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sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

Dia Nacional da Visibilidade de Travestis e Transexuais (29/01)


Desde 2004, na data de 29 de janeiro, celebra-se o Dia Nacional da Visibilidade de Travestis e Transexuais. A data foi instituída pelo Movimento LGBT, por ocasião do lançamento da campanha “Travesti e Respeito”, pelo Ministério da Saúde. A data tem como objetivo ressaltar a luta pela cidadania e direitos e pelo respeito às travestis e transexuais na sociedade brasileira, buscando imprimir uma real visibilidade a este segmento, diversa daquela que muitas vezes é retratado pela mídia em programas de comédia ou em boletins policiais.

Dados indicam que a população trans vem sendo a mais violada e violentada entre a população LGBT no país. O último Relatório de Violência Homofóbica publicado pela Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidência da República aponta que grupos de travestis e transexuais ainda são os mais suscetíveis à violência, que se expressa através de injúrias, agressões físicas e psicológicas e assassinatos todos os dias.

Diversidade de gênero é destaque em evento do governo na sexta (29)

Servidora Paula Benett comemora iniciativa promovida no 
Dia Nacional da Visibilidade de Travestis e Transexuais
Foto: Andre Borges/Agência Brasília

Por Jade Abreu,
Paula Benett nasceu mesmo aos 14 anos. A servidora do governo de Brasília conta que sempre se viu como mulher, com mente feminina, mas se sentia presa a um corpo masculino. Não se identificava com a imagem refletida no espelho e com os costumes culturais do sexo biológico. Em 1994, assumiu o nome social — usado por quem não se sente representado pelo oficial — e escolheu o documento que passou a usar.

Desde então, a vida tem sido marcada por preconceitos, diz. "Na escola, a hora da chamada era sempre motivo de risos e de chacota dos alunos e dos professores", recorda-se Paula. A inserção no mercado de trabalho, segundo ela, também é complicada. Antes de estar no governo, trabalhou como atendente de telemarketing e reviveu os tempos do colégio. "Há um espanto na primeira vez que nos veem no ambiente de trabalho, cochichos, ninguém espera nos ver em um patamar de autoridade."

Visibilidade
Assessora especial da Coordenadação de Promoção de Direitos da Diversidade, da Secretaria do Trabalho, Desenvolvimento Social, Mulheres, Igualdade Racial e Direitos Humanos, ela comemora a iniciativa da pasta de promover na sexta-feira (29), Dia Nacional da Visibilidade de Travestis e Transexuais, um evento para debater os padrões de beleza na sociedade.

O fato de poder discutir sobre diversidade de gênero em nível governamental é uma das conquistas do movimento Lésbicas, Gays, Bissexuais e Travestis e Transexuais (LGBT), considera Paula, bem como a adoção do nome social em outras cinco secretarias de Estado além da em que ela trabalha: de Cultura; de Educação, Esporte e Lazer; de Justiça e Cidadania; de Políticas para Crianças, Adolescentes e Juventude; e de Saúde.

Nesta programação de sexta-feira estão previstas atividades para reforçar a autoestima, como corte e pintura de cabelo, máscara capilar, limpeza de pele, massagem facial e desenho de sobrancelhas. O evento, gratuito, será no Centro de Referência Especializado de Assistência Social da Diversidade, na L2 Sul, Quadra 614, das 14h30 às 18 horas.

Na terça-feira, 2 de fevereiro, o debate em relação à visibilidade trans continua com novo encontro, desta vez entre grupos LGBT brasilienses e representantes das secretarias, para discutir pautas dos movimentos voltados às orientações sexuais e às identidades de gênero. Ocorrerá no auditório da Agência de Desenvolvimento do Distrito Federal (Terracap), no Setor de Administração Municipal, Bloco F, próximo ao Palácio do Buriti, a partir das 14 horas. Embora direcionados ao universo LGBT, ambos os eventos são abertos a todos os públicos.

Diálogo
Para o coordenador de Promoção de Direitos da Diversidade, da Secretaria do Trabalho, Desenvolvimento Social, Mulheres, Igualdade Racial e Direitos Humanos, Flávio Brebis, destacar um dia para a visibilidade é importante para fortalecer os direitos da população inserida nesses movimentos. Nem todas as definições de orientação sexual e de identidade de gênero são de conhecimento geral, por isso torna-se fundamental o diálogo com o governo, acredita Brebis. "A gestão pública deve agir quando detecta vulnerabilidade em um determinado setor da sociedade para que os direitos iguais sejam garantidos."

Segundo ele, no Brasil, a estimativa é que morra uma pessoa do público LGBT a cada 24 horas. A forma de diminuir essa estatística, ressalta Brebis, é desconstruir o preconceito. Em Brasília, quem se sentir discriminado pode relatar a situação às ouvidorias da secretaria, pelos telefones 156 e 162, ou ligar para o número do governo federal, o Disque 100.

Nomenclatura LGBT
De acordo com o Ministério da Saúde, identidade de gênero é diferente de orientação sexual (veja a arte abaixo). A primeira tem a ver com o modo como a pessoa se identifica, ou seja, uma mulher é definida como tal pela mente feminina e não pelos órgãos genitais ou por quem sente atração. Assim, a identidade de gênero pode ser masculina, feminina ou transitar pelas duas. Ela difere da orientação sexual, que está ligada às relações tanto emocionais, sexuais como afetivas.


Serviço
Dia Nacional da Visibilidade de Travestis e Transexuais
Data: 29/01 - Sexta-feira
Hora: 14h30 às 18:00 horas
Local: Centro de Referência Especializado de Assistência Social da Diversidade, na L2 Sul, Quadra 614 - Brasília/DF
Entrada: Gratuita

Slam das minas + a coisa tá preta! (30/01)



Abrindo os trabalhos de 2016, batalha de poesia em dose dupla:
slam das minas + slam a coisa tá preta., na casa dandara, no último domingo de janeiro!

Programação:
  • 14h32 - laboratório feminista de escrita criativa + produção de zines, com tatiana nascimento (inscrições gratuitas http://goo.gl/forms/HAIjHpMNQw)
  • 15h18 - início das inscrições pras batalhas
  • 16h23 - slam das minas (exclusivo pra mulheres y lésbicas)
  • 17h44 - slam a coisa tá preta. (exclusivo pra pessoas negras)
  • 18h42 - fim do evento, porque o metrô fecha 19h!
Lembrando: o evento é público y aberto pra qualquer pessoa. mas pra participar das batalhas apresentando poemas, há público específico. cada poetisa/poeta pode falar (lendo ou decorado) até 3 poemas autorais, de até 3 minutos. um juri escolhido na hora vai dar as notas. quem ficar com as melhores notas numa fase vai pra próxima; na terceira & última fase, participam as/os 3 com as maiores notas da fase anterior.

Antes, entre, depois das batalhas tem palco aberto pra quem recitar, cantar, paquerar, reclamar (qualquer pessoa). A casa de cultura dandara fica na QNN 23, CJ. J, n° 35 - ceilândia norte



Data: 30/01/2016
Hora: 14:00 às 18:40
Local: Casa de Cultura Dandara - QNN 23, CJ. J, n° 35 - Ceilândia Norte/DF.
mais info: (61) 8195-2616 (zap/tim)
slamdasminas@gmail.com
inbox da comunidade Slam das Minas

Reggae na Praça! (30/01)


Jovem de Expressão apresenta:
Espaço Aberto edição Reggae na Praça! Espalhando a cultura por todo o DF, o coletivo Calango Sounds traz para a Ceilândia o melhor do Reggae. Tudo isso com entrada franca!

