por Clara Balbi
Depois de conquistar prêmios pelo mundo, "A Febre", de Maya Da-Rin, ganhou o Candango de melhor filme no Festival de Brasília, que encerrou sua 52ª edição neste sábado (30).
O longa, falado em grande parte em tukano, espécie de língua-franca entre os povos do Alto Rio Negro, na Amazônia, foi o grande vencedor da noite. Com forte viés antropológico —esta é a primeira ficção de Da-Rin, que dirigiu documentários passados na Amazônia antes—, ele acompanha um indígena que trabalha como vigia num porto de Manaus e é acometido pela estranha febre do título quando sua filha anuncia que se mudará para a capital federal.
Além do prêmio de melhor filme, ele recebeu outras quatro láureas, nas categorias de direção, ator principal (Régis Myrupu, que havia conquistado o mesmo prêmio no Festival de Locarno, na Suíça), fotografia e som.
Com isso, desbancou o aguardado "Piedade", de Cláudio Assis. O título, que retrata Cauã Reymond e Matheus Nachtergaele numa inusitada e tempestuosa relação homossexual e tem Fernanda Montenegro no elenco, terminou a noite com três prêmios, entre eles ator coadjuvante para Reymond.
Esta é a primeira vez que Assis participa do evento e não leva o prêmio de melhor filme. No debate sobre o filme no dia após sua exibição, o pernambucano revelou que "Piedade" é seu título mais autobiográfico, comparando a si mesmo com o personagem de Irandhir Santos.
Outro destaque da noite de premiação foi "Alice Júnior", de Gil Baroni. O filme faturou quatro troféus (apenas um a menos que "A Febre"): melhor atriz (Anne Celestino), atriz coadjuvante (Thais Schier), trilha sonora e montagem, ele mostra a saga da youtuber trans Alice Júnior para dar seu primeiro beijo numa cidadezinha.
Além destes, outro longa passado na Amazônia, desta vez um documentário, foi o ganhador do prêmio do júri popular. "O Tempo que Resta", de Thaís Borges, segue duas mulheres juradas de morte por enfrentar milícias madeireiras no Pará.
Em sua exibição oficial durante a mostra competitiva, no Cine Brasília, um homem, depois identificado como integrante da organização, provocou uma saia-justa ao interromper o discurso de Borges antes da sessão. Foi repreendido pela plateia e respondeu com xingamentos.
Não foi a única polêmica desta edição do Festival de Brasília, o mais antigo do país.
Em sua noite de abertura, 22 de novembro, um ator que subiu ao palco para ler uma carta contra a Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Distrito Federal por pouco não foi expulso por um segurança e teve o microfone cortado. A plateia reagiu com gritos de "censura".
A carta foi lida, na íntegra, dois dias depois, em 24 de novembro, pela equipe de "A Febre".
Conheça os vencedores da mostra competitiva do 52º Festival de Brasília
O longa, falado em grande parte em tukano, espécie de língua-franca entre os povos do Alto Rio Negro, na Amazônia, foi o grande vencedor da noite. Com forte viés antropológico —esta é a primeira ficção de Da-Rin, que dirigiu documentários passados na Amazônia antes—, ele acompanha um indígena que trabalha como vigia num porto de Manaus e é acometido pela estranha febre do título quando sua filha anuncia que se mudará para a capital federal.
Além do prêmio de melhor filme, ele recebeu outras quatro láureas, nas categorias de direção, ator principal (Régis Myrupu, que havia conquistado o mesmo prêmio no Festival de Locarno, na Suíça), fotografia e som.
Com isso, desbancou o aguardado "Piedade", de Cláudio Assis. O título, que retrata Cauã Reymond e Matheus Nachtergaele numa inusitada e tempestuosa relação homossexual e tem Fernanda Montenegro no elenco, terminou a noite com três prêmios, entre eles ator coadjuvante para Reymond.
Esta é a primeira vez que Assis participa do evento e não leva o prêmio de melhor filme. No debate sobre o filme no dia após sua exibição, o pernambucano revelou que "Piedade" é seu título mais autobiográfico, comparando a si mesmo com o personagem de Irandhir Santos.
Outro destaque da noite de premiação foi "Alice Júnior", de Gil Baroni. O filme faturou quatro troféus (apenas um a menos que "A Febre"): melhor atriz (Anne Celestino), atriz coadjuvante (Thais Schier), trilha sonora e montagem, ele mostra a saga da youtuber trans Alice Júnior para dar seu primeiro beijo numa cidadezinha.
Além destes, outro longa passado na Amazônia, desta vez um documentário, foi o ganhador do prêmio do júri popular. "O Tempo que Resta", de Thaís Borges, segue duas mulheres juradas de morte por enfrentar milícias madeireiras no Pará.
Em sua exibição oficial durante a mostra competitiva, no Cine Brasília, um homem, depois identificado como integrante da organização, provocou uma saia-justa ao interromper o discurso de Borges antes da sessão. Foi repreendido pela plateia e respondeu com xingamentos.
Não foi a única polêmica desta edição do Festival de Brasília, o mais antigo do país.
Em sua noite de abertura, 22 de novembro, um ator que subiu ao palco para ler uma carta contra a Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Distrito Federal por pouco não foi expulso por um segurança e teve o microfone cortado. A plateia reagiu com gritos de "censura".
A carta foi lida, na íntegra, dois dias depois, em 24 de novembro, pela equipe de "A Febre".
Conheça os vencedores da mostra competitiva do 52º Festival de Brasília
- Melhor filme - 'A Febre', de Maya Da-Rin
- Prêmio especial do júri ("Piedade")
- Melhor longa - júri popular ("O Tempo que Resta")
- Direção - Maya Da-Rin ("A Febre")
- Ator - Régis Myrupu ("A Febre")
- Ator coadjuvante - Cauã Reymond ("Piedade")
- Atriz - Anne Celestino ("Alice Júnior")
- Atriz coadjuvante - Thais Schier ("Alice Júnior")
- Roteiro - Thaís Borges ("O Tempo que Resta")
- Fotografia - Bárbara Alvarez ("A Febre")
- Trilha sonora - Vinicius Nisi ("Alice Júnior")
- Direção de arte - Carla Sarmento ("Piedade")
- Montagem - Pedro Giongo ("Alice Júnior")
- Som - Felippe Schultz Mussel, Breno Furtado, Emmanuel Croset ("A Febre")
- Prêmio Abraccine - "O Tempo que Resta"
- Prêmio Saruê do jornal Correio Braziliense - "Escola sem Sentido"
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