Páginas

sexta-feira, 30 de agosto de 2019

Jovens negros são maioria em casos de suicídio no Brasil

Foto: RAWPIXEL.COM - BR.FREEPIK.COM

Segundo o Ministério da Saúde, a cada dez jovens de 10 a 29 anos que cometem suicídio, seis são negros 
 
Um dado alarmante ilustra a gravidade do racismo na sociedade brasileira: a cada dez jovens (de 10 a 29 anos) que cometem suicídio, seis são autodeclarados negros. O levantamento, do Ministério da Saúde (MS), revela não somente uma disparidade racial, como também a necessidade de políticas públicas mais eficientes para a população negra.

A cartilha Óbitos por Suicídio entre Adolescentes e Jovens Negros, lançada pelo MS, mostra que entre 2012 e 2016 o número de casos com pessoas brancas permaneceu estável, enquanto o das negras aumentou 12%. “É curioso saber que esse aumento acontece em um contexto que nos leva a pensar em quais formas a população negra tem se organizado diante do racismo”, contesta a psicóloga Mônica Gonçalves, que estuda relações raciais e atua no campo de pesquisa da Saúde Pública. Para ela, o racismo é uma condição social que unifica todos os negros e, por isso, não seria possível saná-lo com uma única política reparatória, o que torna necessária a articulação de diferentes ações interseccionais.

A psicóloga conta que durante os quatro anos e meio em que trabalhou no Sistema Único de Saúde (SUS) atendeu inúmeras pessoas pretas, mas apenas uma delas tocou no assunto racismo: uma pré-adolescente que sentia vergonha da cor da pele, do cabelo e sofria bullying na escola. A explicação para tal silêncio não significa, segundo Gonçalves, a isenção da opressão nas vidas destas pessoas, e sim uma divergência de classes influente nos métodos de combate ao sofrimento. Ela explica dizendo que quando trabalha em clínicas costuma receber muitas queixas de racismo, “muitos já vêm por um endereçamento, sabendo que sou negra e estudo o assunto”. 
 
Foto: RAWPIXEL.COM – BR.FREEPIK.COM

Instituída em 2009, a Política Nacional de Saúde Integral da População Negra visa garantir a equidade e a efetivação do direito à saúde de negras e negros. Contudo, ela ainda é pouco aplicada nos equipamentos de saúde do Estado. Prova disto é que, segundo um levantamento da Secretaria de Estado de Saúde de São Paulo, somente 57 municípios brasileiros, dentre os mais de 5 mil existentes no país, a colocaram em prática. “É uma política importante, de caráter reparatório que reconhece o racismo institucional. Por ser integral significa que ela deveria ser implementada em todas as esferas das instâncias do SUS, desde a atenção primária até a alta complexidade.”, defende Gonçalves.


O Ministério da Saúde mostra que em 2016 o risco de um jovem negro cometer suicídio foi de 45%. O número, demasiadamente alto, pode ser ainda maior. O professor e psicólogo Paulo Navasconi relembra que os dados são muitas vezes subnotificados e que alguns estudos estimam o triplo das quantidades divulgadas.

Navasconi é autor do livro “Vida, Adoecimento e Suicídio”, que aborda a negligência da literatura científica quanto à interseccionalidade dos marcadores de raça, classe e gênero, e os efeitos político-científicos desse silenciamento. A obra aborda, através de uma perspectiva da psicologia, conceitos como epistemicídio, colonialidade do saber, dispositivo de racialidade, racismo epistêmico, branquitude e heteronormatividade. 
 
Divulgação

“Se eles [negros] não são mortos pela mão do estado, são mortos na mão de uma sociedade deliberadamente racista. O racismo estrutural é um determinante de saúde e direitos.”, afirma o autor.

Pesquisas recentes vêm apontando que o suicídio é uma prática multifatorial, isto é, acontece por questões econômicas, sociais, biológicas e culturais. “Por que não enxergamos a raça como um determinante de saúde? O racismo afirma e reafirma que corpos negros são inferiores, feios e incapazes. É como aquela frase ‘eu me faço a partir do olhar do outro’, de que modo esse outro me olha?”, questiona Navasconi.
 
Números desiguais

A desigualdade racial é evidenciada em diferentes pesquisas e estudos científicos, sendo possível identificá-la em todos os campos sociais, culturais e econômicos. Tomemos como exemplo alguns dados: 
 
O terceiro trimestre de 2018 registrou a taxa de desemprego maior entre pessoas pardas (13,8%) e pretas (14,6%).(Fonte: Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua – PNAD).
 
No quarto trimestre de 2018, as pessoas que se declararam brancas tiveram rendimento mensal médio de R$ 5.416, já os os pardos de R$ 2.467 e os negros de R$ 1.746. (Fonte: Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua – PNAD).
 
A taxa de analfabetismo entre pretos e pardos em 2017 foi 9,9%, enquanto a de brancos foi menos que a metade (4,2). (Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE).
 
A cada quatro pessoas assassinadas pela polícia no Brasil, três são negras, o que representa 76,2% do total. (Fonte: Fórum Brasileiro de Segurança Pública)
O suicídio

Na tentativa de romper com sofrimentos, sobretudo mentais, muitas pessoas acabam com a própria vida. Segundo a Organização Mundial da Saúde, cerca de 800 mil suicídios acontecem por ano e essa é a segunda principal causa de morte entre jovens com idade entre 15 e 29 anos. Navasconi acredita que para solucionar esta questão é preciso, principalmente, falar sobre projeto de vida. “Penso que nas estratégias mais práticas precisamos de ações nas escolas, nos programas de saúde e monitoramento da efetivação das ações”, defende.

O Centro de Valorização da Vida (CVV) é uma associação civil sem fins lucrativos que trabalha com a prevenção do suicídio. Qualquer pessoa pode conversar, sob total sigilo por telefone, email e chat 24 horas todos os dias. Os voluntários recebem treinamento e não precisam ter formação em psicologia.

Fonte: cartacapital

Cine Ubuntu/Apresentação Institucional (13/09)


A Ubuntu - Frente Negra de Ciência Política convida todas e todos para a exibição do filme "US", do cineasta Jordan Peele, também produtor, roteirista e diretor de "Get Out".
 
Após a exibição do filme, faremos a apresentação institucional do projeto de extensão e detalharemos o processo seletivo para todas e todos que estiverem interessados em integrar o projeto.
 
A exibição ocorrerá no auditório azul da FACE, dia 13/09, a partir das 14h.
Esperamos vocês!

