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sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

Documentário aborda preconceito contra cantoras negras no Heavy Metal


Um novo vídeo jornalístico da Global Television foca nos obstáculos encarados por mulheres negras que amam heavy metal.

O minidocumentário concentra-se basicamente em duas pessoas – LAINA DAWES, uma fã de longa data de metal, fotógrafa especializada em rock e autora do livro ‘What Are You Doing Here?: A Black Woman’s Life And Liberation In Heavy Metal’ e MilitiA Voxx, uma vocalista de heavy metal de Nova Iorque.

Ambas são grandes fãs de heavy metal, e as duas tem uma história fascinante para contar a partir de uma perspectiva que é extremamente sub-representada dentro de nossa cultura. Mulheres negras que curtem metal são poucas e isoladas, e algumas das histórias que tanto Laina como MilitiA tem para compartilhar são igualmente fascinantes, chocantes e profundamente emocionantes.

Confira um trecho abaixo:

What Are You Doing Here?: A Black Woman’s Life And Liberation In Heavy Metal” já está disponível pela editora Bazillion Points e seu prefácio é escrito pela vocalista do SKUNK ANANSIE, SKIN.

Fonte: Whiplash

Aplicativo te coloca na pele de vítimas de racismo


A vida de minorias não é fácil em nenhum lugar do mundo e muitos sofrem com perseguições e racismos, mesmo que sutis (as chamadas microagressions). Agora um aplicativo te coloca na pele de algumas dessas pessoas que vivem na Austrália.

Everyday Racism foi criado pela empresa All Togheter Now e te coloca na pele de uma mulher muçulmana (Aisha), um estudante indiano (Vihann) e um homem aborígene (Patrick).

O mais interessante é que cada um dos personagens contou com pessoas reais para relatar seus problemas. Aisha teve ajuda de Zubeda Raihman, Mariam Veiszadeth e Aisha Jabeen; Patrick de Blake Tatafu, Adam Hansen, Nat Heath, e Peter Dawson; e Vihann de Rahul Dhawan, Mridula Amin, e Tanvi Bedi.

No início, você escolhe um dos personagens e terá de lidar com situações constrangedoras como comentários em um site de notícias ou um comentário racista de um amigo. O aplicativo é gratuito e pode ser encontrado para iOS e Android.

Fonte: POP Mundo.

Amistad: O navio negreiro, porão do liberalismo


por Flávio Ricardo Vassoler*,
O navio negreiro singra através do Atlântico. Em seu porão, os cativos mal conseguem se esgueirar. A fome e as correntes os paralisam. Em meados do século XIX, a Inglaterra, polícia dos mares, havia decretado a proibição do tráfico de escravos. A mãe da Revolução Industrial queria o implemento do livre comércio e do trabalho assalariado para que suas manufaturas pudessem colonizar o mundo de um modo menos bárbaro – os feitores dão lugar aos industriais e financistas. Só faltou avisar aos ingleses que seu vastíssimo império colonial, ao longo de cujo horizonte o sol não se punha, tamanha a sua extensão de oeste a leste do planeta, não poderia participar dos primórdios do liberalismo em pé de igualdade com os gentlemen de Londres. Mas se, como quer Adam Smith, a mão invisível conduz as relações de mercado a um bom termo de equilíbrio, a vista grossa permite que o livre comércio seja forjado sobre o dorso cativo da África. 

A ironia, ou pior, o cinismo que movimenta a história humana batiza o navio negreiro com o fraterno nome de ‘Amistad’ (1997), filme dirigido por Steven Spielberg. Os escravos, a quem a ideologia reacionária chama de passivos e resignados, se rebelam no porão infecto. Sangue europeu começa a jorrar. Logo os espanhóis que comandam o barco viram reféns. Os cativos libertos por seu próprio destemor querem voltar para casa. Mas eles não conhecem as técnicas náuticas e precisam confiar nos antigos algozes para que o navio retorne. Ora, os espanhóis dolosos conduzem o Amistad rumo aos Estados Unidos escravocratas. A rebelião negra logo será julgada por magistrados brancos. 

As queixas e contradições se sobrepõem. A rainha da Espanha sentencia que os escravos lhe pertencem. Os comandantes espanhóis dizem que os cativos haviam nascido em Cuba, colônia espanhola, e que, por isso, “nós não estamos exercendo a prática ilegal do tráfico negreiro. Assim, os escravos nos pertencem”. Os marinheiros norte-americanos, por sua vez, declaram que foram eles que identificaram o barco – “navio negreiro, sem dúvida” – e que, por isso, “somos os novos proprietários da mercadoria humana”. Os mais interessados na questão não podem se pronunciar. Os escravos assistem ainda uma vez acorrentados à deliberação alheia de seu próprio destino. 

O contexto histórico em que a disputa judicial se dá não poderia ser mais explosivo. O judiciário se vê premido pelas demandas do executivo, uma vez que o presidente procura manobrar a questão para evitar um recrudescimento das rivalidades entre o norte industrial e o sul escravista. O espectro da guerra civil ameaça cindir os Estados Unidos. 

− Mas esses negros devem ser punidos, eles chacinaram os brancos que os conduziam para Cuba, onde está a justiça neste país?! – berra o promotor que bem poderia iniciar um abaixo-assinado (extra)oficial para a formação da futura Klu Klux Klan. 

Além do ódio pelos sequestradores que lhes transformaram de homens livres em escravos, que mais teria insuflado o ímpeto de vingança dos cativos contra seus algozes? 

A armada inglesa, polícia dos mares, prendia os traficantes de escravos Atlântico afora. Quando os espanhóis se deram conta de que as tropas da rainha Vitória se acercavam do navio, um velho expediente foi utilizado para que o fardo humano transportado pelo Amistad não ultrapassasse os limites legais para o enquadramento da carga como um contingente de escravos. Entre os 100 africanos, 50 são escolhidos – seleção eugênica que aguilhoa sobretudo mulheres e crianças, os menos aptos para o trabalho na lavoura. (Os nazistas, parentes não tão distantes dos escravocratas, herdariam dos ancestrais o ímpeto pela seleção natural historicamente configurada.) Os 50 mais fortes devem se postar como plateia para aprender in loco a pedagogia do pelourinho. Os escolhidos são acorrentados uns aos outros. Uma rede repleta de pedras pesadíssimas puxará o comboio humano oceano abaixo. Quando o algoz espanhol abre um compartimento do convés e arremessa a rede repleta de pedra contra o mar, um a um os escravos são afogados. (Enquanto os fazendeiros sulistas dormem o sono dos justos e contam carneirinhos tão brancos quanto o algodão colhido por seus escravos, os africanos sobreviventes contam, uma a uma, as 50 ovelhas negras afogadas como bodes expiatórios.) Reiteremos, agora, a acusação (aos berros) do promotor de justiça: 

− Esses negros devem ser punidos, eles chacinaram os brancos que os conduziam para Cuba, onde está a justiça neste país?! 

Quando a senzala incinera a casa grande e transforma o Mississippi em chamas, apenas ocorre a devolução da nota promissória que sequer foi entregue àqueles condenados a trabalhar gratuita e compulsoriamente. 

