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segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Mobilização Nacional Indígena (de 30/09 à 05/10)



Em 1988 os Mebengokrê também conhecidos como Kayapó, em parceria com lideranças indígenas de diversas etnias foram a Brasília lutar pela garantia de seu direitos na Constituição Federal. O artigo 225; garante que um meio ambiente equilibrado é direito de todo cidadão, indígena ou não indígena. De certa forma, se reconhece, que o índio utiliza a sua terra de forma sustentável, sem destruir as matas os rios.

A civilização indígena brasileira tem preservado e continua a preservar o meio ambiente até hoje. A biodiversidade da floresta e seu potencial farmacológico está lá ainda hoje graças aos indígenas. O regime de chuvas, a qualidade e quantidade das águas tão importantes para consumo das populações urbanas e essencial para produção de energia hidroelétrica. O volume de água está diminuindo. Preservar o direito do índio sobre sua terra é também preserva e protege a vegetação riparia, mananciais e as nascentes. A sociedade brasileira conta com o índio para existir, produzir e se desenvolver de forma sustentável, poupar os bens mais preciosos dos nosso filhos e netos. É a garantia dos serviços ambientais, tão importantes para a saúde do brasil urbano, e do brasil rural.

Infelizmente esse equilíbrio está ameaçado. Governo Brasileiro tem atacado o meio ambiente de forma severa, primeiro com empreendimentos hidroelétricos ineficientes, que só prejudicam o meio ambiente e fornecem energia para atividades que despropriam os brasileiros de forma primaria, como a mineração de ouro e o setor eletro-intensivo. 

E agora, a Projeto de Emenda Constitucional 215 nada mais é do que um entrave burocrático para demarcação de Terras Indígenas, que a longa data são reivindicados pelos povos da floresta. Quanto mais tempo se demora para demarcar a terra , mais invasores, garimpeiros e grileiros invadem suas terras, maior é a violência no na área e maior o problema fica.  Ainda pior que a PEC 215 a bancada ruralista quer aprovar o Projeto de Lei 227, que permitiria qualquer tipo de atividade em áreas indígenas, em resumo, um simplório projeto de lei poderá acabar com qualquer direito do indígena sobre sua terra. A plp 227 é inconstitucional e fere a convenção 169 da Organização internacional do trabalho. Essa decisão politica marca o inicio do fim de uma civilização indígena brasileira. Se ela morrer, morre também o conceito de desenvolvimento sustentável, o sonho da humanidade que só poderia ser realizado pelo Brasil rico em florestas, não pelo Brasil dos pastos degradados, onde se produz menos de um boi por hectare. 

Produtor rural, você que precisa da água nas suas lavouras, você que precisa do controle biológico de pragas, dos animais polinizadores no seu pomar, cafezal ou cultivo de flores, junte-se nós nessa luta. Citadino, você que compreende a importância dos povos indígenas para manutenção dos serviços ambientais, seu valor cultural e linguístico. Junte-se a nós nessa luta. "Os ruralistas dizem que tem muita terra para pouco índio mas. Muita terra têm os grandes produtores rurais, representados pela CNA. Segundo o IBGE, os 67 mil maiores proprietários possuem 195 milhões de hectares, 72% a mais que os índios. Além disso, as terras indígenas preservam 98% da sua vegetação nativa e prestam serviços ambientais a toda sociedade."


POVOS INDÍGENAS, terra e ameaças à Constituição



Serviço
Data: Segunda (30/09)
Horário: 17 horas.
Local: Cebinho (UnB).
Transmissão online.
Para mais informações, Clique Aqui!

Ultimo dia para inscrições no Programa Pró-Equidade de Gênero e Raça - 5ª Edição


Organizações que promovem a igualdade entre mulheres e homens no ambiente do trabalho serão certificadas com selo. Inscrições poderão ser feitas pelo e-mail proequidade@spm.gov.br

Mais informações sobre o programa e suas edições anteriores clique aqui

Empresas e instituições privadas e públicas – O programa é voltado para empresas médias e grandes, ou seja, que possuam, no mínimo, 150 trabalhadoras e trabalhadores. As empresas e organizações interessadas devem, obrigatoriamente, ter identidade jurídica própria. As inscrições foram prorrogadas até o dia 30 de setembro de 2013 e podem ser feitas pelo e-mail proequidade@spm.gov.br.