#ubuntueusouporquenossomos

Grupo de Estudos "Constitucionalismo e Quilombos" (31/08)







Evocamos a pintura de Abdias Nascimento “Okê Oxossi”, de 1970, presente na exposição “Histórias afro-atlânticas” (2018) e na capa da nova edição de "O quilombismo" (2019) para anunciar e convocar a comunidade à confluência de estudos que marca o início das atividades da pesquisa “Constitucionalismo e Quilombos”, desenvolvida por estudantes, professores e pesquisadores da Faculdade de Direito da Universidade de Brasília (FD/UnB).

No próximo dia 31 de agosto de 2019, na FD/UnB, iniciaremos as atividades do grupo de estudos “Constitucionalismo e Quilombos”, que conjuntamente reunirá os integrantes das pesquisas de doutorado “Constitucionalismo e Quilombos: disputas sobre memória, identidade e história constitucional pós-1988” e iniciação científica “Narrativa e Memória: a construção de direitos da população negra na Assembleia Nacional Constituinte de 1987/1988” e “A (re)construção da identidade quilombola no constitucionalismo pós-1988”. As pesquisas estão sob a coordenação do professor substituto e doutorando na FD/UnB Rodrigo Portela Gomes, e as integrantes Carlos Alberto Rabelo, Victoria Lisboa e Luiz Vinicius que desenvolvem suas respectivas pesquisas de iniciação científica vinculadas aos projetos dos professores e orientadores Guilherme Scotti e Menelick de Carvalho Netto.

O objetivo do grupo é desenvolver a partir de leituras e discussões a revisão de literatura comum às pesquisas mencionadas para formular uma teoria de base com a chave interpretativa mobilizada pelas categorias Constitucionalismo e Quilombos. E ainda, contribuir para uma perspectiva crítica frente a disputa hermenêutica constitucional e sua relação dialética com a agência negra na modernidade, particularmente a experiência do quilombo como movimento constitucional.

Pretende-se com isso fortalecer uma rede de pesquisas já desenvolvidas no Programa de Pós-Graduação em Direito da UnB, protagonizada por pesquisadoras e pesquisadores negros e que integram o Núcleo de Estudos em Cultura Jurídica e Atlântico Negro - Maré (FD/UnB), mobilizadas pelas disputas que a agência quilombola têm produzido no campo jurídico, não apenas para enfrentar as tensões jurídicas que impactam os quilombos no Brasil, mas a compreensão de categorias da teoria e prática do direito, neste caso, o constitucionalismo.

Os encontros do grupo de estudos ocorrerão aos sábados de 10h -12h, duas vezes por mês, durante todo semestre (2/2019), conforme cronograma (sujeito a alteração com prévia informação). Estes terão como base a leitura prévia da bibliografia indicada e a discussão sobre os elementos dos textos. Cada encontro terá a presença de convidados pertinentes para a temática a ser debatida.

Aproveitamos para agradecer o apoio das professoras, pesquisadoras e à direção da Faculdade de Direito, visto que esse suporte é fundamental para a realização das atividades da pesquisa.

Informações:
Grupo - Constitucionalismo e Quilombos
Dia/Horário - aos sábados de 10h às 12h (conforme calendário abaixo)
Local - Faculdade de Direito da UnB, sala A1-06
Datas dos encontros - calendário abaixo
Leituras prévias - link do drive
Convidados - calendário abaixo
Coordenação - Rodrigo Portela Gomes (FD/UnB), Menelick de Carvalho Netto (FD/UnB) e Guilherme Scotti (FD/UnB)
Organização - Maré - Núcleo de Estudos em Cultura Jurídica e Atlântico Negro (FD/UnB)
Parceiros - Centro de Estudos em Desigualdade e Discriminação - CEDD (FD/UnB) e Desafios do Constitucionalismo (FD/UnB)

Calendário:
Eixos Temáticos:
I) Constitucionalismo
I.1) 31/08/19 - Modernidade e Constituição
Convidado: Menelick de Carvalho Netto (PPGD/UnB e PPGDH/UnB) - confirmado

I.2) 14/09/19 - Teorias da Constituição
Convidadas: Guilherme Scotti (PPGD/UnB, Desafios do Constitucionalismo/UnB e CEDD/UnB) e Maria Sueli Rodrigues de Sousa (DCJ/UFPI, DiHuCi/UFPI e PPGS/UFPI) - confirmadas

I.3) 21/09/19 - Constitucionalismo e Relações Raciais
Convidado: a confirmar

I.4) 12/10/19 - Racismo e sexismo no constitucionalismo pós-1988
Convidada: a confirmar

II) Quilombos
II.1) 26/10/19 - Quilombos e Sociologia
Convidada: a confirmar

II.2) 09/11/19 - Quilombos e História
Convidado: a confirmar

II.3) 23/11/19 - Quilombos e Direito
Convidada: Emília Joana (IDP e Maré/UnB) e Lucas Araújo (PPGD/UnB e Maré/UnB) - confirmado

III) 07/12/19 - Constitucionalismo e Quilombos
III.1) O quilombo como movimento constitucional
III.2) Avaliação e Planejamento

Link com os textos (em atualização): https://drive.google.com/open?id=11CJAlqT__IKZ0lfcKzB4UE6CRuFYRRs3

quinta-feira, 29 de agosto de 2019

Dia Nacional da Visibilidade Lésbica: filme aborda afetividade entre mulheres negras


Curta-metragem protagonizado e produzido por profissionais negras será lançado entre outubro e novembro no Encontro de Cinema Negro Zózimo Bulbul

Texto / Nataly Simões | Edição / Pedro Borges | Imagem / Gabrielle Souza/Divulgação ,

“O amor entre mulheres negras é mais do que uma história de amor?”. Essa pergunta inspira o curta-metragem “Minha História é Outra”, filme protagonizado por mulheres negras que encontram novas formas de vivenciar a afetividade.

O curta-metragem traz duas histórias que mostram os limites e a potência do encontro entre as mulheres. A primeira é a da multiartista Niázia, uma moradora do Morro da Otto, quem abre a sua casa para compartilhar as partes mais importantes da sua vida na busca por autocuidado. Já a segunda é da estudante de direito Leilane, que enfrenta desafios para construir uma jornada de afeto.

Financiado pelo Edital de Fomento ao Audiovisual de Niterói 2018 e desenvolvido pelo Agô Yá – núcleo de criação e produção audiovisual composto por mulheres negras, “Minha História é Outra” ganhou uma página oficial no Instagram neste dia 29 de agosto, Dia Nacional da Visibilidade Lésbica.

Ana Beatriz Silva, co-fundadora e produtora executiva do núcleo, destaca que a data é uma conquista histórica articulada por mulheres negras, que tiveram sua participação na causa invisibilizada.

“Visibilizar Heliana Hemetério, Neusa das Dores, Soraia Menezes, Rosangela Castro e Verônica Lourenço se torna imprescindível em tempos de um cenário político que insiste em censurar formas de amar e de produzir narrativas diversas no âmbito audiovisual”, afirma.

