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sexta-feira, 31 de janeiro de 2020

ÍNDIO PANKARA E PIPIPÃ PASSA EM 2° LUGAR PARA MEDICINA NA UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA

 
O jovem Elison Edilson Santos da Silva, de 22 anos, filho de dona Eliana Justina dos Santos, sua mae índia Pankara, Carnaubeira da Penha PE. E do seu Edilson Franquelino, seu pai, índio Pipipã Floresta PE. Ambos agricultores. 
 
O guerreiro que se identifica como índio Pankara e Pipipã, passou em 2° lugar na Universidades de Brasília ( UNB ) para o curso de Medicina, ele irá ingressar no 1° bimestre de 2020. Um sonho para muitos, realidade para pouco, disse Elison, estou concretizando o sonho, mais essa conquista não seria possível, sem a luta constante das lideranças indígenas dos povos indígenas de Pernambuco, em especial meu povo Pankara e Pipipã.
 
Tenho um desafio enorme a partir de agora, afirmou Elison, estarei diante de outra realidade, nesse novo mundo que me espera, eu serei um representante do meu povo, uma liderança, essa é minha responsabilidade. Mais junto comigo estará sempre minha cultura, meu ritual, minha tradição.
 
Fonte: tvcamarotte

Rap, pedagogia e transformação Heitor Valente expande atuação na cultura hip-hop

Foto: Coletivo DUCA

Além de compositor e músico, Heitor apresenta uma aptidão natural para a pedagogia e projetos sociais, o rapper de Ceilândia dedica-se a atividades voltadas para o desenvolvimento social a partir de projetos que tem a finalidade de profissionalizar, construir e compartilhar experiências e aprendizados com as comunidades por meio da cultura e educação, vista por ele como instrumento de transformação, libertação e principalmente emancipação.

Foi nesse contexto que nasceu a AREA (Associação Respeito e Atitude), uma organização não governamental na qual ele é presidente, e que tem o objetivo de organizar, criar e unificar ações voltadas para a juventude à partir de projetos sociais.

O principal expoente dessa gama de programas, foi o Projeto RAP (Ressocialização, Autonomia e Protagonismo), que utiliza esse estilo musical como uma ferramenta pedagógica de diálogo e estabelece uma relação profissional e colaborativa com os jovens em situação de vulnerabilidade nas unidades de internação e nas escolas do DF.

Foto: Dona Filmes

As atividades vinculadas ao projeto RAP são bem diversas, as ações que ja atenderam mais de mil jovens incluem saraus, festivais de música, debates, oficinas, rodas de conversa, cursos profissionalizantes como os de barbearia e manutenção de aparelhos celulares, além de ser responsável pela confecção de três produções literárias, um cd musical e um vídeo clipe que chegou a ser transmitido no festival de cinema de Brasília.

Em 2018 o Projeto RAP foi premiado pela UNICEF, órgão da Organização das Nações Unidas que tem como objetivo promover a defesa dos direitos das crianças, um reconhecimento importantíssimo aos trabalhos realizados e que qualificam a ong como uma das mais relevantes organizações não governamentais a nível nacional.

Hoje, além de presidir a AREA, Heitor é membro do conselho de Desenvolvimento Econômico Sustentável e Estratégico do Distrito Federal (CODESE), integrante do projeto LÍDER do Sebrae DF e educador no Instituto Ajax, funções que exerce com profissionalismo, responsabilidade e compromisso com as origens.

Foto: Thaís Batalha

Apesar de tantas atribuições, ele ainda é um rapper e não deixou a música de lado, neste ano ainda pretende lançar seu segundo álbum intitulado “O Presságio”, que contará com algumas participações especiais que ainda serão divulgadas, portanto, para ficar ligado nas novas produções, procure por Heitor Valente nas principais plataformas de streaming e fique por dentro. 
 

Hospital do Gama/DF recebe superpediatra que alegra crianças nas consultas

Médico usa jalecos de super-heróis como Homem-Aranha, Capitão América, Batman e Super-Homem durante os atendimentos

Por Redação Jornal de Brasília
 
 
No Hospital Regional do Gama (HRG), o pediatra Ricardo Fonseca decidiu abandonar a tradicional vestimenta branca para usar jalecos de super-heróis. Não é preciso dizer que a mudança de visual foi um sucesso total entre as crianças, transformando as consultas em um momento de alegria para os pacientes.

“Nos atendimentos, eu via como as crianças tinham medo do jaleco branco. Principalmente as maiores, porque no primeiro ano elas tomam muitas vacinas e acabam associando a dor ao jaleco branco. Então, em 2018, tive a ideia de usar os jalecos de super-heróis para ‘quebrar com esse vilão’. Depois disso, as crianças adoraram”, conta o “superpediatra”, que é como Ricardo se intitula nas redes sociais.

A novidade já era adotada por ele nas visitas médicas e sociais que fazia em creches da Estrutural e na rede privada, onde atuava. A receptividade das crianças foi tão boa que Ricardo aumentou sua coleção de jalecos, adquirindo também os do Homem-Aranha e Capitão América, além de Batman e Super-Homem. Todos são feitos por encomenda em uma loja no Rio Grande do Sul.

Chamado no concurso público da Secretaria de Saúde do Distrito Federal, o “super pediatra” começou a atuar no HRG a partir de janeiro deste ano. “Vi os bons resultados e resolvi usar aqui também. É engraçado porque, com eles, se quebra aquele gelo da consulta entre médico e paciente. Acabamos indo para uma área mais lúdica e humanizada do atendimento”, diz Fonseca.

Além dos trajes de super-heróis, a parte lúdica do atendimento de Ricardo inclui, ainda, truques de mágica e figurinhas coloridas, para a alegria dos pacientes.

A pequena Ana Clara, 6 anos, se impressionou na consulta, quando soprou a caixinha vazia trazida pelo médico e, em um passe de mágica, apareceu dentro dela um boneco do Super-Homem. “Gostei muito”, comentou a pequena, sorridente, enquanto acompanhava a consulta do médico com seu irmão mais novo, Nicolas, de apenas um mês.

Quem também gostou do atendimento foi a assistente de vendas e mãe das crianças, Juliana de Medeiros. “Muitas crianças têm medo ao falar de médicos, hospitais e consultas. Quando um pediatra atende assim, acaba divertindo a criança e, no processo, acalmando a mãe. É muito bom”, elogia Juliana.

As consultas pediátricas no HRG ocorrem entre terça e sexta-feira, nos períodos matutino e vespertino, para pacientes agendados e marcados pelas unidades básicas de saúde (UBS), por meio da regulação da Região de Saúde Sul.