SERVIÇO
Data: 30/01
Horário:16h20
Local: Jovem de Expressão, localizado na EQNM 18/20, Praça do Cidadão em Ceilândia Norte
Mais informações: 33720957

ATRAÇÕES:
- 16h20 - Início
- 17h- DJ Parakteno
- 18h - GM Rap
- 18h30 - Capoeira Show Raiz e Tradição
- 19h - I. Cris
- 19h30 - Mantendo a Identidade
- 20h- Calango Rasta
- 20h30- Rafinha Bravoz
- 21h - Dialeto Crew
- 21h30 - Rastael
- 22h- Di Afreeka






Vanessa Da Mata, Mãe Adotiva De Três Crianças, Fala Sobre Preconceito Quanto À Adoção


Vanessa da Mata, cantora brasileira, é mãe adotiva de três crianças. Recentemente a cantora fez um desabafo em sua página pessoal no Facebook. Ela fala de adoção e do preconceito que esse tema encontra no Brasil. É emocionante!

“A vida muda a cada momento! Quase seis anos atrás, depois de não desejar filho da barriga, resolvi exercer a adoção, desejada desde a infância! Mas isso não aconteceu assim, rapidamente! Eu estava pensando em morar fora, Nova York, Canadá, para aprimorar as “aulinhas de inglês”! Estava me separando e resolvendo seguir fase nova na vida. Aí em uma visita a um abrigo, levei brinquedos e cobertores, “saí com três crianças” hahahaha …

Não foi tão fácil assim! Os trâmites de adoção são dificílimos, os pais adotivos e as crianças sofrem com a burocracia e demora e as crianças que muitas vezes chegam bebês, crescem lá dentro, sendo preteridas na adoção por outras menores. Mas NY, como era abstrata e podia ser adiada, ficou pra depois, enquanto as crianças não tinham mais tempo para esperar nem perder. Era uma adoção tardia. “Adoçao tardia” é aquela que acontece com crianças já crescidas! Crianças que têm experiências difíceis, porém um desejo enorme por uma família. Com todas as dificuldades que tiveram e têm, sabem o que é não ter. Então eu, meu ex-marido, quase separados, nos jogamos e assumimos pais com força na responsabilidade que é educar direito os três filhos e com muito amor.

Acabo de ser “apertada, amassada” por um dos filhos: “Minha mamãe é muito fofa meu Deusss”! Isso sim, “não tem preço” oh cartão de crédito! ahaha tão lindo!

Infelizmente há crianças crescendo dentro dos abrigos, sem amor e sem cuidado necessário para pequenos seres que foram deixados por tantos motivos doloridos. Crianças nos “abrigos”, são muito negligenciadas! Claro que não são todos, mas sofrem muito! Em muitos “abrigos”, as crianças são torturadas, mas não podem ter amor! Os “ajudantes” são proibidos de se envolver afetivamente, para não ter apego, caso elas sejam devolvidas as suas famílias de origem ou adotadas! Ficam à mercê da televisão ligada o dia inteiro, funcionários brutos, sem preparo algum, duros, sem cursos preparatórios, tratamentos psicológicos, sem nem o mínimo que seria ter funcionários gostassem de crianças, sem uma mínima sensibilidade para com eles. Não podem exercer o afeto, mas o desafeto… É visível! Ainda bem que existem abrigos aonde há uma educação religiosa, não fundamentalista. Aquelas que ensinam o amor, amar a si e ao próximo, não o ego do ser o único a entrar no reino de Deus! O amor divino, acho que é um alicerce, dá estrutura, é uma companhia que não falha ao acessar e se conectar.

Ainda temos que melhorar tanta coisa neste mundo, que não há tempo para descansar e nem para negligenciar, ficar quieto diante de tantos fardos e dores implantadas pela ignorância e descaso!

Fiz o disco “Bicicletas, Bolos e Outras Alegrias”, quando eles chegaram ainda no início no período de feitura no estúdio. De repente eu tinha trigêmeos. Vieram com cinco anos, seis e oito e meio e muita expectativa, medo, cheios de curiosidade e disposição para amar! Chegaram coincidentemente, ou nem tanto assim, no Dia das Mães, vejam vocês!!! A farra da família grande e nova, inclusive com vários tios adotivos, minha avó teve vinte adotivos e sete da barriga ao longo da vida, primos novos chegando, a calçada na casa de Mato Grosso no interior, sendo montada pelas crianças todas da família em um grande mosaico!

A música “Meu Aniversário”, onde falo deles no final e dessa turminha da família, tudo se descobrindo como se o mundo não tivesse existido.

Eu chorava o tempo todo! Me descobri mãe e as histórias se formando e tudo se transformando na minha frente, me fizeram ver os meus pais, minha avó que foi um ser de luz, um anjo, e a minha vida mudava por inteiro. Em uma semana eles já sorriam! Em duas, me chamavam de “minha mamãe” com um orgulho que doía, em duas e meias eles dormiam como se nunca pudessem podido, em um ano, o mais velho lia. Cada conquista uma celebração! O amor é um milagre, digno de mudar tudo, e todos que queiram e se deixam. Eu, mais do que nunca, acredito nisso!

Enquanto nenhum filho dos outros queria beijar os pais na porta da escola, pois estavam crescidos, os nossos faziam muito gosto, matavam de inveja os outros pais que nos olhavam derretidos: “Que delícia a minha mamãe e o meu papai!!!”.

Meu ex-marido é um pai maravilhoso. Levava os filhos no pescoço pelas ruas, girava-os no ar, ensinava com paciência. Muito orgulho de ter escolhido uma pessoa de caráter, firme, bondoso, saudável, de costumes saudáveis,querendo tanto ser pai, para dar exemplo e educar os meus, porque isso é uma responsabilidade enorme, e acho que é a da mulher. Escolher o pai de uma criança não é brincadeira, pois o poder da escolha do pai, é dela, já que tem o poder da gravidez! E muitos mudam na chegada do filho, mas muitos também pioram, continuam no “Mundo de Bob”, o filho vira apenas um status para os outros, não educam, não brincam, não dão limites, não ensinam sobre o mundo e suas armadilhas, não conversam e só pensam neles! Mas também o homem tem a sua responsabilidade na escolha de sua família. Um mãe maravilhosa é o mínimo!

Vou confessar uma coisa: se eu fosse uma cantora do gênero sertanejo e ganhasse muito mais dinheiro para dar uma estrutura melhor, teria uns dez filhos de coração, estômago, pensamentos, de destino, de canções e arte de viver! “Criança é bom demais” como dizia a minha avó amada!

Tanta gente tendo filho de um transa, sem querer! Eu tive muito tempo desejando, com advogado, esperando, chorando e… sem transa! É muito amor”

Vanessa da Mata

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Uma revista a todos aqueles que acreditam que a verdadeira paz é plural. A todos que desejam muito mais do que paz, àqueles que desejam Pazes.





Fonte: revistapazes

OAB pede que Supremo declare constitucionalidade da Lei de Cotas


O Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil ajuizou no Supremo Tribunal Federal uma ação declaratória de constitucionalidade, com pedido de liminar, em defesa da Lei 12.990/2014, a chamada Lei de Cotas.

A lei reserva aos negros 20% das vagas oferecidas nos concursos públicos e vale para cargos efetivos e empregos públicos no âmbito da administração pública federal, das autarquias, das fundações públicas, das empresas públicas e das sociedades de economia mista controladas pela União. Segundo a OAB, a existência de posições diversas sobre a constitucionalidade da lei justifica a intervenção do STF para pacificar as controvérsias.

“Tratando-se particularmente sobre a garantia da isonomia no acesso ao serviço público, os frequentes questionamentos judiciais exigem desta Suprema Corte a declaração de constitucionalidade da Lei 12.990/2014 in totum (em sua totalidade), a fim de reprimir toda e qualquer postura divergente, tanto em relação à constitucionalidade da reserva de vagas nos concursos para cargos efetivos e empregos públicos, quanto em relação ao respeito do procedimento da autodeclaração”, argumenta a entidade.

De acordo com a OAB, como a posição nas diversas instâncias do Judiciário não é uniforme, com decisões declarando a inconstitucionalidade da norma e também pedidos para suspensão de certames em decorrência da aplicação desta, há o receio de que ocorram situações de insegurança jurídica em concursos públicos federais.

