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sábado, 29 de junho de 2013

Brasil tem novo Centro de Estudos Africanos


Por: Maria Cláudia Santos,
      O Centro terá como sede a Universidade Federal do estado brasileiro de Minas Gerais em Belo Horizonte.

     O Brasil conta, oficialmente, a partir de hoje com mais um Centro de Estudos Africanos. O lançamento deste núcleo de pesquisas científicas sofre o continente acontece no momento em que se realiza no Brasil o encontro anual da Associação das Universidades de Língua Portuguesa. Confira o áudio da noticia, Clique Aqui!

      O Centro de estudos, que pretende reunir trabalhos de brasileiros e africanos, terá como sede a UFMG, Universidade Federal do estado brasileiro de Minas Gerais, localizada na cidade de Belo Horizonte. O moçambicano, presidente da AULP, Jorge Ferrão, conta que está animado com a ideia, mas confessa que nem sempre viu com bons olhos a criação de centros desse tipo. 

“Eram centros de estudos africanos apenas com matérias feitas por pessoas que vão passar algumas semanas na África e voltam dizendo o que é o continente. Como funciona na França, que apenas tem reflexões de pessoas que foram em África e voltaram. Eu tinha, pessoalmente, um grande problema com relação a isso. Preconceito mesmo”, conta.

     Para Jorge Ferrão, no caso do Brasil, a proposta agora é diferente porque vai incluir trabalhos dos africanos. “Aquilo que era fundamental, que também os investigadores africanos pudessem eles próprios apresentar para o Brasil algumas reflexões sobre a África e que pudéssemos debater. Isso para não termos a ideia de que porque o pesquisador é do Brasil é superior e pode fazer um trabalho melhor do que aquele que lá está”.

     O reitor Orlando Manuel Fernandes da Mata da Universidade Agostinho Neto, em Angola, também acredita que os dois lados - Brasil e África - vão sair ganhando como o centro nesses moldes.

“Nós temos professores Angolanos que irão cooperar com esse centro de estudos através da troca não só experiências, mas a troca de docentes. Investigadores nossos podem participar de projetos conjuntos de investigação científica virada a essa área de estudos africanos. Sairemos (Brasil e Angola) ganhando”.

     Felipe Zau, vice-reitor da Universidade Independente de Angola, acredita que, além de responder a essa necessidade de trazer o olhar verdadeiro da África, por meio de pesquisadores locais, o núcleo vai ajudar a enfrentar um velho problema que envolve Brasil e África: a falta de conhecimento mútuo. 

“Muitas vezes, nem nós temos um conhecimento maior sobre o que é o Brasil de hoje e nem o Brasil tem conhecimento da África de hoje. Ficou um pouco à volta daquilo que, de forma cinematográfica, foi informado sobre a África,” afirma. “Às vezes, creio que temos mais informações sobre o ocorre no Brasil do que o que os brasileiros têm sobre o que ocorre em África”.

     O evento da AULP em Belo Horizonte conta com representantes da área da educação de Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor Leste.

Do the Right Thing (Faça a Coisa Certa) - 1989



     O filme Faça a Coisa Certa (Do the Right Thing) do diretor Spike Lee vai completar 24 anos daqui a menos de uma semana. Poucos filmes podem estar tão atuais como esse, a cerca das manifestações que vem ocorrendo no Brasil. A cena a seguir é exemplo disso quando eles vandalizam a pizzaria do Italo-americano Sal. 



Aproveite também para conferir o vídeo completo com as legendas no canal do youtube. Clique Aqui!

sexta-feira, 28 de junho de 2013

A Marcha das Vadias e os desafios políticos das mulheres negras

Por Ana Flávia Magalhães Pinto*,
     No último sábado, 22 de junho, a Marcha das Vadias ocupou ruas e espaços do centro de Brasília, com a palavra de ordem: “Se ser livre é ser vadia, então somos vadias!”. Segundo estimativas oficiais, cerca de 4 mil pessoas comparecem ao protesto. Dias antes, a ativista negra Maria Luiza Júnior havia me convidado a estar com ela naquela manifestação em que, como “Mãe de Preto”, carregaria um cartaz com a mensagem: “Brasil, troque sua polícia racista por uma política humanista. Dê um basta ao genocídio da juventude negra!”. Declinei do convite, explicando que não iria por razões pessoais e em sintonia com a decisão tomada pelo Coletivo Pretas Candangas, do qual faço parte.

     Já no dia da Marcha, cheguei a encontrar no Facebook uma fotografia de Luiza levantando o seu cartaz no meio da multidão, o que me deu uma ponta de alegria por saber que um tema importante para muitas mulheres negras se fez presente de algum modo. Qual não foi a minha surpresa quando a mesma Luiza compartilhou com alguns amigos um vídeo sobre um episódio lamentável ocorrido também na Marcha e que a fez deixar a atividade antes do fim. Era o registro do momento em que um homem negro, usuário de muletas para compensar a falta de uma perna, talvez um morador de rua e mentalmente alterado se posicionou à margem da Marcha fazendo gestos obscenos. A ação gerou uma reação instantânea. Um grupo de mulheres quase todas brancas fez um cerco a ele, coagindo-o com gritos, buzinas, cartazes, sem falar na quantidade de fotógrafos a registrar o fenômeno. Maria Luiza Junior também apareceu imediatamente, mas não para fazer coro com as demais. Ela tentava proteger o moço com aquele cartaz sobre extermínio da juventude negra, mas sua atitude não foi entendida nem por ele, nem pelas demais.


     Confesso que aquelas cenas me deixaram atônita num primeiro momento, mas pouco depois resolvi compartilhar minha angústia com Janaína Damaceno, uma amiga muito sábia. Conversamos rapidamente a respeito e, horas depois, ela lançou o seguinte questionamento também na rede social: “Alguém explica isso: como mulheres em grande parte brancas e universitárias, hostilizando e perseguindo um homem negro, pobre, deficiente e com problemas mentais pode ser igual a luta contra o machismo? Sério que ele personifica o inimigo? A luta antimachista exclui o bom senso? Ele fez algo extremamente grave que não foi captado pelo vídeo?”.

     Divulguei aquela reflexão e uma interessante discussão foi desenvolvida. Jurema Werneck prontamente entrou em contato com a organização da Marcha e obteve a resposta de que “esta cena − e mais uma − foi fruto da ação da comissão de segurança da Marcha contra os agressores. E, neste caso, os agressores. A organização da Marcha deve soltar uma nota ainda hoje sobre este episódio”. Enquanto seguíamos o debate e aguardávamos a nota, que até a tarde de quarta-feira (26) ainda não tinha saído, alguém chegou a ponderar se o vídeo teria mesmo mostrado tudo o que acontecera. O relato da própria Maria Luiza Júnior, entretanto, confirmou o que para muitas já era óbvio: “Vou falar como testemunha ocular. O rapaz simplesmente levantou a camisa, porque na marcha havia pessoas de peito nu. Ele estava exibindo o ‘tanquinho’. Depois dos primeiros gritos, ele deu as costas e saía em direção contrária à marcha. Em seguida, fotógrafos e povo cercaram-no e ele novamente levantou a camisa. Eu que estava próxima, temendo que a bermuda amarrada com cordão baixasse expondo sua genitália, coloquei o cartaz em cima. Ele reagiu batendo no cartaz. Tendo me ouvido pedir que não continuasse com aquilo, gesticulou para que me afastasse. Daí eu saí da marcha porque fiquei deveras perturbada com o racismo exacerbado das manifestantes que acorreram para ele como urubus em busca de carniça. No vídeo está claro que ele está caminhando ou tentando ir no sentido contrário da marcha. A filmagem acaba quando ele atira a muleta em direção ao estacionamento sem pessoa alguma. Eu estava lá, e isto está no vídeo. O que faltou ao vídeo foi a minha indignação com a agressividade daqueles que gritavam com o rapaz e ainda o impediam de sair da confusão”.