Com informações da Agência Brasília. 
 

quinta-feira, 30 de janeiro de 2020

"A saída para o negro é a luta"


A cor da pele marca as distâncias e a forma como o Estado lida com seus cidadãos e estabelece uma hierarquia racial. Mesmo que ascenda e ocupe espaços de privilégio e poder, como o Supremo Tribunal Federal, a mais alta Corte de Justiça do País, o negro é visto como exceção à regra e ponto fora da curva. Não é muito pensar que, na desigual sociedade brasileira, aos negros é dado o papel subalterno. “Isso precisa ser desconstruído”, defende Thula de Oliveira Pires, professora de direito constitucional da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio). Com mestrado e doutorado na área, e estudando a interface entre direito e racismo, Thula é mulher negra, criada em São Gonçalo, na região metropolitana do Rio de Janeiro, onde mora até hoje, mãe de Dandara, como assim se definiu em conversa com a reportagem da Radis, em junho. Para a pesquisadora, o racismo histórico brasileiro é uma questão de direitos humanos, e, enquanto esses não contemplarem as demandas e especificidades da população negra, servirão somente para poucos. Thula acredita que, para mudar esse quadro, é preciso pensar sobre como os códigos do racismo operam — e buscar estratégias eficazes para lidar com ele.

Em sua tese de doutorado você tratou da criminalização do racismo na Justiça. O que concluiu?

Temos dificuldade em pensar racismo institucional no Brasil dentro de uma perspectiva estrutural. Junto com alunos, levantei, de 1989 a 2011, todos os casos que envolviam questões raciais julgadas pelo Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro. O que vimos é uma vergonha. Os juízes não interpretam fatos explícitos de racismo como racismo. Algumas decisões são bizarras. Em um caso o juiz estava tão mal informado que não viu racismo no black face [maquiagem teatral na qual pessoas brancas são pintadas de negras para imitá-las de forma caricata], que marcou um dos maiores episódios de racismo dos Estados Unidos. Isso é ignorância e cinismo. Na decisão que condenou Rafael Braga [preso nas manifestações de junho de 2013 por portar uma garrafa de desinfetante e condenado a 11 anos e três meses de prisão], o juiz diz que próprio réu deu provas significativas de que estava envolvido e que apresentava “marcas” de crime. A imagem é evidente: o corpo do Rafael era a prova gritante do tráfico. Mas, no depoimento, Rafael negou o cometimento do crime. Então, como ele mesmo pode ser a prova cabal de que o crime aconteceu?

A marca é seu corpo negro?

Só dá para entender essa sentença usando um marca-texto na expressãozinha que fala dessa marca. É o corpo que está sendo usado como prova mais bem-acabada de tráfico de drogas. A pesquisa investigou a questão do racismo institucional e mostrou as entrelinhas dos processos. Um dos grandes problemas é que os juízes sequer se dão ao trabalho de argumentar, de explicitar ou não o racismo — o que não ocorre em casos envolvendo judeus, quando boa parte dos casos são considerados racismo e há uma argumentação tratando o caso. Não peço que um juiz faça uma tese sobre a questão racial, mas apenas que ele dê conta do que está no processo

Como você encara as acusações de que há “vitimismo” e “racismo reverso” nas ações do movimento negro?

A inserção do negro nos espaços sempre é vista como a conquista de alguém que honra por ser a exceção, por ser de primeira linha, por ter estudado em Paris. Mas o racismo nem sempre é explícito, então há um esforço para tentar demonstrá-lo. É daí que surgem as acusações de “vitimismo” ou “mimimi”. Quando a pessoa assume o discurso do racismo reverso, eu uso um raciocínio lógico dedutivo que desmonta seu argumento. Se alguém disser “me chamou de branquela e fui discriminada”, pergunto: no que chamar de “branquela” inviabilizou sua trajetória numa sociedade como a brasileira? Qual é o seu prejuízo por ser “branquelo”? Você perdeu a oportunidade de emprego ou de acesso a algo? Conotação de respeito? Não! Então fica mais fácil para a gente discutir.

Recentemente, o ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal, se referiu ao ex-colega Joaquim Barbosa como “negro de primeira linha”. O episódio ilustra esta situação?

O episódio explicita a maneira pela qual o racismo também opera nos lugares privilegiados. A possibilidade de o negro estar num local de poder está condicionada a sua aproximação com o padrão branco e masculino. A fala do ministro denuncia muita coisa, mas nada traz de novo. E o pedido de desculpas também. É sempre “uma piada”, um “mal- -entendido”, um “eu não quis fazer assim” ou “eu queria ter aprendido a falar em outros termos, mas é o inconsciente”. Eu prefiro tratar a questão racial a partir das estruturas: não personalizo os episódios ou busco intenções particulares. Se há efeitos desproporcionais de violência, de não acesso e desrespeito em relação à população negra, há racismo. Pelas repercussões desse episódio, há caminho para alguma repactuação. O ministro não é algoz, apenas verbalizou a maneira pela qual os códigos do racismo operam no Brasil. É por isso que a intenção não importa. Nós temos que pensar como esses códigos operam para entender o mundo que herdamos e buscar ferramentas que sejam eficazes contra eles.

Há uma naturalização deste “mal-entendido”?

Não é confortável para ninguém se defrontar com imagens construídas a vida inteira. Uma pessoa comprometida com os direitos humanos só se dá conta do seu nível de racismo quando discute branquitude. E é natural que a primeira reação seja de resistência: “não é nada disso, eu sempre me coloquei ao lado de vocês”. É por isso que prefiro quando botam o capuz. E também entendo que num determinado momento não ter conversa é do jogo. Mas se existe alguma potência nesse estado de absoluto retrocesso que vivemos, é a de instaurar um conflito real. Acho que a população negra tem recursos escassos e vai continuar disputando permanentemente, porque sempre vai ter gente de fora. E enquanto tiver gente de fora, tem que ter disputa.

De que modo o racismo afeta a saúde da população negra?

O povo negro está adoecendo de tudo e o genocídio é a chave para entender essa situação. Genocídio não é só extermínio. Ele também se manifesta nas estruturas do Estado, no cárcere, na escola e no sistema público de saúde. O racismo acontece no sistema de saúde quando a pessoa não tem acesso, não é reconhecida como sujeito ou demora a receber atendimento — o que nem sempre está relacionado à enfermidade que carrega. Há um arquétipo sobre o corpo negro de que ele aguenta dor e é mais forte, e que pode ser atendido num segundo momento. A precarização do SUS também afeta a saúde. Ainda que os profissionais de saúde queiram oferecer o melhor tratamento possível, ele é inviabilizado devido às condições, medicamentos, falta de materiais e acesso às cirurgias que são necessárias.





Como é possível mudar esse cenário?

O racismo se reinventa e se readequa. Eu acho que a formação profissional é um momento em que é possível perceber como operam as estruturas do racismo. Não creio que ela consiga alterar o racismo nesses grupos, mas pode indicar que o exercício da função pública exige algumas condutas. Ainda que seja racista, o agente do Estado é obrigado, pelo menos, a obedecer à impessoalidade e à moralidade administrativa. Mas eu não tenho a esperança de que é possível sensibilizar essas pessoas para que um dia venham a olhar o outro de maneira não hierárquica. Por isso acho necessário investir na formação permanente como um todo, nas faculdades de Medicina e Enfermagem, nos cursos de técnico de Enfermagem, dos profissionais que atuam dentro do hospital.

A formação mais humanista daria conta de mudar essa concepção?