Mas eis que o liberalismo dos fundadores dos Estados Unidos da América agora se expressa na figura do ilustre John Quincy Adams, sexto presidente dos Estados Unidos e filho do também presidente John Adams. Adams Jr. vem à tona como advogado de defesa dos cativos da Amistad espanhola. Em suas mãos, há um artigo de um político sulista que procura legitimar a escravidão. O ex-presidente dos EUA, como Sócrates, narra a cadeia de argumentos contrários antes de refutá-la cabalmente: 

− Diz o sulista em questão que a escravidão não é contrária à natureza humana, pois para onde quer que olhemos, seja para a história mundana, seja para os textos bíblicos, encontraremos exemplos que atestam que sempre houve subordinação entre os homens – líderes e liderados, senhores e escravos. Hierarquia. Assim, a escravidão não é pecaminosa ou má, mas a corroboração da tradição histórica, sua mais coerente expressão. 

John Quincy Adams, rematado orador, cala as palavras por um sutil lapso de tempo para que os jurados e os espectadores se preparem para – e anseiem por – sua contraposição:

− No entanto, o político sulista agora não mais em questão, mas em xeque, não consegue explicar por que os homens só fazem se rebelar quando se veem privados de sua propriedade mais natural, qual seja, a liberdade. Do contrário, não haveria choro, ranger de dentes, fúria e revolta diante dos feitores. Os homens aceitariam o quinhão do cativeiro de bom grado. Mas a experiência – o mesmo transcurso histórico advogado pelo sulista escravocrata – me autoriza a dizer que o homem vem da liberdade e para ela sempre propende. Tudo o mais é fruto da tirania e do arbítrio que pretende transformar a lógica de uns poucos no cárcere de quase todos. 

Hollywood e suas pesquisas de mercado – essenciais para transformar filmes em demandas artísticas que ratifiquem em termos de bilheteria os investimentos milionários – gostam da grandiloquência que leva o público às lágrimas. A realidade ficcional realiza a justiça para que a realidade histórica permaneça e se reproduza tal como está. Que dizer sobre o liberalismo de John Quincy Adams quando sabemos que o ex-presidente foi um dos principais idealizadores da Doutrina Monroe? Assim falou o presidente James Monroe: “Julgarmos propícia esta ocasião para afirmar, como um princípio que afeta os direitos e os interesses dos Estados Unidos, que os continentes americanos, em virtude da condição livre e independente que adquiriram e conservam, não podem mais ser considerados, no futuro, como suscetíveis de colonização por nenhuma potência européia”. O México, a América Central e a América do Sul bem sabem que a polícia do continente deixou de ser europeia para se tornar estanunidense. A América para os americanos – do norte. Mas, a despeito do entretenimento administrado de Hollywood, o liberalismo abolicionista foi o primeiro aríete para a luta pelos direitos civis nos EUA sobretudo após a Segunda Guerra Mundial. O judeu Steven Spielberg bem sabe que a lógica do navio negreiro escreveu o prefácio histórico para as câmaras de gás de Auschwitz, Dachau e Treblinka. Nesse sentido, ‘Amistad’ não nos traz apenas a cínica contiguidade entre a amizade e a escravidão, mas insufla ar redivivo para pensarmos, narrativamente, sobre feridas históricas que nossos tempos ainda não conseguiram cicatrizar. 

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*Flávio Ricardo Vassoler é escritor e professor universitário. Mestre e doutorando em Teoria Literária e Literatura Comparada pela FFLCH-USP, é autor de O Evangelho segundo Talião (Editora nVersos) e organizador de Dostoiévski e Bergman: o niilismo da modernidade (Editora Intermeios). Periodicamente, atualiza o Subsolo das Memórias, www.subsolodasmemorias.blogspot.com, página em que posta fragmentos de seus textos literários e fotonarrativas de suas viagens pelo mundo. 

Fonte: Carta Maior

Kanye West quer abandonar os EUA por causa do racismo


Kanye West e o racismo

Após um episódio onde Kanye West agrediu uma adolescente norte-americana, alegadamente devido a um insulto racista, o rapper pretende abandonar os Estados Unidos da América.

Tal ocorreu a 13 de janeiro quando a futura esposa de Kanye West, Kim Kardashian, pretendia entrar num estabelecimento médico em Beverly Hills e foram-lhe dirigidos alguns insultos sobre o facto de estar noiva de uma pessoa de etnia negra.

O rapper explicou que tem receio de explicar o episódio à sua filha porque tal levará a debater, de forma negativa, a cultura, história e sociedade norte-americana.

Kanye West declarou à imprensa que prefere abandonar os EUA do que ter conversas regulares sobre o racismo com a sua filha.

quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

"Machado de Assis é o maior escritor latino-americano"


Em entrevista, chileno Jorge Edwards, autor de "A Origem do Mundo", fala da influência do autor brasileiro no livro recém-lançado no País

por Marsílea Gombata,
Qualquer semelhança não é mera coincidência. A morte do amigo desencadeia a obsessão do personagem para desvendar um “crime que jura estar consumado”: o adultério de sua mulher com o falecido.

Parece um "crime consumado" nos arredores da rua Matacavalos, cenário descrito por Machado de Assis em seu clássico Dom Casmurro. É, na verdade, a base do livro A Origem do Mundo, do chileno Jorge Edwards, fã declarado do autor brasileiro. O livro chega ao Brasil 18 anos após o seu lançamento. "Machado de Assis é o maior escritor latino-americano e foi meu grande mestre", disse o autor aCartaCapital, por telefone, da embaixada chilena em Paris, posto que deixa em março para assumir a representação diplomática de seu país em Madri. “Sou um escritor chileno, mas que tem em sua formação um professor brasileiro. Houve outros mestres também, mas para o meu gosto particular o melhor escritor latino-americano de todos os tempos é Machado de Assis.”

No livro recém-lançado pela Cosac Naify, o ciúme, a desconfiança e a insegurança perturbam o personagem principal, Patricio Illanes. A suspeita de uma traição é o ponto de quebra do cotidiano: a rotina do personagem dá espaço a uma narrativa irônica e de reflexões agudas que o levam à descoberta do desconhecimento em relação ao outro.

A Origem do Mundo, que traz como pano de fundo o exílio de militantes de esquerda em Paris para tratar de dramas pessoais, tem clara influência da obra de Machado de Assis, autorestudado a fundo pelo diplomata e escritor chileno. Esta aproximação fica clara em certas passagens, como quando descreve a mulher.

Silvia tinha o costume de rir das coisas de Felipe, de falar mal dele, mas quando ele chegava a um lugar ela se animava, se alegrava, mudava de comportamento de forma visível. Os outros talvez não percebessem, mas eu via muito bem, mais que bem, e me parecia que a prova era perturbadora, escandalosa. Silvia!, eu exclamava por dentro, e observava com o rabo dos olhos, mal dissimulando, com emoções que um bom leitor teria podido ler na minha cara, o entusiasmo com que ela beijava o rosto dele ao cumprimentá-lo, repetidas vezes, terminando por beijá-lo perto da boca. Perto demais, entusiasmo demais, repisava eu, mas não dizia uma única palavra e pronto, porque eu sou, ou era, naquele tempo, uma pessoa de excelente saúde (tenho medo de que a saúde esteja se transformando para mim em enfermidade), pensava em qualquer outra coisa.