     A julgar pelos posicionamentos enviados, o episódio tem tido tamanha repercussão por condensar uma série de insatisfações que há muito perturbam várias mulheres negras que se colocam em diálogo com organizações feministas de maioria branca. Aline Maia, por exemplo, ponderou: “Será mesmo possível construir um feminismo, com mulheres brancas, que pautem nossas demandas? Tenho muitas dúvidas! Porque, na experiência que tenho, vejo que na maioria das vezes é sempre isso que acontece: expomos nossas questões, expomos nossos corpos negros, nossas paixões e dores e a massa branca se lixa; e no final diz: ‘Viva a solidariedade feminina’”. O posicionamento de Carla Akotirene é tão instigante quanto: “Ando repensando essas articulações com movimentos de mulheres que combatem as violências de gênero a partir de outras modalidades de opressão contra corporeidades negras, contra os racialmente excluídos e querem se firmar revolucionárias”. Para Aline Matos, o acontecido encaixa-se nas problematizações feitas por Audre Lorde: “A recusa institucionalizada da diferença é uma necessidade básica para a economia do benefício que necessita da existência de um excedente de pessoas marginais”.

     Quando as primeiras edições da Marcha das Vadias / Slut Walk aconteceram, em 2011, eu estava no período de doutorado sanduíche nos Estados Unidos. Era uma duplamente outsider, mas tentei acompanhar o que acontecia simultaneamente aqui e lá. Como a experiência de ser tratada negativamente como vadia é algo que faz parte da experiência das mulheres negras, a proposta não me soou de todo descabida. Porém, logo surgiram alguns questionamentos feitos por mulheres negras de ambos os países. O primeiro deles lembrava que tal tratamento não nos tem sido reservado apenas quando saímos às ruas com roupas curtas. A negação do nosso direito ao próprio corpo independe das roupas que usemos. O segundo era o fato de muitas meninas, jovens e adultas negras das periferias e dos guetos não considerarem uma transgressão sair para qualquer lugar de shortinho e blusinha ou roupas justas. Elas fazem isso corriqueiramente e soa até estranha a agitação por algo tão banal. Por outro lado, a proposta poderia fazer sentido porque o puritanismo nunca nos salvou.

     Seja como for, não participei de nenhuma atividade de rua. A razão disso se deu pela forma como esses questionamentos foram tratados pelas feministas brancas organizadoras das edições da Marcha das Vadias / Slut Walk naquele momento e posteriormente. Ao retornar dos EUA, não foi difícil manter minha decisão, pois os relatos de ativistas negras reforçaram a minha dificuldade de aproximação e crença no diálogo produtivo com aquele feminismo. Como relatou Paula Balduino de Melo no debate virtual dos últimos dias: “Nós, Pretas Candangas, estivemos em uma reunião de organização da Marcha das Vadias no ano passado (ou retrasado, me ajude a lembrar Juliana Cézar Nunes), a convite de algumas organizadoras. Junto com outras mulheres negras presentes, posicionamos nossas divergências quanto à marcha. Divergências de princípio. Falamos sobre como temos de enfrentar cotidianamente a sociedade hegemônica para mostrar que não somos vadias, que não temos a ‘cor do pecado’. Falamos que não queremos reivindicar o direito de ser vadias, mas sim de ser médicas, advogadas, doutoras. O fato ocorrido dentro da marcha este ano reforça as diferenças”.

     Mais uma vez diante desses relatos, penso que a facilidade com que aquele homem − que visualizei como a personificação de um Saci trágico − foi transformado no alvo da catarse das manifestantes está diretamente associada à dificuldade que as feministas brancas organizadoras da Marcha têm de entender e incorporar os questionamentos colocados pelas mulheres negras, feministas ou não. Falamos, recebemos um sorriso amistoso de “Eu vejo você”, e a coisa segue sendo feita de acordo com a vontade delas, como se expressassem a certeza de que “Isso que vocês dizem pode ser interessante, mas o que estabelecemos desde o exterior é mais”. Afinal, a Marcha das Vadias tem alcançado ampla legitimação e, portanto, deve ser tida como uma decisão acertada e ponto final.

     Não há dúvida de que aquele homem foi infeliz e insensato em suas ações, a ponto de colocar em risco até mesmo a própria integridade física já degradada. Mas alçá-lo à condição de “O agressor”, isso já me parece no mínimo emblemático do que não se conseguiu avançar por meio de debates quase sempre exclusivos a GTs de Gênero e Raça. Mesmo sabendo das limitações não intencionais, não era isso que esperava de pessoas que se dizem simpáticas às dores dos loucos, usuários de droga, mendigos, etc. A sensação é de que os representantes da escória são super bem vindos desde que se comportem do jeito estabelecido pela esquerda branca e classista.

     Não estou com isso pondo em xeque a legitimidade do feminismo em sim ou a viabilidade de uma luta coletiva. Trata-se apenas de mais uma tentativa de deslocar a centralidade confortável do feminismo branco, mantida ao longo de décadas, algo que o permite exercer o seu poder à revelia das experiências de outras mulheres, com destaque neste caso para as negras. Digo isso porque uma coisa que dificilmente entra na cabeça de várias de nossas interlocutoras é a necessidade que nós, mulheres negras, temos de defender a existência dos homens negros. Não falamos apenas do pai opressor. Pela nossa história, convivemos também com os registros do avô escravizado, do pai encarcerado, do irmão desempregado, do filho executado, todos pagando o preço de ser tidos como vadios!

     Felizmente, mesmo num momento delicado como esse, há pessoas que buscam romper com os privilégios que desfrutam por serem brancas, expõem os erros de gente do seu próprio grupo sociorracial e se colocam para um debate franco conosco, a exemplo da professora Edlene Silva, que disse: “Lamentável!!!! Estava falando sobre a questão gênero, raça e movimento feminista numa palestra que dei no sábado para professores do GDF. Tem questões identitárias no movimento feminista que datam do século XIX, desde o sufragismo que ainda são tão atuais, infelizmente”. Ou o também professor Alexandre Magno, quando expôs suas reflexões: “Algumas feministas dirão que a ação das mulheres foi corretíssima, que aquele lugar era o lugar de fala delas e que seus gritos de liberdade seriam a única fala. Fiquei imaginando a mesma situação por outra óptica, a de um homem negro, pobre, deficiente físico, possivelmente sem instrução, atordoado por aqueles sinalizadores sonoros, cheios de gás e bem próximos ao ouvido dele, que de repente depara com as falas estampadas nos cartazes e que rapidamente, talvez pela sua compreensão de mundo e construção do modelo sexista, direcionou toda aquela fala ‘ao falo’. Será ele o inimigo? E a rua, que provavelmente ele habita todos os dias, o lugar a que foi destinado, separado, a sobra, não como o lugar masculino, mas o da exclusão (de tantos negros/as excluídos/as), agora tem dono/a? Limpem a rua, saiam do caminho que marcha vai passar… Mas uma vez aquele homem negro, sem uma das pernas, sem apoio, não tem lugar. Que fórmula mais maluca de se lutar por equidade! Contra o machismo, o racismo”.

     Quando junto tudo isso, aquelas imagens do vídeo assumem dimensão épica, condensam uma série de violências contra as quais nós negras e negros temos batido e nos debatido. A essa altura do campeonato, se a nota da organização das Marcha das Vadias chegar, servirá apenas como mais um registro importante para nossas reflexões sobre essa instável parceria entre feministas brancas e mulheres negras. O que disserem não apagará o que aconteceu na Marcha. O antirracismo já é palavreado fácil, mas segue sendo uma prática difícil. Eis o lugar onde estamos. Para onde vamos? Isso depende do caminho que todas e todos estiverem realmente dispostas e empenhados a trilhar.

