Eu acabei de ouvir uma história que eu adoro. Ela vem de Ali Raza Khan, um empreendedor social Ashoka que trabalha para reformar a educação no Paquistão.
Por William Drayton,
No ano passado ele desafiou 6,000 estudantes pobres de 74 escolas vocacionais do governo a criarem empreendimentos dentro de um mês. Ele foi até eles e disse: “Eu acredito em vocês. Vocês podem todos começar seus negócios e projetos sociais e vocês podem ter sucesso.” Ele disse isso para todos os estudantes em todas as escolas, nenhum dois quais vinha de família privilegiada.
Ele os ajudou a se organizarem em equipes colaborativas e então eles começaram a compartilhar ideias, ajudando uns aos outros, construindo coisas juntos. Ele baniu os treinamentos convencionais porque, segundo ele, nesse modelo alguém diz a você o que deve fazer. A sua organização ofereceu um capital semente modesto para cada equipe, concordando em absorver quaisquer perdas.
Um mês depois, mais de 80 por cento dos estudantes tinham empreendimentos em funcionamento e dando resultados, sendo que pouquíssimas equipes não tiveram êxito.
Eu amo essa história pois ela mostra que o problema não são os jovens – somos nós. Nós criamos uma atmosfera venenosa quando dizemos aos jovens “vocês não podem” de tantas formas sutis e nada sutis. Eles podem – e eles devem!
Assim como Ali, quase todos os cerca de 1,000 Fellows Ashoka (de um total de 3,300) que trabalham com crianças e jovens fazem mais do que acreditar neles: eles garantem que sejam as crianças e jovens os encarregados pelas mudanças. Também o fazem 200 Escolas Transformadoras (Changemaker Schools) e 35 faculdades e universidades afiliadas à comunidade Ashoka. Os resultados são dramáticos e maravilhosos. Quando um(a) jovem pode ter um sonho, montar uma equipe e transformar seu mundo, ela ou ele será um(a) transformador(a), um(a) changemaker, por toda a vida, contribuindo repetidamente para solucionar os problemas que se mostram necessários. Ela ou ele nunca terá medo.
E haverá uma grande demanda por jovens assim. Nós vivemos num mundo em que a demanda por aqueles que conseguem se adaptar e contribuir para a mudança está acelerando exponencialmente, ao passo que a demanda por trabalho repetitivo está caindo na mesma velocidade.
Por muitos, muitos séculos, a regra do jogo era ter eficiência na repetição (pensem em linhas de montagem e escritórios de advocacia). Você aprendia uma habilidade, seja como cabeleireiro ou banqueiro, que você aplicava, limitado por muros, a vida toda. Uma pequena minoria orquestrava a grande maioria. A vida era guiada por regras.
No ambiente atual dirigido por mudanças, todos esses modos antigos estão passando por uma grande extinção.
Sucesso e realização agora estão nas equipes de equipes em rápida transformação – cujos membros observam, adaptam, identificam oportunidades e ajudam a construir e apoiar novas equipes de equipes em torno desses objetivos recém identificados.
Qualquer um que não consiga navegar nesse novo modo estará excluído. Você não poderá se realizar e contribuir com a sociedade se não for um transformador, um changemaker.
Quantas escolas, educadores e pais sabem que estão em falta com as novas gerações se suas crianças e jovens não estiverem praticando o que é ser transformador? E quantos sabem que a métrica educacional mais importante passou a ser: “Qual a porcentagem de estudantes de uma dada escola que sabem que são transformadores?”
Uma reforma educacional focada no acesso igualitário a um sistema obsoleto garante, na melhor das hipóteses, uma geração de fracasso. Tentar solucionar o desemprego de jovens “dando a eles as habilidades requeridas” é uma quimera.
Grandes pontos de inflexão sempre pegam as sociedades de surpresa.
E esta é a grande virada. Ela muda as mais básicas estruturas da sociedade. É bem maior do que qualquer revolução tecnológica.
E ela nos leva a um lugar maravilhoso. Um mundo em que todos são sujeitos transformadores (“everyone a changemaker”) é um mundo:
• Em que os problemas não podem superar as soluções.
• Estruturalmente bem mais igualitário porque todos são poderosos.
• Onde todos, não apenas as elites afortunadas, podem expressar amor e respeito em ação – a raíz da felicidade e da saúde.
A alternativa a isto é um mundo raivoso e profundamente dividido.
O desafio para líderes – e para todos nós – é reconhecer e acolher o fato de que estamos em um ponto de inflexão, de grande virada – e agora mudarmos tudo, começando por como crescemos até como lideramos.
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Este post integra a série “Thriving in a World of Change” (Prosperando em um Mundo de Mudança) produzida pelo The Huffington Post e pela Ashoka. A série é parte da cobertura, pelo The Huffington Post, da Reunião Anual do Fórum Econômico Mundial e trata de como, em uma era de mudança e conectividade sem precedentes, nós devemos fazer rapidamente a transição para um mundo em que todos contribuem, estando a ética da empatia no centro de tudo.
A fotografia de capa é retirada do filme “Revolutionary Optimists” (Otimistas Revolucionários, em tradução livre), um filme sobre o Fellow Ashoka Amlan Ganguly.
Fonte: BrasilPost, Geledés.
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