Permeia a obra um traço de melancolia a evocar um futuro não concretizado. É como se o passado político desses personagens, explica o autor, desse lugar à desilusão e a uma vivência mais pessoal. “Sempre que há uma história revolucionária, há uma desilusão que acaba por provocar uma introspecção, um estudo da alma profundo”, explica. “Essa é uma busca individual, não é uma metáfora política. Esses personagens são vítimas da ditadura, mas no momento em que o mundo começa a mudar eles descobrem sua própria realidade. Deixam de ser atores políticos para viver uma vida interior, erótica, amorosa, de ciúmes, recuperando a subjetividade.”

A Origem do Mundo, ele lembra, foi escrito durante as férias quando trabalhava como embaixador na Unesco e resolveu fazer algo totalmente diferente do cotidiano de reuniões intermináveis e análise de documentos e relatórios. “Levei comigo discos do pianista Sergei Rachmaninov e cartas do filósofo latino Sêneca. Me diverti muito com o livro, eu ria escrevendo”, lembra. “Quis também ser um pouco antissolene, distinto do que sinto ser a minha geração, que em cada página faz uma teoria da história, do mundo, algo um tanto pedante.”

Amigo no Rio. A raiz do fanatismo de Edwards por Machado tem origem em um antigo romance do autor com o Brasil ainda na juventude. Amigo de Rubem Braga, ele viajava com frequência a São Paulo e ao Rio, onde se hospedava na casa do cronista na Rua Prudente de Morais, em Ipanema. Foi o amigo quem lhe apresentou Machado de Assis, sua grande inspiração para levar o oficio de escritor paralelamente à carreira diplomática. "Ele me falou de Machado, e depois encontrei em seu humor e tom irônico algo muito parecido com a minha maneira de escrever. Machado de Assis me formou.”

Embaixador de Salvador Allende em Cuba, Edwards teve sua passagem pela ilha marcada por uma acalorada discussão com Fidel Castro, o que lhe rendeu a sua saída de Havana e o livro Persona Non Grata, sobre a sua experiência na ilha. Com o golpe do general Augusto Pinochet, Edwards foi expulso do corpo diplomático chileno em 1973. “Quando Pinochet me expulsou, celebrei com champanhe porque pude me meter em uma jornada completa no mundo da literatura”, conta rindo. “Sempre escrevi porque sou madrugador. Me levanto muito cedo, escrevo antes de começar o trabalho burocrático no escritório. É bastante difícil fazê-lo, mas eu consegui porque sou bastante teimoso.”

Depois do exílio na Espanha, Edwards voltou ao Chile em 1978, quando fundou o Comitê de Defesa da Liberdade de Expressão. O intervalo na carreira como embaixador terminou com a chegada de Sebastián Piñera ao poder, em 2010, quando foi convidado a assumir o posto na capital francesa. Ao longo dos 40 anos em que esteve afastado das negociações diplomáticas, o escritor nascido em 1931 deu continuidade à produção literária, com os livros Los Convidados de Piedra (1978), El Museo de Cera (1981), La Mujer Imaginaria (1985), El Anfitrión (1987), Fantasmas de Carne y Hueso (1992), El Sueño de la Historia (2000), El Inútil de la Familia(2004) e La Casa de Dostoievsky (2008). Escreveu, ainda, Adiós Poeta (1990), em memória ao amigo Pablo Neruda, além dos volumes de ensaios Desde la Cola del Dragón (1977), Mito, Historia y Novela (1980) e El Whisky de Los Poetas (1994).

Seu próximo romance, Retrato de María, será lançado no segundo semestre de 2014. Nele, uma chilena que salva a vida de crianças judias e se torna uma heroína acaba sendo salva por um soldado alemão enquanto é torturada pela Gestapo. O contexto político, mais uma vez, é só o pano de fundo para o thriller. Como bom machadiano, o que interessa para Edwards são os conflitos internos, a profundeza da alma humana.

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Matérias relacionadas:
Biblioteca de Machado de Assis - PDF - Machado de Assis


Fonte: Geledes.

Frei Betto: Como nascem os preconceitos



As discriminações não nascem na natureza. Brotam nas nossas cabeças e contaminam as nossas almas e atitudes.

por Frei Betto,
Em seu livro Doze Contos Peregrinos, o escritor colombiano Gabriel García Márquez conta a história de um cachorro que todos os dias era encontrado num cemitério de Barcelona junto ao túmulo de uma prostituta, Maria dos Prazeres. Com certeza se inspirou nas histórias reais de Bobby, um terrier de Edimburgo, Escócia, que durante 14 anos guardou o túmulo de seu dono. Ali ficou uma pequena escultura dele e uma lápide na qual gravaram: “Que sua lealdade e devoção sejam uma lição para todos nós”.

Em Tóquio ergueram também uma estátua, na estação Shibuya, em homenagem a Hashiko, um cão da raça akita que todos os dias esperava seu dono retornar do trabalho. O homem morreu em 1925, e durante anos o cachorro foi aguardá-lo na mesma hora em que ele costumava regressar. Hashiko morreu em 1935 e a estação hoje tem seu nome – fizeram até um filme sobre esse episódio (Sempre a seu Lado, com Richard Gere).

Cães e seres humanos são mamíferos, exigem cuidados permanentes, em especial na infância, na doença e na velhice. Manter vínculos de afeto é essencial à felicidade da espécie humana. A declaração de independência dos Estados Unidos teve a sabedoria de incluir o direito à felicidade. Pena que muitos estadunidenses considerem hoje a felicidade uma questão de posse. Daí a infelicidade geral da nação, traduzida no medo à liberdade, no espírito bélico, na indiferença para com a preservação ambiental e as regiões empobrecidas do mundo. É o chamado mito do macho, segundo o qual a natureza foi feita para ser explorada, a guerra é intrínseca à espécie humana e a liberdade individual é considerada acima do bem-estar da comunidade.

O darwinismo social é uma ideologia cujos hipotéticos fundamentos já foram derrubados pela ciência, em especial a biologia e a antropologia. Essa ideologia foi introduzida na cultura ocidental pelo filósofo inglês Herbert Spencer, que no século 19 deslocou supostas leis da natureza indevidamente atribuídas a Charles Darwin para o mundo dos negócios. John Rockefeller chegou ao ponto de atribuir à riqueza um caráter religioso, ao afirmar que a acumulação de uma grande fortuna “nada mais é que o resultado de uma lei da natureza e de uma lei de Deus”.

O conceito de seleção natural de ­Darwin deriva de sua leitura de Thomas Malthus, que em 1798, em ensaio sobre crescimento populacional, afirmava que se crescer a uma velocidade maior que seu estoque de alimentos a população será inevitavelmente reduzida pela fome. Spencer agarrou-se a essa ideia para concluir que na sociedade os mais aptos progridem à custa dos menos aptos e, portanto, a competição entre os seres humanos é positiva e natural.

E os que são cegos às verdadeiras causas da desigualdade social alegam que a miséria decorre do excesso de pessoas no planeta. Ora, se somos 7 bilhões de seres humanos no planeta e, segundo a FAO, produzimos alimentos para 12 bilhões de bocas, como justificar a desnutrição de 1,3 bilhão de pessoas? Não há excesso de bocas, mas falta de justiça.

