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segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

Preto, pobre e com problemas mentais é amarrado a um poste por duas horas

Fato ocorreu num sábado, às 15h, na Rua Bárbara de Alencar, centro comercial do Crato, como mostrou a jornalista Raquel Paris, em seu blog (Foto Correio do Brasil).

Francisco do Nascimento sofre de distúrbios mentais e, para contê-lo, em vez de chamar o serviço público de saúde, ‘justiceiros’ de plantão optaram por prendê-lo

Por Redação do Correio do Brasil, com Raquel Paris,
A onda de prender pretos pobres a postes não é exclusividade do Rio de Janeiro. Francisco do Nascimento, 32, sofre de distúrbios mentais e, para contê-lo, em vez de chamar o serviço público de saúde, ‘justiceiros’ de plantão optaram por amarrá-lo a um poste, onde permaneceu por mais de duas horas, para exposição pública. O fato ocorreu num sábado, às 15h, na Rua Bárbara de Alencar, centro comercial do Crato, como mostrou a jornalista Raquel Paris, em seu blog. O motivo do ataque ao cidadão foi um surto, durante o qual teria quebrado alguns vidros de uma loja.

“Francisco do Nascimento, morador do bairro São Miguel possui histórico de outros atentados, como pôr fogo no carro de um vizinho. Ele também possui diversas entradas no Hospital Psiquiátrico Santa Tereza. Segundo a sobrinha, a família não sabe mais o que fazer com Francisco do Nascimento: no hospital não há vagas e ele se torna cada vez mais violento”, relata Paris.

E continua: “Durante as duas horas em que ficou amarrado, algumas pessoas tentaram libertá-lo, ato que foi violentamente rechassado pelos dois homens que o prenderam. No mais, a multidão, estonteada, admirava estupidamente o espetáculo do homem que gritava, rugia e pedia por socorro. Diversas autoridades estiveram no local, a exemplo de soldados do Ronda”.

“Mas há um outro histórico que pesa sobre Francisco do Nascimento: nasceu negro e pobre. E pior: necessita de acompanhamento psiquiátrico. Dessa forma, por ser negro, pobre e louco, Francisco Nascimento pôde ser amarrado, exposto a ridicularização pública e violentado em sua dignidade humana , tal qual seus ancestrais. De minha parte, só não podia acreditar que, após tantos séculos, ainda iria presenciar um negro sendo imolado em praça pública, acrescentou.


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Raquel Paris é jornalista “devido a um gosto desusado de ouvir e contar histórias. Mestra em Literatura e Interculturalidade, possui graduação em Comunicação Social. O Cariri a encanta e enlouquece na mesma proporção”.

Fonte: Revista Forum.

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