Esse humanismo hegemônico não nos humaniza. Só um outro humanismo que atribua humanidade a todos os corpos humanos. O pensamento pós-colonial e decolonial ajuda a entender esse novo humanismo. Entendo que a formação vai além do caminho instrumental do direito. Uma saída é fomentar modelos distintos de atuação do direito com modelos alternativos de justiça restaurativa, modelos autônomos de mediação de conflito, longe de um direito técnico-formal, institucional.

Você tem usado em artigos e palestras o conceito de “amefricanidade”. Você poderia explicar do que se trata?

Essa categoria político-cultural foi cunhada pela historiadora Lélia Gonzalez [1935/1994], uma das principais articuladoras do movimento negro. Ela quis pensar os reflexos do projeto colonial escravista sobre a vida de uma mulher negra no Brasil. Lélia entendia que, apesar das especificidades e de contextos que forjam diferenças entre populações afrodescendentes na América Latina, existe uma unidade marcada pela experiência da escravidão e que permite pensá-la em termos diaspóricos [deslocamento normalmente forçado ou incentivado]. É uma categoria que inclui a experiência ameríndia, mas que não pretende determinar tudo aconteceu com esta população. Lélia falava em primeira pessoa e não tinha a pretensão de falar em nome da mulher afroboliviana ou afroperuana, por exemplo. Eu vejo o pensamento de Lélia reverberando nos processos recentes de articulação e de ação política das mulheres.

Qual a contribuição que este conceito traz para o momento atual?

A de que temos que pensar em ferramentas que deem conta do que nós, mulheres negras brasileiras ou latinoamericanas, herdamos desse legado. Não temos que tentar adaptar uma solução pensada para outra realidade. Não dá para achar que na rubrica dos direitos humanos, por exemplo, será produzido algum resultado mais interessante. Se vamos falar sobre a violência obstétrica, temos de observar nossas especificidades. Não dá para ficar discutindo se a anestesia dificulta ou não o parto natural, se a nossa principal demanda talvez seja o acesso à anestesia. Não dá para continuar a sermos vistas como aquelas que aguentam dor. Temos que disputar e repactuar nos nossos termos.

Por que falar de direitos humanos em um contexto de desmonte de tantos direitos?

Esse momento é uma oportunidade política para a gente disputar um lugar. Nós sempre estivemos excluídos do acesso aos direitos. Agora, que a ameaça de corte é para muitos, é possível colocar os nossos termos à mesa para dar conta da nossa realidade. Creio que tem que haver uma repactuação ou os direitos humanos vão continuar disponíveis para poucos. No Brasil, os direitos humanos sempre foram tratados de maneira não racializada. Quando a realidade de pessoas negras emerge, somos obrigados a disputar categorias que determinam sua subalternização ou sua precariedade. Não creio que teremos uma organização política de massa se não permitirmos que a articulação pelos direitos envolva todos os que são diretamente afetados.

Qual o papel da comunicação na mudança deste cenário? Você vê algum impacto positivo no uso das novas tecnologias pelos movimentos sociais?

Acho esses movimentos impactam nos lugares onde se constituem. O corpo negro esteve sempre muito isolado. Sempre foi visto como um que fura o funil, e é difícil produzir uma articulação de fôlego sozinho, ou com poucos. Quando juntos, eles se fortalecem, conseguem se articular e se capacitar. A conversa fica maior. Em boa parte desses coletivos há um compromisso histórico das articulações negras no Brasil de unir teoria e prática. Mas não dá para saber o que podem atingir e até onde podem ir. Eu vejo que há uma geração em que alguns têm se articulado por vias tradicionais, e outros optam por formas mais alternativas, digo, autônomas. É essa pluralidade de articulação que vai produzir uma disputa política nova. A luta dos negros sempre foi imbricada e geralmente tem um compromisso que vai além da questão racial e de gênero. Há sempre uma luta contra o legado colonial escravista. São movimentos decoloniais, pós-coloniais. A comunicação pode reverberar outras possibilidades. Nessas experiências alternativas as próprias pessoas produzem e reproduzem suas narrativas. Só que essas experiências não aparecem ou aparecem de maneira deturpada e hierarquizada na mídia. É importante informar e trazer à luz essas experiências nos termos daqueles que as experimentam.

O que você prevê para o futuro?

Luta. Luta. Eu não tenho otimismo nas lutas internas do direito. Mas se eu não tivesse otimismo, eu estaria deprimida. Tem que ter algum grau de otimismo para manter a chama da luta acessa. A população preta não tem outra alternativa: ou luta ou sucumbe. O otimismo serve para levantar e botar a armadura antes de sair de casa. A saída é a luta, o conflito, a disputa. Não vejo outro caminho ou perspectiva.
 
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Fotografia: Eduardo de Oliveira.

Entrevista com Thula de Oliveira Pires 16 Agosto 2017 | por Adriano De Lavor e Liseane Morosini

Tempo de leitura: 6 - 12 minutos 
 
Fonte: fiocruz

Bloco Cafuçu do Cerrado (16/02)


💜 Vem Neném! Vem com amor, vem com #beijaço! O bloco Cafuçu do Cerrado convida o público mais irreverente do carnaval de Brasília para uma festa inesquecível! No palco principal: Otto (PE), Totonho (DF), Orquestra Cafuçu com part. especial de Emília Monteiro. E, ainda no comando da discotecagem greística, os tradicionais DJs Baga System mais a presença da ilustríssima DJ Mica Brega. Esperamos todas rariús e todos os cafuçus de peito aberto e sem preconceitos!

16 de fevereiro
Das 10h às 18h30
Setor Bancário Norte
Acesso gratuito

#carnaval2020 #carnavaldebrasilia — em Setor Bancário Norte.

Sex Education: uma série necessária em tempos de Damares e abstinência sexual

por Adriano Favarin
Imagem: Reprodução 
 
No início do ano, a Netflix lançou a segunda temporada de uma série que teria tudo para ser apenas mais um clichê adolescente, como American Pie e tantos outros filmes do gênero. Porém, se o sucesso que a série tem alcançado pode ser explicado, por um lado, por conseguir explorar cada um dos seus personagens para além da superficialidade padrão desses clichês adolescentes, por outro lado, ela tem sua origem também na identificação (atual ou saudosista) do público com os dramas afetivos e sexuais que se desenvolvem ao redor de cada personagem.

Para além disso, o sucesso da série - que embora se passe centralmente em uma escola do ensino médio, não se resume apenas ao universo de adolescentes de 16 anos -, evidencia que, diferente do que Foucault preconizava, ainda que avançamos para uma sociedade em que o consumo do sexo tem sido cada vez mais popularizado (banalizado), a sociedade se mantém profundamente reprimida e ignorante (carente) sexual e afetivamente.

É essa contradição cada vez mais gritante para a juventude entre uma aparente liberalização sexual com um aumento da carência das condições de um suporte social e de capacidade estrutural para lidar com essa situação, que faz aumentar problemas como a gravidez indesejada na adolescência; o número de jovens mortas por abortos clandestinos; a violência trans e homofóbica nas ruas; a violência doméstica; o aumento no número de pessoas com IST’s (Infecções Sexualmente Transmissíveis); o aumento dos casos de depressão, ansiedade e solidão; etc...