Quanto mais são derrubadas barreiras de classe, mais os privilegiados e seus ideó­logos se empenham em buscar justificativas para provar que entre os humanos uns são naturalmente mais aptos do que outros. Outrora os nobres eram considerados espécie diferente, de sangue azul. Com a Revolução Industrial, gente comum se tornou rica, superando-os em fortuna. Foi preciso então criar uma nova ideologia: que o Estado e a Igreja cuidem dos pobres. E tão logo Estado e Igreja passaram a dar atenção aos pobres – sem deixar de cuidar dos ricos, que o digam o BNDES e a Cúria Romana –, os privilegiados puseram a boca no trombone, demonizando as políticas sociais, acusando-as de gastos excessivos.

Preconceitos e discriminações não nascem na natureza. Brotam nas nossas cabeças e contaminam as nossas almas e atitudes. Vamos lutar contra eles. 

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Frei Betto é colunista da Rádio Brasil Atual.

Delegado troca sexo e pode assumir Defesa da Mulher


Uma cirurgia de mudança de sexo, realizada na Tailândia, é o assunto do momento nos bastidores da segurança pública de Goiás. Há cerca de seis meses, um delegado de Polícia Civil entrou de licença médica, viajou até a Ásia, onde submeteu-se à mudança de sexo, da qual ainda se restabelece. Em fevereiro, quando deverá voltar ao posto, no lugar do delegado Thiago de Castro Teixeira, quem assumirá será a delegada Laura de Castro Teixeira.

E Laura reassumirá com a possibilidade de lotação na Delegacia Especializada de Defesa da Mulher (Deam) Central de Goiânia, onde a titular, Ana Elisa Gomes Martins, carente de reforço, garante uma boa recepção. "Se ela vier, será recebida com profissionalismo e para atender uma grande demanda de um público carente", informa a delegada Ana Elisa, que chefia uma especializada com três delegadas adjuntas e quatro plantonistas, todas sobrecarregadas pela violência contra a mulher.

A mudança de nome de Thiago para Laura foi autorizada pela Justiça e por isso o novo registro civil do delegado passou a ser do sexo feminino. No Facebook, desde o final de outubro, Laura já exibia o novo visual, contrastando bastante com a imagem pública do então delegado Thiago, geralmente usando terno, camisa de mangas compridas e outras peças todas do vestuário masculino.

Na foto mais recente, postada em 13 de dezembro, a delegada aparece com o rosto maquiado e vestida com a camiseta preta padrão com o timbre da Polícia Civil, muito utilizada pelos policiais da corporação durante operações. Os cabelos longos e bem escovados nem de longe lembram as madeixas desalinhadas e amarradas, geralmente em um rabo de cavalo, mantidas presas sempre que concedia entrevistas sobre casos policiais.

A história foi revelada nesta quinta-feira, 23, pelo jornal Diário da Manhã (DM), que dá como certa a posse dela como delegada da Mulher de Goiânia. A reportagem mostrou a surpresa de alguns ex-colegas de trabalho com as mudanças feitas por Thiago. "O delegado era implacável em ações que exigiam demonstração de 'macheza' e sua conduta era de um homem que exalava testosterona, não de um indivíduo que pudesse mudar de sexo e vir a se tornar uma figura feminina", declarou um escrivão ouvido.

Policial tido como sério, com atuação firme nas operações de combate à criminalidade promovidas pela Polícia Civil, onde ingressou há cerca de quatro anos, Thiago foi delegado titular das cidades de Trindade e Senador Canedo, ambas na região Metropolitana de Goiânia. Também atuou como coordenador do grupo especial de repressão a narcóticos (Genarc) da cidade de Porangatu, no Norte de Goiás.

Outros detalhes pessoais sobre a vida do policial que vieram a público com a mudança de sexo, dizem respeito ao passado de Thiago, que foi casado e tem dois filhos.

À reportagem, uma fonte da Polícia em Goiânia informou, solicitando o anonimato, que a mudança de sexo "não foi uma surpresa de agora, já que a licença e a viagem à Tailândia eram sabidas de algumas pessoas há alguns meses". A fonte sinalizou que, nos bastidores da corporação, a condição do delegado era conhecida, "mas não comentada amplamente, inclusive porque ele tem uma atuação linha dura".

O caso é tratado com cuidados pela Secretaria de Segurança Pública (SSP). A assessoria de imprensa da Polícia Civil evitou informar os contatos da delegada Laura. Segundo a assessoria, o diretor geral da PC, delegado João Carlos Gorski, não comentará o caso, justificando se tratar de assunto pessoal "que não afetará em nada a parte administrativa" do cargo exercido pela delegada, já que houve autorização judicial para a mudança de nome. Ainda segundo a assessoria, não há definição - por enquanto - sobre a próxima lotação de Laura, indicando que não está confirmada ou descartada uma atuação como delegada da mulher.

Na Delegacia da Mulher, tradicionalmente, a maior parte dos postos de delegados é ocupada por mulheres, mas algumas vezes já foram ocupados por homens. Na Especializada, homossexuais homens, como travestis, não são atendidos. O atendimento é exclusivo para mulheres, entre as quais lésbicas vítimas de violência.

Fonte: UOL.

“A liberdade sexual no país é, em muitos casos, uma ilusão”


Laerte Coutinho, uma das mais importantes cartunistas do país, assumiu publicamente sua identidade feminina em setembro de 2010. Nascida em 1951, considera que ainda não completou seu processo de transformação de gênero que iniciou em 2004. "Acho que completar, mesmo, nunca vai acontecer", disse.

Desde então virou uma referência tanto do coletivo gay, quanto dos travestis e transexuais. Em entrevista ao EL PAÍS, Laerte diz que a homofobia no Brasil é semelhante ao racismo e que o governo deveria parar de ceder tanto a forças políticas comprometidas ou coniventes com a discriminação e a violência, como as do fundamentalismo religioso. 

Pergunta. Por que em um país onde cada um parece ter a liberdade de mostrar para todo o mundo sua orientação sexual, existe tanto ódio ao diferente? O Brasil é diferente de outros lugares?

Resposta. Essa liberdade é, em muitos casos, ilusão. O Brasil parece o paraíso dos costumes liberados - e acho que isso faz parte da nossa autoconsciência otimista. A verdade está mais nos números escandalosos de agressões e ataques de natureza homo e transfóbica.

Não tenho experiência de outros lugares, apenas acompanho relatos e reportagens. Claro que na Rússia - especialmente hoje - ou em Uganda, as coisas são mais pesadas, institucionais até. A homofobia, entre nós, se assemelha ao racismo - ninguém admite que existe (principalmente sobre si mesmo), mas é impossível negar sua presença.

P. Houve algum avanço nos últimos anos na luta contra os crimes e a discriminação homo/transfóbica?

R. Houve avanço - exatamente na visibilidade e mobilização das pessoas, com criação de entidades e utilização de meios como a internet. Aos poucos se está criando uma representação nas instâncias parlamentares, com a apresentação de projetos de lei, como o recém derrotado PL 122 (que torna crime a homofobia) e o ainda em discussão PL 5002, o chamado PL João W Nery, que trata da livre identidade de gênero. Isso representa avanço, a meu modo de ver.

