breno. Mas não quero que esse comportamento se repita no meu filho. Isso vem dos antigos. Parece normal, mas não é.

Segundo Hildete, as mulheres ficam muito culpadas quando estão no trabalho fora:

— O trabalho em casa é trabalho não pago, oferecido para sociedade. Ela faz por amor.

Casamento sobrecarrega mulherO casamento faz a mulher trabalhar mais. Estudo da economista do IBGE Cristiane Soares, apresentado em seminário da Associação Brasileira de Estudos Populacionais (Abep), mostra que em qualquer tipo de família, seja com filhos, com idoso, com pessoa doente em casa, a mulher trabalha mais se for casada, indicando que o marido dá trabalho ao invés de poupar a mulher. No caso dos homens, a situação é completamente inversa: o casamento livra o homem das tarefas domésticas. São mais indicadores que mostram a desigualdade de gênero no Brasil, onde a mulher ganhava em média 26% menos que os homens em 2014. Dez anos antes, ganhava 30% menos.

De acordo com os números apresentados pela pesquisadora, um homem solteiro que tem filhos pequenos e um idoso doente em casa dedica quase 20 horas semanais para o trabalho caseiro. O casamento o livra de mais de nove horas de trabalho: a jornada cai para 10 horas e 42 minutos. A mulher, na mesma composição familiar, dedica 25 horas e 36 minutos quando não tem companheiro. Ao se casar, o tempo dispendido sobe para 26 horas e 6 minutos, jornada meia hora maior ao dividir a vida com um homem.

— Quando não é casado, o homem costuma terceirizar o serviço doméstico. Quando casa, transfere para a mulher — diz Cristiane.

‘UM FOLGADO E UM ENFORCADO’

Para Regina Madalozzo, especialista em economia de gênero do Insper, o serviço doméstico é considerado responsabilidade feminina:

— Quando é casada, trabalha ainda mais em casa, pois quando o homem está morando com uma companheira, ele diminui o ritmo de afazeres domésticos. A cultura é que o trabalho doméstico é responsabilidade da mulher. É uma visão até das próprias mulheres. Prova disso é usarmos o termo “ele ajuda em casa”, como se não fosse uma obrigação.

Essa cultura de serviço faz a mulher reproduzir essa situação fora de casa. Segundo o mesmo estudo, 86% dos trabalhadores domésticos são mulheres. Entre os cuidadores, essa parcela sobe para 88,5%. Essas duas funções empregam 20% das mulheres ocupadas no país.

— A sociedade aceita essa situação de sobrecarga feminina. A população está envelhecendo, e o trabalho de cuidado de idosos e doentes está sobre os ombros das mulheres. Em 2060, um terço da população será de idosos — afirma Cristiane.

A economista diz que a sociedade precisa discutir a intensificação do trabalho da mulher:

— Principalmente no momento em que se discute igualar a idade de aposentadoria. As mulheres vivem mais, porém têm um trabalho mais intenso.

De acordo com a professora Maria José Tonelli, pesquisadora do Núcleo de Estudos em Organizações e Gestão de Pessoas da Fundação Getulio Vargas de São Paulo, a desigualdade não se restringe ao uso do tempo:

—Essa condição apenas confirma um traço cultural que é a profunda desigualdade do país: entre pobres e ricos e entre homens e mulheres. O Brasil, assim como outros países latinos, é bastante machista. Romper essa barreira não é fácil, pois muitas vezes ela é quase invisível, de comportamento e valores.

Thiago de Almeida, psicólogo especialista em relacionamento e professor da USP, aconselha os casais a dividirem as tarefas de acordo com preferências e limitações:

— A delegação de tarefas deve ser feita de forma pacífica. Tem aquela frase: atrás do folgado tem sempre um enforcado. Então, para que nenhum dos dois seja o enforcado, são necessários acordos.

A representante da ONU Mulheres no Brasil, Nadine Gasman – Agência Brasil
Entrevista: Igualdade só daqui a 80 anos, diz ONU

POR DAIANE COSTA,
A representante da ONU Mulheres no Brasil, Nadine Gasman, defende que a igualdade de gênero é questão de justiça. Para ela, quanto mais tarefas do lar as mulheres assumirem, menos chances têm de se dedicar a outros setores importantes, como a política.

Por que a desigualdade de jornada aumenta?

Quanto mais as mulheres se sobrecarregam com cuidados familiares e administração dos lares, menos chances têm de se dedicar a setores da vida que lhes interesse, como a política. Estamos falando de ajustes que precisam ser feitos com base na justiça. O empoderamento das mulheres é viável com a consciência sobre os seus direitos, e com uma sociedade engajada em mudar estruturas que fortalecem o poder dos homens às custas dos sacrifícios e de violações de direitos de gerações de mulheres.

Por que as mulheres ainda ganham menos do que os homens?

O mundo do trabalho é outra área em que as desigualdades de gênero e raça são visíveis devido à ocupação de postos de trabalho, oportunidades de ascensão profissional, condições de trabalho, remuneração e administração da vida pessoal. As mulheres ainda recebem cerca de 30% menos que os homens. O racismo e o sexismo geram situações extremamente cruéis para o desenvolvimento de carreiras. Quero chamar a atenção para a responsabilidade das empresas de se colocarem de forma ativa e colaborarem para o fim do racismo e do machismo.

Como mudar isso?

Os estudos apontam que, mantidas as condições atuais, levará 80 anos para alcançar a igualdade de gênero. A ONU adotou 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável para que o mundo faça mudanças rápidas e estruturais até 2030. É preciso identificar onde estão mulheres e homens, como vivem, onde elas estão excluídas, definir ações para corrigir essas distorções e assegurar o equilíbrio para que realmente possam desenvolver o seu potencial e lograr estas mudanças até 2030.

Como a mulher pode acelerar esse processo?

A igualdade de gênero é uma questão de justiça. É importante que mulheres e homens façam acordos sobre como administrar as tarefas familiares e de administração da casa. Estamos falando de novos valores sobre a vida, respeito e novas formas de relacionamento. Sem violência, intimidações e funções determinadas. Se todos vivem sob o mesmo teto, por que cabe às mulheres todo o trabalho?

De que forma a ONU atua para reduzir as diferenças?

A ONU Mulheres trabalha pela igualdade de gênero e o empoderamento das mulheres. As Nações Unidas acreditam que é possível promover mudanças estratégicas no mundo até 2030. E as mulheres são decisivas nesse processo. Estamos desenvolvendo a iniciativa “Planeta 50-50: um passo decisivo pela igualdade de gênero” e buscando parcerias para que a igualdade seja uma realidade em 14 anos, beneficiando esta e futuras gerações. Nós, todas e todos, podemos ser a geração que mudará o planeta. Temos de trabalhar para eliminar todas as formas de desigualdades e discriminações.

Fonta: O Globo.