Recentemente, um juiz trabalhista de João Pessoa julgou inconstitucional a lei e determinou que um candidato ao cargo de escriturário do Banco do Brasil assuma a vaga que havia sido preenchida por meio de cota. Segundo ele, não existe direito fundamental garantindo cargo ou emprego público aos cidadãos.

Na ação, a OAB salienta que declarações de inconstitucionalidade da Lei de Cotas por outras instâncias da Justiça contrariam o julgado pelo Plenário do STF na Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental 186, que considerou constitucional a política de cotas étnico-raciais para seleção de estudantes da Universidade de Brasília.

A entidade afirma que a Lei de Cotas foi proposta com o objetivo de criar ações afirmativas de combate à desigualdade racial e proporcionar uma maior representatividade aos negros e pardos no serviço público federal. Destaca que a discriminação racial não ocorre apenas no campo da educação, mas também do trabalho, e que o processo de inclusão passa pela ampliação de oportunidades oferecidas pelo sistema escolar, pelo estado e pelo mercado de trabalho. Observa também que as cotas no serviço público representam uma extensão das cotas universitárias e configuram uma evolução das ações afirmativas no combate ao racismo e à desigualdade racial no país.

“A oportunidade de igualdade ofertada a um indivíduo por meio de políticas públicas no combate à discriminação racial, além de ter um efeito imediato sobre os destinatários da norma, tem um papel importante na configuração da mobilidade a largo prazo. É dizer, visa surtir efeito nas gerações futuras, fazendo com que a educação e o emprego dos pais influenciem o futuro dos seus filhos”, ressalta.

Em caráter liminar, a OAB pede a suspensão das decisões judiciais que entenderam inconstitucional a Lei de Cotas até o julgamento definitivo da ADC 41 pelo STF. A entidade argumenta que a insegurança jurídica atinge os candidatos cotistas e também a administração pública, pois a existência de decisão judicial determinando a nomeação de candidatos não aprovados, por meio de incidental afastamento da reserva de vagas, macula a eficiência da máquina administrativa. Afirma ainda que, mantidas as decisões contrárias à lei, qualquer concurso público federal estará sujeito a questionamento no Judiciário. No mérito, pede a declaração de constitucionalidade da Lei 12.990/2014.

“As decisões proferidas pela inconstitucionalidade do ato normativo sob análise abrem perigosos precedentes, a conclamar a imediata postura por esta egrégia corte em razão da vultosa repercussão emanada ao ordenamento jurídico, tanto pela dimensão quantitativa, quanto pela fundamentalidade dos valores constitucionais em xeque”, conclui a OAB. O relator da ADC 41 é o ministro Luís Roberto Barroso.

Clique aqui para ler a petição inicial.

quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

Manifestação em Defesa das Cotas no Serviço Público


O MPOG realizou um concurso para o provimento de vagas e reservou 20% das vagas para pessoas negras. Infelizmente algumas pessoas brancas agindo de má-fé se auto declararam negras. O Ministério Público identificou pelo menos 17 pessoas que agiram dessa forma. O MPF acionou o MPOG para que este órgão instalasse uma comissão de verificação para identificar todos os falsários. Porém o MPOG ignorou tal medida e realizou a nomeação dos cotistas e dos falsários.

De tal forma, nós do Geac - Grupo de Estudos Afro-Centrados - junto com diversos coletivos negros de todo o Brasil, no dia 29 de janeiro de 2016, às 08:00, na Esplanada dos Ministérios, na frente do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão convidamos a todos e todas a defenderem o sistema de cotas no serviço público e a correta aplicação da Lei n° 12.990/2014.


SERVIÇO
Data: 29/01 - Sexta-feira
Hora: 08:00 às 11:00hrs
Local: Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão - Bloco C - Esplanada dos Ministérios, Brasília - DF

PM mata estudante negro com tiro nas costas e diz que disparo foi causado por escorregão

‘“Não tenho dúvida. Ele veio para matar meu filho”, disse Ivani, a mãe de Allan, 17 anos, encontrada pela reportagem à porta de sua casa, chorando

Imagens da câmera de segurança instalada em uma casa do Jardim São João,periferia de Ferraz de Vasconcelos (Grande São Paulo), gravaram o momento da morte do estudante Allan Vasileski, de 17 anos, atingido com um tiro de pistola .40 disparado por um policial militar. O caso aconteceu na última sexta-feira (22/01).

O estudante Allan Vasileski, de 17 anos,
 foi morto por PM sexta-feira (22/01),
 na periferia de Ferraz de Vasconcelos (Grande São Paulo)
O responsável pelo tiro é o soldado Melquíades Nascimento Dias, de 37 anos. Ao ser interrogado pela Polícia Civil, o militar afirmou que sua arma disparou e acertou as costas de Allan quando ele corria atrás do adolescente e “caiu bruscamente no chão, pois escorregou no piso molhado e acidentado” de uma viela.

As imagens mostram o momento em que Allan e um amigo, também adolescente, surgem correndo pela rua Raul Guerra. Ao se aproximar de um carro Fiat Palio Weekend, Allan tenta dizer algo para um homem que carrega uma criança, mas ele desaba no chão e bate a parte de trás da cabeça.

Na sequência, o soldado Nascimento, do 32º Batalhão da PM, surge nas imagens. Ele está com sua arma em punho. Ao ver Allan desabar, o homem com a criança se afasta e busca abrigo na frente do Palio. É quando o PM Nascimento chega até Allan, o vira, puxa sua blusa e percebe o ferimento do tiro nas costas do jovem.

O relógio da câmera marca 19h31 quando os primeiros moradores da rua Raul Guerra, logo após o barulho do tiro da .40 do PM Nascimento, começam a cercar o militar e imploram para que ele não deixe Allan morrer.

O PM Nascimento, segundo moradores do Jardim São João ouvidos pela reportagem, tentou, em um primeiro momento, dizer algo para incriminar Allan pela sua morte, mas foi logo repreendido pelos vizinhos do jovem, que viram quando ele apenas fugia da abordagem do militar.

Uma mulher que tentou ajudar Allan foi afastada pelo PM Nascimento ao mesmo tempo em que um menino, com uma camisa de time de futebol vermelha e também amigo do estudante, entra em desespero e coloca as mãos na cabeça ao vê-lo agonizando. Nesse momento, as imagens da câmera já não captam mais nenhum movimento de Allan.

O soldado Melquíades Nascimento Dias, de 37 anos,
 foi o responsável pelo tiro em Allan
Somente às 19h33, o também policial militar Edwilson Moreira Andrade de Sousa, 35 anos, companheiro de patrulhamento do soldado Nascimento, aparece nas imagens. É possível ver quando Nascimento se aproxima de Andrade e fala algo em seu ouvido.

Trinta segundos após chegar ao local onde Allan está caído, o PM Andrade volta para a mesma viela onde estava antes e deixa Nascimento sozinho. É quando uma vizinha do jovem se ajoelha perto de seu corpo e um morador começa a fazer imagens do militar com um telefone celular. O PM diz que Allan foi o culpado pelo tiro, mas logo os moradores o contestam.

De acordo com a mãe de Allan, Ivani Regina Vasileski, o jovem que acompanhava seu filho no momento da perseguição, e que também aparece nas imagens da câmera de segurança, contou que o PM fazia mira na direção dos dois jovens enquanto os perseguia.

“Não tenho dúvida. Ele veio para matar meu filho”, disse Ivani, encontrada pela reportagem à porta de sua casa, chorando.


PM liberado

Depois de ouvir as versões do PM Nascimento, de seu companheiro de patrulhamento e de mais dois PMs — também do 32º Batalhão e que nem estavam no Jardim São João quando Allan foi baleado —, o delegado Lourival Zacarias Noronha, da Polícia Civil, resolveu libertar o militar, enquadrado por homicídio culposo (sem intenção de matar).

Allan morava no Jardim São João, periferia de
 Ferraz de Vasconcelos (Grande São Paulo)
Os PMs Nascimento e Andrade disseram ter ido ao Jardim São João, no início da noite de 22 de janeiro, após receberem denúncia de que um foragido da Justiça estava no bairro. Ao avistarem o grupo de jovens que conversava com Allan, os PMs tentaram abordá-los, mas o grupo se dispersou.