Guia Operacional:

A garantia da autonomia econômica e social das mulheres é condição estruturante para a transformação das condições de vida e das desigualdades vividas pelas mulheres, especialmente aquelas que vivem as discriminações decorrentes da desigualdade social, de gênero e racial.

O trabalho, como foco privilegiado de incidência de políticas públicas, torna-se sinônimo de inclusão social, autonomia e desenvolvimento. Considerado em um marco amplo, o trabalho precisa cumprir, para além da sua função produtiva, a tarefa de representar um meio de expressão dos sujeitos e, ao mesmo tempo, um elo social fortalecido.

A Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República – SPM/PR –assume o compromisso com a autonomia econômica e a igualdade entre mulheres e homens no mundo do trabalho, que constam nos princípios e diretrizes da política nacional para as mulheres, considerando a diversidade de raça e etnia, em conformidade com as recomendações das Conferências Nacionais de Políticas para as Mulheres, expressas no Plano Nacional de Políticas para as Mulheres. 




Ficha Perfil:

O modelo de Ficha Perfil que será utilizado pela 5ª Edição do Programa Pró-Equidade de Gênero e Raça pode ser baixado aqui. Desde já, as empresas que manifestaram interesse em participar do Programa estão convidadas a dar início ao preenchimento deste documento. A data limite para o envio da Ficha Perfil completamente preenchida é 30 de setembro de 2013.

A Ficha Perfil é um instrumento que fornece informações de diferentes tipos sobre as pessoas envolvidas nas atividades da empresa. Por meio da Ficha Perfil, se torna possível obter dados sobre o corpo funcional, estagiárias e estagiários, jovens aprendizes admitidos e sobre as terceirizadas e os terceirizados.

Essas informações permitem identificar as pessoas que contribuem para o trabalho, sua posição dentro da empresa, e também dificuldades, que passam a ser visíveis, porque estarão quantificadas e podem, assim, serem solucionadas.

Alguns dos campos que compõem a Ficha Perfil são: o número total de pessoas que fazem parte do quadro funcional, sua especificação por sexo, idade, raça, posição ocupada na hierarquia funcional, grau de escolaridade.

Os mesmos critérios devem ser respeitados para estagiários, estagiárias, jovens aprendizes, terceirizadas e terceirizados.

A Ficha Perfil usa os mesmos critérios utilizados pelo IBGE, tomados com base na autodeclaração. É importante destacar que os dirigentes da empresa devem estimular suas funcionárias e funcionários a prestarem as informações, pois elas contribuem para a melhoria das relações de trabalho, para eliminar as discriminações no ambiente de trabalho e, finalmente, para nortear a formulação de políticas públicas. 

Ficha Perfil - (setembro/13)

Bom trabalho a todas e todos!

RODA DE CONVERSA GRIÔ


Fonte: SEPIR/DF.

Ultimo dia de inscrições no II Concurso Cultural IFÁ AJE



II Concurso Cultural IFÁ AJE, Redação (professores e alunos), Fotografia e Pintura, no edital. Confira em http://www.ifaaje.com.br/Concurso

sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Cartola e Leci Brandão - Programa Ensaio 1974


Gravado em 1974, o programa traz Cartola e Leci Brandão cantando e contando fatos de suas vidas. Cartola conta do começo da carreira, da parceria com Dona Zica e da Mangueira. Canta "Alvorada no Morro", "Ao Amanhecer", "Disfarça e Chora" e "Acontece", entre outras. Leci Brandão fala do preconceito que enfrentou por ser mulher e conta outras histórias. Ela canta várias músicas. Entre elas "Pensando em Donga" e "Maravilhoso Vagabundo". Assista:



Apresentando as canções:
1. Alvorada
2. Fita Meus Olhos
3. Ao Amanhecer
4. Eu Sou Mangueira
5. Domingo Infeliz
6. Mil e Tantas Cabrochas
7. Pensando em Donga
8. Preferência
9. Maravilhoso Vagabundo
10. Deixa Pra Lá
11. Acontece
12. Tive Sim
13. Sim
14. Corra e Olhe o Céu
15. Disfarça e Chora

DIREÇÃO: FERNANDO FARO, MARCELLO BÔSCOLI
GÊNERO: MÚSICA
ORIGEM: BRASIL
ANO DE LANÇAMENTO: 1974
DIÁLOGO: PORTUGUÊS
DURAÇÃO: 58 MIN
COR: P&B

Site disponibiliza sambas antigos para download


“Quem não gosta de samba bom sujeito não é. É ruim da cabeça ou doente do pé”. E quem deseja encontrar clássicos do ritmo para download pode recorrer ao site “Receita de Samba”. A página reúne álbuns de nomes como Adoniram Barbosa, Clara Nunes, Nelson Cavaquinho, Cartola e Noel Rosa.

Na página é possível encontrar gravações em 78 rpm, além de documentários, entrevistas, cifras, letras de músicas e, também, história dos sambas e dos sambistas. Existe ainda uma seção dedicada a sambas-enredo. Confira um dos vídeos disponíveis no site:



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O 4 shared está pedindo para fazer login antes de baixar os arquivos. Caso precise use:
Login: blogreceitadesamba@yahoo.com.br
Senha: samba2012

COLETÃNEAS RECEITA DE SAMBA
Alvarenga
Aniceto, Manacéa e Mijinha
Babaú
Bide
Casquinha
Chico Santana 100 anos
Clara Nunes canta Candeia
Clementina de Jesus
Diversos
Diversos 2
Dupla Preto e Branco
Geraldo Babão
Grandes Sambas Enredo
Haroldo Lobo
Herivelto Martins
Kazinho
Laurindo
Mauro Duarte
Nélson cavaquinho Obra Completa
Noel Rosa de Oliveira
Noel Rosa e Vadico
Partido Alto
Praça Onze
Raul Marques
Roberto Ribeiro
Sambas Enredo do GRES Império do Marangá
Silas de Oliveira
Trio de Ouro
Walter Rosa
COLETÂNEAS 78 rpm


Fonte: Catraca Livre.

Exposição no Museu Regional do Livro aborda cultura afro-brasileira


Literatura negra estaria relacionada às formas da percepção do mundo, segundo pesquisador
 
Com o objetivo de abordar a cultura afro-brasileira, a Univates promove, por meio do Museu Regional do Livro, a exposição Versos negros, vozes negras. A mostra poderá ser conferida no Espaço Arte 7, até o dia 29 de setembro.

A exposição comemora a 7ª Primavera dos Museus, que conta com o tema Museus, Memória e Cultura Afro-brasileira, trazendo poemas retirados do livro Sonetos Brasileiros, de Laudelino Freire. Conforme o pesquisador Alvaro Hattnher, literatura negra é aquela escrita por autores negros, com a visão de mundo e a experiência de sujeitos históricos que se reconhecem e se afirmam como negros.

Nesse sentido, a eficácia estética da literatura negra estaria diretamente relacionada às formas de percepção do mundo e aos valores de uma experiência negra. Na mostra, o Museu dá voz a alguns autores negros, mulatos, pardos e mestiços que fizeram parte da história e da cultura brasileira e que, na maioria dos casos, não tiveram seu valor devidamente reconhecido.

A visitação é gratuita e aberta a todos os interessados. Mais informações podem ser obtidas com o Museu Regional do Livro, pelo telefone (51) 3714-7000, ramal 5559, ou pelo e-mail museudolivro@univates.br.

Fonte: Gaz.

