'Segurança me redirecionou para entrada de funcionários', diz professor universitário. Caso foi registrado na Delegacia de Polícia do Lago Norte; produção do evento diz que não vai se manifestar.
Por Marília Marques, G1 DF
O professor universitário, Igor Loyola, durante festa na orla do Lago Paranoá.
(Foto: Igor Loyola/Arquivo pessoal)
(Foto: Igor Loyola/Arquivo pessoal)
A Polícia Civil do Distrito Federal investiga a denúncia do professor universitário, Igor Guevara Loyola, 27 anos, que diz ter sido vítima de racismo ao tentar entrar no evento “Na Praia”, ocorrido no último domingo (9), na orla do Lago Paranoá.
Procurada pelo G1, a empresa responsável pelo “Na Praia”, a R2 Produções, disse que está apurando a situação, mas “enquanto isso não vai se manifestar sobre o assunto”.
Em entrevista , Loyola, que também faz doutorado na Universidade de Brasília, contou que ao passar pelos seguranças, na entrada principal da festa, por volta das 20h15, foi redirecionado para o acesso lateral e entrada dos fundos.
“Como [as portas] estavam fechadas, voltei. O segurança perguntou se eu não iria trabalhar, mas disse que estava indo curtir o show. Então, ele pediu que eu apresentasse o ingresso.”
Segundo Loyola, as outras pessoas que estavam na fila do evento não foram obrigadas a apresentar os ingressos da festa e não foram encaminhadas para entradas alternativas. “Eu poderia ter entendido mal, mas quando ele perguntou se eu não iria trabalhar, não vi nenhum sentido”.
“Estava na porta do evento para curtir o show, o único motivo de ele ter julgado que eu estava a trabalho era pela minha cor.”
Igor Loyola escreveu sobre o caso nas redes sociais um dia após o evento (Foto: Reprodução/Facebook)
De acordo com a Polícia Civil, embora o caso tenha sido registrado na 9ª Delegacia de Polícia (DP), no Lago Norte, a 5ª DP conduzirá as investigações. Para a polícia, trata-se de uma ofensa verbal.
Retratação
Igor Loyola disse que já frequentou o evento outras vezes e que considera este caso como “racismo velado”.
“Por ser um evento com perfil de público classe alta e frequentado em sua maioria por pessoas brancas, eu recebi um tratamento diferenciado por causa da minha cor. É difícil comprovar, mas na hora eu percebi e fiquei indignado. ”
Após relatar o acontecido nas redes sociais, o professor informou ter sido procurado pela produtora do evento e contou que recebeu um pedido de desculpas.
“Eu disse que a retratação não deve ser pra mim. Sugeri uma retratação pública como a veiculação de uma campanha contra o racismo, por exemplo. Funcionaria mais.”
Racismo no DF
De acordo com dados da Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal, entre janeiro e junho deste ano, foram registradas 204 ocorrências de injúria racial e um caso de racismo no DF. No mesmo período de 2016, ocorreram 208 casos tipificados como injúria e seis como racismo.
Além do boletim de ocorrência registrado nas delegacias de polícia, é possível denunciar anonimamente os casos de racismo por meio do telefone 197 ou pelo site da Polícia Civil.
Para facilitar as investigações, a polícia sugere que a vítima forneça o maior número possível de informações, como endereço, nomes, apelidos, características físicas, placas de veículos, vídeos e fotos do suspeito.
De acordo com a Lei nº 7.716/89, “recusar ou impedir acesso a estabelecimento comercial, negando-se a servir, atender ou receber cliente ou comprador” é tipificado como racismo. A prática é crime e a pena prevista é de um a três anos de prisão.
Fonte: G1
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