Assim como o Anuário Brasileiro de Segurança, o Mapa da Violência 2014 mostra níveis de guerra civil em homicídios de jovens negros
por Livia Francez,
A edição mais recente do Mapa da Violência 2014 – os Jovens do Brasil traz dados estarrecedores sobre os homicídios de jovens negros no Estado. O estudo foi divulgado na última semana e foi conduzido pelo sociólogo Julio Jacobo Waiselfisz. O Mapa traz importante diagnóstico da violência contra os jovens brasileiros e oferece subsídios ao trabalho de gestores de políticas públicas, parlamentares, governantes, profissionais de segurança pública e instituições de pesquisa nacionais e internacionais, na formulação de políticas de combate à violência contra a juventude.
O estudo mostra que os homicídios são hoje a principal causa de morte de jovens de 15 a 29 anos no Brasil, e atingem especialmente jovens negros do sexo masculino, moradores das periferias e áreas metropolitanas dos centros urbanos. Dados do Sistema de Informações de Mortalidade (SIM/Datasus) do Ministério da Saúde mostram que mais da metade dos 56.337 mortos por homicídios, em 2012, no Brasil, eram jovens (30.072, equivalente a 53,37%), dos quais 77% negros (pretos e pardos) e 93,3% do sexo masculino.
No Estado a realidade é ainda mais impressionante. Em 2012 (ano base para o estudo), foram vítimas de homicídio do Estado 981 jovens. Destes, 892 eram negros, o que corresponde a 90,2% dos homicídios naquele ano. A taxa de homicídios de jovens negros em 2012 foi de 155 mortes violentas por grupo de 100 mil habitantes, índice de guerra civil. No mesmo ano, a taxa de homicídios de jovens brancos foi de 23,6 por 100 mil.
A taxa de homicídios de negros considerando a população geral também é sensivelmente maior do que a de brancos no Estado. Enquanto a taxa de homicídios de negros no Estado foi de 72,6 por 100 mil em 2012, a de brancos ficou em 13,9 homicídios por grupo de 100 mil. Já a taxa de homicídios considerando toda a população ficou em 47,3 por 100 mil.
De acordo presidente do Conselho Estadual da Juventude (Cejuve), Luiz Inácio Silva da Rocha, o Lula, o Mapa da Violência 2014, assim como o Anuário Brasileiro de Segurança Pública – lançado nessa terça-feira (11) – revelam o extermínio da juventude negra no Estado. Ele afirma que o Plano de Prevenção à Violência contra a Juventude Negra, o Juventude Viva, do governo federal, instalado no Estado em maio deste ano, pode ser uma estratégia para enfrentar esta realidade.
No entanto, ele lamenta que o governo federal tenha encerrado o projeto de apoio aos municípios para a implementação do plano. “O encerramento do processo de articulação dificulta a facilitação localmente”, conta ele.
Lula acrescenta que é fundamental que os municípios estejam engajados para a implementação do plano para que ele dê certo. “O que vinha garantindo o sucesso do Juventude Viva era a articulação do governo federal com os municípios. Encerrando este processo o plano fica fragilizado”, completa ele.
Fonte: seculodiario
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