No dia 15 de agosto, o presidente Jair Bolsonaro anunciou o fim do edital de financiamento de produções audiovisuais de diversidade de gênero e sexualidade. Em nota, a Associação de Profissionais do Audiovisual Negrxs (APAN) considerou que a medida sugere censura a projetos que trazem narrativas sobre pessoas negras e LGBTs.

“Nos causa espanto que seja mais importante ao representante máximo da nação confundir a opinião pública com ‘bravatas’ e ‘factóides’, atacando pessoas negras, lésbicas, gays e trans, do que combater o genocídio das populações negras’, diz o comunicado.

Segundo Ana Beatriz Silva, o “Minha História é Outra” cumpre um papel social importante diante de um histórico de produções audiovisuais carregadas de estereótipos sobre a população negra.

“O filme é um convite de mulheres negras que entenderam a importância de enegrecer o debate sobre sexualidades, encruzilhadas políticas que acionam o encontro do debate racial, relações de gênero e sexualidade em experiências de subjetivação de corpos-afeto”, explica a co-fundadora e produtora executiva do Agô Yá.

O curta-metragem será lançado no Encontro de Cinema Negro Zózimo Bulbul. A iniciativa de lançamento do cinema negro na América Latina ocorre de 23 de outubro a 3 de novembro.
 
Fonte: almapreta

Projeto “Africanidade nas escolas” chega a Escola Classe 19 Gama/DF (30/08)


Na próxima sexta-feira dia (30/08), os alunos da Escola Classe 19 do Gama – EC 19 receberão a segunda temporada do projeto “Africanidade nas escolas”. As apresentações teatrais e oficinas aconteceram no período matutino e vespertino.

Dentre as atividades, o espetáculo Tributo Africanidade – MADEB, com homenagem a heróis e heroínas negros e negras, seguido de oficinas de turbante e maquiagem com Agatha Mikaely; de Rap com Neemias; de samba com Erasmo; Breakdance e de Dança contemporânea com o Grupo Cultural Azulim e Capoeira e Percussão com Contramestre Biliu do Grupo Candeias.

Oficinas:
Turbante e maquiagem - Agatha Mikaely
Rap – Neemias MC
Samba – Erasmo
Breakdance - Grupo Azulim
Dança contemporânea - Grupo Azulim
Capoeira – Grupo Candeias
Oficina de abayomi – Neide
Percussão - Grupo Candeias

Teatro:
Diretor: Marcos Augusto
Diretor: Iranildo Gonçalves
Dançarinos: Grupo Azulim
Capoeiristas: Grupo Candeias
Ator: Neemias Silva (Neemias MC)
Atriz: Agatha Mikaely
Músico: Erasmo Magalhães

Mais infos: Projeto "Africanidade nas Escolas"

MC Soffia chama as meninas pra roda e comanda o baile funk, em nova música


“Passinho das Malokas” chega às plataformas

Por Claucio Brião, 
São Paulo (SP), 23 de agosto de 2019 – Abra espaço que MC Soffia está chegando para empoderar as meninas e colocar todo mundo para dançar com sua nova música “Passinho das Malokas”, disponível em todas as plataformas nessa sexta-feira (23/08).

A música é inspirada no “Passinho dos Maloka” – modalidade de dança surgida dentro da cultura funk, por garotos da periferia, para desconstruir a imagem padrão do funkeiro paulistano e debater a importância da negritude por meio tanto da dança quanto do visual.

Na versão “feminista” de Soffia, o passinho traz o batidão dos bailes, misturado com referências do pop e hip hop e chama as adolescentes para se soltarem e ocuparem o lugar de protagonistas nessa cena.

A música estará disponível. Assista:


Referência para outras garotas negras, MC Soffia está em Nova York para acompanhar a edição Brooklyn do AFROPUNK FEST – um dos maiores festivais de cultura negra do mundo.

Nascida em Raposo Tavares, Zona Oeste de São Paulo, MC Soffia começou a sua carreira aos seis anos e, hoje, aos 15, já é considerada um dos grandes nomes no rap nacional, ao produzir sons contestadores sobre paradigmas sociais.

Neste ano, já lançou as músicas “Money” e “É o Hype”, que farão parte de seu primeiro EP “Soffisticada”. O trabalho chega neste segundo semestre ao mercado, trazendo visibilidade para temas como o empoderamento feminino, autoestima e igualdade racial.
____________________________________________________
Sobre a MC Soffia

Soffia Gomes da Rocha Gregório Correia, mais conhecida como MC Soffia, é uma rapper, cantora e compositora brasileira. É conhecida pelas letras de suas canções, que falam sobre distorções sociais graves, como preconceito, racismo, machismo e que incentivam outras garotas a se amarem do jeito que são. Começou a sua carreira aos seis anos, logo após participar do projeto “O Futuro do Hip Hop”. Hoje, com 15, gosta de produzir sons contestadores sobre paradigmas sociais. Para ela, nascida e criada na periferia de São Paulo (SP), o rap significa “música de força e resistência”. A rapper já se apresentou em grandes eventos, como a Virada Cultural de São Paulo e o Festival Afro-Latinidades, em Brasília. Ao lado do ator Jean Paulo Campos, a artista foi uma das dez estrelas mirins do Dancing Brasil Junior, apresentado por Xuxa Meneghel, na Record TV, em dezembro de 2018. O trabalho da rapper paulistana foi reconhecido internacionalmente por contribuir para melhorar a vida das pessoas de todo o mundo. MC Soffia foi convidada a integrando um grupo de 52 jovens ativistas retratadas na publicação inglesa “Resisters: 52 Young Women Making Herstory Right Now”, da jornalista Lauren Sharkey, lançada em fevereiro de 2019. Em agosto, durante o 47º Festival de Cinema de Gramado (RS), MC Soffia fez sua estreia no cinema, com o filme O Homem Cordial, dirigido por Iberê Carvalho, com Paulo Miklos e o rapper Thaíde no elenco. Ainda neste semestre, a artista lançará seu primeiro EP, Soffisticada. O compacto, produzido de forma independente, é formado por cinco músicas inéditas, das quais, MC Soffia assina a letra e a música, sendo uma delas em parceria com o produtor Lucas Spike (Recayd Mob).



Fonte: geledes

quarta-feira, 28 de agosto de 2019

Grupo que pesquisa religiões afro-brasileiras pede apoio para apresentar trabalhos em Harvard


Pesquisadores buscam auxílio por meio de vaquinha virtual 
 
Por Juliana Pereira,
Entre os dias 11 e 13 de dezembro deste ano ocorrerá na Universidade de Harvard o Primeiro Encontro Continental de Estudos Afro-Latino-Americanos. O grupo Calundu, ligado à Universidade de Brasília (UnB), que reúne pesquisadores voluntários de diferentes áreas, teve proposta aprovada para o evento de um painel intitulado “Desafios contemporâneos para o exercício de fé do Povo de Santo no Brasil”.