*Doutoranda e mestre em História, jornalista, integrante do Coletivo Pretas Candangas, e autora do livro Imprensa negra no Brasil do século XIX (Selo Negro, 2010).

Policia Federal espanca covardemente Frei Franciscano, mulheres e homens militantes da Educafro

     Em Frente ao Palácio do Planalto no dia 26/06/2013,cerca de 100 agentes federais que fazem a guarda do palácio e da Presidente da Republica espancaram covardemente um grupo de 20 pessoas composto por Frei Franciscano, mulheres e homens militantes da Educafro que realizavam protesto pacífico no local. ATENÇÃO!! As imagens são fortes e irão chocar muitas pessoas, mas é a nossa atual triste realidade onde a ditadura do "CALE-SE" insiste em mostrar suas garras.


Fonte: EducAFRO.

Revolta dos Turbantes

Fotos: Antonio Terra.


“ Quero cotas iguais e não diferentes! (…) Essa reparação já passou da hora, não desisto, pois eu sou um negro quilombola. A força do Ilê nos conduz nessa trajetória. Esse país aqui foi feito por nós, ninguém vai mudar ou calar a nossa voz! (…)” Vilma Neres.

O trecho acima da música “A bola da vez” do Ilê Aiyê noticia o sentimento do grupo “Revolta dos Turbantes”, formado por estudantes, professores, fotógrafos, jornalistas, cientistas sociais, geógrafos etc., sendo todos esses jovens e adultos negros* participaram do último protesto sucedido no dia 20 de junho de 2013 na cidade do Rio de Janeiro, em afirmação e reivindicação das pautas de demandas da população negra local. Sensibilizados com a falta de representação de pessoas nas últimas manifestações em favor das questões que atingem essa população, um grupo de aproximadamente 200 pessoas juntou-se ao mar de gente que cobria as quatro pistas de trânsito numa extensão de 3,5 km da Avenida Presidente Vargas.

“Revolta dos Turbantes” formaliza o encontro entre jovens e adultos. Alguns desses, a exemplo de Adélia Azevedo, os fotógrafos Januário Garcia, José Andrade e do produtor audiovisual Umberto Alves, também foram às ruas durante o regime militar, protestaram a favor das Diretas Já e pelo impeachment de Collor, em 1992. Esse encontro, consolidado no dia 20, foi político. Inicialmente motivado pelos jovens, Júlio Vitor e Rodrigo Reduzino, através do facebook e mais efetivamente no dia 19 em uma reunião presencial sediada no pátio do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais da Universidade Federal do Rio de Janeiro – IFCS/ UFRJ, Centro da cidade. “Revolta dos Turbantes” caracteriza um encontro também simbólico e estético, em que quase todos adornaram suas cabeças com turbantes em valorização da ancestralidade africana. Do mesmo modo que representa o grito pelas demandas da população negra, iniciado defronte à Igreja da Candelária, onde velas foram acesas em memória dos jovens mortos durante a chacina de 1993.

A lista de pautas exigidas, ao Estado e à sociedade brasileira, espelha a invisibilidade de negros e a violação de seus direitos nos mais diversos setores do país. Essas reivindicações abarcam até mesmo os direitos fundamentais, ainda inexistes em algumas regiões do país, como o acesso à saúde, educação e moradia digna. Entre outras demandas específicas da população negra, como em apoio a PEC das domésticas; contra o extermínio da juventude negra; pela demarcação e titulação das terras de Quilombo e Indígenas; pela efetivação da Lei 10.639/2003 e 11.645/2008 que instituem o ensino da história africana, afrobrasileira e indígena no currículo escolar; respeito às religiosidades de matriz africana; pelo acesso à renda e ao mercado de trabalho; contra a remoção de famílias em áreas onde há especulação imobiliária; contra o Estatuto do Nascituro; pela desmilitarização da PM; contra a redução da maioridade penal; pelo fim do racismo no SUS.

O fotógrafo José Andrade (Zezzynho), também militante desde os idos do regime militar relembrou emocionado a manifestação de 1988 durante o Centenário da Abolição, em que foram impedidos de ultrapassar o monumento Pantheon Duque de Caxias, localizado na Avenida Presidente Vargas. “Esse grupo de jovens, que ordeiramente acompanhou toda a manifestação, com palavras de ordem as quais de desejo e de desabafo sobre o sistema, deu essa resposta ao atravessarmos o Pantheon”, conta. Disse ainda se sentir com a alma lavada e a sensação de dever cumprido com a Revolta dos Turbantes. Andrade citou alguns nomes dos que eram jovens naquela época e que se fizeram presentes nessa última manifestação, a exemplo de Marcos Romão, Januário Garcia, Adélia Azevedo, Spirito Santo, Aderaldo Gil, e mais alguns outros que estiveram presente compartilharam esse momento.

Assim como os demais manifestantes que coloriram a Avenida Presidente Vargas no início da noite do dia 20, durante o ato da “Revolta dos Turbantes” foram entoadas as seguintes mensagens, direcionadas aos demais manifestantes que lá protestavam por causas específicas, não somente pelo direito ao passe livre: “Eu não sou bunda, eu não sou peito! Mulher Preta pede respeito!”; “A polícia mata preto!”; “O Estado mata Preto!”; “Quem não pula é racista!”; “Vem, vem, vem pra rua vem contra o racismo!”

Abaixo, assista um vídeo postado por Afronaz Kauberdianuz, em sua página no youtube. A fala é do militante e professor pela rede pública/federal de ensino, Aderaldo Gil, durante o encerramento do ato da “Revolta dos Turbantes” aos pés do monumento Zumbi dos Palmares, na Avenida Presidente Vargas.

A partir deste substantivo masculino todos os outros também representarão o gênero gramatical feminino.


quinta-feira, 27 de junho de 2013

Conselho de Defesa dos Direitos dos Negros publicado no Diário Oficial do Distrito Federal.


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PORTARIA Nº 02, DE 25 DE JUNHO DE 2013.

O SECRETÁRIO ESPECIAL DA PROMOÇÃO DA IGUALDADE RACIAL DO DISTRITO FEDERAL, no uso das suas atribuições que lhe conferem os incisos, I, III e V do § Único do Art. 105 da Lei Orgânica do DF, e do inciso V do Art. 21º do Decreto nº 31.571, de 14 de abril de 2010 cominado com o disposto no § 2º do art.38-A, do Decreto nº 33.116, de 08 de agosto de 2011, a Lei Distrital nº 2.968, de 7 de maio de 2002, resolve designar a Secretária Executiva, bem como os representantes da sociedade civil e governamental para integrar o Conselho de Defesa dos Direitos do Negro do Distrito Federal CDDN/SEPIR/DF, conforme disposto na Lei Nº 2.968 de 07/05/2002.

