Neste
sábado, 30 de março de 2013, o Deputado Pastor Marco inFeliciano disse
em um culto em uma Igreja Evangélica na cidade de Passos-MG, que a Comissão de
Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados esteve sob o comando de
Satanás durante a legislatura passada – perigo que, segundo o mesmo incauto,
foi vencido com sua entrada e posse na Presidência da Comissão.
Como
era de se esperar de qualquer pessoa com um mínimo de senso crítico – embora a
interlocutora a seguir não o apresente em muitos momentos – a Deputada Federal
Antônia Lúcia (PSC-AC), também evangélica, colega de partido, amiga pessoal há
12 anos e atual vice-presidente da CDHM, manifestou publicamente sua indignação
com a afirmação escabrosa do moço pastor. Na fala de repúdio, anunciou sua
renúncia (posteriormente revogada) ao posto de vice-presidente da Comissão e
cobrou explicações sobre o ocorrido.
Assombrada
com a fala do colega e com as acusações de satanismo que também a atingem
diretamente, uma vez que a Deputada era membra da Comissão na antiga
legislatura, Antônia Lúcia afirmou que as falas e posturas do colega têm
passado do aceitável, e afirmou contundentemente que acredita na separação
entre religião e política, de modo que o reiterado recrutamento das opiniões políticas
dos fiéis não pode continuar.
Quando
informada sobre a decisão da Deputada e questionada sobre a fala de Pastor, sua
Assessoria de imprensa limitou-se a dizer que as falas do Deputado não foram
feitas na Câmara, mas sim na Igreja, que traduziam seu posicionamento religioso
e espiritual e que, portanto, não as comentaria no Parlamento.
Simples
assim, o Deputado tenta nos convencer de que no espaço da Igreja ele pode falar
o que bem entender e não ser responsabilizado pelas falas levianas que fizer!
Percebe-se,
meus caros, que não há apenas uma coesa – e sombria – mobilização desta Bancada
Evangélica para cooptação de opiniões políticas e sociais favoráveis a seus
temas desrespeitosos aos Direitos Humanos e à plena Cidadania e Democracia,
sempre mobilizados em desandar ou embarreirar qualquer ação que vá contra os
ideais mortíferos destes pseudo-cristãos. Há também uma tentativa de subverter
as justas liberdades de culto previstas em nossa Carta Magna em uma válvula de
escape para opiniões criminosas.
Todos
os dias me pergunto como os reiterados ataques públicos que este senhor fez e
faz à população negra e à população LGBT não lhe causaram grandes constrangimentos
judiciais, nenhum pedido oficial de retratação, "pouquississíma" ou quase nenhuma defesa institucional
dos órgãos e Ministérios engajados com as causas sociais. Aliás, Ministérios
estes que só foram criados graças às muitas lutas dos movimentos sociais das
pautas e eles relacionados. Ministérios estes que, hoje, diante de sérias crises
políticas e de gestão, encontram mais apoio e legitimidade junto aos seus
amparados e apoiadores da Sociedade Civil do que entre os próprios colegas do
primeiro escalão...
Me
pergunto também em que momento o país entendeu que a diversidade religiosa
existente em seus território quase continental – e que portanto abriga uma
infinidade de cultos, práticas religiosas e entendimentos sobre religiosidade –
deveria polarizar segmentos religiosos em segmentos políticos.
Afinal,
qual o arranjo político que justifica tamanha onda retrógrada em um Governo que,
embora seja apenas supostamente esquerdista, tem se mostrado fortemente conectado
à democracia e à diversidade?
Para
além das respostas a estas dúvidas, nós, cidadãos sãos, temos que nos engajar
pela ruptura dessa movimentação estranha que tem nos cercado e roubado nossos
direitos. Não podemos voltar ao estado de indignidade e desrespeitos que as
minorias simbólicas sempre sofreram nesse país.
Enquanto
nenhum dos Três Poderes recobram o juízo e decidem sair de cima do muro, nós, o
Quarto Poder, o Poder soberano criado pelo e para o Povo, deve continuar
manifestando sua indignação e cobrando a retirada deste Pastor do Congresso, a
total ruptura entre política e religião e o sepultamento definitivo dos
discursos de ódio voltados às minorias simbólicas negras e lgbt’s.
Eu
reclamei hoje. E você?
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