Junho chegou tão depressa, anunciando que a segunda metade do ano está aí e a sensação de que caminhamos pouco em relação às mudanças que o Junho, aquele das jornadas de 2013, nos fizeram sonhar, que logo logo elas chegariam.
Por Mônica Francisco,
Dois anos se passaram e o que vemos é um arrastar de propostas que de fato evidenciem, pelo menos, um sinal de mudança radical nos rumos de nossa pátria nada gentil, ainda mais com quem mora no andar de baixo da pirâmide.
É estarrecedor e eu não me canso de escrever isso aqui, o modo com que nos conduzimos. A nossa alegria, espontaneidade, carisma e solidariedade, escondem a maldade enorme que conseguimos demonstrar em determinadas situações.
Somos todos pacíficos, solidários, carinhosos, afáveis, alegres, sorridentes, prestativos e o que mais você conseguir pensar em relação aos estereótipos atribuídos e apropriados à nós e por nós.
Que olhando rapidamente não dá para se ver a “outra face” do ser brasileiro. Não toleramos o diferente, somos impacientes com os desvalidos e menos favorecidos.falamos de que preconceito é coisa de outra ou outro, mas no primeiro oportunidade, lá estamos nós, oprimindo, surrando crianças negras em via pública, usando benefícios que seriam ou pelo menos deveriam ser, destinados aos menos afortunados(as).
Temos o discurso muito bem afiado, a palavra perfeita, aliado à uma postura solidária e amiga, mas somos implacáveis com os que habitam a fauna dos classificados diferentes do padrão.
Temos cerimônia em nos declaramos racistas, mas nossas empresas dão amostra clara de que não querem suas marcas atreladas à esse público e a desculpa, claro, é relacionada ao consumo.
Temos tranquilidade em ver negros e negras em situação de subserviência e subalternidade, mas quando o eixo muda, não gostamos do que vimos. Não há qualquer constrangimento em expôr pensamentos e atitudes que diminuam o outro com as famosas”brincadeiras”, como aquelas dos atletas que compararam o colega com um saco de lixo.
Nos acostumamos à viver esse cotidiano em todos os níveis de nossa sociedade e isso se reflete na demora e na procrastinação das mudanças que podem auxiliar na construção de um país mais democrático,onde o direito esteja de fato acima da propriedade, onde o ser humano seja de fato o centro.
Não podemos esperar muito do que está aí, porque o que está aí, ou melhor, lá no Legislativo, é o retrato, o reflexo dos que lá os colocaram, é a marca desse Brasil perverso, que se refere ao seu semelhante como gente “estranha e diferenciada”, seja lá o que isso queira dizer.
“A nossa luta é todo dia. Favela é cidade. Não aos Autos de Resistência, à GENTRIFICAÇÃO e ao RACISMO, ao RACISMO INSTITUCIONAL, ao VOTO OBRIGATÓRIO e à REMOÇÃO!”
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*Membro da Rede de Instituições do Borel, Coordenadora do Grupo Arteiras e Consultora na ONG ASPLANDE.(Twitter/@ MncaSFrancisco)
Fonte: Jornal do Brasil
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