Art. 1º Fica designada para a Secretaria Executiva LUCIMAR ALVES MARTINS.
Art. 2º Para a Representação do Governo:
1 - Bruno Renato Teixeira – (Titular), Sidnei Souza Costa – (Suplente), representando a Secretaria de Direitos Humanos/PR;
2 - Adauto Antônio Irineu Neto, representando a Comissão de Defesa dos Direitos Humanos, Cidadania, Ética e Decoro Parlamentar ;
3 - Cristiane dos Santos Pereira, representando a Fundação Cultural Palmares;
4 - Dra. Vânia Fraim de Lima, representando a Ordem dos Advogados do Brasil/DF

Art. 3º Para a Representação da Sociedade Civil:
1 - Wilson Barboza da Silva (Titular) José Roberto Alves Loyola (suplente) – representando a ALIANÇA DE NEGRAS E NEGROS EVANGÉLICOS DO BRASIL - ANNEB/DF;
2 - Ana Rosa de Oliveira (titular) Omowalê Martins Inocencio (suplente) – representando o CENTRO DE REFERÊNCIA DO NEGRO - CERNEGRO/DF;
3 - Jaime de Souza Santos Batista (titular) Jorge Francisco Paulino Marques (suplente),representando a FEDERAÇÃO DE UMBANDA E CANDOBLÉ DO DF E ENTORNO;
4 - Francisco das Chagas Sousa Matos (titular) e Jussara da Silva (Suplente), representando o MOVIMENTO NEGRO UNIFICADO - MNU/DF;
5 - Janaína Ferreira Bittencout Pereira. (titular) Júlio César Lisboa de Lima Pereira (Suplente), representando o NOSSO COLETIVO NEGRO – NCN;
6 - João Batista da Silva, (titular) Eliane Maria Pereira (suplente), representando a UNIÃO DE NEGROS PELA IGUALDADE RACIAL - UNEGRO/DF.
Art. 4º Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicação.

VIRIDIANO CUSTÓDIO DE BRITO.




Valete - Anti Heroi



Los que le cierran el camino a la revolución pacífica, 
le abren al mismo tiempo el camino a la revolución violenta
Só se pode fazer isto uma vez

Eu cresci trancado num quarto com livros de Marx e Pepetela
Alimentado com parágrafos de Nélson Mandela
Foi esta a fonte do ódio que agora já não escondo
Este é o som que eu inalei na voz de Zeca Afonso

Ninguém me separa deste Guevara que eu tenho em mim
E podes ver na minha cara a raiva de Lenine
Eu choro este sangue que devora o espírito
E choca os mais sensíveis, e torna-me num monstro como
Estaline

Valete a.k.a Ciclone Underground, nigga
O filho do bastardo da vossa opressão, nigga
Eu tenho nos meus olhos a cor da insurreição, nigga
Sou como Malcom-x com o microfone na mão

Eu desenterro vítimas de genocídio capitalista
E levo mais comigo pa rebelião
Eu sou o primeiro a marchar pa esta revolução
Tu és o primeiro a bazar na hora da intervenção

Eu vim para ressuscitar Lumumba, Ghandi e Arafat
E os nossos homens de combate através desta canção
Pai, eu tatuei no meu peito a Tua imagem
Pa respirar através dela a Tua batalha e a Tua coragem

Hoje eu trago nos meus braços a Tua alma e a Tua mensagem
E esses escumalhas não sabem que jamais irão levar vantagem
Nós vestimos a farda de Xanana
E levamos drama de terceiro mundo à casa branca

Desfilamos com a mesma gana que tropas em Havana
E com a resistência suburbana desssa convicção cubana
Toma, esta ira psicopata deste filho de Zapata
Activismo de vanguarda é o registo do som

Eu trago a obstinação com que Luther King abalou
E a mesma solução todo o meu people sonhou
Eu sou aquele mundo novo que Bob Marley cantou
Esboço desse sofrimento todo meu povo guardou

(Refrão)
Eu sigo este caminho que o ódio abriu para mim
E serei um dos guerreiros que aplaudirão no fim
Este é o som da revolução que em breve chegará
Eu sou anti-herói, que nunca se renderá
Eu sou um dos filhos deste mundo que a Luta inspirou

No mesmo trilho da mensagem que Cabral deixou
Esta é a voz da justiça que um dia se afirmará
Eu sou o anti-herói que o povo aclamará
Enquanto eu me enveneno com este rancor

Vou pondo balas no carregador pa abater esses opressores
Esta é a missão dos peronistas, que eu assumi na hora
Com a determinação que herdei da minha progenitora
Ninguém pára a frente armada que eu comando agora
Combate a escória na alvorada como fez Samora

Eu trago nesta oratória a história dos filhos que
viram a morte inglória dos pais
E que hoje anseiam desforra
Na Palestina, no Cambodja, Vietname, Angola
No Iraque, Na Somália, Afeganistão e Bósnia
Esse é o grito desse mundo que chora e implora

Pela justiça dos homens porque já viram que Deus não acorda
Vítimas de quem fez de todo o mundo seu património
Da hipocrisia assassina do FMI e da ONU
É o povo anónimo cobaia do liberalismo económico
Que sai das amarras eufórico para combater o demónio

Eu sou aquele que vocês chamaram de fundamentalista
Quando eu disse que era um trotskista belicista
Posicionei-me assim contra a América imperialista
Aqui está o vosso kamikaze terrorista

Farto de vos ver sentados, manipulados
Por uma televisão que vos deixa impávidos e formatados
Asnáticos inconformados, fechados e enganados
Otários e atrasados, inválidos e atordoados

Nós estamos do lado contrário nesta jornada cheia de gente angustiada
Traumatizada por um passado onde foram pisadas, martirizadas
Apedrejadas, excluídas, extorquidas, extropiadas 
Cuspidas

Por uma brigada Desalmada de parasitas
Que devastaram arrasaram vidas
E agora vão pagar com a descarga
Desta entifada criada pelos homens que vocês flagelara
E sobraram com guerra para vingar aqueles que não ficaram

(Refrão)
Eu sigo este caminho que o ódio abriu para mim
E serei um dos guerreiros que aplaudirão no fim
Este é o som da revolução que em breve chegará
Eu sou anti-herói, que nunca se renderá
Eu sou um dos filhos deste mundo que a luta inspirou

No mesmo trilho da mensagem que Cabral deixou
Esta é a voz da justiça que um dia se afirmará
Eu sou o anti-herói que o povo aclamará

"Combater o genocídio da população negra é um luta verdadeira que não da #Ibope"


"Nas manifestações contra a polícia que mata estão somente os eguns, os 'cão de raça' e a mãe dos defuntos. Cadê vc 'militante descolado' que lota praças e avenidas?"

Para reflexão...

Por: Sergio Laurentino Ator & negro, 
     Porque ir a Rua? Esta pergunta me tirou o sono esta noite. E me passaram tantas outras perguntas será que Pelo passe livre? Por melhorias na saúde na educação? Para protestar contra os elefantes brancos erguidos pelo governo e gerenciados pela a iniciativa privada (clubes de futebol)? Por assegurar a simples idéia de reivindicar? E cheguei há conclusão que é a primeira vez que nós percebemos que os interesses do coletivo são mais importantes do que os interesses individuais. Também tive conclusão que minhas reivindicações estão neste bolo de idéias e isso não foi descoberto agora, na verdade estamos indignados a anos e soma de tudo isso veio a tona esta semana mais quinta continuo na mesma luta levarei o cartaz pelos mesmo objetivos que eu e meu coletivo sempre se levantaram contra vou a rua sim mais para dizer não a PEC 37, também conhecida como "PEC da Impunidade", que tira o poder de investigação dos Ministérios Públicos Estaduais e Federal. Caso seja aprovada, praticamente deixarão de existir investigações contra o crime organizado, desvio de verbas, corrupção, abusos cometidos por agentes do Estado e violações de direitos humanos.