Em sua programação, o painel conta com a apresentação de quatro importantes trabalhos científicos, que propõem diálogos sobre tradições, resistência negra e racismo contra os adeptos das religiões afro-brasileiras. Esta é uma temática de grande importância social e de grande peso no Brasil. Para além de fé, diz respeito a tradições populares, artísticas e culturais, reconhecidas de diferentes formas como patrimônio histórico nacional. Diz respeito também à vasta herança negra preservada no Brasil pelas comunidades dos terreiros de Candomblé, Umbanda, Tambor de Mina, Batuque, Terecô e outras várias religiões, mesmo com todo o estigma e violência que sofrem. Contudo, os trabalhos só serão apresentados caso os seus autores consigam financiar despesas como passagens, hospedagem, alimentação e translado nos Estados Unidos. Com o objetivo de resolver a problemática de financiamento, o Calundu abriu uma vaquinha virtual visando à arrecadação dos recursos necessários.

“Trata-se de um evento de peso, organizado por uma das universidades mais seletivas e de maior prestígio no mundo. Então, falar de temáticas que giram em torno das religiões afro-brasileiras em uma universidade como a de Harvard será muito valioso para difundir o trabalho do Calundu. Mais ainda, para apoiar a nossa constante luta contra o racismo religioso que seus adeptos sofrem”, conta Guilherme Nogueira, membro do grupo.
 

Saiba mais sobre o Calundu

O Calundu – Grupo de Estudos sobre Religiões Afro-Brasileiras (Grupo Calundu) é vinculado ao Departamento de Sociologia da Universidade de Brasília, em sua linha de estudos Feminismo, Relações de Gênero e de Raça. Trata-se de um grupo interdisciplinar, que reúne estudantes de graduação e pós-graduação da UnB, bem como profissionais sem vínculo com a comunidade acadêmica, interessados em leituras e debates sobre a área temática do grupo. O grupo realiza reuniões públicas, aberta a quaisquer interessados, desenvolve projetos de educação voltados a escolas de ensino médio, variadas pesquisas e coordena e edita a Revista Calundu, que publica trabalhos sobre a temática das religiões afro-brasileiras, produzidos tanto por acadêmicos quanto por praticantes.

O grupo, ademais, se posiciona contra todas as formas de racismo (intolerância religiosa, inclusive), misoginia, homofobia e todas as outras formas de violência e violações de Direitos Humanos, buscando combatê-las por meio de seu trabalho acadêmico. Seu trabalho pode ser mais bem conhecido no site http://calundu.org.

Conheça os pesquisadores aceitos no evento em Harvard e os seus temas de pesquisa

Andréa Guimarães Ominfasina – É Egbomi do Centro Cultural Ore, Ilé Egbe Ifá, de Uberlândia-MG, mestre em Direito, professora de Direitos Humanos e defensora dos direitos dos povos de terreiro. O seu trabalho no painel irá apresentar o histórico de violências e discriminações sofridas pelos povos de terreiro, em especial, o “Quebra de Xangô” movimento de perseguição religiosa ocorrido em 1912 na cidade de Maceió, e a continuidade dessas ações em recentes casos de racismo religioso sofridos pelas comunidades em todo o Brasil, que estão sendo impedidas de utilizar seus atabaques nos seus cultos pela alegação de perturbação do sossego ou “poluição sonora”.

Ariadne Oliveira – É pesquisadora da área de Ciência Política e mestre em Direitos Humanos. Seu painel trará um panorama histórico das violências e perseguições sofridas pelos cultos afro-brasileiros, mostrando, a partir dessas violências, como o racismo as estruturam. A ideia é fazer essa análise a partir de casos emblemáticos que expressam um panorama das variadas formas de discriminação e violações às religiões e cultos afro-brasileiros.

Guilherme Nogueira – Tata Mub’nzazi – É ogã e sociólogo, tendo feito seu doutorado na Universidade de Brasília. Seu trabalho no painel se intitula debaterá as diferentes maneiras como as religiões de matrizes africanas são entendidas no Brasil, a partir de uma compreensão de tradição – êmica e acadêmica – e defenderá a longevidade e profundidade do movimento de atualização de práticas afrorreligiosas neste país, auxiliado por indígenas e forçadamente sincretizado com o Catolicismo, bem como a resistência que sempre manteve contra as violências da colonização e colonialidade.

Nathália Fernandes – É pesquisadora em Ciências Sociais e cursa o doutorado em Estudos Latino-americanos. O seu trabalho no painelpretende trazer um breve panorama da criminalização histórica e prática discriminatória contra as religiões de matrizes africanas no Brasil, explicitando as categorias: intolerância religiosa, discriminação e racismo religioso. Explicando, ainda, a relação entre o racismo presente na formação da América Latina e o fenômeno da discriminação contra as religiões afro-brasileiras no Brasil nos dias de hoje.

Serviço

O quê? Vaquinha para auxiliar pesquisadores sobre religiões afro-brasileiras a apresentarem trabalho em evento na Universidade de Harvard
Quando? O evento ocorrerá em dezembro de 2019
Acesse aqui a vaquinha

SINPRO-DF TEM PROPOSTA PARA A EDUCAÇÃO E A SEGURANÇA PÚBLICAS


Desde o início do ano, o Sindicato dos Professores no Distrito Federal (Sinpro-DF) tem mostrado que a militarização das escolas públicas não é solução para a violência social que recrudesce a cada dia no Distrito Federal (DF) e muito menos para o problema da indisciplina de alguns estudantes.

Esta semana, dois crimes ocorridos na porta de duas escolas públicas demonstraram o argumento do Sinpro-DF. No Centro Educacional (CED) 07, de Ceilândia, 20 policiais militares que atuam na escola não impediram que um adolescente esfaqueasse o outro na porta da escola.

O estudante esfaqueado no Centro de Ensino Fundamental (CEF) 407, de Samambaia, uma escola em processo de militarização, é outro exemplo da ausência da Polícia Militar (PM) nas ruas, executando as suas competências originárias.

Antes desses crimes ocorrerem, e por causa da defesa intransigente do Sinpro-DF contra a militarização (intervenção militar), o governador Ibaneis desafiou o sindicato a apresentar uma proposta para o DF. A proposta já existe, foi elaborada democraticamente por todos os setores envolvidos com a Educação.

A proposta do Sinpro-DF, portanto, passa pelo investimento de recursos financeiros e humanos na educação pública e gratuita e na segurança pública. Confira aqui a proposta do sindicato para a segurança.

