Muito se fala dos embates entre os Estados Unidos e China em sua Guerra Comercial, e das crises econômicas ou sociais em alguns países latinos. No entanto, pouco se foi discutido sobre a relevância destes fatos para a economia brasileira. Além disso, o que esperar da bolsa de valores brasileira e da economia interna frente aos acontecimentos ao redor do mundo? E ainda, qual o impacto das reformas que estão sendo discutidas pelos nossos governantes?
Os Estados Unidos e a China, desde a posse de Donald Trump como presidente americano, não se relacionam de forma amistosa. As duas maiores economias do mundo estão constantemente entrando em discussões sobre tarifas de importação e exportação. Do lado dos Estados Unidos, é evidente o interesse em favorecer a economia interna (o chamado protecionismo), dificultando a entrada de produtos chineses e de outros países em sua economia. Por outro lado, a China, – economia que detinha em 2018, aproximadamente 13 dos 84 trilhões de dólares do PIB mundial e se apresenta como a segunda maior economia do mundo atrás somente dos Estados Unidos –, continua com o interesse em realizar o bom trabalho que vinha fazendo em termos de crescimento econômico, mas desacelerou devido à diminuição significativa de suas exportações.
A expectativa de mercado é que ocorram acordos entre os Estados Unidos e a China no próximo ano. Estes acordos poderão reduzir significativamente o risco de uma recessão global, que vem pairando sobre os olhares de especialistas, e ainda irão contribuir de forma expressiva para o crescimento de países emergentes, como o Brasil.
Do lado dos Estados Unidos, a expectativa é a de continuidade na estabilidade do setor empresarial, que vem sendo construída com o governo Trump. Já do lado chinês, com uma possível redução das tarifas de importação americana, o interesse é o resultado positivo e a retomada da aceleração de setores industriais.
Em novembro foi divulgado o crescimento da produção industrial chinesa, que apesar de chegar a 4,7% no ano, não correspondeu à expectativa do mercado financeiro, que mensurava uma elevação de 5,2%, segundo a equipe de análise da XP Investimentos. Por sua vez, o interesse pela retomada da alta demanda por produtos chineses, atinge também a procura da própria China por produtos primários, como os commodities, o que também acaba favorecendo a economia brasileira.
Além do aumento das exportações brasileiras causado pela redução do risco e das possibilidades de acordos na Guerra Comercial, os países emergentes poderão se beneficiar até mesmo da melhora da taxa de câmbio, em função da diminuição da ameaça iminente.
Na perspectiva de impactos socioeconômicos latinos na economia brasileira, diretamente ligados ao Chile e a Argentina, há um ambiente de cautela no mercado doméstico. Na Argentina, Cristina Kirchner está de volta ao governo, agora como vice de Alberto Fernández, o que poderá dificultar acordos comerciais com o Brasil, que se encontra governado por Jair Messias Bolsonaro, o opositor ao governo Kirchner. E na ótica chilena, ainda é possível ver nossos parceiros crescendo economicamente, mas retrocedendo no âmbito social, ao manter uma política, que poderá trazer problemas sérios de desigualdade e até mesmo de dificuldades na economia interna.
Frente a todos os parâmetros externos, que mais poderão impactar a nossa economia, é possível ainda ter otimismo quanto ao desenvolvimento brasileiro, levando em consideração os ajustes fiscais e reformas, que estão sendo consideradas para a pauta do congresso e que são muito bem vistas pelo mercado. A reação dos agentes na bolsa de valores não é diferente. Mais uma vez o Ibovespa renova a máxima histórica, com a cotação próxima a 109,5 mil pontos. O dólar futuro, chegou a oscilar abaixo dos 4 reais na primeira metade Novembro, gerando otimismo.
A redução do risco de recessão mundial e a esperança em relação aos acordos entre os Estados Unidos e a China – que irão favorecer os dois grandes parceiros comerciais do Brasil –, ofuscam os problemas de nossos vizinhos. O impacto positivo poderá ser visível no que tange a cotação do real frente ao dólar, servindo como um termômetro para as expectativas de mercado, como já é possível perceber no crescimento de empresas brasileiras demonstrado na divulgação dos últimos resultados e na alta do IBOVESPA.
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*Rodrigo Alcântara, economista e assessor de investimentos na Atrio Investimentos
*Rodrigo Alcântara, economista e assessor de investimentos na Atrio Investimentos
Fonte: Estadao
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