     A proposta atenta contra o regime democrático, a cidadania e o Estado de Direito e pode impedir que outras Instituições também investiguem (Receita Federal, COAF, TCU, CPIs etc). Direi não ao Veto da Justiça a edital cultural para negros. Direi não para as balas de aço que penetra aos meus nas comunidades que ando e vivo. Direi não a falta de planejamento de mobilidade urbana de Salvador. Direi não ao projeto da prefeitura o projeto de revitalização da Orla de Salvador. Nove pontos da Orla receberão a intervenção e a obra, estimada em R$ 111 milhões. Direi não a falta de comprometimento das estatais de TV com o povo negro e indígena desta terra Direi não Marcos Feliciano em fim esta quinta não sairei só R$ 00,20 centavos sairei por que estou de SACO CHEIO DE TUDO ISSO. E antes de falar em. Impeachment vamos saber o que é: Impedimento. Processo que se instaura contra as altas autoridades do governo com o fim de as destituir do cargo por denúncia de infração grave dos deveres funcionais. E este certamente não é o caso da presidenta.

quarta-feira, 26 de junho de 2013

Isso é Brasil


MC Garden - Isso é Brasil
E aí, Garden, acorda! Vamos ser feliz?

Como é que vocês querem ser feliz esse ano
Deixando a responsa com Feliciano
Humanos direitos vão ter o direito
de ter um monstro nos direitos humanos

Daqui apouco vão tacar mais lenha
Querer acabar 'com'a'lei'maria da penha
Se pá ele vai pedir seu cartão 
Mas vê se vai esquecer de dar a senha

(...Vóz Feliciano pedindo senha do cartão...)

Mantenho minha fé em nós 
Do que no seu Deus que está nas igrejas
Que só ama quem põe na bandeja 
E manda pro inferno quem toma uma breja

Tá rolando dinheiro a vera 
E tu quer saber onde que tão os seus 
Na Assembléia dos Deputados
Ou se tá na Assembléia de Deus

Se pá lá na Universal
Se pá teve lá na Mundial
Ou se tá la na igreja da graça
A Igreja que é internacional

Mas se for olhar profundamente
os problemas com crente é peixe pequeno
O Brasil é o país da festa
e o que nos resta é ta no veneno
Brasileiro quer ser mais malandro
explorando os bolivianos

enquanto'isso o nosso Nióbio
sai daqui por debaixo dos panos
observe de perto, meu mano
olha lá nossos governadores
não investem na educação
pra não ter uma geração de pensadores

pensadores tentaram avisar
mas você fingiu que não viu 
Aqui a bunda vale mais que a mente
Infelizmente esse é o Brasil

o Problema ta lá no nordeste
Tá aqui em São Paulo e também ta no Rio
Isso, Isso é Brasil
Isso, Isso é Brasil

A bandeira são somente cores
os nossos valores você não sentiu
Isso, Isso é Brasil
Isso, Isso é Brasil

Autoridades não usam idéias
Só usam onomatopeia do "Shiu"
Isso, Isso é Brasil
Isso, Isso é Brasil

MC Garden ta aqui te falando 
tu tá escutando será que ouviu?
Isso, Isso é Brasil
Isso, Isso é Brasil

Sistema de saúde precário
só de lembrar até passou mal
me incomodo menos com a doença
do que com a demora do hospital

Brasileiro achando legal 
Ser tratado como animal
Mas como é que vamos reclamar
Se as vezes nós agimos como tal
Violência policial

é melhor nem tocar nesse assunto
daqui a pouco vão excluir esse vídeo
e se eu falar muito vão me excluir junto

Agora olha nossos os buzão
Que as 7 da manhã não cabe mais ninguém
E logo mais aumenta a condução
E vocês vão achar que está tudo bem

tão querendo acabar com os índios 
que é a origem do nosso país
o dinheiro ta mandando em tudo
e deixando mudo quem quer ser feliz

a pressa ta matando cicliísta 
e nas avenida mais um arregaço 
o que dá a sorte de ter vivido
o piloto maldito joga fora o braço

Na rede social só piada 
também alienando a massa
ou garota posando pelada
quer ta na playboy, mas fez isso de graça

Mc's esqueceram da paz
jovens como antes não se fazem mais
o casal acaba de ir pra adolescência
e na mó indecência eles já vão ser pais

onde é que estão os pais?
será que estão presos na sela?
ou será que tão presos na sala
em frente a uma TV assistindo novela?

pensadores tentaram avisar
mas você fingiu que não viu 
aqui a bunda vale mais que a mente
infelizmente esse é o Brasil

o Problema ta lá no nordeste
Ta aqui em São Paulo e também ta no Rio
Isso é Brasil
Isso é Brasil
A bandeira são somente cores
os nossos valores você não sentiu
Isso é Brasil
Isso é Brasil
autoridades não usam idéias
só usam onomatopéia do Shiu
Isso é Brasil
Isso é Brasil

(Caminhoneiro cansado na estrada 
exploram da prostituição infantil
Isso, Isso é Brasil
Isso, Isso é Brasil
o respeito do nosso país

Mandaram lá pra ponte que partiu
Isso, Isso é Brasil
Isso, Isso é Brasil
Mc Garden ta aqui te falando 
tu tá escutando será que ouviu?
Isso, Isso é Brasil
Isso, Isso é Brasil)

Fonte: Funk.Blog.

Nossas reivindicações!

PELO FORTALECIMENTO DE POLÍTICAS PÚBLICAS PARA A POPULAÇÃO NEGRA



PELO FORTALECIMENTO DE POLÍTICAS PÚBLICAS PARA A POPULAÇÃO NEGRA

     No decênio 2003-2013, houve uma série de avanços na concepção de políticas governamentais dirigidas à população negra. Entre esses, podemos destacar a criação da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (SEPPIR); o Conselho Nacional de Promoção da Igualdade Racial (CNPIR); a Lei n. 10.639/03 (que torna obrigatório o ensino de história e cultura afro-brasileira e africana); o Decreto n. 4993/2003 (que regulamenta a titularidade das terras quilombolas); a Política Nacional de Saúde Integral da População Negra; o reconhecimento da constitucionalidade das cotas para negros nas universidades pelo Supremo Tribunal Federal; e a Lei n. 12.711/2012 (que obriga a adoção de cotas sociais e raciais nas Instituições de Ensino Superior).

     No entanto, isso ainda é, indiscutivelmente, pouco diante das necessidades que temos, dos problemas que enfrentamos e do tanto que já contribuímos para o desenvolvimento do Brasil. Os negros (pretos e pardos) correspondem a 51% da atual população brasileira, segundo dados oficiais. Somos a maioria dos cidadãos, mas não temos acesso de forma equitativa à riqueza, aos bens e serviços existentes no país. Representamos 70% dos brasileiros que vivem na extrema pobreza. Os nossos jovens morrem 2,5 vezes mais que o jovens brancos. Enfrentamos sérios entraves e limitações para ter acesso à terra seja no campo, seja na cidade. Correspondemos a 70% dos usuários do Sistema Único de Saúde (SUS), que sofre com os ataques sistemáticos voltados ao seu desmantelamento. Nossas famílias têm investido muitos esforços para rompermos o déficit educacional a que nossos pais e avós foram submetidos. Somos alvos privilegiados de discursos de rebaixamento e agressão à nossa humanidade transmitidos pelos jornais, novelas, cinema, publicidade, livros didáticos, entre outros.

     Há razões mais do que suficientes para se entender que o racismo é um problema estruturante da sociedade brasileira e, portanto, é necessário fazer do combate à desigualdade racial uma agenda prioritária tanto nas ações de governo e de Estado quanto nas atividades promovidas pelos movimentos sociais. Infelizmente, não é isso que temos visto. Diagnósticos existem, mas não verificamos a priorização da população negra em agendas e políticas essenciais como as de habitação, educação, transporte, segurança alimentar e nutricional, mercado de trabalho ou inclusão produtiva, saúde, etc...