O PM Andrade disse também que dois homens, cada um em uma motocicleta, foram alcançados por ele no momento da abordagem ao grupo de jovens, mas que não anotou nenhuma informação sobre ambos porque ouviu o barulho de tiro vindo da direção para a qual o militar Nascimento tinha corrido e resolveu ajudá-lo.

O rapaz que acompanhava Allan no momento em que o jovem correu do PM Nascimento não foi encontrado para ser interrogado pela Polícia Civil.

Sem explicar o motivo de sua conclusão, já que o PM Nascimento não afirmou em nenhum momento que Allan tentou roubá-lo, o delegado Lourival Noronha fez a seguinte afirmação no registro da morte do estudante: “Vale ressaltar também a apresentação espontânea [do PM Nascimento]. A parte comunicou de pronto a polícia acerca dos fatos, viabilizando o socorro ao agressor lesionado, comparecendo e prestando as informações devidas nesta unidade policial, bem como exibindo sua arma de fogo, utilizada no revide contra o roubador”.

A Secretaria da Segurança Pública da gestão de Geraldo Alckmim (PSDB), que tem à frente Alexandre de Moraes, informou, por meio de nota oficial, que o PM Nascimento está “recolhido disciplinarmente no 32º Batalhão”. Isso significa que ele ficará cinco dias no batalhão onde trabalha, sem poder ir para casa.

Ainda segundo a Segurança Pública, a Polícia Civil instaurou inquérito policial para investigar a morte de Allan e a Corregedoria da PM (órgão fiscalizador) acompanha o caso.


Fonte: ponte

Sincericídios e verdades que precisam ser ditas


Por João Rafael Torres,
Às vezes eu queria ser como Tia Má. Para quem ainda não conhece, ela é uma dessas figuras em ascensão na internet. Personifica a sinceridade plena, cortante, debochada. Os conselhos de Tia Má se endereçam a sobrinhas e sobrinhos que saíram da linha. Dá bronca em quem discrimina o diferente, seja pela religião, orientação sexual ou divergência política. Diversidade, para ela, é lei.

Também não falta aquele incentivo para incrementar a autoestima. Tia Má não gosta de ver ninguém choramingando pelas paredes por causa de traição. Nem apoia vitimização, manipulação ou qualquer ato de subserviência. O sorrisão e a delícia do sotaque soteropolitano temperam os chamados para que o povo “se situe”, “se saia”, “se oriente”, “se respeite” – termos familiares aos baianos (de nascença ou por adesão).

De Maíra Azevedo, a criadora do personagem, sei quase nada. Mulher, 35 anos, negra, baiana, jornalista, candomblecista, apontada como uma das 25 mulheres negras mais influentes na internet em 2015.

“Se eu fosse você…”
Confesso: às vezes sou meio Tia Má. Quando vi, já coloquei amizade na corda bamba por conta da minha língua feroz. Uma espécie de sincericídio, especialmente se falamos com quem amamos, consideramos, admiramos. É aquela tendência besta de achar que temos o direito de evitar o sofrimento do outro. Como disse dias atrás, uma atitude egoísta de quem quer permitir que o outro cresça. Ou de quem acha justo avaliar o outro usando a própria história. Difícil reconhecer que o bem que te desejo pode não ser o melhor para você.

Dar conselhos é bem arriscado, até mesmo solicitados a isto. Nem sempre que recorremos às “Tias Más” da nossa vida estamos, de fato, dispostos a ouvir o que o outro tem a dizer. Quase nunca. Buscamos aquilo que ecoa nossos pensamentos. Quase sempre conversamos conosco, e não com o outro. E, se o que vem de lá não interessa, optamos por não qualificar a informação. Na melhor das hipóteses, pois quando o dito atinge em cheio nossos calos, muitas vezes optamos por dar as costas.

Quem me ensinou isso foi o ofício da psicoterapia, ao estar dos dois lados do balcão – como analista e como analisando.
"Ser verdadeiramente sincero não pode ser confundido com falar tudo que queremos, da forma que queremos, na hora que queremos e a quem queremos."
O silêncio é o grande mediador no processo: é nele que germina a reflexão, a chance de transformarmos o que somos, na medida em que ouvimos nossa própria voz.

Rir para amenizar
Tia Má está certíssima. A comédia é a arte que explicita misérias e delitos sem apelar para a lástima. O bom humor é a forma mais palatável que o homem encontrou para retratar os erros que carrega em si. E de, a partir dessa exposição, promover a crítica.

Fazer rir das próprias desgraças não é apelar para um escárnio. É uma forma de acolchoar a dureza da vida e, simultaneamente, questioná-la: “Não haveria outra forma para lidar com esse problema?” Basta lembrarmos que o bobo é uma das principais figuras da corte. É o conselheiro fiel, o único capaz de falar o que o rei precisa ouvir sem correr risco da morte.

Não devemos esquecer que Tia Má é um personagem de humor, e que essa prerrogativa a defende. Na vida real, cabe repensar essa tal sinceridade como uma virtude sublime. Afinal, nem todas as verdades precisam ser ditas. Elas vão aparecer, mais cedo ou mais tarde, por mais esforço que se faça para o contrário. Até lá, se ele assim preferir, assegure ao outro o direito da ilusão.

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João Rafael Torres,

Psicoterapeuta traduz questões do psiquismo a partir da linguagem simbólica do inconsciente.








Fonte: Metropoles

Filme sobre revolta de escravos nos EUA é aplaudido de pé em Sundance


Nate Parker usou mesmo nome do clássico ‘The birth of a Nation’, de D.W. Griffith

Em 1915, D.W. Griffith lançou o clássico do cinema mudo “O nascimento de uma Nação”, que se tornaria um dos filmes mais controversos de todos os tempos por seu retrato estereotipado dos negros do Sul dos EUA e visão heróica da Ku Klux Klan. Um século depois, outro filme com o mesmo nome, mas uma história bem diferente, foi aplaudido de pé em sua premiére no Festival Sundance.

O “Birth of a Naiton” de 2016 traz Nate Parker como roteirista, diretor e protagonista da história de Nat Turner, que liderou uma rebelião de escravos em 1831 na Virgínia. Segundo a “Variety“, o filme recebeu os mais entuasiasmados aplausos até agora nesta edição de Sundance.

“Fiz esse filme por um motivo: criar agentes de transformação”, disse Parker numa entrevista coletiva após a exibição do filme. “Há sistemas hoje em dia que são corruptos, com pessoas corruptas, e o legado disso influencia nossas vidas.”

O filme surge, é claro, num momento em que a questão racial ganhou espaço em Hollywood, em meio aos protestos pela falta de atores negros entre os indicados ao Oscar pelo segundo ano seguido.

Parker disse que vem trabalhando no roteiro há sete anos. Numa entrevista em 2014 ele já citava o projeto, confirmando o tom irônico na escolha do título. Na coletiva em Sundance, ele falou sobre as dificuldades de levar o projeto a frente.

“Sempre que lidamos com nossa história, especialmente a escravidão, eu acho desesperadamente higienizada. Há uma resistência em lidar com esse material”, questiona ele, afirmando que alguns investidores chegaram a dizer que “não havia público para essa história” e que “as pessoas fora do país não querem ver gente de cor”.


Segundo o site “The Wrap”, a Fox Searchlight já estaria pronta para fazer uma oferta pela distribuição internacional do filme. Confirmado o negócio, seria um primeiro grande impulso na disputa do Oscar em 2017. A Fox Searchlight lançou, afinal de contas, “12 anos de escravidão” em 2013.

Assista agora, o Programa "Meet the Artist '16: Nate Parker" (Conheça o artista '16: Nate Parker - com legendas disponível em português), que aborda mais detalhes sobre o filme:

Fonte: O Globo.