Enfim, quanto mais se aumenta a mercantilização e a oferta de sexo, de desejo e de corpos, e quanto mais se nega à juventude um suporte social e estrutural para lidar com essa realidade, mais se aumenta também a miséria sexual e afetiva da juventude e da sociedade de conjunto!

Enquanto o governo Bolsonaro e a ministra Damares propõe como solução reacionária para essa equação problemática que a juventude simplesmente pare de fazer sexo, a série da Netflix vem atuando na contramão e buscando apresentar - às vezes em chave dramática, às vezes em chave cômica - várias informações relevantes para que a juventude possa praticar um sexo com informação suficiente para que este seja seguro e prazeroso.

A série vai abordar desde dúvidas que causam ansiedade, angústia e traumas em inúmeros jovens quando estes estão iniciando sua vida sexual ativa - como se fazer um “boquete”, como estimular o clitóris, como fazer a “chuca”, etc -, até os temas que são verdadeiros dramas sociais - como a necessidade do aborto, o preconceito e a ignorância em relação a IST’s e os abusos sexuais em transportes públicos.

Enquanto a extrema-direita segue repudiando à educação sexual nas escolas, ela mantém a juventude na ignorância sobre seus próprios corpos e desejos e reféns das piores consequências sociais em relação a prática de um sexo desconhecido. Como se não bastasse o desserviço com essa política de falta de informação para a juventude, agora o governo chega ao absurdo de propor uma campanha ideológica pela abstinência sexual!

Em vez de informar e educar, a saída é proibir e estigmatizar. Isso sem falar de algo estrutural do capitalismo, que são os impeditivos econômicos que fazem com que a grande maioria dos adolescentes não tenham condições de construir e descobrir relações sadias com o seu sexo, seu corpo e seu afeto de maneira independente, profunda e íntima junto com outros adolescentes.

Ainda de acordo com a propaganda do governo, educação sexual não deve ser tarefa da escola mas sim tarefa da família. Nesse âmbito, a série da Netflix também tem a felicidade de apresentar a complexidade das relações parentais que permeiam os personagens da série, e a partir daí demonstrar como parte das contradições e dramas que afetam a vida afetiva e sexual de vários jovens está associada com as contradições intrínsecas da própria relação familiar.

Seja a jovem de aparência rebelde e o passado de relação com a mãe viciada e o irmão traficante; seja o jovem de aparência valentona e sua relação com um pai autoritário e uma mãe submissa; seja o jovem tímido e com ansiedade sexual e sua relação com uma mãe super-protetora e invasiva; ou o atleta popular cuja mãe transfere para ele suas vontades e desejos frustrados. Enfim, de inúmeras formas a série vai demonstrar a impossibilidade de que uma verdadeira e saudável educação sexual venha unicamente do núcleo familiar.

Outra grande sacada da série - em tempos em que o governo faz propaganda contra a discussão da fluidez do gênero e da sexualidade com os jovens - é conseguir explorar de maneira muito sensível a diversidade sexual e as descobertas e experimentações afetivas da juventude não apenas em relação ao gênero oposto, mas também com o seu próprio gênero. Na segunda temporada a série vai apresentar a assexualidade, a pansexualidade e relacionamentos afetivos e sexuais de gays e lésbicas de uma maneira extremamente natural.

Ainda sobre esse tema, a série vai quebrando, de maneira paulatina durante as duas temporadas, a imagem homofóbica por trás das atitudes de Adam, o filho do Diretor, com um dos protagonistas da série, Eric, assumidamente gay. Para além do superficial clichê de que “todo homofóbico é um gay enrustido”, a série vai se aprofundar no personagem de Adam, relacionando suas atitudes com uma inveja latente diante da coragem e autenticidade do outro e do próprio afeto e apoio que o pai de Eric possui pelo filho em contraste com o autoritarismo com o qual seu próprio pai lhe trata. Adam não se identifica enquanto gay (muito pelo contrário, ele seria o esteriótipo do que se chama hoje de "hétero-padrão-topzera"), mas isso não impede a série de ir construindo sobre sua personagem e a de Eric uma complexa - e mais comum do que se costuma imaginar - relação homoafetiva.

A série ainda aproveita para mostrar pra Damares algo que já é científica e estatisticamente estudado e comprovado pelo menos desde Freud: que mesmo em ambientes unicamente masculinos - colégio militar, presídio, monastério, etc... - é impossível impor uma abstinência sexual. A série vai mostrar uma cena de “brotheragem” (masturbação ou felação entre homens) de dois estudantes do Colégio Militar para onde Adam é mandado pelo pai. O homoerotismo e as práticas sexuais entre dois homens (ou duas mulheres) é muito mais comum do que se imagina, e vai muito para além da necessidade de assumir ou não uma identidade gay/lésbica. A série finaliza de maneira brilhante essa situação com a declaração do Sargento sobre o tema de que “muitos de nós somos nessa instituição. Mas é melhor ignorar certas coisas.” Uma afirmação que facilmente ultrapassa a ficção.

Ainda que os dilemas e dramas afetivos e sexuais que a série traz também estejam presentes em grande medida na série animada Big Mouth (inclusive a construção de alguns de seus personagens), Sex Education tem a vantagem de trazer maior grau de realidade e identidade entre os personagens e o público.

É em toda essa perspectiva que a série Sex Education tem o seu mérito em trazer a tona não apenas dramas clichês adolescentes (ainda que haja isso também na série), mas trazer problemas, dúvidas, soluções e reflexões em torno da sexualidade, da afetividade e das contradições na construção de relações dentro dessa sociedade, sugerindo ao público pensar e repensar valores, determinações e preconceitos.

Ao contrário da abstinência sexual compulsória incentivada pelo governo Bolsonaro e a ministra Damares, e ao contrário da imposição cada vez maior do Estado, da Igreja e da família de controle sobre o corpo e o desejo da juventude, é necessário que os estudantes se organizem com os professores pela defesa de uma educação sexual livre e emancipadora nas escolas. É necessário que se fortaleçam os espaços de debate entre a juventude e o operariado sobre sexualidade e política; que se garanta o direito ao aborto legal, seguro e gratuito; que se possibilite ao máximo as condições de independência financeira para a juventude em relação aos pais e para as mulheres em relação aos maridos; e que se garanta espaços seguros e gratuitos para a juventude ter o direito ao prazer e ao conhecimento do seu próprio corpo.

Somente compreendendo a função social por trás de toda e cada repressão sexual, é que se faz possível construir uma política realmente revolucionária para a libertação sexual. Pois ainda que esta não se alcance automaticamente com a tomada das ruas ou do poder pela juventude e pela classe trabalhadora, é somente uma política que se proponha a destruir e transformar radicalmente todo esse sistema capitalista de exploração e opressão que pode ser capaz de dar livre vazão para todas as expressões de afetividade e sexualidade humana. 
 

quarta-feira, 29 de janeiro de 2020

Documentário resgata trajetória de Abdias do Nascimento

 
Documentário da TV Senado resgata a trajetória do ex-senador Abdias do Nascimento. Professor, artista plástico, escritor, teatrólogo, político e poeta, Abdias foi pioneiro do movimento negro no Brasil e recebeu homenagem do Senado nesta sexta (21) pelo centenário de seu nascimento. O documentário 'Abdias: Raça e luta', produzido em 2012, tem direção de Maria Maia. Assista:



Fonte: Senado Federal

Exposição gratuita em Brasília tem como tema a cultura e a religião negra

Mostra fica em cartaz até o fim de março


O Museu Nacional da República recebe a mostra “Geometria, símbolos e cores”, do artista Josafá Neves. A exposição é gratuita e fica em cartaz até o dia 29 de março, com visitação das 14h às 18h30, às segundas-feiras e das 9h às 18h30, de terça a domingo.

