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quinta-feira, 31 de julho de 2014

CULTNE | Guerreiras Brasileiras: Luiza Mahim


Sobre o ano de nascimento de Luiza Mahin, não da para definir. Ela teria vindo para o Brasil, embarcada no Forte de El-Mina ou São Jorge da Mina, localizado no antigo reino de Daomé. Os escravizados enviados por lá são em geral prisioneiros de guerra ou capturados na região de "Biad-Es-Sudan" -- em grande maioria praticantes do Islamismo. Outro dado interessante é que Mahin do sobrenome dela, na verdade é referencial a sua descendência da etnia mahi povo ioruba, também de Daomé. E outra informação não confirmada é que ela pudesse ser uma princesa, por isso o grau de formação política que tinha.

A discrição física de Luiza Mahin é comum em qualquer fonte de informação: negra, baixa, magra e bonita de personalidade forte, solidária, mas um tanto sofrida. Profissionalmente era vendedora de quitutes e teria obtido a liberdade em 1812. Essa data é colocada com referencia de seu nascimento, mas sem documentos oficiais para confirmação. Religiosamente Luiza era mulçumana, se negando a ser submetidas aos ritos católicos sistematicamente. Era letrada em árabe e lia o Alcorão, sendo inclusive responsável pela disseminação das palavras do profeta Maomé aos negros não convertidos. Além das ações de organização das mulheres brasileiras é importante destacar também o processo de mobilização das mulheres negras. A presença mais organizada das mulheres negras no âmbito do movimento feminista ocorre a partir de 1985. Atuantes nos movimentos feministas e negro desde seu ressurgimento em meados da década de 1970, até esse momento as mulheres negras constituíam-se como sujeitos implícitos em ambas as frentes de luta (Ribeiro, 1995). 

Destaca-se como grande marco desse processo de organização a realização do I Encontro Nacional de Mulheres Negras (Valença, Rio de Janeiro, 1988), que contou com a participação de 450 mulheres negras de 17 estados e foi precedido por um número considerável de encontros e seminários em nível estadual. A realização desse evento foi definida durante o IX Encontro Nacional Feminista (Garanhuns, Pernambuco, 1987), como resultado dos debates e críticas levantadas pelas mulheres negras sobre a ausência da questão racial na pauta do evento (Ribeiro, 1995).  Em 1991 foi realizado o II Encontro Nacional de Mulheres Negras (Salvador, Bahia). No período que se estendeu entre o primeiro e o segundo encontro nacional, o movimento de mulheres negras organizou-se, criando grupos, núcleos e fóruns estaduais. Em 1994, a partir de resolução elaborada durante o II Seminário Nacional de Mulheres Negras - Respostas Organizativas das Mulheres Negras no Fim do Século, foi criada a Articulação Nacional de Mulheres Negras. Ao longo da década de 1990, o movimento de mulheres negras envolveu-se fortemente nas discussões das Conferências Mundiais da ONU, destacando-se a Conferência Internacional sobre População e Desenvolvimento (Cairo, 1994) e a IV Conferência Mundial sobre a Mulher (Beijing, 1995). A intervenção das mulheres negras nesses espaços contribuiu de forma decisiva para ampliar e fortalecer a abordagem e discussão da questão racial em âmbito internacional (Ribeiro, 1995). 

Nos anos 2000 e 2001, a temática do racismo e da discriminação racial esteve em pauta em nível internacional por ocasião da III Conferência Mundial contra o Racismo, a Discriminação Racial, a Xenofobia e Intolerâncias Correlatas (Durban, África do Sul, 2001). No Brasil, o processo de preparação para a conferência teve início em abril de 2000 com a constituição de um Comitê Impulsor PróConferência, composto por lideranças de vários segmentos da sociedade.

Assista:


Imagens da TV Gazeta para o documentário " Sem " Anos de Abolição, realizado em 1988, ano do centenário da abiolição da escravatura do Brasil. Realização do Depto Musical da TV Gazeta com edição e texto e direção de Fernando Rozo e direção Geral de Pedro Vieir.

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