Tribunal Constitucional do Zimbabué aprova lei que proíbe casamento infantil no país

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Decisão veio na sequência de um pedido de duas jovens que foram obrigadas a casar-se quando eram menores de idade

O Tribunal Constitucional do Zimbabué tornou ilegal o casamento infantil no país, graças às pressões de duas mulheres que foram obrigadas a casar-se quando ainda não tinham atingido a maioridade.

Loveness Mudzuru e Ruvimbo Tsopodzi pediram ao Constitucional que proibisse o casamento de menores, alegando que era uma forma de abuso infantil e que encurralava numa vida de pobreza e sofrimento as crianças e adolescentes do sexo feminino que eram obrigadas a casar. A declaração foi enviada pelas duas ao Tribunal Constitucional ainda no ano passado, referindo a "discriminação" imposta pela lei do casamento no país, que colocava como idade mínima para a união os 16 anos nas raparigas e os 18 nos rapazes. Ao Constitucional, foi também solicitado que alinhasse a legislação vigente com a nova Constituição do Zimbabué, instituída em 2013, e com os tratados internacionais que banem o casamento infantil.

Na declaração dirigida ao tribunal, Loveness Mudzuru descreveu como consentir o casamento de menores e a pobreza no país criam um ciclo vicioso. "As raparigas jovens que casam cedo e, frequentemente, em famílias pobres, são forçadas a ter crianças num mar de pobreza e o ciclo começa de novo", declarou.

À agência Reuters, a própria dissera, no ano passado, que a sua vida era "um inferno". "Criar um filho quando ainda és uma criança é difícil", sublinhou.

Dados recolhidos pelo Huffington Post indicam que, a nível mundial, cerca de 15 milhões de crianças do sexo feminino são obrigadas a casar em idade menor.

"Estou feliz porque tivemos um papel instrumental em tornar o Zimbabué num lugar seguro para raparigas", disse ainda Mudzuru, que casou com 16 anos e teve dois filhos antes dos 18.

A decisão do Tribunal Constitucional do Zimbabué, tornada pública no dia 20 de janeiro, frisou que o casamento infantil tem "consequências terríveis" e que tem havido uma falta de consciência social dos problemas enfrentados pelas raparigas que casam cedo.

Cerca de um terço das raparigas no Zimbabué casam-se antes de fazerem 18 anos e 4% ainda antes dos 15, o que as priva de receberem formação escolar e aumenta a hipótese de violência sexual ou morte devido a complicações pós-parto.

Fonte: DN.

quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

Construção e aceitação da identidade negra

Imagem do Tumblr naturalblkgirlsrock

Quem é negro no Brasil? Aquele(a) que se identifica e/ou é visto como tal? Existem pessoas mais ou menos negras que outras devido ao tom de sua pele? Como identificamos uma pessoa negra? Pelo tom de sua pele, textura de seu cabelo, formato do nariz, sua ascendência?

Hoje em dia está lançada a polêmica e vemos pessoas debatendo sobre negritude e apropriação cultural. Há uma disputa para provar quem é mais ou menos negro e até pessoas brancas se autodenominando negras porque dizem admirar e querer fazer parte da cultura negra sem pensar no que isso de fato significa, como se ser negro fosse algo que você decidisse ser de uma hora para outra por meio da apropriação dessa cultura.

Atualmente há uma confusão sobre negritude no Brasil e isso não é por acaso. O mito da democracia racial ainda mostra as caras e faz muitos acreditarem que vivemos em um paraíso racial de forma harmoniosa, portanto não importa se você é branco ou negro, só que você é brasileiro.

Se você é negro(a) e diz que não é verdade que vivemos nesse paraíso racial, logo aparecem aqueles que te acusam de preconceituoso, dizendo que todos são iguais e que o problema está na sua cabeça, afinal, dizem eles, todos tem as mesmas oportunidades, mas muitos não sabem aproveitar e ficam de vitimismo, culpando o racismo e acusando as pessoas brancas de não reconhecerem seus privilégios.

A miscigenação feita originalmente como forma de clarear totalmente a população não atingiu plenamente os objetivos pretendidos, mas criou uma crise de identidade que tem se mantido atualmente. Se uma pessoa é de pele mais clara é considerada morena, parda, café com leite… tudo menos negra, afinal negra mesmo é só a pessoa de pele escura, cabelo bem crespo, nariz e lábios grossos.

Fica a questão então. Quem é negro(a) no Brasil? Muitos se apegam apenas à estética, aos traços negroides que “facilitam” a identificação de uma pessoa como negra. Inclusive aqueles que se dizem negros, mesmo sendo brancos, acham que ser negro é algo que se resume a uma estética e a uma única cultura, esquecendo-se da multiplicidade de culturas negras que há pelo Brasil afora.

Muitos esquecem ou fingem esquecer que ser negro(a) no Brasil é ocupar uma situação imposta de marginalidade, independentemente de sua posição social, é ser encarado como suspeito número 1, é ser visto como subalterno, ser confundido com o bandido, com o prestador de serviços, nunca ser encarado como o intelectual, como um agente cultural, como igual. Agora se uma pessoa negra acha que não é negra porque acredita que nunca sofreu preconceito ou porque nunca o percebeu, está aí uma evidência de que o mito da democracia racial cumpriu muito bem seu papel.

Assumir-se negro(a) hoje em dia é um ato considerado opcional por muitos, mas ser negro(a) não é. Basta analisar bem a sociedade, notar quem está nos espaços de poder, quem está no topo da cadeia social e quem está na base, e a escalada que os negros(as) precisam fazer para provar que são dignos de estar nesses espaços.

Assumir-se negro(a) é um ato político, é ir contra o embranquecimento racial e cultural que tentam nos impor nos confundindo com eufemismos para negar a nossa verdadeira origem, é ir contra a apropriação e esvaziamento de nossas culturas, é respeitar nossa ancestralidade, continuar a luta que muito(a)s empreenderam antes de nós e nos empoderar como sujeitos de nossa história, sendo protagonistas dessas histórias, de nossas memórias, sendo devidamente representados na sociedade e não mais silenciados, ocupando espaços que nos são historicamente negados.

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Patricia Anunciada é professora das redes estadual e municipal do Estado de São Paulo e estuda Literatura Afro-brasileira.




"Alisa não, mãe!": projeto mostra que crespo é lindo e dá autoestima às crianças; veja fotos


por Mariana Bueno,
A fotógrafa mineira Carolina Castro criou um projeto que tem como objetivo fazer com que meninas de cabelos crespos tenham cada vez mais autoestima para se assumirem como são. É o "Alisa não, mãe". Ela conta que a ideia surgiu quando uma conhecida dela disse que não gostava dos cabelos crespos da filha. "Ela, a mãe, havia sofrido muito na infância e adolescência com preconceitos e não queria que a filha passasse pelo que ela passou. Era fácil perceber que logo que essa criança crescesse um pouco a mãe alisaria o cabelo dela. Não a julgo, ela iria agir movida sempre pela boa intenção de mãe. Mas eu sentia que precisava fazer algo a respeito, pois essa não era a única criança que vivenciaria isso", conta.

Carolina começou então a procurar na Internet grupos de mulheres crespas e cacheadas que falassem a respeito de tratamentos para cabelos. Foi quando descobriu um universo de mulheres que estavam se libertando da ditadura do liso. "Muitas, ou a maioria, têm dificuldade de aceitar e assumir o cabelo naturalmente e acredito que isso seja consequência de um estereótipo muito distante da realidade da mulher brasileira, mas que é imposto. Toda vez que via um antes e depois daquelas mulheres eu ficava encantada, elas eram infinitamente mais bonitas com o cabelo natural. Queria mostrar isso", diz.

Valorização dos cabelos crespos

Com a ajuda de uma amiga, buscou na cidade onde mora (Araxá, em Minas Gerais) meninas com cabelo cacheado, crespo, trançado, afros em geral, para uma sessão de fotos. Não houve pré-seleção, a única restrição era que não tivessem o cabelo alisado. Depois das fotos prontas, publicou um álbum em sua página no Facebook e teve mais de quatro mil curtidas e quase dois mil compartilhamentos. "Queria fazer bem àquelas crianças e presenteá-las com as fotos, dizer que elas são lindas como são e que não precisavam se adequar a um padrão. Não tinha intenção que viralizasse como aconteceu", explica. 