Quem visitar o museu poderá conferir de perto as obras do artista brasiliense que abordam os orixás, entidades cultuadas em religiões de matriz africana. A mostra reúne esculturas, quadros e instalações do artista, nascido no Gama.

A proposta da exposição é fazer um mergulho na história e cultura negra do país, provocando a reflexão sobre arte, origem e religião do povo negro. Para isso, o artista usa obras que representam cada um dos 16 orixás.

Foto: Chico Furtado/Inspira Filmes

SERVIÇO
Exposição “Geometria, símbolos e cores”
Data: até 29 de março
Local: Museu Nacional da República (Esplanada dos Ministérios)
Horário: 14h às 18h30 (segundas-feiras); 9h às 18h30 (terça a domingo)
Entrada gratuita

Menina de 13 anos mata homem a tijoladas após tentativa de estupro em Brasília/DF


Uma adolescente de 13 anos matou um homem identificado pelo nome de Antônio Soares da Silva, 52 anos, na noite desta terça-feira (28), por volta das 23h na Área de Desenvolvimento Econômico 4, ADE 4, de Águas Claras, em Brasília.

Segundo o UOL, a polícia chegou ao local do crime após denúncia de homicídio por arma de fogo e encontrou a vítima no chão, com uma pessoa tentando reanimá-la. O Corpo de Bombeiros foi acionado e constatou a morte.

A adolescente informou aos militares que agrediu Antônio com chutes e tijoladas após tentativa de estupro. De acordo com a menina, ela e a irmã andavam em via pública quando foram abordadas pelo homem.

"Ele assoviou, mostrou o pênis, correu atrás dela e tentou agredi-la", disse em depoimento.

A jovem conta que, após o ocorrido, deu uma "gravata" em Antônio e o enforcou. A vítima caiu e a declarante começou a agredi-lo com chutes na cabeça e uma tijolada.No momento em que a irmã tentou impedir as agressões, a jovem entrou em luta corporal com ela, que está grávida.

O caso é investigado pela Delegacia da Criança e do Adolescente 2. 
 
Fonte: unomidias

terça-feira, 28 de janeiro de 2020

Brasília sexagenária: Educação nasceu no Caseb e na Escola Parque 308 Sul

 Angelita Amarante, atual diretora da primeira instituição pública de ensino do Plano Piloto 
(foto: Mariane Silva/Esp. CB/D.A Press)

Estudos sobre o solo, planejamentos urbanísticos, compra de materiais de infraestrutura e contratação de empreiteiras. Há quem acredite que esse era o princípio da construção de uma cidade projetada para ser símbolo da transformação do país, como foi Brasília. Mas as palavras de Juscelino Kubitschek, em maio de 1960, mostraram uma outra visão. Dentro da primeira instituição de ensino da nova capital, JK afirmou que era ali o ponto de partida do moderno programa da República. Em meio ao barro de uma cidade ainda em construção, o então presidente entendeu que a educação de qualidade teria o poder de erguer a Brasília dos sonhos. Assim ganhava vida a Comissão de Administração do Sistema Educacional de Brasília (Caseb), que pensou ainda o funcionamento da Escola Parque 308 Sul. As primeiras instituições de ensino da região administrativa de Brasília são temas da sétima reportagem da série Brasília sexagenária.

A comissão tinha como objetivo definir cada detalhe do planejamento pedagógico da cidade, com a missão de instalar aqui um ensino integrado, democrático e criativo, que se preocupasse com o desenvolvimento cultural, social, físico e profissional dos alunos. Afinal, era na escola que começava a ideia de um novo Brasil. “O que a história diz é que Juscelino era um visionário e revolucionário. Para trazer uma educação de qualidade, ele fez um concurso de professores com salário e condições muito atrativos, como garantir a liberdade de ensino, oferecer vencimento quatro vezes maior do que a média, alimentação e moradia. Então, educadores de ponta foram contratados e a Caseb se transformou em escola, hoje conhecida como Centro de Ensino Fundamental (CEF) Caseb”, lembra a atual diretora, Angelita Amarante.

A primeira aula da primeira escola da cidade de Brasília ocorreu em 16 de maio de 1960, reunindo estudantes de várias partes do país. “Era a única escola públicaque tinha no Plano Piloto, então recebeu os filhos de diversos pioneiros. Tivemos filhos de senadores, deputados, secretários de Estado, candangos. Todos recebendo uma educação de qualidade”, afirma Angelita. Três dias depois, a instituição recebeu a aula inaugural, com direito à participação de JK, do ministro da Educação e Cultura, Clóvis Salgado; e do prefeito de Brasília, Israel Pinheiro. “Nenhum acontecimento é mais auspicioso para esta cidade, depois de sua fundação, do que o ato que aqui nos reúne”, afirmou Juscelino, em discurso.

Até hoje, o CEF Caseb carrega símbolos daquele dia 19. Entre eles, o piano em que a artista e professora Neusa França compôs o Hino de Brasília. Anete Vidal, 71 anos, foi aluna de Neusa e lembra com carinho os anos que passou na escola, entre 1962 e 1965. “Minha família tinha saído dos Estados Unidos e vindo a Brasília por conta do emprego do meu pai, mas não senti tanto contraste, porque o ensino do Caseb era ótimo, com professores de primeiro mundo. Eu me sentia uma criança privilegiada com aquelas aulas de música, desenho, cozinha, marcenaria”, descreve. Anete acredita que aquela pedagogia era revolucionária, moderna e necessária.
 
 Neusa França, compositora do Hino de Brasília (foto: Edílson Rodrigues/CB/D.A Press)

(foto: Mariane Silva/Esp. CB/D.A Press)

“Um colégio completo, que dava a possibilidade de entender o mundo lá fora, como indivíduo e profissional. Foi uma abertura de cabeça. Na aula de desenho, por exemplo, o professor colocava um jarro de planta na mesa, a gente quadriculava o papel e passava o desenho para lá, aprendendo noções de arte, espaço, disciplina, concentração, tudo ao mesmo tempo. Era maravilhoso!”, lembra. O contraste que Anete encontrou veio em 1964, com a ditadura militar. “Lembro-me dos professores fazendo paralisações e a polícia indo à escola, arrebentando os alambrados, atacando os ônibus que levavam os pedagogos. Foi uma agressividade muito grande que chocou as crianças. Nós éramos pequenos e vimos nossos professores sendo agredidos. Isso era muito fora do normal, porque eles eram respeitados”, diz.
Esporte para a vida

Pedro Rodrigues, 86, passou pelos melhores e mais difíceis anos da instituição. Ele viveu a integração de conteúdos e saberes na prática nos 21 anos de docência na escola. “Saí de Minas Gerais, que tinha um projeto bom de educação também, mas na capital era diferente. Meu salário aqui foi cinco vezes maior do que lá e a valorização do professor era muito grande”, conta. O aposentado deu aulas de educação física no Caseb, acompanhou construções de quadras e faz questão de se lembrar que as atividades eram pensadas de forma completa. “O ginásio foi feito às pressas, em 23 dias, com obras que duravam dia e noite. Mas a preocupação não era só o esporte. O nosso programa ensinava que a educação física educava corpo e mente. Isso era muito bom para os alunos e marcou muitas pessoas”, pontua.