Poetas Africanos

 
     Se há um continente que nos atrai por seus segredos e encantos e pela inserção na imaginação do homem que vive no Ocidente, é a África. Ela é vista como um universo repleto de belezas naturais que oferece um vasto campo para a realização das proezas mais incríveis. Mas ela é igualmente uma terra ferida por inúmeros conflitos entre tribos e pela destruição provocada por incontáveis guerras civis. No âmbito da poesia africana de língua portuguesa, nomes como Jorge Barbosa e Corsino Fortes, Francisco José Tenreiro, Agostinho Neto e Arlindo Barbeitos, José Craveirinha e Luís Carlos Patraquim representam os autores que abandonaram a trilha percorrida por uma produção literária de cunho colonialista. Eles mobilizaram um campo que aparentemente estava paralisado pela apatia total diante do processo de colonização. O autor da África vivia, até o momento da independência, entre dois contextos essenciais: a sociedade colonial européia e a sociedade africana.

     Portanto, suas obras nascem desse choque entre duas esferas distintas. Além disso, os poetas também são influenciados pelos estímulos que provêm do mundo externo, especialmente dos movimentos literários europeus e americanos.

Poetas Africanos e suas obras
Manuela Margarido: Alto como o Silêncio; Os Poetas e Contistas Africanos; Poetas de S. Tomé e Príncipe. (S. Tomé e Príncipe).

Jorge Barbosa: Arquipélago; Ambiente; Caderno de um Ilhéu; Meio Milénio; Júbilo; Panfletário. (Cabo Verde).

Corsino Fortes: Pão e Fonema; Árvore e Tambor. (Cabo Verde).

Francisco José Tenreiro: Negro de Todo o Mundo; Ilha do Nome Santo; Canção do Mestiço; Poesia Negra de Expressão Portuguesa; Coração em África. (S. Tomé e Príncipe).

Agostinho Neto: Quatro Poemas de Agostinho Neto; Poemas; Sagrada Esperança; A Renúncia Impossível. (Angola).

Arlindo Barbeitos: Angola Angolê Angolema; Sonho; Fiapos de Sonho; Na Leveza do Luar Crescente. (Angola).

José Craveirinha: Xigubo; Cantico a un dio di Catrame; Karingana ua karingana; Cela 1; Maria; Izbranoe. (Moçambique).

Luís Carlos Patraquim: Monção; A Inadiável Viagem; Mariscando Luas; Lidemburgo Blues; Pneuma; O osso côncavo e outros poemas; Antologia Poética. (Moçambique).
 
Anne Kellas: Poems from Mt. Moono; Anthologies: A writer in Stone; Like a House on Fire; Moorilla Mosaic; River of Verse. (África do Sul).

Samira Negrouche: Les Vagues du silence; L'opéra cosmique; A l'ombre de Grenade; Cabinet Secret; Le Jazz des oliviers; Instance départ. (Argélia).

Fonte: Infoescola.

quinta-feira, 26 de setembro de 2013

O SERNEGRA 2013 - II Semana de Reflexões sobre Negritude, Raça e Gênero está com as inscrições abertas!


A inscrição é gratuita e o evento acontecerá entre os dias 18 e 20 de novembro, no Instituto Federal Brasília - IFB. No formulário, além da inscrição para as seções temáticas do simpósio e para as mesas-redondas, também é possível se inscrever para as oficinas e minicursos que ocorrerão durante a SERNEGRA.

Confira a programação e faça já sua inscrição por meio do preenchimento do formulário online: https://docs.google.com/a/etfbsb.edu.br/forms/d/1GuZaE5s8Wde2yFqSaT_WPZZCmFyOlJvt-9w0pu6LJbo/viewform. Faça agora sua inscrição, pois as vagas nas oficinas e minicursos são limitadas! — em Instituto Federal Brasília - IFB

Uma vacina contra o racismo, segundo Lilian Thuram


 Por: Nuno Raposo,
O mais internacional de sempre dos jogadores franceses, Lilian Thuram, deixou os gramados em 2008. Mas não parou de lutar. Só que passou a fazê-lo fora dos gramados e tendo o racismo como adversário. Nesse âmbito, o antigo defesa esteve ontem em Lisboa onde no Instituto Francês apresentou o seu livro, As Minhas Estrelas Negras - De Lucy a Barack Obama, agora editado em Portugal pela Tinta da China. Uma autêntica vacina contra o racismo, diz-se em França. A apresentação, que decorreu ontem, quinta-feira, ao final da tarde, esteve a cargo do rapper português Chullage, também ele profundamente ligado a esta causa.

