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segunda-feira, 28 de outubro de 2019

Morador de Ceilândia, grafiteiro dá vida às paradas de ônibus de Taguatinga


A arte está tomando conta das paradas de ônibus de Taguatinga. Onde antes havia pichações e sujeira, desenhos brotam em forma de cultura e alegram quem espera pelo transporte coletivo.

A iniciativa é da Administração Regional de Taguatinga. Os desenhos coloridos saem das mãos do grafiteiro Fernando Cordeiro, popularmente conhecido como Elom, que também é servidor da administração.

Em alguns locais, ele desenvolveu projeto próprio; em outros, os temas foram sugestões da comunidade. As ideias vieram por meio da página QNL, QNJ News e os assuntos abordaram feminicídio, suicídio, maus tratos aos animais, violência e drogas, entre outros. A administradora da página é a fotógrafa Fernanda Rios, 40 anos.

“As paradas de ônibus estavam sujas. Com a pintura, as pessoas não colam cartazes, evitando a poluição visual”, observa Fernanda.

Além dos desenhos, mensagens também estampam as paredes. “Leve sua mulher à parada de ônibus” ou “Feminicídio: não seja a próxima vítima” são alguns exemplos do que é grafitado por lá.

Já foram revitalizados pontos de ônibus na M Norte, na QNG, na QNH, no Pistão Norte, na Nova QNL e na Avenida Hélio Prates. Uma média de 20 neste ano. A ideia é que outros 30 sejam reformados até o final do ano.

O material é doado pela comunidade. Uma média de 15 latas de spray é utilizada, além de uma de tinta acrílica, nos trabalhos em cada ponto. As pinturas levam, em média, de 6 a 8 horas para ficarem prontas.

Para o administrador regional de Taguatinga, Geraldo César de Araújo, o trabalho foi necessário porque as paradas de ônibus estavam sujas e cheias de cartazes. “A intenção é torná-las mais humanas e confortáveis. Também estamos revitalizando a parte superior das paradas, tirando entulhos e eliminando goteiras”, frisou Geraldo.

Repercussão positiva

Para Fernando Cordeiro, o reconhecimento é o maior prêmio pelos trabalhos. “Uma vez estava dentro do ônibus e vi uma pessoa comentando: ‘Pô, o cara arrebentou naquele grafite’. E era uma obra minha!”

“Sinto-me muito feliz porque estou dando minha contribuição para a cidade. Além disso, a repercussão é positiva”, acrescenta o grafiteiro.

Em algumas ocasiões Fernando ganha reforço para realizar os trabalhos. Já colaboraram os grafiteiros Scooby, Drop, Ataques, Aqez, Nativo e Paulo Órfão.


Os trabalhos normalmente são executados de madrugada. Mas, quando são realizados durante o dia, chamam a atenção de quem passa pelo local ou aguarda chegada de ônibus.

Um exemplo é a moradora Roselita Souza Brasileiro. “Quando cheguei e vi o trabalho, amei. Está muito bonito. Inclusive tirei fotos para mostrar para meus amigos nas redes sociais. É muito bom ver que o local está sendo cuidado. A cidade fica mais bonita e alegre”, comemora.

Fernando é grafiteiro há 20 anos. Morador da Ceilândia Norte, ele conta que a arte lhe ofereceu um caminho melhor, longe da criminalidade. “O grafite e o rap foram as oportunidades que tiver de conhecer mensagens positivas. Via DF Zulu, que era a inspiração do grafite no DF. Eu quis seguir os passos dele.”

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