1) Mais investimento na educação pública do DF.
2) Cumprimento das 21 Metas do PDE.
3) Contratação imediata por concurso público de 3 mil professores e 700 orientadores educacionais.
4) Colocar uma dupla de policiais do Batalhão Escolar da PM na porta de todas as escolas.
5) Retornar com as duplas de policiais (Cosme e Damião) circulando nas ruas e comércios das cidades.

PROPOSTA PARA A EDUCAÇÃO
Na proposta de educação, o sindicato lembra o governador que o projeto já está pronto e é lei. Basta ele cumprir as 21 Metas do Plano Distrital de Educação (PDF), valorizar a categoria, investir dinheiro público no setor e se empenhar em formar cidadãos e cidadãs.

Faz parte da proposta para a educação, a realização de concurso público para contratação de três mil professores e setecentos orientadores educacionais. Esses são os números de carência de profissionais da educação neste mês de agosto de 2019.

Importante destacar que a função do orientador educacional é justamente desempenhar ações que, dentre outras coisas, combatem o bullying, mediam conflitos e outras formas de discriminação e violências advindas da sociedade refletidas dentro da escola.

PROPOSTA PARA A SEGURANÇA PÚBLICA
Para a segurança pública, a primeira coisa a ser feita é acabar com o desvio de função de PM que estão atuando dentro das escolas públicas. Faz parte da proposta do Sinpro-DF para a segurança pública e para a Polícia Militar, a valorização da categoria com melhores condições de trabalho, concurso público para cobrir a falta do efetivo e adotar, definitivamente, o Batalhão Escolar, do lado de fora de todas as escolas públicas, como havia no DF até o ano de 2007.

Em vez de colocar entre 20 e 25 policiais militares dentro das unidades escolares, colocá-los no policiamento de duplas, no estilo Cosme e Damião, com viaturas novas e equipadas, para patrulhar as ruas das cidades satélites onde as escolas estão inseridas.

PROPOSTA PARA COMBATER A VIOLÊNCIA
Combater a violência passa por investimento financeiro público na segurança, educação, cultura etc. Por isso, o combate à violência passa pela Pasta de Economia e Finanças do Governo do Distrito Federal (GDF). Comprovadamente, em todos os países do mundo que superaram o problema da violência social, a Pasta das Finanças e Economia atuou investindo dinheiro público nas políticas sociais.

Essa, portanto, é a forma mais eficiente de se combater a violência na cidade e no país: é investindo o dinheiro público na criação de emprego e renda, lazer, educação, esporte, cultura, saúde, segurança. É investindo no bem-estar da sociedade e não congelando o orçamento público nas áreas sociais e desviando-o para dentro do sistema financeiro. Segurança pública está diretamente relacionada com investimento social.

Com educação, emprego, renda, moradia, saúde, cultura e um Estado de bem-estar social pleno, realmente em funcionamento, a violência acaba. Por isso, a proposta do Sinpro-DF é muito simples: é fortalecer o PDE. É um projeto em curso, já foi testado com sucesso no Distrito Federal. Outras duas ações já testadas e bem-sucedidas foi a presença diuturna do Batalhão Escolar na porta das escolas e a vigilância da dupla Cosme e Damião pela cidade.

Portanto, é só o governador querer e fazer que ele irá mudar a realidade social e barrar a violência. O psicanalista Sigmundo Freud, no início do século XX, em carta dirigida a Albert Einstein, quando este lhe perguntou como acabar com a guerra, disse que o jeito mais eficiente para isso seria um choque de cultura na sociedade.

O Sinpro-DF, portanto, aconselha o governador a investir em cultura, educação, segurança e demais políticas públicas sociais que formem cidadãos e cidadãs. Essa sim é a única forma de se fazer um bom governo e a única solução eficaz e eficiente para as mazelas sociais.

Fonte: Sinpro-DF

Cinco mulheres negras que transformam a realidade nas periferias

 
Atuantes em projetos sociais, mulheres negras lutam para melhorar as perspectivas de quem vive em regiões periféricas

Texto / Lucas Veloso e Nataly Simões | Edição / Pedro Borges | Imagem / Reprodução
Envolvidas em projetos que buscam superar as desigualdades sociais e raciais, as mulheres negras exercem um papel importante nas periferias de todo o Brasil. É o caso destas cinco mulheres que, de diferentes maneiras, lutam para melhorar a realidade das regiões onde vivem.

1. Eliete Paraguassu
Eliete Paraguassu(Foto: Reprodução)
 
Eliete é moradora da Ilha da Maré, uma comunidade negra e rural da Baía de Todos os Santos, em Salvador. Ela é uma das lideranças mais importantes contra a contaminação da água e os empreendimentos que poluem o meio ambiente, causando a morte de peixes e dos mariscos na região.

Defensora do patrimônio natural da Ilha, ela já se envolveu em diversos movimentos que denunciam a situação na região. Em maio deste ano, apresentou uma denúncia ao Conselho Nacional de Direitos Humanos (CNDH) que inclui atestado sobre a exposição química no local e o pedido de ações para a solução dos problemas.

2. Jéssica Moreira
Jessica
(Foto: Reprodução)

Natural de Perus, bairro na Zona Noroeste da cidade de São Paulo, Jéssica conheceu os movimentos sociais por ali mesmo. A Comunidade Cultural Quilombaque foi o primeiro movimento em que se envolveu, quando ainda estava na faculdade de Jornalismo.

Em 2012, escreveu um livro sobre a história local e criou um site para falar sobre o Movimento pela Reapropriação da Fábrica de Cimento de Perus, espaço abandonado na região. Ela também faz parte do coletivo Nós, mulheres da periferia, criado para contar histórias de mulheres que vivem nas bordas da cidade.

3. Gleide Davis
Gleideee
(Foto: Reprodução)

Nascida em Salvador, na Bahia, Gleide teve seu primeiro contato com a militância em 2013, época em que foi convidada para adminstrar a página Feminismo Sem Demagogia no Facebook. Hoje, ela atua no coletivo Sarau do Cabrito, que promove atividades voltadas para arte, cultura e cidadania na região periférica da capital baiana.

Gleide também está no último período do curso de Serviço Social na Universidade Federal da Bahia (UFBA) e constrói sua militância de forma independente nas redes sociais, especialmente em seu canal no YouTube, onde promove o debate sobre gênero, classe e raça, além de diversidade sexual.


4. Thamyra Thâmara

Thamyra
(Foto: Reprodução)

Moradora do Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro, Thamyra é responsável pela Casa Brota. Pensada com alguns amigos, o espaço é onde as pessoas do entorno encontram oportunidades para pensar negócios e ideias na favela.

