A COPA e a construção da memória coletiva
Por Douglas Belchior e companheir@s,
Final da Copa de 50, quando o negro Barbosa levou a culpa, onde você estava?
Onde você estava no dia 1 de abril de 1964, noite do golpe militar?
Onde você estava no dia do tri mundial em 1970?
Onde você estava nos famosos comícios da Diretas Já!? E no dia do cortejo e sepultamento de Tancredo Neves?
E nas eliminações das Copas de 82 e 86? E no segundo turno da eleição Collor x Lula de 1989?
Onde você estava no Fora Collor em 1992? E no dia do massacre do Carandiru?
Onde você estava em 98, no dia da convulsão do Fenômeno, quando Zidane reinou?
E na morte do Ayrton Senna? E no Tetra?
Onde você estava no dia da queda das torres gêmeas em 2001? E no “mergulho” de Bin Laden? E no enforcamento de Sadan?
Onde você estava no dia da posse do operário que venceu o medo? Venceu?
Onde você estava em maio de 2006, nos dias dos crimes de maio, quando a PM sangrou o peito de mais de 400 mães, fato que a mídia chamou “Ataques do PCC”.
E em 2002, quando Ronaldo tocou o piano que Rivaldo carregou, onde você estava?
Junho de 2013, milhares e depois, milhões nas ruas. Onde você estava?
E nesta quinta, dia 12 de junho de 2014, dia da estréia do Brasil na Copa do Mundo no Brasil?
E neste mês da Copa? E no dia da final, onde você estará?
Este será um dia, um mês, um ano a ser lembrado. E para sempre!
Sempre acreditei que nós trabalhadores, o povo oprimido, o povo negro devemos tomar as rédeas de nossa vida e construir nossa própria história. Para isso é necessário também construir nossa memória ou mais: decidir nossa memória!
Sei bem o que quero lembrar, que memória quero construir. Sei que história quero contar para meus filhos. Nesta quinta 12 de Junho, 10 horas da manhã, estarei no Metrô Carrão – SP, no protesto contra a Copa.
Eu, que como meu povo, amo o futebol, estarei entre os que protestam e lutam pelo óbvio: comer, dormir, vestir e morar com dignidade. Estarei entre os irresponsáveis que exigem ver tratadas essas demandas com a mesma importância e emergência com que está sendo realizada a Copa do Mundo no Brasil.
Por fim, estarei em luta porque, como cantou Raul, “Eu é que não me sento no trono de um apartamento com a boca escancarada cheia de dentes esperando a morte chegar…”
*Texto coletivo de mesa de bar na madrugada de 12 de Junho de 2014.
Fonte: Negrobelchior
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