A quadra recebeu nomes históricos para o esporte do país. Foi nela que Galvão Bueno, por exemplo, viveu a paixão pelo basquete. Um trecho do livro bibliográfico do narrador conta da influência do professor do Caseb nesse processo. “Pedro Rodrigues, meu técnico, foi uma das pessoas mais importantes na minha vida e na minha formação”, conta Galvão na obra. O professor aposentado morre de orgulho: “Ele foi meu orientando e um dos vários alunos que marcaram e vieram a se tornar motivo de admiração dos contemporâneos.”

Paulo César Valença (foto: Mariane Silva/Esp. CB/D.A Press)

Escola Nova

» Anísio Teixeira, educador, é referência na pedagogia nacional. Fez parte de um grupo de pedagogos que buscou modernizar o ensino no país, buscando liberdade e democratização, entre outros ideais. As pesquisas do grupo deram início ao movimento chamado de Escola Nova, que deu origem ao “Manifesto da Escola Nova”, em 1932. Entre outras realizações, estão trabalhos como a criação da Universidade do Distrito Federal, no Rio de Janeiro, em 1935, a nomeação para Conselheiro de Ensino Superior da Unesco, a direção do Instituto Nacional de Estudos Pedagógicos (Inep) e participação na fundação da


Universidade de Brasília (UnB).
Caseb


» Área: 55.000 m²

» 4 quadras esportivas

» 1 ginásio, refeitório, secretaria, pátio cultural, laboratório de informática e auditório

» Ex-alunos famosos: Edward Cattete Pinheiro, Galvão Bueno, Lucélia Santos, Luiz Estevão, Nelson Piquet, Paulo Octávio, Pedro Parente, Renan Calheiros, entre outros.

Premiações

O Caseb desenvolve desde 2014 o projeto Matemática é Para Todos (MEPT), no contraturno escolar. Em 2019, cerca de 70 alunos participaram de atividades, que são voltadas à resolução de problemas em grupos colaborativos. O trabalho rendeu 16 premiações de alunos e duas de professores na Olimpíada Brasileira da Matemática em 2019. Por conta desse bom desempenho em competições, os estudantes do Caseb têm conseguido, desde de 2017, bolsas no Programa de Iniciação Científica na UnB. Em agosto de 2019, o projeto MEPT recebeu o prêmio “Práticas Inovadoras na Educação Pública do DF”, da Câmara Legislativa.

Você sabia?

Em 1969, o Caseb recebeu a visita de Edson Arantes do Nascimento, o rei Pelé, para inaugurar a ala de esportes dedicada a ele.

Escola Parque


Plano de Construções Escolares de Brasília

Previa, a cada quatro quadras, a construção de uma escola parque, destinada a atender, em dois turnos, com cerca de dois mil alunos oriundos das quatro escolas classe das quadras vizinhas. As atividades propostas orientavam para a iniciação ao trabalho, voltado a meninos e meninas de 10 a 14 anos, em pequenas oficinas de artes industriais, além da participação dirigida dos alunos de 7 a 14 anos em práticas artísticas, sociais e de recreação. Com frequência diária na escola parque, existia um regime de revezamento com o horário das escolas classe, isto é, quatro horas nas classes de educação intelectual e outras quatro nas atividades da escola parque, com intervalo para almoço.


Fonte: Museu da Educação do Distrito Federal

Estrutura

» Área 20.000m²

» 450 lugares — capacidade do teatro

» 4 quadras poliesportivas

» 2 piscinas
A lição de Anísio

Educadores e pesquisadores elogiam os planos de educação criados dentro do Caseb, nos anos 1960, por diversos motivos. Entre eles, está a interação dos estudantes com o mundo fora do limite das paredes escolares, como explica Maria Paula Vasconcelos Taunay, doutora em educação e tecnologia pela Universidade de Brasília (UnB). “O plano urbano de Lucio Costa era ousado e dava à escola pública um caráter polarizador da convivência social. Então, o planejamento elaborado por Anísio Teixeira, a pedido de JK, dialogava espaço, indivíduo e aprendizagem em um ideal de sociedade que visava oferecer à população interações e conhecimentos. Ou seja, nessa orientação, a cidade educa”, avalia. A ideia era que o espaço escolar se ampliasse à urbanidade das superquadras, permitindo conhecimentos além daqueles dos livros escolares.

Porém, a década da construção de Brasília também foi marcada pelo período obscuro da ditadura, que atacou os principais pensadores do país e impediu projetos sonhados para a capital. “Pensar em educação no Brasil é um ato revolucionário. É pilar da resistência acreditar na educação pública de qualidade. Mas esse idealismo que moveu Anísio Teixeira e outros envolvidos no projeto de educação para a sociedade brasileira fez com que eles fossem perseguidos e silenciados pela ditadura militar”, detalha Maria Paula.

Para a pesquisadora, essa descontinuidade das administrações públicas é uma das principais dificuldades na execução dos planos educacionais, mas é necessário continuar seguindo o ideal de educação pública de qualidade. “Essa é uma estrada segura para os árduos tempos em que vivemos”, avalia.
Conceito inovador para a sociedade

“Democracia é, literalmente, educação”. A frase, do educador Anísio Teixeira, está destacada em um muro da Escola Parque 308 Sul, idealizada pelo autor. Mostra como o saber é essencial para a construção de uma sociedade que luta contra a desigualdade, sendo base para as mudanças necessárias de qualquer país. A instituição nasceu em 1960, mas baseada em preceitos modernos que estavam sendo estudados em 1940, como explica Ana Lúcia de Abreu Gomes, professora da Faculdade de Educação da UnB. “Anísio Teixeira aplicou em Brasília uma experiência piloto que ele desenvolveu em Salvador, com a criação do Centro Educacional Carneiro Ribeiro. A proposta era de uma educação que oferecesse, em um turno, as disciplinas tradicionais do currículo e, no contraturno, disciplinas relacionadas às artes de uma maneira geral, à educação física e à profissionalização dos alunos”, explica. As ideias de educação integral completa eram revolucionárias para a época e não era à toa.

Naquele tempo, surgia no Distrito Federal a oportunidade de formação de um novo país. “Havia o entendimento de que na capital recém-inaugurada haveria a emergência de uma nova sociedade brasileira. A educação dos jardins de infância, das escolas classe e parque seriam a matriz desse processo”, conta Ana Lúcia. O planejamento previa a construção de uma escola parque a cada quatro quadras, com atividades que preparavam os alunos para a vida moderna, como aulas de vários segmentos da arte, recreações físicas e até oficinas industriais. Essas aulas complementavam o ensino de outras escolas, permitindo que os estudantes ampliassem os conhecimentos artísticos, físicos e sociais, além de facilitar a inserção futura no mercado de trabalho.

