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sábado, 10 de setembro de 2016

Ser preta é foda


por Aline Silveira,


“Ser preta no Brasil é foda
É ser preterida
É não ter autoestima
É entrar para as estatísticas de mães solteiras
é ter 54% de chances de ser morta.
Ser preta é não receber visitas no Madre Pelletier.
É usar miolos de pão como absorventes.
É enterrar os filhos, vítimas de 111 balas perdidas.
Ser preta no país do carnaval é foda
é não ser reconhecida como mulher
ao mesmo tempo que é vista como a carne mais barato e sexualizada do mercado.
É ser violentada pelo colonizador, para que logo em seguida a história nos venda como país da miscigenação.
É ser ocultada dos livros de história.
É ser ocultada dos livros de literatura.
Ser preta no país do “somos todos iguais” é foda.
é ser confundida com a empregada nos shoppings
e ter segurança particular cada vez que um preto entra no Zaffari.
Ser preta é trabalhar nos bastidores de produção e não como âncora de telejornal.
“mas as oportunidades estão ai, basta batalhar” eles disseram.
é ter o cabelo, a boca e o nariz ridicularizados em rede nacional.
Ser preta no Brasil é foda porque somos tratadas como recorte, mesmo sendo a maioria no país.
Ser preta é se olhar no espelho e não se amar.
é querer se ver nos comerciais, no cinema e revistas e não encontrar.
Ser preta no Brasil é um exercício diário de auto amor se não a gente adoece.
e o genocídio da juventude negra não acontece apenas com as balas da PM.
O racismo nos mata diariamente…
Ser preta é foda”
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Aline Silveira
Sou de Porto Alegre-RS. Graduada em História e atualmente estou no 3 semestre de jornalismo na UFRGS.

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