Outra idealização de Thamyra é o projeto Favelados pelo Mundo. Na companhia do namorado Marcelo Magano, ela já viajou para países como Angola, Colômbia e México e usa a chance para dar dicas de como aproveitar os lugares gastando pouco dinheiro. Atualmente, os dois estão na Ilha de São Tomé e Príncipe, no continente africano.

5. Karen Oliveira
karen
(Foto: Reprodução)

Karen faz parte de movimentos voltados para a cultura hip hop nas periferias de Ilhéus e Salvador. Graduada em Comunicação Social, ela atua como poeta, MC, produtora cultural e é uma das articuladoras da Batalha das Bruxas, a única batalha de rima voltada para a população feminina na capital baiana.

Neste ano, Karen foi homenageada pelo Prêmio Mãe Ilza Mukalê devido à relevância do seu trabalho na região.

Fonte: almapreta

terça-feira, 27 de agosto de 2019

Como a violência doméstica impacta a saúde mental

 
Quadros de ansiedade e depressão são comuns em mulheres que sofrem abusos contínuos. Baixa autoestima também costuma estar associada

Por ÉRICA MONTENEGRO, 

A violência doméstica provoca sérias consequências psicológicas nas vítimas. Mulheres que sofreram abusos contínuos podem desenvolver quadros de ansiedade e depressão. O medo de uma agressão física ou de uma situação de confronto costuma deixá-las em um estado de estresse constante ou em uma permanente apatia.

“A violência física costuma estar acompanhada de uma violência psicológica sistemática, e isso pode provocar um adoecimento mental”, afirma Izis Morais Lopes dos Reis, doutora em antropologia e servidora do Ministério Público do Distrito Federal, que coordena um grupo de acolhimento às vítimas no Recanto das Emas. “As mulheres ficam com um receio permanente de que algo que elas façam desencadeie uma reação agressiva do parceiro, isso gera muito estresse”, completa.

Responsável pelo acolhimento das vítimas de violência no Instituto Umanizzare, a psicóloga Géssika Alline Silva relata que é comum recebê-las com a autoestima profundamente abalada e com várias crenças limitantes. “Elas não se sentem capazes de assumir o controle das próprias vidas, e são justamente essas falsas crenças que trabalhamos para quebrar”, comenta.

De acordo com Géssika, as mulheres que viveram abusos dentro de casa geralmente têm um baixo nível de investimento pessoal, isso significa que não estão mais acostumadas a ouvir e a atender os próprios desejos. “Para resgatá-las, incentivamos que elas façam coisas que as deixem felizes e satisfeitas”, detalha.

Outra ação desenvolvida no Umanizzare para o fortalecimento das vítimas é esclarecê-las sobre seus direitos. “Ao saberem que há uma lei que as protege e que elas podem resolver as questões com o apoio da Justiça, elas se sentem mais tranquilas”, relata Géssika.

Insônia
 
A sensação de medo muitas vezes se torna física, com o desenvolvimento de taquicardia ou insônia. “O adoecimento das vítimas é uma realidade, muitas suportam a sensação de medo apenas com remédios controlados: para dormir, para evitar a depressão, para controlar a ansiedade”, afirma a pesquisadora Véronique Durand, que lidera um curso de pós-graduação para o atendimento de vítimas de violência doméstica na UniRedentor (RJ).

As especialistas não arriscam traçar um perfil psicológico de quem estaria mais suscetível a ser vítima de violência doméstica. “Não há um traço de personalidade definidor, mas há contextos sociais que colaboram para isso”, relata Véronique. Mulheres que, em seu histórico familiar, sofreram abusos ou presenciaram situações de violência entre os pais tendem a reproduzir o padrão em relacionamentos. “Não é uma regra absoluta, mas quem um dia percebeu isso como natural está mais sujeita a envolver-se com um parceiro violento”, pondera Véronique Durand

Fonte: Metrópoles

Roda de conversa de Homens Negros (28/08)



A cada 23 minutos morre um jovem negro no Brasil.
O que você homem preto tem haver com isso.
Restaurante Simbaz. 19:30. Gratuito.

#MasculinidadeNegra #homensnegros #bsb

Jovem desenvolve aplicativo gratuito de prevenção ao suicídio: “Tá Tudo Bem?”


“Tá Tudo Bem?” oferece auxílio e informações sobre suicídio, além de um botão emergencial para entrar em contato com pessoas de confiança ou com o CVV (Centro de Valorização da Vida).

A jovem Aline Bezzoco, 29 anos, do Rio de Janeiro, desenvolveu há dois anos o aplicativo Tá Tudo Bem? que funciona como uma ferramenta de auxílio para a prevenção ao suicídio. Inicialmente, o projeto nasceu com o propósito de desmitificar o tema, após ela ouvir comentários preconceituosos de uma pessoa que conhecia sobre uma amiga que tinha tentado se suicidar.

Mas, com a supervisão de sua psicóloga, Wanessa Lisbôa, ela foi aperfeiçoando o aplicativo, que hoje, não só informa, mas auxilia o usuário.

“Como faço terapia há alguns anos, algumas das funcionalidades são baseadas nas experiências que eu já tive. O Diário de Gratidão, por exemplo, é baseado em uma das escritas terapêuticas que faço comigo mesma, listando todas as coisas boas que aconteceram comigo”, explicou. 
Aline é desenvolvedora front-end e criou o app Tá Tudo Bem? com supervisão de sua psicóloga. Foto: Arquivo pessoal

Entre as funcionalidades do aplicativo, estão os botões emergenciais: “preciso falar com alguém” e “preciso de ajuda”. O primeiro é um texto escrito pela psicóloga com o objetivo de acalmar o usuário, no final dele, tem um botão para ligar para o CVV (Centro de Valorização da Vida).

O segundo, é a primeira tela que aparece para o usuário antes mesmo de acessar outras abas do aplicativo. Nele, a pessoa liga automaticamente para o CVV ou para a pessoa que ele cadastrou como contato emergencial.
  
Print do aplicativo "Tá Tudo Bem?"
 Print do aplicativo "Tá Tudo Bem?"

Há também ferramentas de meditação, textos sobre mitos do tema, mensagens diárias de apoio emocional e muito mais.

“O retorno tem sido bastante positivo. Fico feliz quando as pessoas me mandam mensagens agradecendo pelo aplicativo, dizendo o quanto ajudou ou quando algum psicólogo diz que a ideia é boa e válida, pois sei que estou no caminho certo. Há também as críticas, mas no geral são construtivas e acho válido para as melhorias do aplicativo”, afirmou.
  
Print do aplicativo "Tá Tudo Bem?" 
 
Print do aplicativo "Tá Tudo Bem?" 
 
Print do aplicativo "Tá Tudo Bem?"