“Os professores tinham autonomia para organizar os planos de aula e realmente acreditavam que a educação poderia ser transformadora. Então, ofereciam encontros a esses alunos com poetas, músicos e escritores. A Escola Parque 308 Sul mobilizou a vida cultural da cidade”, narra a especialista. A arquitetura dialogava com a liberdade de as crianças descobrirem diferentes habilidades. Exemplos disso são as janelas em fita, a integração entre os planos interior e exterior dos colégios e o planejamento de áreas como biblioteca, pavilhões, quadras esportivas, piscinas e conjuntos projetados para música, teatro e exposições.

Memória afetiva


Todos os conceitos aplicados na Escola Parque, construída em 1960, são vistos no dia a dia pelos alunos e lembrados com saudades pelos egressos da instituição. Alzira Maria Lima da Silva, 59 anos, teve sorte. Estudante da instituição entre 1969 e 1975, ela não abandonou esse projeto modelo. “Costumo dizer que eu e a escola somos ligadas pelo cordão umbilical. Desde pequena sou apaixonada por ela, tanto que lembro de um dia, quando eu era criança, que subi naquele brinquedo trepa-trepa e disse para mim mesma que seria professora ali. Hoje, tenho muito orgulho de ver que consegui”, conta.

Alzira é auxiliar de direção na 308 Sul e divide com as recordações de infância o prazer do trabalho da fase adulta, ambos no mesmo local. Ela chegou à capital na década da inauguração, após o pai assumir um cargo público e se mudar com a família.

Matriculada no Centro de Ensino Fundamental 1, na 106 Sul, fazia atividades complementares na Escola Parque. “A gente aprendia a lidar com costura, madeira, pintura em porcelana, cerâmica, caligrafia. E os professores sempre fizeram toda a diferença na vida dos estudantes, porque têm como principais características serem humanos, amorosos e dedicados. Não tinha como não se apaixonar pelo ensino”, comenta Alzira.

A garota cresceu e chegou a trabalhar como secretária parlamentar, mas se lembrou do sonho de infância quando viu um concurso para a Secretaria de Educação e não pensou duas vezes. Aprovada em primeiro lugar, foi convocada em fevereiro de 2001. “Para qual escola me designaram? A Escola Parque. Ninguém imagina a emoção que senti quando pisei lá novamente, para assumir como professora. Hoje, ela consegue continuar o trabalho de aprendizado empático que recebeu quando criança. “Tem aluno que fica apavorado quando é chamado na direção, mas nós não punimos, nós acolhemos. Sempre tentamos entender os motivos dos problemas deles para resolvermos juntos.”

Palco da história

Um grupo de centenas de alunos, de diferentes estados, culturas e contextos, convivendo na mesma escola: era esse o cenário da Escola Parque da 308 Sul, em 1960, quando a instituição deu início às atividades. Mesmo assim, havia algo em comum entre todos: era difícil não gostar de ir ao colégio para aqueles estudantes. É a opinião de Maria da Conceição de Lanna, 68. “Vim de Minas Gerais e foi marcante esse contato com diferentes crianças. Tinha gente do Sul, do Nordeste, de todo lugar. Só não tinha brasiliense! A gente ia aprendendo um pouco da cultura de cada um e os professores incentivavam isso com as dinâmicas. Era uma troca muito boa”, diz a aposentada.

Maria se recorda do choque entre sair de uma cidade do interior para uma grande capital. “Era acostumada a correr pelo mato, ter quintal grande, e vim para um apartamento pequeno de uma cidade desconhecida. Mas, na Escola Parque 308 Sul, fui me adaptando bem, porque era um lugar muito verde, aberto, com espaço para correr. Acho que não tinha nem essas grades de hoje”.

Regina Maris Freitas, 67, também sente falta dessa paz e do clima leve da Brasília recém-inaugurada. “A gente era criança, mas tinha tranquilidade para ir a pé para o colégio. E, dentro da Escola Parque, o sentimento era de liberdade, porque o aprendizado era lúdico como se fosse brincadeira”, classifica.

Outra aluna da época que sente saudades da fase escolar é Dilma Cordeiro, 68. A carioca tem na memória principalmente momentos de prazer dentro da instituição. “O que me marcou positivamente foram os professores extremamente dedicados, as diferentes atividades. A gente tinha aula de teatro e cheguei a ser protagonista de um espetáculo. Para uma criança de 9 anos, isso era incrível! Era uma época do início do grande projeto de Brasília, então havia muita preocupação em colocar em prática um projeto pioneiro de educação. No meio disso, a gente via construções importantes sendo erguidas, convivia com os candangos, que vinham de todo canto. Vivemos o começo da história”, afirma. Ela lembra com clareza e tristeza quando foi instaurado o golpe militar (1964) e a educação modelo começou a perder força.

“A notícia chegou logo cedo, quando a gente estava na escola. As professoras disseram que ninguém podia sair nem entrar, uma recomendação que vinha das rádios. Foi um cenário de horror, porque as crianças ficaram muito assustadas, várias começaram a chorar, apavoradas. Nós olhamos para fora e vimos tanques de guerra passando”, detalha. Foi também durante o período ditatorial que a Escola Parque 308 Sul perdeu um dos principais idealizadores do projeto educacional. Em 1971, Anísio Teixeira foi encontrado morto. A versão oficial é de que a morte tinha ocorrido após uma queda no fosso de um elevador, mas há inconsistências na história.

Versão suspeita


O educador era reitor da UnB no ano de 1964, quando foi instaurada a ditadura militar. Após um período de exílio, ele retornou ao país e, em 1971, desapareceu e só foi encontrado dois dias depois, morto. A versão oficial aponta morte em decorrência de queda no fosso de um elevador, mas, desde o princípio, familiares e amigos perceberam inconsistências na história contada pela polícia. O escritor João Augusto de Lima Rocha produziu a obra Breve história da vida e morte de Anísio Teixeira — Desmontada a farsa da queda no fosso do elevador e conta que ele pode ter sido sequestrado durante período de campanha por uma vaga na Academia Brasileira de Letras e ter sido levado para uma instalação da Aeronáutica, no Rio de Janeiro.
 
Os desafios da Escola Parque


Há nove anos na direção da Escola Parque 308 Sul, Paulo César Valença explica que, apesar das dificuldades históricas, a instituição continua tendo como base os pensamentos pedagógicos modernos. “O que foi planejado por Anísio Teixeira enfrentou barreiras para prosperar, primeiro porque a demanda das escolas parque aumentou muito e, segundo, por causa do período do golpe militar. Mas nossa preocupação sempre foi construir o conhecimento, não que a aula seja só expositiva. A criança vai percebendo, assim, potenciais que não são reparados no dia a dia de um lugar que só preze os conhecimentos gerais”, detalha.