     Há também sérios problemas de garantia de recursos, execução e efetivação dos direitos formalmente garantidos nas políticas públicas criadas. Há uma resistência sistemática para que a pauta racial seja, de fato, internalizada nas mais diversas pastas da área social. Ao mesmo tempo, faltam recursos, pessoas e peso institucional aos órgãos setoriais para que as políticas de “igualdade racial” sejam implementadas em níveis federal, estadual e municipal. Falta uma estratégia forte para a implementação da lei do ensino de história e cultura africana e afro-brasileira, que cause real impacto na Educação Básica e na Superior. O processo de implementação das cotas nas universidades, além de ainda exposto a incertezas, não necessariamente vem acompanhado de ações de garantia de permanência ou incentivo à pesquisa para as/os estudantes negras/os. 

Diante desse cenário, especialmente demandamos:

* Definição e ampliação de fontes de financiamento para as políticas de promoção da igualdade racial, desde o que é estabelecido pelo Poder Legislativo até os encaminhamentos dados pelo Poder Executivo;

* Incorporação dos dados sobre raça/cor na formulação e nas estratégias de distribuição de recursos em todas as políticas de assistência social, a exemplo, do Plano Brasil Sem Miséria, Programa Bolsa Família e do Programa Minha Casa Minha Vida;

* Definição e implantação de políticas de ação afirmativa de acesso ao serviço público (por meio de concursos e editais de contratação direta);

* Implementação da Lei n. 10.639/2003 com metas, prazos e monitoramento efetivo pelos Governos Federal, Estadual, Municipal e Instituições de Ensino Superior, em franco diálogo com as organizações de Movimento Negro;

* Implantação de políticas de ação afirmativa para acesso de estudantes e pesquisadores negros às bolsas de estudo ofertadas pelo governo brasileiro no país e no exterior;

* Fortalecimento institucional da Política Nacional de Saúde Integral da População Negra dentro do Ministério da Saúde e nas Secretarias de Saúde dos estados e municípios, por meio da garantia de financiamento para ações de sensibilização e formação de profissionais, acompanhamento de indicadores e proposição de metas à Rede SUS;

* Fortalecimento do Plano de Prevenção à Violência Contra a Juventude Negra – Juventude Viva, de modo a combater o extermínio desse segmento da população e se chegar a uma reformulação das práticas de segurança pública existentes no Brasil;

* Fortalecimento institucional da agenda de diversidade cultural brasileira no Ministério da Cultura, com ênfase nas variadas 
expressões artísticas e abordagens críticas produzidas por negras e negros (a exemplo dos editais lançados em novembro de 2012, mas não só);

* Titulação das mais de 1800 comunidades quilombolas já certificadas, acompanhada da certificação e posterior titulação das demais comunidades levantadas pelo Incra, que juntas totalizam cerca de três mil em todo o país.

* Fortalecimento institucional da agenda contra as intolerâncias religiosa, geracional e territorial, a homofobia, o sexismo e, mais uma vez, o racismo, nas Secretarias de Direitos Humanos, Secretaria de Políticas para as Mulheres e no Ministério da Justiça.

Fonte: ACordaMarcha.

terça-feira, 25 de junho de 2013

"BRASIL, troque a sua polícia racista por uma política humanista. Dê um basta ao genocídio da Juventude Negra".


"BRASIL, troque a sua polícia racista por uma política humanista.
Dê um basta ao genocídio da Juventude Negra". Ass. Mãe de Preto!


Maria Luiza Junior.

O papel da polícia na democracia: um debate necessário


Por: Marcio Sotelo e Patrick Mariano, especial para o Viomundo, 
"Sou um sobrevivente do Carandiru", relata ex detento - Outubro de 1992, cidade de São Paulo [1]

“Houve, sim, uma negociação, que não teve muito sucesso. A tropa de choque invadiu e começou então esse episódio e o massacre. Eu me encontrava no quinto andar e me lembrei de uma carta que uma senhora tinha me trazido com o Salmo 91. Entrei na minha cela, na 504E e naquele momento já tinham diversas pessoas ajoelhadas, clamando por seu Deus”, descreveu.

Logo depois, contou que um policial entrou na cela e pediu para que todos tirassem a roupa e saíssem nus, para fora.

“Descemos até o primeiro andar e todos tinham ficado sentados ao chão, com a cabeça entre as pernas, cobrindo a cabeça com os braços, e ali, por volta de umas 3 horas [da manhã], os policiais mandaram que os detentos retornassem para suas celas”.

Quando ele se dirigia para a cela, um policial o chamou com um toque no ombro. “Quando me virei e achei que ia tirar a minha vida, ele me pediu para ajudar a carregar alguns cadáveres. Eu ajudei a carregar, aproximadamente, 35 [corpos]”.

Abril de 1996, rodovia estadual, município de Eldorado dos Carajás/PA [2]:

“A polícia começou a se preparar, como se fosse para um combate. Corriam com as armas, mostravam, apontavam se ajoelhavam e nós olhando. Fechamos todas as portas e ficamos olhando pelas brechas” (Miguel Pontes, 42 anos, tiro na perna)

“De acordo com eles mesmos era dar tiro em vivo ou morto. Quando ‘se’ demos conta, era bala pra cima de bala e nego caindo morto” (Meirton Germiniano, 29 anos, tiros na perna)

Relato coletivo da violência: “Corram que vamos atirar” - São Paulo, junho de 2013 [3]:

Uma viatura parou diante de nós. Policiais apontaram a arma e ordenaram: “corram que vamos atirar”. Corremos e eles cumpriram a promessa. Atingiram uma amiga. Nos desesperamos. As ruas estavam desertas, não havia onde entrar. Estávamos sozinhos. Humilhados e indignados pela arbitrariedade, pela violência, pela covardia, gritamos por socorro.

O primeiro fato resultou em 111 mortes de civis por agentes do estado. O segundo, em 19 e, o terceiro, em muitos feridos. O que eles têm em comum, numa primeira e superficial análise? A violência policial. Qual a informação latente que quase nos escapa: a decisão política que determina a ação repressiva.

Nos três lamentáveis episódios existiu um comando deliberado da autoridade política máxima do Estado para que a PM agisse com rigor e força.

As polícias militares estaduais são treinadas, desde sempre, sob a lógica do inimigo interno. Essa ideologia, todos sabem, se moldou e se fortaleceu na ditadura militar com a cartilha da segurança nacional e da manutenção da ordem pública.

Ou seja, partindo da premissa que a sociedade vive em eterna e plena harmonia, todas as ocorrências que causem ruptura a essa lógica, devem ser extirpadas do meio social. Assim, em um país desigual e injusto como nosso a regra é a canção de Gil: “não me iludo, tudo permanecerá do jeito que tem sido”.

Mesmo após a Constituição da República de 1988, esse pensamento, infelizmente, ainda constitui a base de estudos das escolas de formação das polícias e das forças armadas, estando presente em diversas leis e atos internos das corporações.

Não se fez uma releitura democrática dessa base ideológica. Daí que cada Polícia Militar se constitui como força política poderosíssima nas mãos dos Governadores, que as usam ao seu bel prazer.

A ordem para a ação policial nesses três casos partiu de um Palácio. Mas, outro componente deve ser descoberto para revelarmos as nódoas desses fatos: a decisão política contou com o apoio da grande mídia. A mesma mídia que cria heróis como o Capitão Nascimento e lota as salas de cinema fazendo apologia da tortura.

Este Viomundo, bem demonstrou isso ao trazer o editorial da Folha de São Paulo clamando por ação enérgica da PM contra os estudantes. O clamor do jornal resultou na batalha trágica da Consolação. A ideologia da repressão às manifestações não foi superada pelos novos ares do regime democrático e ainda compõe o pensamento não só das forças policiais, como também, da “elite pensante” brasileira que comanda as redações dos grandes veículos de comunicação de massa.