A Aline ainda deixa bem claro que o aplicativo não substitui uma ajuda profissional. Outro detalhe, ele está disponível apenas para Android, mas, recentemente, após um financiamento coletivo, ela conseguiu pagar um ano de licença na Apple Store, ou seja, em breve estará disponível para iOs!

Um pouco mais sobre esta mulher maravilhosa!

Atualmente, a Aline é desenvolvedora front-end e trabalha numa empresa de tecnologia. Também voluntária como mentora e uma das organizadoras da WomakersCode RJ, uma iniciativa que visa capacitar e trazer mais mulheres para a área de tecnologia oferecendo oficinas de programação, circuito de palestras, hacking de carreira, entre outros.

“Além disso tenho um outro projeto que é o The Black Women History, uma API que mapeia todas as mulheres negras que fizeram e fazem parte da história do Brasil e do mundo”, conclui.

Maravilhosa! <3 span="">
________________________________________________________________

segunda-feira, 26 de agosto de 2019

A Emergência das Mulheres Negras na Política Brasileira: Boas Novas no Cenário de Salvador


por Bruna Rocha,
Direito à vida e à liberdade. Igualdade racial. Direito ao trabalho, ao emprego e à proteção das trabalhadoras negras em todas as atividades. Direito à terra, território e moradia/direito à cidade. Justiça ambiental, defesa dos bens comuns e a não-mercantilização da vida. Direito à seguridade social (saúde, assistência e previdência social). Direito à educação, à justiça, à cultura, informação e à comunicação. Direito à paz e a uma segurança pública que não extermine o povo negro. Estes foram os pontos da carta apresentada aos brasileiros pela I Marcha Nacional de Mulheres Negras, realizada por mais de 50 mil mulheres em 18 de novembro de 2015, em Brasília.

Desde então, foram muitas caminhadas, encontros e marchas estaduais, municipais e ramificações da articulação que teve como diferencial a dimensão nacional e com repercussão pública. “Nossos passos vêm de longe” é o que afirmam pretas ao compreender a dimensão histórica, ancestral da resistência negra e feminina nas lutas pelos direitos humanos no Brasil e no mundo. Sacerdotisas como Makota Valdina, lideranças como Lélia Gonzalez, artistas como Carolina Maria de Jesus, estão em nossa memória para mostrar que independente da circunstância de dor, sempre houve mulheres negras tecendo a rede de tecnologias sociais responsáveis pela sobrevivência de todo o povo. A conexão entre ancestralidade e o modus operandi de mulheres negras na luta pela sobrevivência pode ser ilustrada pela publicação coletiva “Mulheres Negras: táticas e políticas do cotidiano”

O racismo e o machismo estrutural, entretanto, seguem se materializando nas mais diversas formas de violência para interditar o processo de liberdade, autonomia e protagonismo das mulheres negras. A Câmara Federal conta com 436 deputados homens e 77 deputadas mulheres, sendo apenas 13 delas negras e uma indígena – a primeira eleita na história do país: Joenia Wapichana, de Roraima. Dentre as negras, Aurea Carolina, de Minas Gerais e Talíria Petrone, do Rio de Janeiro, ambas companheiras partidárias de Marielle Franco, quinta vereadora mais bem votada na cidade do Rio de Janeiro, cujo mandato foi interrompido pelo brutal assassinato da liderança da Maré, das mulheres, das LGBTs e de toda a população negra do Rio. O assassinato de Marielle foi um recado, mas a respostas das mulheres negras pode ser ilustrada na música da cantora baiana Josyara: “não vamos voltar pras senzalas não, não vamos voltar pros porões, não vamos voltar pros armários, não vamos voltar pras prisões”. 
 
Marcha das Mulheres Negras Contra o Racismo, a Violência e pelo Bem Viver em Brasília em 2015. 
Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil

PODER É BOM, E AS PRETAS QUEREM TAMBÉM: O movimento de mulheres negras e a disputa pela Prefeitura de Salvador

Salvador é a cidade mais negra fora da África, no entanto, os espaços de decisão e os circuitos por onde circula o dinheiro da cidade são esmagadoramente brancos. Um conjunto de opressões estruturais como o desemprego, o subemprego, os problemas de saneamento, Educação, Saúde e Segurança submetem a maioria esmagadora da população – negra, da cidade, a condições de muita dificuldade, mas também resistência. E esta resistência se materializou em quatro possíveis candidaturas negras pata as eleições municipais em 2020: Vilma Reis, Olívia Santana, Silvio Humberto e Vovô do Ilê.

Foi na caminhada do 2 de Julho deste ano que Vilma Reis se lançou à candidatura para a Prefeitura de Salvador, que atualmente é governada pelo herdeiro de uma família coronelista e autoritária da Bahia – Os Magalhães. “Este racismo institucional precisa ser interrompido, e ele não será interrompido senão por uma iniciativa política, coletiva, gigantesca, de mulheres negras. Como bem disse Marielle Franco: romper com a cidade-negócio e propor uma cidade de direitos”, foi como Vilma iniciou o bate-papo com a Afirmativa, no auditório do Centro de Estudos Afro-Orientais da UFBA, no bairro do Dois de Julho. Foi lá que a socióloga defendeu, em 2005, sua dissertação intitulada Atucaiados pelo Estado – As políticas de segurança pública implementadas nos bairros populares de Salvador e suas representações (1991- 2001)– e onde passou e passa boa parte de seus dias, na articulação entre a universidade e a luta nos territórios, ou como ela mesma disse, “entre o Terreiro do Cobre e o Ceafro”.

Integrante do Coletivo Mahin – Organização das Mulheres Negras, Vilma começou sua trajetória no Movimento em Defesa da Escola Pública, na Cidade Baixa, na Escola Preciliano Silva e no Colégio Costa e Silva, com apenas 16 anos. Nos anos 90, participou da articulação do Coletivo de Mulheres Negras da Bahia, que culminou no II Encontro Nacional de Mulheres em Salvador, em 91, além da reconstrução do Fórum de Mulheres de Salvador, em 96, e da organização, junto a outras mulheres como Carmem Sacramento e Terezinha Barros, entre outras, do 12º Nacional Feminista, marco da luta das mulheres negras por protagonismo na pauta feminista.

“Eu digo que é um divisor de águas, pois havia um grande debate naquela época sobre se nós, mulheres negras éramos feministas e eu lembro que em 1995 Luiza Bairros escrevia o artigo, que hoje é um clássico, chamado Nossos Feminismos Revisitados e posiciona o feminismo negro como uma experiência vivenciada por mulheres negras. Então a gente vai se mover por essa fala de Luiza e vamos fazer um enfrentamento no campo Feminista e dizer: nós somos feministas sim!”.

