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quinta-feira, 17 de março de 2016

Tia Má



por Alexandre Galvão,
"O meu nome é a junção de má, de maldade, e ira, de irada, mas você sabe, né? Eu não sou nada disso. Sou Tia Má, de Maíra mesmo. Quem me conhece, sabe que sou assim. Não sou atriz, sou jornalista do povo”. É assim que Maíra de Azevedo, prestes a completar 35 anos, se define. Ela se divide agora entre duas paixões: o jornalismo e os vídeos que faz como Tia Má – uma mulher despojada e que fala de tudo, desde a calça apertada que divide os testículos do homem até o conselho para as tias que ficam na festa de final de ano “se sentindo a mizeravona” e querendo constranger o sobrinho ou sobrinha que é gay ou lésbica. “Eu sou muito bem-humorada e muito franca, não tenho paciência com mimimi”, definiu, em entrevista ao Bahia Notícias.


Segundo a Tia, tudo começou quando ela recebeu uma “cantada muito da fulêra”. “Um cara entrou no meu ‘face’ e me queixou de forma bizarra. Tenho mó orgulho de ser negona, aí botei uma dica para ele sobre isso, foi a primeira dica da Tia Má. Foi uma das postagens minhas com mais curtidas. Com esse negócio da dica, eu comecei a brincar. Aí uma pessoa do jornal foi lá e fez a página da Tia Má e eu ficava dizendo que era maluquice. No mesmo dia deu 500 pessoas na página. Em pouco tempo a página tinha três mil pessoas. Eu via muita menina me pedindo conselho e eu tinha acabado relação e queria dizer que as pessoas poderiam superar a dor. Eu queria muito falar sobre afetividade, então comecei a gravar vídeos (acesse aqui)”, conta. Os óculos escuros, conta Tia, são para manter a identidade, “tipo Clark Kent, que fica de óculos de grau e ninguém conhece”, mas, apesar da vontade ser anônima, a Tia já é reconhecida em Salvador. “Outro dia eu tava na rua e um policial começou a me olhar e rir. E você já viu que eu adoro um barraco, né? Bem fiquei perguntando que diabo ele tinha visto e ele chegou e disse: ‘eu vi seu vídeo da manga, viu?’. Fiquei tão sem graça, menino”, relembra.


Foi num destes encontros que a Tia Má, no entanto, descobriu sobre a importância dos seus vídeos. “Uma menina disse que mostrou um vídeo para a mãe sobre homoafetividade e a mãe riu aí ela contou que era lésbica. Isso é massa. Eu consigo passar a mensagem que eu quero”, apontou. Ser uma celebridade da web não está nos planos de Tia Má, mas, se o dinheiro vier, ela agradece: “A gente coloca na conta, paga o colégio do menino e vai ser feliz”. Apesar da aventura no mundo dos vlogs, Maíra conta que não tem ídolos. “Não tenho nenhum ídolo, não tenho time, não gosto de nada. Meus ídolos são as pessoas que eu conheço, do meu dia-a-dia. Esse negócio tem mexido comigo. Eu não quero status de celebridade da web. Isso é idiotice”, classificou. Para Tia Má, o importante é “libertar as pessoas de estigmas e conversar sobre amor”. “Eu não acredito que estou conseguindo. Isso é foda. Tia ama”.

E por fim, o ultimo vídeo de Tia Má - Parem de dizer as pessoas negras que elas gostam de se vitimizar. Pois O racismo existe no Brasil e reconhecer isso não é fazer um discurso de coitadinho, e sim o primeiro passo para eliminar. Assista:


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