Para entender o pensamento com que são formados nossos policiais, basta uma rápida passada de olhos no youtube. Escolhemos um vídeo que demonstra um pouco desse pensamento ao enaltecer a ação da Cavalaria da PMDF contra trabalhadores rurais sem terra, em frente ao Congresso Nacional.

A ação da Cavalaria da PMDF contra trabalhadores rurais sem terra, em frente ao Congresso Nacional. [4]

É preciso, portanto, (re) discutir o papel da polícia na Democracia e sua formação para se evitar que fatos como esses se repitam. Não se desconsidera que grande parte desses policiais não gostaria de reprimir manifestantes, ganham pouco e são desvalorizados pelo Poder Público, sendo compelidos, quer pela formação, quer pelas desastrosas decisões políticas que os orientam, a agirem dessa forma.

Ao final, quem deu a ordem nunca é punido. No recente julgamento pelo massacre dos 111 do Carandiru, no banco dos réus estavam 26 policiais militares, dos quais 23 foram condenados. Nítido neste caso que decisões políticas (decorrentes da própria estrutura do Estado brasileiro) ignoraram a distinção – inafastável no Direito Penal Internacional e no Direito Internacional dos Direitos Humanos e evidentemente possível em nosso ordenamento – entre mandantes ou responsáveis políticos e perpetradores. Um mandato, um gabinete oficial e um telefone significou muitas vezes neste país licença para matar.

Refletir sobre essas questões é tarefa imperiosa de todos que buscam a efetivação de uma sociedade mais justa, fraterna e solidária. Exigir dos governos – estadual e federal – que pautem essa questão e que abram o diálogo com os movimentos sociais é o primeiro e necessário passo. Existem exemplos país afora, como a experiência da Policia Militar do Estado de Sergipe na negociação de ordens de reintegração de posse, que devem ser estudados e seguidos. 

A experiência da Policia Militar do Estado de Sergipe na negociação de ordens de reintegração de posse, que devem ser estudados e seguidos. [5]

Enquanto se louvar o Capitão Nascimento em milhares de salas de cinema e enquanto não se debater essa questão, fatos como esse se repetirão Brasil afora.

O regime democrático, ainda mais em um país injusto socialmente como o nosso, não só deve conviver bem com o conflito, como necessita dele para avançar ainda mais em sua consolidação. A lógica da militarização da polícia obedecia à doutrina da segurança nacional, que tinha raízes na ideia de que os inimigos seriam “internos”. A questão, portanto, é: ainda hoje, trata-se ainda conflitos sociais como se os seus protagonistas fossem inimigos do Estado ou como cidadãos que tem o direito elementar de reivindicar, inclusive, ou principalmente, nas ruas?

Sufocar, através da repressão, os gritos da sociedade por transformação é prática de regimes autoritários, de amarga lembrança de todos nós.

O momento de pautar essa questão é agora. Assim, será possível completar a canção de Gilberto Gil, citada há pouco, para que se possa continuar a (e nos) transformar “as velhas formas do viver”.

Marcio Sotelo Felippe é jurista e ex-Procurador Geral do Estado de São Paulo. Patrick Mariano Gomes é mestre em Direito, Estado e Constituição pela Universidade de Brasília e integrante da Rede Nacional de Advogados e Advogadas Populares – RENAP.

Anexos:
[1] Sou um sobrevivente do Carandiru, relata ex detento - Outubro de 1992, Cidade de São Paulo.

"NA PERIFERIA A MARCHA FÚNEBRE PROSSEGUE: A BALA AQUI NÃO É DE BORRACHA!"


NÃO MUDAREMOS NOSSO FOCO CONTRA O GENOCÍDIO DA JUVENTUDE POBRE, PRETA E PERIFÉRICA!

Apesar de condenarmos a truculência e violência policial contra quem quer que seja, não se pode ignorar o fato histórico de que sua maior incidência sempre se deu nas periferias e contra a população negra. Não à toa, é possível falar que temos hoje um verdadeiro genocídio negro.

Acompanhe agora os casos pelo país, intensificados como antes, porém com maior visibilidade visto a onda de manifestações Brasil afora, agora observem, o porque, de fato a "Periferia Nunca dormiu"...

No Rio de Janeiro

Foto: Fábio Teixeira.


Via Consciência - por Gustavo Barreto,
Após um arrastão na Avenida Brasil na noite desta segunda-feira (24), um grupo seguiu para a Nova Holanda, na Maré, e foi perseguido por policiais do Bope, que entraram por volta das 20h na região com apoio do Caveirão. Pouco antes, em Bonsucesso, ocorreu uma manifestação. Segundo muitos relatos, os policiais chegaram atirando na comunidade atrás dos suspeitos e, ignorando que existem centenas de civis inocentes, fizeram muitos disparos, assustando os moradores.

Durante a troca de tiros, um morador foi baleado e morreu, próximo ao Campo da Paty. De acordo com as primeiras informações, a vítima não participava nem do arrastão nem dos protestos. Além do morador, ainda não identificado, o sargento do Bope Ednelson Jeronimo dos Santos Silva, de 42 anos, também morreu.

"É revoltante o que eles estão fazendo, uma simples manifestação está trazendo um caos aonde moramos. Pessoas inocentes pagando todo esse preço. Eles estão invadindo as casas das pessoas de bem, fazendo ameaças, tratando essas pessoas como lixo. Estou aqui até agora tentando ir na minha cozinha, que é de frente pra rua, pra terminar a minha janta e até agora não consegui", disse uma moradora.

Um grupo de manifestantes, que saiu da Praça das Nações, chegou a fechar uma faixa da Avenida Brasil, mas foram contidos pela Polícia Militar. Nove pessoas foram detidas durante o tumulto e foram conduzidas para a 21ª DP (Bonsucesso).


Na Bahia

TERROR DE ESTADO DA POLÍCIA BAIANA!

"Se eu pegar sua foto, vou saber aonde você mora e é daquele jeito, na madrugada..."


Em Minas Gerais



TERROR DE ESTADO EM MINAS GERAIS!

via Inst. Helena Greco e guerrêro Túlio Torri,
"Para quem conhece ou não a grande guerreira Julia Paulinelli . Ela foi atingida na cabeça por uma bomba em Belo Horizonte, em um confronto com a Policia Militar. Teve tímpanos estourados e traumatismo craniano ( com um pequeno coágulo ). Felizmente não será preciso cirurgia. Peço apoio a família. Quantos serão necessários ficar assim? Por uma luta tão obvia ?!  Peço que compartilhem, pois sei que ela se torna um simbolo contra essa tirania perversa que vários dos nossos estão enfrentando, principalmente nas grandes capitais e periférias. A coragem é Contagiosa Obrigado"

No Pará

EM BELÉM DO PARÁ, HOJE A VIOLÊNCIA DO ESTADO NÃO FOI DIFERENTE...

via Fernando Taveira,
"A polícia de forma desnecessária e violenta iniciou um confronto com os manifestantes. As pessoas do movimento estavam negociando sobre manifestantes que foram presos injustamente sob a acusação de terem jogado pedra ou furtado (há suspeitas que existiam policiais infiltrados e que plantaram pedras e coquetéis molotov). 10 pessoas foram presas (...). Nós conseguimos sentar na frente do ônibus da PM e impedir que eles fossem levados antes que as autoridades prestassem satisfação sobre as prisões e ficou acordado com a defensoria e o assessor de comunicação da PM ( e filmado pela mídia) que alguns representantes do movimento iam acompanhar os manifestantes presos,as pessoas liberaram a via e ao invés da PM esperar que nós acompanhássemos o ônibus, eles arrancaram e quebraram o acordo. Os manifestantes correram e impediram mais uma vez que o ônibus saísse, mas dessa vez a PM veio com o choque,cães e cavalaria e fechou as ruas e começou a atirar bombas nos manifestantes. Enquanto eu escrevo isso, várias pessoas ainda estão nas ruas e a PM brinca de GTA na rua jogando carros em alta velocidade pela rua e fechando as vias. Pessoas foram presas por estarem somente correndo. Se alguma vida mais for perdida hoje, o único responsável é o prefeito!