O debate tem crescido e tenho motivos para acreditar que, socialmente, começa a mudar o modo de enxergar a população LGBT, por parte dela própria - falo da passagem da situação de marginalidade para a integração social.

Acho que é um processo que não começou agora nem está perto de se concluir. Ainda estamos longe de situações como as que vive a Argentina e o Uruguai.

É preciso dizer que, mesmo nesses países, vigora muita tensão homofóbica. A aprovação de uma legislação mais justa não “corrige” automaticamente a opressão e o ódio vividos na sociedade.

P. O que o Governo deveria fazer para contribuir na luta contra a discriminação e violência do coletivo LGBT? E o próprio coletivo? 

R. Uma das boas coisas que o Governo poderia fazer seria parar de ceder tanto a forças políticas comprometidas ou coniventes com a discriminação e a violência - como as do fundamentalismo religioso. Acho que o movimento vem fazendo o necessário para crescer em mobilização e em capacidade de mobilizar a sociedade - de ser percebido como parte integrante da sociedade, portadores de direitos que devem ser universais.

P. Como se explica que o presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara seja abertamente homofóbico?

R. Isso foi possível devido a mecanismos de funcionamento do Congresso Nacional. Acho que se deveu, em resumo bem resumido, à falta de sintonia entre a população e seus representantes, resultando num momento equívoco que permitiu esse tipo de golpe. Foi um golpe.

P. Quais foram as maiores barreiras que você teve que superar quando resolveu se aceitar como mulher? Você sofre preconceito?

R. No meu caso, a principal barreira foi a que eu mesma colocava. Quando entendi e aceitei o significado de algo que até ali eu julgava fantasia, o principal foi superado.

Minha família e amigos também me ajudaram muito, mantendo os laços de afeto durante todo o processo de questionamentos, estranhamentos e dúvidas, que são inevitáveis. Tenho sido socialmente muito bem recebida - talvez minha condição de artista e pessoa conhecida publicamente ajude, não sei.

Não é o que acontece com a maior parte das pessoas trans no Brasil.

Fonte: El Pais.

quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Comissão de Direitos Humanos do Senado debate extermínio de jovens negros


Em outubro de 2013, ocorreu Audiência da Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH) do Senado sobre extermínio de jovens negros, subdividida em partes e disponibilizada no youtube, selecionamos a parte 6, que conta com a contribuição e participação do rapper GOG. Assista:


Fonte: Senado.

Fórum - A cor do homicídio no Brasil


Homens, negros e com idade entre 15 e 29 anos. Esse é o perfil das vítimas de homicídios no Brasil. Os dados são revelados pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada -- IPEA e também pelo Ministério da Saúde. O resultado teve como base os mais de 52 mil crimes desse gênero que ocorreram no País. Destes, mais de dezoito mil casos vitimaram homens negros dentro da faixa etária citada. Assista:


Fonte: Sepir/DF.

UMA ANÁLISE DOS ROLEZINHOS: PELO DIREITO DE NARRARMOS NOSSA HISTÓRIA

“Nunca imaginei que um dia a ida ao shopping seria visto como um ato de resistência política. Os chamados “rolezinhos;” noticiados pelos meios de comunicação desde Dezembro de 2013, consistem em uma simples ida de jovens, em grupos, aos shopping centers. Algo comum, já que o grande contingente de frequentadores destes espaços são jovens. Porém, o que despertou a revolta de algumas pessoas em relação a estes “rolezinhos” foi o tipo de jovem que o está realizando: pobres e, em sua maioria, negros.” (Stephanie Ribeiro, Blogueiras Negras)

Por Mariana Gonçalves da Silva e Dinamara Prates*
Não é de hoje que a projeção das capitais dos estados brasileiros, está diretamente vinculada a um projeto excludente e segregacionista de cidade, onde nos é restrito o acesso aos grandes centros e áreas de lazer, comércio e cultura. A população negra e pobre das periferias, diariamente sofre ataques fruto do racismo institucional, esses estão refletidos no extermínio da nossa juventude, colocação nos subempregos com piores salários, perseguição da nossa cultura e religião e principalmente restrição da nossa liberdade de expressão.

Vamos aqui problematizar a “restrição da nossa liberdade de expressão” e de que forma outros atores sociais, interferem nessa história a ponto de perdermos o protagonismo na história. Quando no texto, nos referimos sempre, colocando o nós, a intenção não é falar em nome dos e das jovens que realizam os tais “rolezinhos”, falamos assim, pois nos caracterizamos enquanto jovens negras, vindas da periferia e passíveis de frequentar os rolezinhos.


Na última semana uma série de textos, análises, etnografias, dissertações, artigos, livros e bíblias foram lançados nas redes na intenção de identificar o fenômeno do rolezinho, que até então estava escondido pelas periferias, estacionamentos, parques e praias. Assim que a juventude negra e pobre, desce o morro pra frequentar o grande covil do consumismo, na intenção de “azarar as gatinhas, cantar funk e trocar uma ideia”, a classe média seja ela de esquerda, direita ou centro, grita! Indignada, seja com a presença da galera nos shoppings, alegando o sentimento de medo ou insegurança, ou indignada com a repressão sofrida pelxs jovens por parte da polícia, disserta. Mas não só disserta, como também age. Na nossa visão de forma errônea.

Neste último fim de semana 18 e 19 de janeiro de 2014, inúmeros rolezinhos estavam marcados por todo o país nos grandes centros comerciais. E o que vemos dessa vez? A não adesão dxs protagonistas do evento e sim, a apropriação dos movimentos sociais principalmente os de esquerda, a um fenômeno que infelizmente pouco tem a ver com eles e com as jornadas de junho de 2013.

Pra quem não sabe, os rolezinhos existem há muito tempo (bem antes das manifestações de junho e Copa do Mundo) como forma de resistência à proibição dos bailes funk nas comunidades. A aglomeração de jovens para namorar e confraternizar em espaços públicos também é antiga, (em Porto Alegre citamos o exemplo do Parque Germânia ao lado do shopping Iguatemi e do Parque Marinha ao lado do Praia de Belas) o que está em evidência agora, e que sim tem a ver com junho é a repressão escrachada, por parte do poder público e da iniciativa privada. Mas lembremos, enquanto escrevemos um texto, no mínimo um jovem negro é assassinado. A repressão sempre existiu e sempre existirá nas periferias do nosso país. Talvez grande parte da massa que apoia e tem participado do fênomeno rolezinho, não saiba o quanto somos oprimidxs diariamente e a intenção não seja ruim. Entretanto a perseguição e a criminalização da juventude negra e pobre sempre existiu, o porém nisso tudo, é que são insivibilisadas.

Dessa forma nos perguntamos: afinal, o que estão fazendo os movimentos de esquerda nos rolezinhos, sem seus principais protagonistas? Entendemos que a população da periferia sofre diariamente com a violência policial advinda das remoções e da higienização dos grandes centros, com a falta de investimentos em saúde, educação e os gastos excessivos causados pela realização da Copa do Mundo. Também defendemos o bordão “Não vai ter Copa”, mas será que isso tem tanto a ver com a azaração da galera? Precisamos sim politizar a juventude que está aí, cheia de ideias na cabeça, que participou das manifestações de junho, mas será que a apropriação de um evento que é não é nosso, é o melhor caminho? Será mesmo que essa galera quer que o rolezinho seja politizado?

