Nós, Homens Negros, estamos desmontando a forma imposta pelo regime colonial - patriarcal - de estar no mundo através de encontros entre nós. Este é um dos objetivos da roda de conversa de Homens Negros de Brasília.
Recorremos aos que vieram antes de nós e a toda produção que diz o que é ser um homem negro na diáspora. Recorremos as nossas histórias, ao corpo que fala na entrada de um shopping e aos ensinamentos de nossas mães. Precisamos entender a formatação de uma sociedade anti-negra que normatiza corpos aprisionados, mortos e animalizados e com isso entendermos o que NÃO É SER UM HOMEM NEGRO. Precisamos reconfigurar palavras como Djonga fez com a palavra "Ladrão". Precisamos reconfigurar o amor como fez Mano Brown quando lançou Boogie Naipe.
No processo de construção e reavaliação de práticas hegemônicas acabamos fazendo um movimento de ir e vir, pensar e repensar em nossa condição e nas condições impostas ao nosso povo: o alto índice de corpos negros mortos, o extermínio direcionado a juventude negra e o genocídio do povo preto. A saída da escola para ajudar em casa pelas crianças e adolescentes negros. O sub-emprego e as atualizações do sistema político. Tudo, absolutamente tudo fala conosco e nos da direcionamentos na construção de um futuro melhor.
O conceito de Sankofa nos ensina a olhar pra trás e construir um futuro caminhando pra frente. Refazer as lógicas anterior ao tráfico do trans Atlântico é vida pra cada um de nós.
Em nossa última roda falamos sobre ancestralidade e nessa tomamos o desafio de conversar sobre AFROFUTURISMO . Projetar sonhos embasados na nossa história, pensar em tecnologias que nos religue para além do conceito de religião. Continuar...
Na tentativa de pistas endurecidas transcrevemos literalmente o escritor Fábio Kabral que nos auxiliará neste pensar.
"Para o afrofuturista, é importantíssimo resgatar esse vínculo com a sabedoria ancestral das nossas anciãs e anciãos da aldeia."
E ainda:
"(...)o desejo de ter como referência seus ancestrais africanos, o estudo das concepções filosóficas e culturais elaboradas pelos nossos, e não pelo outro, todo esse movimento em transformar o presente, recriar o passado e projetar um novo futuro através da nossa própria ótica é, para mim, a própria definição de Afrofuturismo." (Kabral, 2016)
Serviço: Roda de Conversa de Homens Negros
Data: 31 de Julho de 2019
Horário: 19:30
Local: Simbaz - Culinária Afro e Bar
412 sul - Bloco D, loja 15
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Fontes e referências:
"[Afrofuturismo] O futuro é negro - o passado e o presente também" de Fábio Cabral, retirado do link: https://medium.com/@ka_bral/afrofuturismo-o-futuro-é-negro-o-passado-e-o-presente-também-8f0594d325d8
Álbum "Mothership connection" - 1975- De Parliament
"O corpo como filosofia - Sentir, pensar e agir em Maat" , retirado do site Rekhet (https://rekhetyoga.wixsite.com/rekhet )
"Afrofuturismo: fantasia, tecnologia e ancestralidade" retirado de Revista Cult (https://revistacult.uol.com.br/home/afrofuturismo-tecnologia-ancestralidade/#.XTeEjAZK5Zo.whatsapp)
"A escrita em primeira pessoa de Octavia Butler" retirado de Revista Cult ( https://revistacult.uol.com.br/home/octavia-butler-kindred-lacos-de-sangue/#.XTeFFCE7vvE.whatsapp )
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