Emanoel Porto Nobre descobriu a paixão pelos retratos no projeto social Jovem de Expressão e usou o talento para fazer um ensaio com as avós
Vinícius Santa Rosa / MetrópolesMorador de Ceilândia, Emanoell Porto Nobre, 22 anos, está prestes a levar sua cultura periférica e suas raízes nordestinas para o outro lado do oceano. Formado nas oficinas do programa social Jovem de Expressão, o retratista venceu um concurso internacional de fotografia com ensaio afetivo tendo sua avó, Dalva Porto Nobre, 58, e a bisavó, Josefa Carinana, 89, como modelos. O prêmio: 30 dias em Moscou, na Rússia, — com todas as despesas pagas—, para uma mostra criada especialmente para ele.
A paixão pela fotografia começou em 2014, quando conheceu a iniciativa da Rede Urbana de Ações Socioculturais, RUAS — projeto que atende jovens entre 18 e 29 anos de idade, com ações que vão de terapia comunitária a atividades profissionalizantes. Lá, ingressou em uma oficina de fotografia, o que, segundo ele, transformou sua vida. “Abriu a minha visão sobre as possibilidades que eu teria na minha frente. Eu sempre quis ser artista e eles me mostraram que eu poderia ser”, ressalta.
Com o talento para as imagens lapidado, tratou de encontrar o que lhe comovia. “Eu sempre gostei de fotografar pessoas, pois elas têm muito a oferecer. Um olhar, o detalhe das mãos… Tudo me emociona”, adianta. O interesse pelo universo feminino o acompanha desde a infância. Criado por três mulheres, a mãe, a avó e a bisavó, sempre viu nas antepassadas a força que não encontrava no sexo masculino.
“Durante a vida, elas precisaram enfrentar todo tipo de dificuldade. Sempre me inspiraram muito, a história delas daria um filme”, afirma Emanoell.

A exposição de Emanoel na Rússia será inspirada nos cordéis nordestinos
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Emanoell Porto Nobre nasceu e se criou nas ruas de Ceilândia
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O jovem aprendeu o ofício de fotografar no programa Jovem de Expressão
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Sua paixão é fotografar pessoas
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"Um simples olhar traz tantas coisas", acredita
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Para o fotógrafo, o Jovem de Expressão amplia as possibilidades de quem não tem oportunidade
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Emanoell Porto Nobre nasceu e se criou nas ruas de Ceilândia
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No entanto, o ensaio vencedor não surgiu de caso pensado. Em uma visita, tocado pelos cuidados da avó com a bisavó, que lutava contra a hanseníase em estágio avançado, resolveu eternizar o momento. “Era tudo tão triste, minha bisa estava cega, perdendo partes do corpo, mas ao mesmo tempo minha avó se mostrava tão altiva e forte”. Ao postar o clique nas redes sociais, passou a receber uma enxurrada de elogios. Motivado por uma amiga, resolveu que as “duas mulheres da sua vida” mereciam mais que apenas uma foto.
“O único critério e exigência para mim mesmo é que não queria que ela aparecesse debilitada, pois ela não era assim. Ela era dançante, brincalhona, não parava nunca. E assim que eu quis que ela fosse lembrada”, considera o jovem.
Para alcançar o resultado desejado, ele antecipou o Carnaval. Muniu-se de confete e balões coloridos e promoveu uma brincadeira. “Ela não sabia que eu a estava fotografando, o que deixou tudo mais natural. Como ela sempre foi sacana, começou a rir e nos xingar”, lembra. A sessão de fotos foi o último grande momento de Emanoell com a bisavó, que faleceu semanas após o dia de alegria. “Parece que eu estava sentindo, algo me empurrou para fazer isso. Foi nossa despedida”.
