Baseado em fatos reais, o filme conta a história de Kimani Maruge (Oliver Litondo), um queniano de 84 anos que está determinado a aproveitar sua última chance de ir à escola. Desta forma, para aprender a ler e escrever, ele terá que se juntar a crianças de seis anos de idade.
Em 2009, um queniano foi parar na Casa Branca. Não, não estamos falando de Barack Obama (que, claro, é americano, mas de ascendência queniana), mas de Kimani N'gan'ga Maruge, um octogenário que lutou para aprender a ler e a escrever em seu país e sua história, real, o levou a palestrar nos Estados Unidos.
Pois Maruge (o ótimo Oliver Litondo), que ganhou uma cinebiografia, Uma Lição de Vida (de 2009, que só agora chega ao Brasil), teve que enfrentar todo tipo de adversidade em nome da educação. Ex-combatente de um grupo de revolucionários que lutou contra os ingleses pela independência do Quênia, aos 84 anos, ele recebe uma carta da Presidência de seu país e resolve se matricular em uma escola primária com o objetivo de decifrá-la.
Rapidinho a história vira notícia e desperta a inveja da comunidade local, a ira de pais ignorantes e a ganância de burocratas que acham que Maruge está tirando um troco com a publicidade. Com um passado sofrido, ele, no entanto, tem o apoio da professora Jane Obinchu (a bela e carismática Naomie Harris, de 007 - Operação Skyfall, em uma interpretação realmente acima da média), em um cenário ainda marcado pela rivalidade entre etnias.
Certamente uma "história de cinema". O filme do diretor britânicoJustin Chadwick (Mandela e A Outra), no entanto, mais parece um pedido de desculpas do colonizador, do que uma obra independente, o que enfraquece a qualidade artística deste Uma Lição de Vida. O roteiro maniqueísta divide o Quênia entre o povo puro e alegre que não perde uma dancinha e aqueles que não perdem a oportunidade de incrementar o próprio pirão quando a farinha é pouca. E tome frases de efeito.
Tecnicamente, a produção segue a mesma linha. A trilha melosa, com músicas cantadas em algum dialeto, orienta a tônica da dramaturgia, ao passo que câmera se movimenta lentamente de baixo para cima em close no rosto dos personagens, para confirmar a dramaticidade da ação. Com um gnu que foge do leão, o diretor optou por passar ao largo da discussão política. É perfeitamente compreensível a escolha, mas ela deixa uma pulga atrás da orelha quando o governo queniano é mostrado com um grande benfeitor (o programa de “educação para todos” foi a brecha que Maruge encontrou para se matricular na escola primária) e acessível (nosso herói chega a invadir a sala do político, por quem é imediatamente recebido). Bem produzido, com um roteiro redondo, apesar de tudo, apoiado em belas imagens e baseado em uma história real de adversidade e redenção, o filme não chega a ofender. Pelo contrário, algumas cenas realmente emocionam. Mas, no saldo final, fica a sensação de que é para inglês ver.
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Fonte: adorocinema
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