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quarta-feira, 15 de maio de 2013

Nzinga Mbandi encanta estudantes brasileiros

A ilustração representa a filha de Guenguela Cacombe, na sua adolescência, entre 1595 e 1596.
     Agora como um novo pseudo-retrato do pintor francês, Henri Galeron, na obra de Patrícia C. McKissack, intitulada “Nzingha, Warrior Queen of Matamba, Princess Diaries”, lançada recentemente, Nzinga continua a mexer com os estudantes da Universidade de São Paulo.

     O interese expandiu-se há dias, pelas redes sociais, a partir da Universidade de São Paulo, numa iniciativa do Professor Maurício Waldman, especialista das questões ligadas ao racismo ambiental.

A autora cuidou de criar uma jovem graciosa com a sedutora maquilhagem afro-americana e o charme do “ebony style”.

     Patrícia C. McKissack fixou, bem voluntariamente, esta fascinante elegância por se tratar de um dos grandes rostos que marcaram significativamente, a história de África, dos últimos séculos; a inédita “Dupla Monarca soberana do Ndongo, em 1623, e a partir de1630, da Matamba.

RECONSTITUIÇÃO ROMANESCA


     Com esta iniciativa de valorizar as Figura das Mulheres na História de África, a tenaz comunidade melano-africana nos Estados Unidos da América, apressou-se a assumir plenamente, nos seus antecedentes de origem, a longa e exemplar resistência desta extraordinária personagem.

      Atento ao pormenor, o historiador e perito da UNESCO, Simão Souindoula, referiu que os extractos da epopeia de “Ngola” estão invariavelmente apresentados em vários museus de raiz afro-americana tal como o Museu Du Sable de Chicago, onde está exposto um pseudo-retrato da filha adolescente de Kenguela-ka- Nkombe.

     Quanto ao Museu de Jamestown, na Virgínia, adiantou que foi reproduzido e introduzido numa das suas galerias, uma réplica da estátua da “Kiluanje”, a do Kinaxixi.

     Ao nível da produção literária, o académico disse destacar-se o referido romance de McKissack, numa centena de páginas. O livro tem a particularidade de colocar a trama da reconstituição romancesca sobre a princesa de Kabasa, durante dois anos, período crucial, da puberdade da futura soberana.

     A autora desenvolve a história da já temerária “jaga” em pequenos capítulos, permitindo assim, uma leitura agradável e africana do romance, com uma evolução cronológica ligada a “Mbangala”, a estacão seca das ervas queimadas e a lua cheia.

REENCARNAÇÃO

      Escrito sob a forma de um Jornal intimo, sob pela pena da jovem princesa, o livro dá conta da sua visão da situação política do seu país e dos territórios vizinhos, uma dezena de anos após a ocupação pelos portugueses, de uma parte do Reino e a criação, subsequente, forcada, sobre esta terra, da Colónia de Angola, de onde partira a expansão mercantilista lusitana das regiões oeste da África central.

     Encontram-se ainda detalhes sobre vários aspectos da vida da adolescente tais como relações com o seu pai, Kiluanji, o seu relacionamento com os outros membros da sua família, a sua sede pelo saber, a sua formação no domínio dos provérbios, a sua aprendizagem a ajustar flechas, o conhecimento das plantas curativas, as consultas de previsão do seu futuro político, as suas primeiras preferências amorosas, a sua concepção de resistência e a atenção acordada à defesa militar do Ndongo. Apreende-se, igualmente, a sua clarividência política, reservas sobre o Padre italiano Cavazzi, apreciação sobre a nocividade das intrigas políticas, a sua franqueza precoce, a forte corpulência física, a sua coragem individual, a sua inserção no sistema de segurança do Reino e a sua aversão às campanhas de captura de escravos destinados à exportação.

     No somatório, a romancista de Nashville, autora de um outro best-seller, “Sou uma escrava” partilha “O Jornal” da adolescente do vale do Kwanza, no exercício de alta reapropriarão histórica, de enriquecimento cultural e de auto-estima.

     O mérito desta publicação é eminentemente pedagógico, por permitir aos jovens afro-norte-americanos descobrir condições de formação da extraordinária personalidade de Nzinga-Nzinga.

     O especialista, advoga a necessidade de se traduzir a obra em português, para na senda das pertinentes recomendações saídas do recém-realizado Colóquio Internacional sobre a Rainha Nzinga, os jovens angolanos e não só, estejam ao corrente da situação e que tenham uma percepção em relação à mesma.

Fonte: O Pais

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