Ela conta que, depois da publicação, recebeu inúmeros relatos de mães dizendo que não só passaram a valorizar o cabelo das filhas, como também decidiram por abandonar a química e voltar às origens. "Muitas estão empolgadíssimas, querem ser o exemplo para as filhas. E muitas idéias surgiram a partir do projeto, muitas pessoas têm me procurado perguntando se podem copiar e a ideia é exatamente essa, que em vários lugares do país essa bandeira seja levantada. Eu continuarei usando o que tenho em mãos, que é a fotografia, pra fortalecer e empoderar muitas crianças por onde eu passar", diz.

CAROLINA CASTRO

Depoimentos das mães

Carolina agradeceu a cada uma das mães envolvidas no projeto e citou que apenas quatro em cada 10 meninas cacheadas acham seus cabelos bonitos e que elas são sete vezes mais propensas a amarem seus cachos se as pessoas ao seu redor os amarem também. Ela publicou ainda alguns depoimentos das mães:

"Minha filha sempre sofre preconceito na escola, muitas vezes da mesma coleguinha que diz que ela tem cabelo de bombril, que é duro, que deve lavar com shampoo de laranja, porque tá um bagaço, essas coisas de criança…"

"Eu não lembro, direito, mas minha minha mãe conta que uma prima mais velha falou de mim com vergonha para a amiga, disse que eu andava igual mendiga, descabelada. Minha mãe disse que eu cheguei em casa e perguntei o que era mendiga."

"Vivem dando nomes diferentes pro meu cabelo: Cabelo de tufu, cabelo de arapia. Mas o que é arapia? É tipo uma teia de aranha, preta."

"Minha professora se incomodava em ver eu e uma amiga que tem o mesmo ‘estilo’ de cabelo que o meu, e fazia críticas em tom de ironia: Amarra esse cabelo pra gente continuar nossa aula!"

"Minha filha foi escolhida pra ser a Branca de Neve na apresentação da escola no ano passado, mas as pessoas falaram o tempo todo em tom de brincadeira que ela era a Preta de Neve."

"Eu sempre tive muita dificuldade com meu cabelo. Até hoje fico com receio de andar com ele livre, sem encharcar ele de creme e água."

"Minha filha nunca tinha sido chamada pra ser dama de honra de um casamento, eu sei que é devido ao fato dela ser negra e ter o cabelo bem afro, não fazia o estilo pra uma dama de honra. Nós sentíamos muito, ela também sentia, eu sei. Recentemente o motorista da van que a leva pra escola a convidou pra entrar no casamento dele, justamente por ser como ela é. Ela chorou, e entrou lindamente no casamento de noivinha e com o cabelão solto, black power. Naquele momento ela representou todas as meninas negras que não têm espaços. E as fotos do projeto têm o mesmo objetivo, representar as crianças como ela, que muitas vezes são deixadas de lado porque são como são."
Para conferir mais fotos acesse: bolsademulher!

Não vale ser transfóbico e se vestir de mulher no Carnaval


Lembro sempre da primeira vez que me vesti de mulher no carnaval. Já faz alguns anos e foi para sair nas ladeiras de Olinda. Que decisão difícil.
"Não há mal algum em querer se vestir de mulher no carnaval — tanta gente faz isso –, mas eu achava que meu caso era especial. Todos os meus amigos que se fantasiavam assim eram héteros e a minha fantasia poderia ser uma denúncia da minha orientação sexual. O que poderia acontecer se soubessem que um gay estava se travestindo? Não seria pior? A fantasia de carnaval poderia ser lida como a realização de um desejo escondido? E como as pessoas reagiriam ao concluir que a verdade era a fantasia, mesmo que não fosse, pois nunca me identifiquei como transexual? Juro que todas estas perguntas me passaram pela cabeça".
Juntei a coragem que eu tinha e troquei as perguntas por uma gigante flor tropical no cabelo, uma coisa bem Gal. Achei que só uma flor gigante e colorida para se destacar na minha longa cabeleira (se nunca reparou na minha foto do perfil, veja e comprove). Uma saída de praia bem solta, um baton lilás e um tênis All Star. Pronto, eu estava vestido de mulher(?). O primeiro teste foi sair do quarto. Com medo eu fui e o riso foi geral. Todo mundo achando graça daquela mulher de barba, All Star e perna cabeluda.

A segunda investida foi dar o primeiro passo do lado de fora de casa. Aí a tensão foi mais forte. Eu estaria completamente exposto e demonstrar insegurança só ia me deixar mais vulnerável a algum ataque. A primeira pessoa que eu tive que cruzar era o porteiro do prédio, que deu uma olhada de alto a baixo e com um risinho sacana disse:

– Que mulher feia!

Todos gargalhamos. No caminho para a parada de ônibus, percebi o vento levantando minha saia e que delícia era aquela peça de roupa, que prática.
"Como assim os homens não usam saia? Cheguei a achar aquela peça mais adequada ao corpo masculino do que o feminino."
Idealmente confortável para aquele calor de rachar. Mas não tinha jeito, meu conforto não impediu de perceber os vários pescoços que se quebravam para dar uma nova olhada para o cara de vestido. Era carnaval, estava todo mundo fantasiado de alguma coisa, mas estar de vestido me dava a atenção de um segundo olhar. Teve até o segurança que passou por mim de moto, fez a volta e passou uma segunda vez com a velocidade bem reduzida, deu uma buzinadinha e… isso é história para um outro post. Continuando.

Desci do ônibus e a algazarra explodiu. Foi ótimo encontrar homens que também estavam de mulher. Tinha gente que dizia que eu estava linda, outros que estava feia. Alguns, acompanhados das namoradas, me pediam selinho e elas, entrando na brincadeira já alcoolizadas, diziam histericamente:

-Pode beijaaaaar!

Teve um homem que saiu me xingando porque eu não quis dar o beijo, dizendo que eu era muito feia e não precisava ficar me achando. Vislumbrei um pouco como o corpo da mulher é tratado pela sociedade pelo simples fato de estar fantasiado como uma. Que dureza, viu?
Quando finalmente eu estava tranquilo com minha fantasia e acreditei que o mundo estava massa por não sentir mais medo chegou uma drag queen maravilhosa. Vestida de cowgirl, de peruca loira, enchimento nos quadris lhe dando lindas curvas femininas e uma maquiagem que reluzia sob o Sol. Quando a avistei de longe, imaginei logo que, se eu fui acolhido de forma tão calorosa, ela seria ovacionada por conta do seu belo trabalho artístico. Como sou bobo.
A vaia foi geral. A ladeira inteira foi tomada pelo som horrível da reprovação e falta de respeito. Foi desolador ver que eu tinha sido aceito porque, afinal, eu não havia quebrado a regra. Eu não estava fazendo aquilo a sério. Eu não queria ser mulher, mas ela não estava fantasiada, portanto não estava agindo da “forma correta”. Foi brutal e doloroso.
Ela passou e o silêncio se instalou, tão silencioso quanto se pode ser uma ladeira no meio do carnaval de Olinda."
Ver um monte de fotos de vocês fantasiados de mulher nos blocos pré-carnavalescos de Brasília, me lembrou deste fato. Esse carnaval tá servindo inclusive para protestar pela cidade que a gente quer, com direito a música e pontos de cultura. Isso é lindo. Entretanto meus caros, estar vestido de mulher num bloco e depreciar umx transexual não vale. Aceitemos o som e aceitemos xs trans.

