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segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Rolezinhos são atacados, mas evento se espalha


Reação violenta da Polícia Militar gerou solidariedade com participantes de evento.

por Rafael Tatemoto,
A intervenção da Polícia Militar no rolezinho ocorrido Shopping Metrô Itaquera, zona leste de São Paulo, desencadeou, através da internet, o agendamento de uma série de novos encontros.

Em defesa dos direitos de participantes dos rolezinhos, eventos similares estão sendo organizados por todo o Brasil. Na capital paulista, um protesto está marcado para ocorrer neste sábado (18). A motivação é denunciar o controle de entrada que o shopping JK Iguatemi, na Vila Olímpia, realizou na semana passada, no mesmo dia do rolezinho em Itaquera. O ato foi proposto pela Uneafro, organização que atua na defesa dos direitos da população negra.

O “Role contra o Racismo”, como foi batizada a manifestação, ataca a discriminação presente nos shoppings, nas ações promovidas pela polícia e pelo judiciário e compara a perseguição sofrida atualmente com aquelas que foram realizadas contra o samba, a capoeira e o rap.

No Rio de Janeiro, o encontro foi agendado para também para o sábado, e deve ocorrer no Shopping Leblon, localizado em uma região rica da zona sul da cidade. Em Brasília, acontecerá no Shopping Iguatemi, no dia 25 de janeiro, também em um bairro nobre.

Relato de Itaquera

Para o rolezinho que ocorreu no Shopping Metrô Itaquera, no último sábado (11), estava previsto “diversão e paquera”, mas o evento terminou em confusão, protagonizada pela Polícia Militar.

Esse tipo de evento, marcado pelo Facebook, reúne adolescentes em locais usualmente frequentados por eles. O objetivo é simples: se divertir. O jovem B. A., 17, disse que compareceu ao encontro só para curtir”. A maior parte dos que estavam no “rolezinho são como ele. Menores de idade que marcam a ida ao shopping para encontrar os amigos e, quem sabe, “ficar” com alguém do sexo oposto.

A concentração dos jovens começou por volta das 17h, mas foi apenas por volta das 19h que as coisas começaram a esquentar. Com os corredores lotados, alguns adolescentes começaram a correr, outros, a bater palmas no ritmo de batidas de funk e podia se ouvir também gritos em homenagem a bairros da região, tais como “Uh, é Guaianases!”.

A movimentação levou os lojistas a fecharem as portas, e a partir daí, seguranças e PMs passaram a esvaziar o shopping, que foi fechado.

Foi no momento em que os participantes do rolezinho, que segundo o shopping eram cerca de 3 mil pessoas, se dirigiram ao Metrô que a violência tomou conta do local. Afirmando que estavam ocorrendo depredações de lojas da estação, a tropa de choque da PM entrou em ação distribuindo aleatoriamente borrachadas, tiros de borracha e bombas de efeito moral.

A adolescente J.R., 16 anos, disse que ficou parada, pensando que ao não reagir não seria atingida. “Mas, no final, acabei levando duas cacetadas, no braço e nas costas.”

O administrador Irineu Lemos Júnior, 24, não sabia do rolezinho, e foi atingido levemente por um fragmento de bomba quando chegava ao shopping. Para ele, uma das razões para os jovens se ajuntarem em espaços comerciais é a “falta de lazer, a falta de opções nos bairros onde [eles] moram”.

Barrados

Às 19h30, o Shopping Metrô Itaquerafoi reaberto à circulação. Entretanto, a entrada de algumas pessoas não era permitida. Os seguranças do local bloqueavam o acesso de pequenos grupos de garotos, vestindo bermudas e bonés, roupas associadas ao rolezinho.

A assessoria de imprensa afirmou que não houve furtos ou roubos no shopping. Três adolescentes foram levados para a delegacia e liberados em seguida. Além deles, dez outros foram notificados por um oficial de justiça e poderão ter que pagar uma multa de 10 mil reais por terem infringido uma decisão da justiça – que aplica pena a quem participa do evento. O preço de buscar diversão.

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