O que criticamos aqui não é a politização dos rolezinhos em si, mas sim a forma com que a esquerda tomou pra si esse fenômeno, produzindo a enxurrada de textos e análises e também a reprodução em massa de rolezinhos chamados pelas redes sociais, com o intuito diferente dos chamados pela juventude negra.

Falamos em liberdade de expressão entre a esquerda e o quanto isso nos foi e ainda é restrito. Mas será que a intervenção, a politização e as publicações feitas acerca dos rolezinhos não são também uma forma de restrição da nossa liberdade de expressão? Será que não estão querendo muito falar por nós? Nós estudantes universitárias negras, potenciais ativistas do movimento negro, críticas com relação à situação de nossa população no Brasil e no mundo, não nos sentimos à vontade para interferir nesse processo. Entendemos muito bem que a proibição e a repressão, se trata da expressão mais escancarada de racismo nos espaços da elite, consideramos legítimos os rolezinhos, mas não somos nós (nem enquanto movimento negro, estudantil, sindical ou o que seja) quem devemos tomar o protagonismo.

Consideramos legítimo também o posicionamento da esquerda, porém como na citação do texto de Stephanie Ribeiro “o que despertou a revolta de algumas pessoas em relação a estes “rolezinhos” foi o tipo de jovem que o está realizando: pobres e, em sua maioria, negros.” Por isso, é muito lindo e comovente ver jovens brancos da classe média apoiando a causa e se solidarizando com a juventude negra, entretanto devem ter a consciência de que quem deve ter voz é a juventude negra. E se querem mesmo politizar, no shopping, no evento da galera não é o melhor lugar. Quem sabe amadurecemos a ideia de irmos para os morros e vilas, tentar entender a resistência que existe e sempre existiu lá? Politizar com nossas pautas e debates, sobre a desmilitarização da polícia, falta de espaços públicos, transporte coletivo precarizado, Copa do Mundo, genocídio da população negra e principalmente, o racismo?

Vivemos exigindo da burguesia nossos direitos e nem mesmo o da expressão cultural nunca quiseram nos ceder, mantendo a classe trabalhadora e negra, confinada nas mazelas da periferia. Devemos parar de reproduzir essas ações e passar a dar voz a quem grita em silêncio há muito tempo!

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*Dandaras, estudantes negras cotistas da UFRGS e potenciais ativistas da causa negra.

Fonte: Jornalismob.

Manifesto do coletivo nacional enegrecer ao Fórum Social Temático 2014


por Walmyr Jr,
O Coletivo Nacional de Juventude Negra ­ ENEGRECER é um movimento, de âmbito Nacional, que se constitui como espaço autônomo de articulação e formação política, anti­capitalista, anti­racista, anti­patriarcal, não homo/les/transfóbica objetivando organizar jovens negros e negras e efetivar cidadania da juventude negra brasileira. Constituímo-nos hoje como parte integrante desta importante trajetória marcada por incansáveis períodos de lutas e participação política que teve início no processo de resistência negra ao regime escravocrata chamado de movimento negro brasileiro.

Estamos no Fórum para debater:

• Luta pela Liberdade.

• Combate ao Racismo.

• Protagonismo Juvenil.

• Soberania Popular.

• Desmilitarização da Polícia Militar

• Internacionalismo

• Genocídio da Juventude Negra

O Racismo é uma questão estruturante das relações de poder no nosso país. Ele não se dá apenas pela questão biológica em si, mas nas relações sociais estabelecidas sob esta ótica, ou até mesmo justificadas pela visão fenotípica. O debate racial ganhou visibilidade no último período, devido a entrada deste na agenda política do país. As superestruturas estão organizadas para garantir a ordem vigente: Capitalista, Machista, Racista. Porém no último período, elas estão sendo questionadas.

A própria democracia racial, está fadada ao fracasso teórico, pois o reacionarismo e o preconceito racial se acendem no momento em que se tem novos modos de distribuição de renda, demarcações de terras quilombolas, acesso à educação, cotas raciais. Essas políticas públicas mexeram nas estruturas que mantém o sistema funcionando. Causaram um impacto inclusivo da população negra em espaços que lhe foram negados até pouco tempo atrás. Derrubar paradigmas é o grande desafio.

A Revolução Democrática pretende destruir a ordem vigente a partir da construção de nova consciência política de negros e negras e da sociedade como um todo. Para isso precisa de políticas que confrontam modelos e formas de ensinar e o que ensinar.

Novas leis que obrigam a ensinar História da África, por exemplo, trazem novos questionamentos ao papel da Escola e da Universidade, que foram estabelecidas para manter o sistema capitalista, racista funcionado e reproduzindo um ensino eurocêntrico.

Quando se faz um gráfico da situação econômica do Brasil, é muito nítido ver quem é a população com menor renda, piores salários e piores postos de trabalhos. São as mulheres,negros/as e jovens da periferia.

Isso é reflexo do mundo capitalista, machista e racista que vivemos. Estes são impossíveis de serem superados dentro de uma sociedade capitalista, que tem como regra básica a exploração e o lucro. Para superá-los precisamos destruir o Capitalismo. Sem isto não conseguiremos avançar.

Um Mundo onde haja opressão, independente da forma, ele não nos serve. Não existe a civilização do amor onde há Racismo, Machismo e a Homofobia!

Saudações enegrecidas à todas e todos que lutam por um outro mundo possível. Estamos nas tarefas nacionais com atividades no Fórum Mundial Social Temático que acontece entre os dias 23 e 26 de 2014 em Porto Alegre – RS.

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* Walmyr Júnior Integra a Pastoral da Juventude da Arquidiocese do Rio de Janeiro e cursa história na PUC. Representou os jovens no encontro com o Papa Francisco em sua visita ao Rio. 

Sancionada política de combate às discriminações em Minas Gerais (MG)



Governador vetou apenas um dispositivo, que trata dos requisitos para a concessão de bolsas de estudo.

Foi publicada no Diário Oficial de Minas Gerais do último sábado (18/1/14) sanção à Lei 21.152, de 2014, que estabelece diretrizes e objetivos para a formulação e a implementação da política estadual de combate às discriminações racial e étnica. A matéria, de autoria dos deputados Durval Ângelo e André Quintão (ambos do PT), tramitou na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) como Projeto de Lei (PL) 1.346/11 e foi sancionada pelo governador com veto parcial ao parágrafo único do artigo 7º.

O texto determina a criação, por órgãos estaduais de fomento à pesquisa e à pós-graduação, de linhas de pesquisa e programas de estudos voltados para temas referentes às relações raciais e questões pertinentes à população negra e aos demais segmentos étnicos minoritários. Ele também autoriza a Universidade do Estado de Minas Gerais (Uemg) e a Universidade do Estado de Montes Claros (Unimontes) a concederem bolsas de estudos e de pesquisa, ensino e extensão universitária nesta modalidade de ensino à distância (EAD) para servidores públicos, professores, tutores e demais envolvidos em projetos e programas provenientes de convênios, acordos e contratos, públicos ou privados.