Fonte: metropoles

Nota de alunos que ingressam na UFMG pela cota já supera a dos não cotistas


Cotistas que garantiram uma vaga na UFMG neste ano obtiveram notas superiores às de não cotistas que fizeram o vestibular em 2013. Exceção foi apenas um curso

Lívia Teodoro foi aprovada em história e será a primeira da família a entrar na UFMG: "Minha avó é analfabeta e minha mãe não terminou o primário"Co­tis­tas que che­gam à Uni­ver­si­da­de Fe­de­ral de Mi­nas Ge­rais (UFMG) ob­ti­ve­ram no­tas su­pe­rio­res às dos não co­tis­tas in­gres­san­tes em 2013, úl­ti­mo ano em que o ves­ti­bu­lar foi a por­ta de en­tra­da pa­ra uma das maio­res ins­ti­tui­ções pú­bli­cas do Bra­sil, se­gun­do le­van­ta­men­to das no­tas de cor­tes dos úl­ti­mos qua­tro anos a que o Es­ta­do de Mi­nas te­ve aces­so, em pra­ti­ca­men­te to­dos os cur­sos. A úni­ca ex­ce­ção foi en­ge­nha­ria de pro­du­ção, ain­da as­sim, com di­fe­ren­ça de me­nos de um pon­to. Em um dos cur­sos mais con­cor­ri­dos da Fe­de­ral, os co­tis­tas ti­ve­ram que al­can­çar a no­ta mí­ni­ma de 750,02 pon­tos pa­ra ga­ran­tir uma va­ga em me­di­ci­na, pon­tua­ção su­pe­rior à que a am­pla con­cor­rên­cia con­quis­tou em 2013, de 685,3 pon­tos (ve­ja abai­xo).

Nes­te ano, pri­mei­ro em que a re­ser­va de va­gas foi apli­ca­da na to­ta­li­da­de – 50% das va­gas, con­for­me pre­vê a Lei das Co­tas apro­va­da em agos­to de 2012 –, os co­tis­tas en­fren­ta­ram maior con­cor­rên­cia en­tre eles. “Os co­tis­tas en­tram na UFMG mais bem pre­pa­ra­dos que os não co­tis­tas de pou­cos anos atrás”, afir­ma o pró-rei­tor de Gra­dua­ção, Ri­car­do Takahashi. Em 2013, a re­ser­va de co­tas era de ape­nas 12,5% do to­tal de va­gas.

Das 6.279 va­gas, 3.142 fo­ram des­ti­na­das às co­tas de es­co­la pú­bli­ca, le­van­do em con­ta re­ser­va pa­ra ne­gros e in­dí­ge­nas. Uma de­las foi con­quis­ta­da pe­la es­tu­dan­te Ta­li­ta Bar­re­to, de 20 anos. “To­do ano a no­ta de cor­te mu­da e ti­ve­mos mui­to mais ins­cri­ções pa­ra o Enem. Quan­do vi mi­nha no­ta fi­quei com me­do de não pas­sar, prin­ci­pal­men­te em en­ge­nha­ria, que é um cur­so mui­to con­cor­ri­do.” A ação afir­ma­ti­va foi fun­da­men­tal pa­ra que a jo­vem, fi­lha da dia­ris­ta He­le­na Bar­re­to, se tor­nas­se a pri­mei­ra em sua fa­mí­lia a ser apro­va­da pa­ra o en­si­no su­pe­rior nu­ma uni­ver­si­da­de fe­de­ral. “Era um so­nho fa­zer fa­cul­da­de. Mi­nha mãe sem­pre in­sis­tiu pa­ra que eu e meus ir­mãos es­tu­dás­se­mos. As co­tas nos pos­si­bi­li­tam aces­so a al­go que é nos­so”, afir­mou. A jo­vem tam­bém foi apro­va­da, por meio das co­tas, pa­ra mú­si­ca na Uni­ver­si­da­de do Es­ta­do de Mi­nas Ge­rais (Ue­mg).

Na ava­lia­ção do pró-rei­tor, o au­men­to da no­ta de cor­te es­tá re­la­cio­na­da à ado­ção do Sis­te­ma de Se­le­ção Uni­fi­ca­do (Si­su). Em 2013, cer­ca de 60 mil can­di­da­tos dis­pu­ta­ram as va­gas na UFMG. Em 2016, o nú­me­ro mais que tri­pli­cou, pas­san­do pa­ra 195,6 mil can­di­ta­tu­ras. Ao to­do, fo­ram 158,3 mil can­di­da­tos que ti­nham a op­ção de se ins­cre­ver em até dois cur­sos di­fe­ren­tes. “O Si­su tem es­se efei­to de fa­ci­li­tar o aces­so à dis­pu­ta pe­las va­gas nas uni­ver­si­da­des”, diz.

Nes­ta edi­ção, as di­fe­ren­ças en­tre no­tas de cor­te pa­ra co­tis­tas e não co­tis­tas va­riam en­tre 4,8% (me­nor di­fe­ren­ça, ob­ser­va­da no cur­so de bi­blio­te­co­no­mia) e 11,4% (maior di­fe­ren­ça, no cur­so de his­tó­ria). A di­fe­ren­ça mé­dia foi de 8,2%. “Por de­fi­ni­ção, as no­tas de cor­te dos co­tis­tas de­vem ser me­no­res que as da am­pla con­cor­rên­cia. Do con­trá­rio, as co­tas não te­riam ne­nhum efei­to”, diz Takahashi. Em 2014, po­rém, a no­ta de cor­te de co­tis­tas no cur­so de his­tó­ria foi maior do que os não co­tis­tas. Na­que­le ano, a di­fe­ren­ça mé­dia foi de 6,9%.

A ex­pec­ta­ti­va do pró-rei­tor é que a im­plan­ta­ção das co­tas em sua to­ta­li­da­de pos­sa re­cu­pe­rar a pro­por­ção de es­tu­dan­tes de bai­xa ren­da vin­cu­la­dos à UFMG até 2013. Na­que­le ano, 49% de es­tu­dan­tes eram pro­ve­nien­tes de fa­mí­lias com ren­da de até cin­co sa­lá­rios-mí­ni­mos. Es­sa pro­por­ção caiu de­pois da ado­ção do Si­su pa­ra 42%, em 2014, e pa­ra 46%, em 2015.

Desempenho
Com a am­plia­ção do per­cen­tual de va­gas des­ti­na­das às co­tas, um dos fa­to­res es­pe­ra­do por Takahashi é que o in­gres­so de es­tu­dan­tes de es­co­las mu­ni­ci­pais e es­ta­duais se­ja am­plia­do. Nos pri­mei­ros anos das co­tas, ha­via um do­mí­nio de es­tu­dan­tes vin­dos de es­co­las fe­de­rais – es­sas ins­ti­tui­ções ocu­pam os pri­mei­ros lu­ga­res no ranking do Exa­me Na­cio­nal do En­si­no Mé­dio (Enem) 2015. “É pro­vá­vel que au­men­te um pou­co a pro­por­ção de es­tu­dan­tes de es­co­las es­ta­duais e mu­ni­ci­pais em re­la­ção aos es­tu­dan­tes egres­sos de es­co­las fe­de­rais de en­si­no mé­dio”, afir­mou. Es­sa pre­vi­são só po­de­rá ser con­fir­ma­da de­pois que os alu­nos efe­ti­va­rem a ma­trí­cu­la.

Os da­dos da uni­ver­si­da­de têm de­mons­tra­do que não há di­fe­ren­ça no de­sem­pe­nho de co­tis­tas e não co­tis­tas. “No que diz res­pei­to à qua­li­da­de, tu­do in­di­ca que não exis­ta ne­nhu­ma ra­zão pa­ra preo­cu­pa­ção”, dis­se Takahashi. O pró-rei­tor rei­te­ra que o au­men­to da com­pe­ti­ção pe­las va­gas na maior uni­ver­si­da­de pú­bli­ca do es­ta­do, de­cor­ren­te do Si­su, tam­bém cau­sou um au­men­to da com­pe­ti­ção en­tre os co­tis­tas. 