FODA-SE O PACIFISMO BURRO! FODAM-SE AS CAMISAS BRANCAS! FODA-SE O PATRIOTISMO E NACIONALISMO, INVENÇÕES FASCISTAS E VIOLENTAS!"


Em Brasília

Relatos de Talitha,
Já que a Rede Record de televisão gostou tanto desse vídeo ao ponto de coloca-lo ao ar de 2 em 2 segundos me chamando de vandala e baderneira EM REDE NACIONAL quero, por meio desse, informa- los que: Vandalismo é o ato de não deixar um PM (sem identificação) me encher de porrada em praça pública ? Porque se for, me orgulho disso. Ser baderneira é questionar esse senhor sobre sua identificação na farda? Ser vandala é não aceitar que um homem, pelo simples fato de ser homem se sinta no direito de vir me descer o cacete porque eu era uma das unicas minas que ficam na frente ? Nunca toquei em um jat de tinta ou meti o pé em um portão, ou depredei qualquer coisa na vida.. 

Mas o que eu achei mais cômico desse jornaleco foi que "coincidentemente" ele ficou repetindo a seguinte coisa: "Isso é um manifestante (rapaz branco) isso é uma BADERNEIRA que afronta quem faz sua segurança( eu mulher negra) " Agora eu os questiono: Mas pera, a cor da minha pele e o meu cabelo definem mesmo quem é manifestante - baderneiro? Vocês viram esse senhor PM me dando 3 cacetadas na altura da costela ? Vocês não filmaram a agressão porque ? Porque na minha pele NEGRA, as marcas ficaram mas é na minha alma tão negra quanto minha pele, que ficaram a marca do seu "chicote moderno"

A minha luta é que, os senhores, donos da escravatura moderna, parem de mandar seus capitães do mato modernos (PM's) atrás dos "escravos fujões" da perifa. População negra hoje tem índice de morte de 75% de sua juventude. A periferia NUNCA ACORDOU, porque ela NUNCA DORMIU.  O seu movimento branco, burguês, pró saída nas ruas não me representa. Juventude periférica SOBREVIVE no gigante e somos nós que fazemos a sua economia deslanchar ..

Não me representa, uma pessoa que usa uma mascara e coloca uma voz de robô com 5 metas pautadas por gente BURGUESA em movimento "popular". Não me representa uma ideia de impeachment (ê palavrinha difícil viu). Não me representa a invisibilidade da população jovem negra.

E para vocês da rede record de televisão, informo que VANDALISMO é o péssimo jornalismo de vocês, é a falha na notícia, é a imposição de padrões na sociedade. Não somos terroristas, não somos vândalos nem baderneiros. Somos população negra e periférica botando a cara e enegrecendo os movimentos, mesmo que a minha cara seja marcada POR VOCÊS como cara do perigo.


Em São Paulo

Rota mata três após protesto em favela

Por: Ana Flávia Oliveira - do Agora São Paulo,
Policiais da Rota (Ronda Ostensivas Tobias de Aguiar) mataram três pessoas na madrugada de ontem em supostos tiroteios na favela da Funerária, na Vila Maria (zona norte), horas depois de um PM ter sido baleado durante um protesto na região. As mortes aconteceram em três locais diferentes, em um período de uma hora e 20 minutos. Os mortos não foram identificados.

Os confrontos ocorreram entre as 2h15 e as 3h35. Em todos, segundo a Polícia Militar, os policiais foram recebidos a tiros e revidaram. Três fuzis e uma pistola 45 foram apreendidos. Ninguém foi preso.

Fonte: MãesdeMaio.

quarta-feira, 19 de junho de 2013

TARIFA ZERO VAI VIRAR REALIDADE (19/06)


   Se o transporte é público, porque é pago? Se é direito, porque não é garantido a todxs? O transporte público, assim como saúde e a educação, não pode ser mercadoria por isso estaremos nas ruas lutando por: TARIFA ZERO: por que não importa o preço, sempre tem quem não consegue pagar!

TRANSPORTE 24 HORAS: por que a cidade é nossa, em qualquer hora! 

“Trazemos o mundo novo em nosso corações!”

Oficina de Cartazes: 15h em frente ao conic
Concentração: 17h na Rodoviária
Mais informações sobre a Tarifa Zero: http://tarifazero.org/

Fonte: TarifaZero.

‘Não podemos nos alinhar aos Datenas, Jabores e Pondés’



Por: Paulo Motoryn, foi publicado originalmente na revista Vaidapé.

     Um militante do MPL alerta para a tentativa da direita de ‘adotar o movimento’ com interesses escusos. Desde o ato da última quinta-feira contra o aumento da passagem do transporte público em São Paulo, em que a violência e a repressão policial viraram notícia em todo o planeta, mais uma ameaça ronda o sucesso das manifestações organizadas pelo Movimento Passe Livre: a instrumentalização do povo.

     A evidente mudança de postura da imprensa em relação aos protestos deve ser motivo de desconfiança, não de festa. Isso porque nos últimos dias imperou o comentário: “Agora até a grande mídia defende as manifestações”. Como se isso fosse algo positivo.

     Por um lado, a máxima “não é só pelos 20 centavos” conseguiu convencer diversos setores da população a ir às ruas. Por outro, abriu uma questão polêmica: se o aumento da passagem foi só o estopim, o que mais nos incomoda? Quais são os reais motivos do fim da letargia política em São Paulo?

     É fato, o reajuste do preço transporte só provocou a revolta necessária para que o paulistano percebesse o óbvio: política se faz nas ruas. No entanto, a recusa ao modelo de sociedade atual tem de ser deixada clara. Isso porque os perigos da apropriação do movimento são reais.

     Na sua última edição, Veja contrariou sua linha editorial e se posicionou a favor das manifestações. Quando um veículo que representa o que há de mais reacionário na sociedade apoia movimentos sociais, há no mínimo um ponto de extrema relevância para refletir.

     Mas as páginas de Veja só revelam a nova postura dos veículos da imprensa dominante: já que não podem mais controlar ou evitar a multidão, manipulam seus objetivos. De acordo com a revista, o descontentamento dos manifestantes se deve também à corrupção, à criminalidade… Falácia.

     É evidente que essas questões também são importantes, mas os jovens que estão nas ruas estão preocupados com questões muito mais profundas. A juventude está mostrando que não quer compartilhar dos valores individualistas, consumistas e utilitaristas da geração de seus pais.

     O grito dos jovens está longe de bradar contra os “mensaleiros”, contra a inflação, contra as políticas sociais de transferência de renda. O movimento é progressista por natureza e agora tem de saber lidar com uma ameaça feroz: a direitização.

     O aparelho midiático que serve a esses interesses já foi acionado. A grande imprensa já está mobilizada para maquiar o movimento de acordo com um ideário conservador, por isso o povo precisa fazer seu recado ser entendido.

Sob hipótese nenhuma podemos nos alinhar aos Datenas, Jabores e Pondés.

     O que queremos é derrubar as barreiras entre ricos e pobres, quebrar os muros entre centro e periferia, consolidar o povo como um ator político de importância ímpar e lutar por um Brasil com justiça social, sem desigualdade e com oportunidades iguais para todos e todas. Nada mais. E nada menos.

Vamos à luta!