O dispositivo vetado estabelecia que os requisitos para a concessão dessas bolsas seriam objeto de deliberação das universidades. O governador, entretanto, considerou que há necessidade de tratamento uniforme e requisitos mínimos a serem respeitados por ambas as instituições citadas. Esses requisitos, por sua vez, devem observar critérios jurídicos, financeiros e de gestão pública, que demandam uniformidade de planejamento.

Definições e diretrizes – A lei define que a discriminação racial é o ato ou situação que, sob o pretexto de raça ou relativo à descendência biológica, restrinja ou exclua o gozo ou o exercício dos direitos fundamentais e das liberdades individuais, e gere ou perpetue diferenciações no acesso a bens, serviços e oportunidades. Já a discriminação étnica é o ato que, sob o pretexto de cultura, crenças, hábitos, relações de vida ou traços psicossociais, gere os mesmos efeitos.

São estabelecidas oito diretrizes que devem ser observadas na formulação da política estadual de combate às discriminações racial e étnica: o respeito às diversidades biossomáticas e étnicas; a defesa dos direitos étnicos individuais, difusos e coletivos; a igualdade de condições e oportunidades sociais; a igualdade no acesso aos serviços públicos; o combate à discriminação e às demais formas de intolerância; a promoção social dos vitimados por atos ou situações discriminatórias; a compensação e a reparação.

Também são determinados cinco objetivos para a política: inserir as dimensões biossomática e étnica nas políticas públicas estaduais voltadas ao desenvolvimento econômico-social; modificar as estruturas institucionais do Estado para adequá-las ao enfrentamento das desigualdades provocadas pelo preconceito e pela discriminação, com vistas à sua superação; eliminar os obstáculos históricos, socioculturais e institucionais que impedem a presença das diversidades biossomática e étnica nas esferas pública e privada; apoiar iniciativas da sociedade civil que promovam a equidade das oportunidades e combatam as desigualdades sociais; e estimular a adoção de ações afirmativas, visando ao combate à discriminação racial.

Fonte: ALMG.

terça-feira, 28 de janeiro de 2014

AfroBrasilienses | Mãe Bahiana


Afrobrasilienses é um projeto audiovisual que traz 20 depoimentos de pessoas negras que vivem no Distrito Federal. A idéia surgiu com as comemorações dos cinqüenta anos da capital, quando ficou mais acentuada a reflexão: onde estão os heróis e heroínas negras da cidade? Por que não nos mostram? Quem são as pessoas negras que vivem no DF? O que elas fazem? Como é a auto-estima delas?

Graças ao edital Ideias Criativas para o 20 de novembro, da Fundação Cultural Palmares, o projeto pôde tornar-se realidade. A proposta também lança olhar diferenciado sobre o significado de produção cultural, que passa, necessariamente, pela reprodução e fomento de valores fundamentais, formação de identidades, resgate de valores e tradições específicos, além da capacidade de transversalidade, potencial agregador e gerador de sustentabilidade, auto-estima e reconhecimento.

Representando a Secretaria Especial da Promoção da Igualdade Racial (SEPIR-DF), a gerente da Gerência da Religiosidade e de Matriz Africana, Adna Santos de Araújo (Mãe Baiana) tem realizado trabalho ativo para enfrentar à Intolerância Religiosa no Distrito Federal e Entorno.

Conheça o trabalho dessa militante religiosa que dedica sua vida para promover a paz entre as crenças e o respeito aos praticantes e as comunidades tradicionais de matriz africana. Assista: 


Fonte: Sepir/DF.

O reverso da "obra de arte": Artista Gay russo cria foto em resposta a Revista Garage


Um artista gay da Russia postou uma foto invertida em resposta a controversa foto da revista Garage, onde uma mulher está sentada sobre uma cadeira-mulher-negra

A foto que ofendeu muitas pessoas começou a circular na segunda-feira dia 20 de janeiro, o dia em que é comemorado o dia de Martin Luther King Jr.. Zhukova se desculpou e chamou a decisão de aparecer com uma peça tão racialmente insensível de arte " lamentável ". Ela também argumentou que a intenção real do designer Bjarne Melgaard foi criar "uma discussão sobre gênero e políticas raciais . "

Mas , para alguns as desculpas não foram suficiente.

Alexander Kargaltsev , um fotógrafo e ativista gay da cidade de Nova Iorque, decidiu encenar sua própria resposta ao retrato " ultrajante e de mau gosto ", com uma imagem de um homem negro nu sentado sobre um homem branco nu, cujas pernas são dobradas até criar uma "cadeira ".

Kargaltsev disse ao The Huffington Post em um comunicado enviado por email sexta-feira : " Eu fui forçado a abandonar a Rússia por causa da discriminação que experimentei como um gay". "Estou desapontado que a tradição de xenofobia é tão forte no meu país que tal imagem de Ms. Zhukova pode aparecer como se fosse normal e banal . O Povo russo parecem não perceber quando ofendem outras por princípio da cor, nacionalidade, orientação sexual e assim por diante . "

Kargaltsev explicou a ideia por trás de sua foto para o Out There Magazine, dizendo :

“Me entristece profundamente ver que o racismo está sendo exaltado e, assim, fez não só aceitável, mas na moda utilizado por nomes como o de Ms. Zhukova .

Minha própria composição reverte a injustiça visual e ofensa perpetrada por esse editorial e de uma forma restaura a igualdade de gêneros , raças e orientações sexuais . Infelizmente, eu entendo muito bem que o meu trabalho vai ser visto pela maioria dos russos como provocativos e inapropriados, enquanto a imagem repulsiva publicada exatamente no dia de Martin Luther King dificilmente fará qualquer um de lá mudar a forma de pensar.


Rolezinhos: a juventude grita ‘nós existimos’


“Quem conseguir colher o que esses jovens querem, fará de São Paulo uma cidade mais democrática”, afirma o educador Ruivo Lopes, em entrevista ao Brasil de Fato.

Por Bruno Pavan,
“Como posso te identificar na matéria”, perguntei. “Poeta e educador, pode ser?”, me respondeu Ruivo Lopes. Em seu blog ele pede emprestada a música “Apenas um rapaz latino americano”, de Belchior, para se descrever

Apesar da modéstia, Ruivo atua em várias frentes. É participante do “Coletivo Perifatividade”, que promove sarais na periferia de São Paulo, apresenta programas de rádio em emissoras comunitárias e teve poemas publicados em seis livros lançados por coletivos culturais.

Ruivo é desses que acredita. Acredita na cultura da periferia, nos jovens e no debate sobre a cidade. Nessa entrevista exclusiva ao Brasil de Fato, ele fala sobre os rolezinhos e como ele pode ajudar no debate da ocupação do espaço público da cidade por seus moradores.

O rolezinho é um fenômeno relativamente novo para São Paulo e pode ser analisado pela ótica da ocupação do espaço na cidade. Como que você analisa esse ponto?