Talita Barreto garantiu vaga em engenharia na UFMG e em música na Uemg: "As cotas nos possibilitam acesso a algo que é nosso"De­bu­tan­tes da fa­mí­lia

Mui­tos es­tu­dan­tes que en­tram pe­las co­tas são os pri­mei­ros da fa­mí­lia a in­gres­sar no en­si­no su­pe­rior. É o ca­so da es­tu­dan­te Lí­via Teo­do­ro, de 24 anos, que foi apro­va­da em his­tó­ria, com mé­dia ge­ral de 667,92. “Ob­ti­ve 880 pon­tos na re­da­ção e acre­di­to que is­so te­nha me aju­da­do bas­tan­te.” Ela cre­di­ta o de­sem­pe­nho ao ati­vis­mo na in­ter­net, on­de pu­bli­ca­va tex­tos so­bre fe­mi­nis­mo ne­gro. A jo­vem es­cre­ve pa­ra o blog Na Veia da Nê­ga e é coor­de­na­do­ra-ge­ral do Clu­be de Blo­guei­ras Ne­gras de Be­lo Ho­ri­zon­te.

Lí­via cur­sou to­do o en­si­no fun­da­men­tal e mé­dio em es­co­la pú­bli­ca. “Ti­ve a opor­tu­ni­da­de de co­nhe­cer pro­fes­so­res que me ins­ti­ga­ram mui­to e fi­ze­rem des­per­tar es­se la­do apai­xo­na­do por es­tu­dar, en­tre­tan­to, não bas­ta que­rer pa­ra con­se­guir ab­sor­ver co­nhe­ci­men­to den­tro de uma es­co­la pú­bli­ca.Não é na­da fá­cil se con­cen­trar nu­ma sa­la com 40 alu­nos e go­tei­ras em dias de chu­va. Es­te era o re­tra­to de mui­tos dos meus anos es­co­la­res.”

Por um tem­po a uni­ver­si­da­de era al­go dis­tan­te pa­ra a jo­vem, que te­ve que aban­do­nar tem­po­ra­ria­men­te o en­si­no mé­dio. “Pa­rei de es­tu­dar por con­ta do tra­ba­lho, saía mui­to tar­de e não ti­nha o mí­ni­mo fo­co nos es­tu­dos, após um dia in­tei­ro de tra­ba­lho.” Lí­via re­co­nhe­ce que, mes­mo gos­tan­do mui­to de es­tu­dar, o en­si­no em es­co­la pú­bli­ca não a co­lo­ca­va em pé de igual­da­de com alu­nos que es­tu­da­ram na re­de par­ti­cu­lar.

Sonho
“A UFMG pa­ra mim é um so­nho, que não acre­di­ta­va con­se­guir. Fi­quei em pri­mei­ro lu­gar das co­tas. Sem as co­tas não te­ria se­quer ten­ta­do e, não por não acre­di­tar na mi­nha ca­pa­ci­da­de, mas sim por di­ver­sos fa­to­res que nos dei­xam atrás da­que­les que tem to­da uma es­tru­tu­ra pri­vi­le­gia­da pa­ra as­se­gu­rar que eles che­guem lá”, afir­mou.

Lí­via se­rá a pri­mei­ra a se for­mar no en­si­no su­pe­rior na fa­mí­lia, tan­to do la­do pa­ter­no quan­to ma­ter­no. “Mi­nha avó, com quem mo­ro, é anal­fa­be­ta, mi­nha mãe não ter­mi­nou o pri­má­rio. Am­bas mu­lhe­res for­tes e guer­rei­ras, que, co­mo po­dem ima­gi­nar, es­tão des­lum­bra­das em me ver en­trar em uma uni­ver­si­da­de pú­bli­ca.”

Lista do ProUni
A lista com os nomes dos candidatos pré-selecionados a bolsas do Programa Universidade para Todos (ProUni) já está disponível na internet. O resultado da primeira chamada pode ser acessado na página do programa (siteprouni.mec.gov.br), pelo 0800-616161 e nas instituições de ensino participantes. O estudante deverá comparecer até 1º de fevereiro na instituição para a qual foi pré-selecionado e comprovar as informações prestadas na ficha de inscrição. A perda do prazo ou não comprovação das informações implicará, automaticamente, reprovação do candidato. O programa ofertou 203.602 bolsas para 30.931 cursos.

Educação ambiental pode virar disciplina obrigatória nas escolas


Matemática, Português, Geografia e… Educação Ambiental! Em breve, o assunto pode virar disciplina obrigatória em todas as escolas de Ensino Fundamental e Médio do Brasil. Pelo menos, é o que prevê o PLS 221/2015, de autoria do senador Cássio Cunha Lima.

Atualmente, o assunto passa longe de ser bem abordado nas salas de aula do país. Segundo aLei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, o único compromisso das escolas é tratar o tema, ocasionalmente, dentro das disciplinas obrigatórias – o que, para o autor da nova medida, não é suficiente.

“Tratar a educação ambiental como tema transversal, como é hoje, inviabiliza uma prática contínua, permanente e com conteúdo próprio. Assuntos como reciclagem, sustentabilidade, medidas de reúso de água e ecologia devem ser tratados com a devida importância”, disse Lima à Agência Senado. Concorda?

O PLS aguarda votação na Comissão de Meio Ambiente, Defesa do Consumidor e Fiscalização e Controle e, se aprovado, vai ser submetido à avaliação da Comissão de Educação, Cultura e Esporte, para só depois ir a plenário (e, posteriormente, passar por sanção presidencial). Ou seja, a medida ainda tem um longo caminho a percorrer até virar Lei.

Vai torcer para a ideia sair do papel?

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Foto: imprensalaurodecom/Creative Commons




Débora Spitzcovsky é jornalista, formada pela Universidade Metodista de São Paulo e, desde o início da carreira, atua na área da sustentabilidade. Atualmente, é consultora de comunicação sobre o tema na agência In Press Porter Novelli


terça-feira, 26 de janeiro de 2016

UnB realiza concurso para professor com cota para negros



Pela primeira vez, a Universidade de Brasília abre concurso para professor com vaga específica para candidatos negros. A seleção para docente de Direito Público e Privado para a Cidadania, da Faculdade de Direito (FD), cumpre lei do governo federal e destina uma das três oportunidades para o sistema de cotas raciais.

O cargo para professor adjunto, com regime de dedicação exclusiva, exige doutorado e a remuneração total prevista no edital é de R$ 8.639,50. As inscrições podem ser feitas pela internet, até o dia 19 de fevereiro. A seleção conta com provas discursiva, oral, didática e de títulos.

“A novidade resulta de uma adaptação à lei”, explica a decana de Gestão de Pessoas, Maria Ângela Feitosa. “O que fizemos foi atualizar as condições gerais do edital”.

“Fico satisfeito. É a evolução das coisas. As cotas podem promover a integração”, diz o diretor da FD, George Galindo.

A Universidade foi a primeira no país a adotar a política de cotas para seleção de alunos negros na graduação. A decana Maria Ângela vê a reserva para técnicos e docentes como mais um ganho para a inclusão social e democratização do acesso à UnB. “A Universidade de Brasília inspirou outras instituições e o próprio governo”, destaca.

Contudo, a gestora observa que concursos com mais de uma vaga para professores é algo pouco comum. “O caso do Direito foge do habitual”.

Creative Commons – CC BY 3.0 – Maioria dos professores da UnB é branca
Anna Soares/Secom UnB

Dos cerca de 3,5 mil professores da UnB, 65 se declaram negros, 460 pardos e 1.915, brancos. Desse total, 71 se declaram amarelos e 8 indígenas. Quase 1,2 mil docentes da UnB não declararam a raça.

Pós-graduação também terá cotas

Outra novidade são as cotas raciais na pós-graduação da UnB. Em 2015, os cursos de mestrado e doutorado em Sociologia, Antropologia e Direitos Humanos e Cidadania (NEP/Ceam) destinaram 17 vagas, no total, a candidatos negros. A seleção reservou 4 vagas para estudantes indígenas.

Para o 1º semestre de 2016, os programas de pós-graduação em Sociologia, Antropologia e Direito preveem, ao todo, 25 vagas para candidatos negros e 5 para indígenas.

Creative Commons – CC BY 3.0 – Cotas raciais na UnB
Anna Soares/Secom UnB


Fonte: Geledés.