Para que isso seja feito, Paulo coloca como essencial a visão da criança como um ser humano de direitos. “A gente acredita que os alunos têm que encontrar, no convívio, um espaço para mediação de conflitos, para que eles possam exercer o direito de serem livres, manifestarem as impressões por meio da fala. Quanto mais cedo isso acontece, melhor para o processo educativo deles”.

O diretor se orgulha em dizer que foi esse processo que formou médicos, engenheiros, professores, artistas e diferentes brasilienses que encontraram diversos caminhos para a vida após essa base escolar. “Anísio Teixeira cumpriu a missão que tinha, propiciando uma educação de qualidade para muitas crianças e adolescentes, em Brasília e na Bahia, incluindo quem tinha menos privilégios. E nosso trabalho é continuar esse processo, que acontece até em pequenos detalhes. Desde o ‘bom dia’ que desejamos, estamos trabalhando para formar cidadãos. Falar para o aluno ‘que você tenha um fim de semana maravilhoso’ é ter cuidado com a educação dele, que acontece para a vida, não só na escola. Nosso corpo docente acredita nisso”, finaliza.

A estrutura da instituição favorece esse ensino. Na biblioteca, por exemplo, Amanda Callafange, 24, aprendeu a ter gosto pelos livros. “Cheguei a ler quase um livro por dia. Minha mãe se formou em artes visuais e começou a trabalhar lá (na Escola Parque da 308), depois virei aluna. Então, tinha esse incentivo dela de escolher as obras, levar para casa. Toda a experiência foi muito positiva, porque a gente tinha matérias diferentes da escola tradicional. Enquanto nas outras era matemática, física, na escola parque, era teatro, música, educação física”, lembra a estudante de psicologia. 
 

Fim da TV Escola coloca em risco 10 milhões de surdos brasileiros

por Yuri Ferreira
O Brasil nunca teve a cultura de TVs públicas. Além da Cultura, é difícil que os meios de comunicação estatais sejam vistos pela população de maneira massiva. Entretanto, isso não significa que as programações exibidas nesses meios não tenham valor: pelo contrário, existe muita coisa importante por trás da “audiência”.

A TV Escola, que não é pública mas combina investimento público e o trabalho da Associação de Comunicação Educativa Roquette Pinto, sofreu ataques do governo, foi cortada e já teve seu pessoal demitido. O problema é que ela é importantíssimo para os deficientes auditivos do país, sendo fonte de educação de Libras para milhões de brasileiros.

Funcionários da TV escola saindo do MEC

“Era uma programação [da TV Escola] totalmente de esquerda, ideologia de gênero, dinheiro público para ideologia de gênero. Então, tem que mudar. Reflexo, daqui a 5, 10, 15 anos vai ter reflexo. Os caras estão há 30 anos [no ministério], tem muito formado aqui em cima dessa filosofia do Paulo Freire da vida, esse energúmeno, ídolo da esquerda”, afirmou Jair Bolsonaro, que decidiu cortar o investimento público na TV Escola.

Em contraponto, trabalhadores da Associação de Comunicação Educativa Roquette pinto reafirmaram o valor do meio de comunicação para milhares de pessoas no país. Premiada pelo Hora do ENEM e por diversos outros programas, a TV Escola é referência no mundo todo em acessibilidade, tendo todo o seu conteúdo transferido para linguagem de sinais ou tendo audiodescrição.

Com o fim da empresa, mais de 367 ficariam desempregados e milhões de Brasileiros que se educam através do conteúdo exibido pela TV ficariam desamparados, especialmente os que veem na emissora a única possibilidade de entretenimento, devido a acessibilidade quanto a deficiências.

“Entendemos que só o investimento em educação pode garantir que o Brasil cresça e que nossa sociedade se torne mais justa. Nesse sentido, a TV Escola é uma contribuição fundamental, sobretudo em municípios que não possuem recursos ou estrutura para promover iniciativas de formação continuada de professores. Também expressamos nossa preocupação com o futuro da TV INES, a única emissora voltada para a comunidade surda do país – com programação em Libras, a Língua Brasileira de Sinais”, afirmaram os trabalhadores da TV Escola em nota publicada pelo colunista Ricardo Feltrin, do UOL.
Fonte: hypeness

'Não são desastres naturais, são desastres sociais'

O município de Porciúncula (RJ) foi castigado pelas chuvas. (Ascom de Porciúncula/Divulgação)
 
Sérgio Abranches fala sobre os impactos da chuva dos últimos dias em Minas Gerais, Espírito Santo e Rio de Janeiro. Ele diz que a situação tem direta relação com a falta de investimento em prevenção. 'O Brasil tem décadas sem planejamento urbano'. Ele acrescenta que esses desastres atingem uma população mal distribuída no espaço territorial da cidade. Abranches também falou sobre a relação do coronavírus e da febre amarela com a questão ambiental.
 
 
 
Fonte: cbn

segunda-feira, 27 de janeiro de 2020

Descanse em paz, meu amigo, Kobe Bryant.



(por Jefferson Castanheira)
Cinco vezes campeão da NBA, 2 vezes MVP das Finais, 18 vezes All-Star, uma vez MVP e ganhador do Oscar.

Estas inúmeras glórias colocam Kobe Bryant na prateleira dos grandes ídolos do esporte, e não só do basquete. Porém, seria completamente vazio e pequeno falar sobre Kobe sem citar sua influência.

Muita gente – assim como eu – conheceu o basquete e a NBA no inicio dos anos 2000. Seja pelos compactos que passavam na Band, pelos filmes, pela TV a cabo, enfim, nós nos apaixonamos pelo basquete vendo praticamente o mesmo time brilhar. Aquele Los Angeles Lakers que foi tri de 2000 até 2002, da dupla máxima que era Kobe Bryant e Shaquille O’Neal.

Seja qual foi o caminho tomado por essa influencia, seja amando os Lakers pelo fato de serem o basquete mais vistoso e forte daquela época ou odiando eles pelo mesmo motivo (o que era meu caso), Kobe e cia influenciaram uma enorme gama de pessoas a jogarem basquete, conhecerem a liga e o esporte.

Por isso, é injusto resumir a carreira do Kobe em apenas números de conquistas. Quantas cestas e pontos foram marcados por milhões de pessoas no mundo que se inspiraram no basquete de Kobe Bryant? Quantas assistências, títulos, rebotes ou títulos?

Pessoas como Bryant mudam a história de muita gente. Dentro ou fora das quadras. É um legado maior que o esporte, barreiras políticas e fronteiras.

As camisas 8 e 24 ganharam novos significados e um imenso peso após Kobe vesti-las. Era o símbolo da luta, da força, da garra e do talento. Do quanto você se esforça para chegar num objetivo.

A ficha vai demorar para cair. Mas, nunca demoraram para cair aqueles 60 pontos que Bryant colocou no placar em seu último jogo como profissional. Nunca demoraram para cair as inúmeras cestas decisivas que ele decidiu. Nunca demoraram as lágrimas para cair daqueles que viraram o melhor amigo de Kobe, mesmo sem ele saber.

Eu fui amigo do Kobe. Você também foi. Nós fomos. Mesmo que ele nunca soubesse disso.

E é essa a dor que a gente sente. De alguém que perdeu um velho amigo.

Mamba out. Descanse em paz, Kobe Bryant.