Os rolezinhos estão longe de ser um problema, é uma questão que temos que nos debruçar sobretudo no aspecto da participação dessa juventude. Nesse ponto eles contribuíram muito não só levando esse questionamento para o espaço público, mas também para o espaço, os shoppings centers, que sempre estiveram blindados. Quem vai ao shopping, independente da classe social que está inserida e do que consome, circula num espaço de fato social, está participando da cidade. O que pode ser apontado é que não existe somente essa forma mercadológica de participação, existe a participação política, cultural... O que se tem levado com os rolezinhos é um questionamento da afirmação, sobretudo de uma juventude pobre e negra, que é uma parcela significativa da cidade. Essa ocupação dos shoppings dessa maneira quer passar a mensagem de ‘nós existimos’ mas, como os empresários só conseguem entender essa lógica mercadológica, quem não consome não tem status de cidadão. Eles se mostram surdos e mudos aos desejos dessa juventude. Esse é o embate: dos empresários contra o direito que essa população tem de ocupar esses espaços. A sociedade precisa deste questionamento.

Os rolezinhos acabaram nascendo como resposta a uma proibição dos bailes funks na periferia da cidade. Como você vê essa cultura proibitiva presente na discussão sobre a cidade?

Não vejo a proibição como caminho pra nada. Essa cultura acaba restringindo direitos fundamentais como acesso a cultura, a convivência e, por fim, o direito a cidade propriamente dita. Atinge em cheio uma parcela da população que está à margem. Essa lógica prioriza a privatização do espaço de forma discriminatória, não só de classe, mas também de cor, e só agravam os problemas da sociedade brasileira. Historicamente ocupar o espaço público sempre foi o conflito, o combate no sentido democrático e engana-se quem pensa que a juventude a periferia não consegue se organizar. Essa iniciativa é tão importante quanto os movimentos sociais organizados. Os jovens escancaram essa luta quando ocupam um espaço que sempre determinou quem pôde entrar e o que vão fazer. Eles estão afirmando que nem tudo nessa cidade é mercadoria, ‘nós também queremos espaços que possamos conviver, nos conhecer, beijar’. Eles querem se mostrar, o que vestem, o que pensam. Quando a cidade e os empresários não acolhem esse juventude, é eles que estão errados e precisam ser questionados, não a juventude. Os rolezinhos mostram que há uma alternativa pra cidade, que são locais para convivência, de aceso ao público, é isso que vai tornar São Paulo melhor pra todo mundo

Como aconteceu nas manifestações do ano passado, você acredita que as liminares que proibiram a entrada dos jovens no JK Iguatemi e a violência da PM em Itaquera deram aos rolezinhos um tamanho maior?

A lógica proibicionista tem mostrado que quanto mais se endurece a repressão, mais se acontece aquilo que se está proibindo. Então quando se restringe um valor, como o de ir e vir, que é muito caro a sociedade brasileira, há uma resposta. O que tem acontecido por parte da justiça e da PM é o avesso do que esses jovens estão buscando como alternativa. Os protestos contra a tarifa de ônibus tem relação porque é um direito de circulação pela cidade o quê aquelas pessoas pediram. Os participantes dos rolezinhos querem o direito de frequentar um espaço de acesso público de São Paulo. É preciso trazer essa juventude para a gestão política da cidade, esse é o recado. E quem conseguir colher isso vai fazer de São Paulo um lugar muito mais democrático.

Os donos de shoppings marcaram uma reunião com o governador Geral Alckmin pedindo que o governo do estado crie “rolezódromos”, que seriam locais para conter esse avanço dos rolezinhos nos shoppings. Como você vê essa postura de empresários e governo?

Completamente equivocada. O governador deveria entender o processo todo com sua equipe e só depois disso se posicionar como governo. Infelizmente essa postura democrática e aberta não condiz com a postura do governo Alckmin. Ele recebe os empresários com uma pauta já pronta que defende o espaço privado e protege sua mercadoria. Criar ‘rolezódromos’ chega a ser uma ofensa! Não é isso que esses jovens estão pedindo. Espaços assim querem passar a ideia de que existem locais para manifestações. A população deve decidir o que fazer com a cidade e o governante tem que dialogar com isso. Esses espaços vão segregar ainda mais e já mostram uma incompreensão dessa demanda. Não é trazendo o empresário pra mesa que o governador vai chegar a uma solução, é trazendo essa discussão pras ruas, ele não vai resolver isso de seu gabinete. Não vejo isso como a solução correta.

Praticantes de candomblé e evangélicos se unem contra intolerância religiosa

Ação em Dia Nacional de combate à intolerância Religiosa
(Foto: página do evento)

Por  Isabela Vieira - Agência Brasil,

Rio de Janeiro - Pela primeira vez nos últimos 14 anos, líderes do candomblé, da umbanda e da Igreja Evangélica Neopentecostal se reúnem em um mesmo evento. Organizado pela Comissão de Combate à Intolerância Religiosa (CCIR), o show Cantando a Gente se Entende trará bandas de várias religiões para celebrar a convivência entre os credos e a liberdade religiosa.


O evento marca as comemorações do Dia Nacional da Liberdade Religiosa, celebrado hoje (21) e criado em homenagem à sacerdotisa do candomblé Gildásia dos Santos. Ela foi vítima de perseguição por uma igreja neopentecostal e enfartou ao ser acusada de charlatanismo, em 2000.

Nos últimos anos, o interlocutor da CCIR babalawo Ivanir dos Santos avalia que fiéis de religiões diferentes se tornaram mais tolerantes, mas que, institucionalmente, igrejas ainda são hostis a segmentos religiosos de matriz africana, principalmente. “Satanizam nossas crianças na escola, demonizam nossa cultura religiosa e popular como o samba e a capoeira e nossos rituais”, disse.

Instalada no Brasil há 12 anos, a Igreja Evangélica Voz de Deus, da corrente neopentecostal, será a primeira a se juntar ao evento da comissão. O pastor presidente Ayo Balogun, de origem nigeriana, avalia que é preciso vencer as barreiras do preconceito no Brasil. “As igrejas tem que unir os seres humanos e não deixar de amar pessoas que não praticam a mesma fé que a nossa”, declarou.

Para Ivanir dos Santos, a adesão da igreja de Ayo Balogun à comemoração é o primeiro passo para sensibilizar outras igrejas a se juntar contra a intolerância religiosa. “O gesto desse pastor é uma semente que tende a crescer porque muitos evangélicos não têm postura preconceituosa”, disse.

O evento Cantando a Gente se Entende, começa na sexta-feira (24), a partir das 18h, em frente ao Teatro Municipal do Rio de Janeiro, na Cinelândia, no centro da cidade. Estão confirmadas a presença do ogan Tião Casemiro, ogan Taina, padre Omar e banda Afro Gospel. O arcebispo da cidade do Rio, Dom Orani Tempesta, nomeado cardeal na semana passada, foi convidado, mas ainda não confirmou presença.

Hoje sacerdotes de várias religiões integrantes da CCIR participam de um culto ecumênico no Templo Religião de Deus, em Campo Grande, na zona oeste. Além de candomblecistas, umbandista e neopentecostais, são esperados espíritas, muçulmanos, budistas, ciganos, praticantes de wicca e seguidores da Fé Bahá'i e hare krishnas.

Fonte: EBC.

segunda-feira, 27 de janeiro de 2014