O jovem registrou os últimos dias da bisavó, que sofria com hanseníase. Com a tristeza e o luto pela perda, o fotógrafo engavetou por meses o trabalho. “Eu nem mostrei para ninguém da minha família”, conta. Depois de um tempo, resolveu revisitar a obra e lançá-la no mundo. “Eu nunca tinha me inscrito em nenhum concurso. Não acreditava muito em mim. Mas decidi arriscar sem nenhuma pretensão”, ressalta. Três meses depois, chegou o veredito, Emanoell tinha vencido pelo voto popular. “Eu nem divulguei, nem sabia que tinha de votar, fui totalmente pego de surpresa pelo resultado. A única coisa que fiz foi chorar nos braços da minha mãe”, garante.
A minha ideia era homenagear a minha bisavó em vida, não deu tempo. Hoje, eu recebo tudo isso como um presente. Penso que ela está me ajudando de onde quer que estejaEmanoell Porto Nobre
No entanto, o ensaio vencedor não surgiu de caso pensado. Em uma visita, tocado pelos cuidados da avó com a bisavó, que lutava contra a hanseníase em estágio avançado, resolveu eternizar o momento. “Era tudo tão triste, minha bisa estava cega, perdendo partes do corpo, mas ao mesmo tempo minha avó se mostrava tão altiva e forte”. Ao postar o clique nas redes sociais, passou a receber uma enxurrada de elogios. Motivado por uma amiga, resolveu que as “duas mulheres da sua vida” mereciam mais que apenas uma foto.
“O único critério e exigência para mim mesmo é que não queria que ela aparecesse debilitada, pois ela não era assim. Ela era dançante, brincalhona, não parava nunca. E assim que eu quis que ela fosse lembrada”, considera o jovem.
Para alcançar o resultado desejado, ele antecipou o Carnaval. Muniu-se de confete e balões coloridos e promoveu uma brincadeira. “Ela não sabia que eu a estava fotografando, o que deixou tudo mais natural. Como ela sempre foi sacana, começou a rir e nos xingar”, lembra. A sessão de fotos foi o último grande momento de Emanoell com a bisavó, que faleceu semanas após o dia de alegria. “Parece que eu estava sentindo, algo me empurrou para fazer isso. Foi nossa despedida”.
Emanoel Porto Nobre/DivulgaçãoEmanoel Porto Nobre/Divulgação

O jovem registrou os últimos dias da bisavó, que sofria com hanseníase. Com a tristeza e o luto pela perda, o fotógrafo engavetou por meses o trabalho. “Eu nem mostrei para ninguém da minha família”, conta. Depois de um tempo, resolveu revisitar a obra e lançá-la no mundo. “Eu nunca tinha me inscrito em nenhum concurso. Não acreditava muito em mim. Mas decidi arriscar sem nenhuma pretensão”, ressalta. Três meses depois, chegou o veredito, Emanoell tinha vencido pelo voto popular. “Eu nem divulguei, nem sabia que tinha de votar, fui totalmente pego de surpresa pelo resultado. A única coisa que fiz foi chorar nos braços da minha mãe”, garante.
A minha ideia era homenagear a minha bisavó em vida, não deu tempo. Hoje, eu recebo tudo isso como um presente. Penso que ela está me ajudando de onde quer que estejaEmanoell Porto Nobre
O novo desafio imposto a Emanoell é apresentar a cultura nordestina e o poder da mulher negra brasileira aos gringos. “Como a maioria das famílias aqui de Ceilândia, somos nordestinos. Quero contar essa trajetória da minha família, que é a mesma de tantas outras, durante a exposição”, conclui.
Vinícius Santa Rosa / MetrópolesVinícius Santa Rosa / Metrópoles
Emanoell Porto Nobre, aluno de fotografia do programa Jovens de Expressão, de Ceilândia, acaba de ganhar um prêmio internacional de fotografia
Emanoell Porto Nobre, aluno de fotografia do programa Jovens de Expressão, de Ceilândia, acaba de ganhar um prêmio internacional de fotografia
Fonte: metropoles
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