Vilma Reis faz questão de afirmar que integra um projeto político coletivo. Se compreende como um quadro forjado na luta e no esforço das mulheres negras, a quem atribui sua trajetória desde experiência em estudar Governança na Universidade de Howard, nos anos 90, em Washington, através de um programa de Intercâmbio, viabilizado entre a ONG Criola e o Global Exchange até a pré-candidatura à Prefeitura de Salvador.

“Tudo que a gente está apresentando nesse momento, construímos politicamente nos últimos 25 anos em Salvador. O processo da candidatura vem com um compromisso coletivo de pautar a cidade, repensar a cidade, botar a cidade num ritmo de debate, de levantamento das suas questões e numa posição de que nós, mulheres negras, somos os sujeitos políticos mais importantes dessa cidade”. 
 
Vilma Reis Foto: Reprodução

Também conversamos com Olívia Santana, primeira deputada autodeclarada negra eleita na Assembléia Legislativa da Bahia. Vice na chapa de Nelson Pellegrino em 2012, a deputada é um dos nomes negros cotados para o pleito à Prefeitura de Salvador.

“Historicamente são os homens brancos e ricos que ocupam os espaços de poder. Nós, mulheres, conseguimos no século passado conquistar o direito ao voto e só agora estamos materializando o direito de sermos votadas. Das mulheres negras, o que se espera é o pano de chão, a bacia da roupa, o fogão. Não se associa a imagem das mulheres negras ao exercício do poder. A sociedade ainda nos nega, sistematicamente, o acesso ao sistema de representação política”, denunciou.

A liderança, referência na luta racial e feminista, que já está há alguns anos disputando as trincheiras da política institucional, nos falou dos impasses de fazer luta política sendo mulher negra:

“O financiamento das campanhas também é o maior gargalo. É uma luta para entrar no partido, para se candidatar, ter acesso ao financiamento de campanhas, tanto dentro do partido como fora. Nossas candidaturas, de mulheres, negros, trabalhadores e outros segmentos socioeconômicos vulneráveis são as que mais precisam do financiamento público de campanha. Por isso é importante o financiamento público e, para as mulheres, a Lei dos 30% de candidaturas e de acesso ao Fundo Eleitoral”.

Olívia começou sua trajetória no Movimento Estudantil e enfrentou a violência policial para defender estudantes no regime autoritário de Antônio Carlos Magalhães, foi Secretária de Política para as Mulheres e chefiou a de Secretaria do Trabalho, Emprego, Renda e Esporte do da Bahia antes de assumir o mandato como deputada. Ela defende que a perspectiva do empoderamento político de mulheres negras precisa acontecer pela coletividade. “Somos 10 mulheres na ALBA. Eu me autodeclaro negra e assumo a pauta antirracista. Não quero ser exceção. Quero ser parte da regra. Precisamos de mais mulheres negras eleitas! A sociedade precisa ter uma visão do quão chocante é essa ausência negra no parlamento e postos de comando, especialmente em um estado como a Bahia”, prospectou. 
 
Olívia Santana Foto: Reprodução

Virou Semente: Fórum Marielles debate inserção de mulheres negras na política

O Fórum Marielles é uma iniciativa de mulheres mulheres negras, integrantes de diversas frentes, coletivos, representantes de diferentes setores, para pensar, permanentemente, a ocupação de mulheres negras nos espaços de decisão.

“Não só as mulheres negras tem dificuldade de assumir o comando, porque na representação social a gente tá no mundo pra servir, quando ocupamos estes espaços, somos muito facilmente punidas se cometermos qualquer erro, porque o aparato simbólico e social nunca é favorável para nós”, afirmou a antropóloga Ângela Figueredo, coordenadora do coletivo Ângela Davis e uma das articuladoras do Fórum. “A gente tá no lugar pra servir o cafezinho, a gente tá nos lugares pra fazer a infraestrutura, mas nunca pra brilhar”, pontua Ângela, que há mais de 10 anos trabalha com formação acadêmica de mulheres negras, em diálogo com o movimento social. Sobre esse tema, encontramos outro trabalho de pesquisa, chamado De “tia-do-café” à parlamentar: a sub-representação das mulheres negras e a reforma política, de Rayane Cristina de Andrade Gomes, na Revista Sociais e Humanas, volume 31, publicada em 2018.

Outras lideranças, como Olívia Santana e Vilma Reis, Marta Rodrigues, que é vereadora de Salvador, as professoras Lindinalva Barbosa, Denise Ribeiro e Claudia Pacheco, a atriz Vera Lopes, Eva Bahia, e muitas mulheres ativistas e acadêmicas e organizações de mulheres negras como o Instituto Odara, estão na articulação do Fórum, que começou em uma reunião em Salvador, no dia 14 de março de 2019 – um ano do assassinato de Marielle Franco. No dia 23 de julho, dois dias antes da Marcha das Mulheres Negras, o fórum apresentou sua carta pública à sociedade brasileira.

“Somos herdeiras do legado de Marielle, legado esse marcado pela luta pelos Direitos Humanos, LGBTs, Mulheres e, sobretudo, do combate ao racismo”, pontuou Ângela.

O Fórum segue com atividades permanentes, em diálogo com mulheres negras que já ocupam espaços de decisões e também no processo de articulação, fortalecimento e formação de redes de mulheres negras para que elas ocupem os espaços de poder e permaneçam, sobrevivam à violência institucional e consigam romper com as trajetórias traçadas pelo racismo. “A gente não quer que essas vozes emerjam apenas após as tragédias. A gente quer estimular as mulheres a sair do lugar de quem faz o cotidiano, mas não assume as posições de comando. A gente quer estimular as mulheres à vereança, às reitorias das universidades, diretoras de escolas. Deslocar esse eixo em que ficamos sempre nos bastidores e desenhar um mundo em que as nossas prioridades façam parte do projeto da cena política”.

Marielle virou semente e inúmeras iniciativas nasceram no sentido de perpetuar seu legado de empoderamento de mulheres negras. Este ano será lançado, pelo fundo Baobá, em parceria com o Instituto Ibirapitanga, Ford Foundation e Open Society Foundation, o Programa de Aceleração do Desenvolvimento de Lideranças Femininas Negras Marielle Franco, com o objetivo de apoiar financeiramente organizações, grupos, coletivos e lideranças femininas negras. Os editais serão disponibilizados no próximo dia 3 de setembro, para execução até 2024. As informações podem ser conferidas no site do Fundo Baobá, bem como o cronograma do Programa.


Este texto faz parte da série de reportagens da Revista Afirmativa “Reforma Política, e nós com isso?”, que debate acerca das políticas que interferem diretamente na vida dos segmentos populacionais brasileiros socialmente negligenciados. Entenda mais clicando na imagem.

Fonte: revistaafirmativa