«Neste livro, Lilian fez um excelente trabalho, ao contar as histórias de personalidades que nos mostram que, sim, havia história antes daquela que nos é contada na escola, que há outras pessoas que também participaram neste Mundo», disse Chullage, antes de dar a palavra ao antigo internacional francês.

Thuram, que após o Europeu de 2008 criou a Fundação Lilian Thuram - Educação Contra o Racismo, levou cerca de uma centena de pessoas ao Instituto Francês. O futebol e o desporto também marcaram presença na conversa. Mas uma presença secundária e apenas como mote para se pensar nas questões relacionadas com o racismo.

«A seleção francesa de 1998, campeã do Mundo, não era multicultural: era multicor», apontou Thuram, isto numa altura em que a UEFA muito apela à tolerância.

«Nasci em Guadalupe e cheguei a Paris com nove anos e este livro é também, de alguma forma, a história da minha vida», acrescentou o antigo jogador que saiu ovacionado por uma plateia atenta.

Fonte: Abola.

Agência da ONU para os direitos humanos lança banco de dados para combater o racismo


O Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos (ACNUDH) lançou este mês em Genebra, na Suíça, um banco de dados contendo informações sobre os meios de combate ao racismo, discriminação racial, xenofobia e outros tipos de intolerância em nível nacional e internacional. O banco de dados possui mais de 1500 documentos e contribuições de mais de 90 países. Ele contém textos que abordam os instrumentos utilizados regional e internacionalmente para tratar sobre o assunto, informações para chegar a possíveis soluções, algumas decisões tomadas pelo direito internacional e tribunais regionais e nacionais, documentos sobre medidas políticas adotadas em alguns casos e links para páginas da internet que sejam relevantes.

“Nossa nova base de dados vai incentivar não só a propagação de atitudes contra a discriminação, mas também vai capacitar todos os interessados nessa luta, incluindo governos, organizações da sociedade civil, universidades, meios de comunicação e cidadãos”, disse a chefe da ONU para os Direitos Humanos, Navi Pillay. O banco de dados foi desenvolvido pelo ACNUDH com o apoio financeiro da Alemanha e da Rússia.

Fonte: Epoch Times.

quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Mulheres negras fazem intervenção em SP para discutir relações entre afetividade e gênero











Feminismo, liberdade e racismo são alguns dos temas que foram debatidos na ultima sexta-feira (20) pelo coletivo teatral ‘Os Crespos’ juntamente com as Mães de Maio

da Redação,
Uma atividade gratuita que pretende reunir as pessoas para discutir a afetividade de mulheres negras. Feminismo, liberdade, amor, sexo e racismo são alguns dos temas que foram debatidos nesta ultima sexta-feira (20), às 17h, pelo coletivo teatral ‘Os Crespos’. Em pleno horário de pico, na praça da República, no centro de São Paulo, cinco atrizes do grupo irão se unir às militantes do movimento independente Mães de Maio para fazer a intervenção.

A ação faz parte da construção do projeto “Dos desmanches aos sonhos – poética em legítima defesa”. O objetivo, segundo o grupo, é investigar através de pesquisa artística o impacto da escravidão e as esferas das relações entre afetividade, negritude e gênero no Brasil.

Dentro deste processo, o coletivo já realizou palestras públicas com o presidente da Fundação Cultural Palmares, Hilton Cobra, e com a psicóloga Clélia Prestes. Além disso, fez entrevistas com mulheres negras de diferentes classes, como ativistas, empreendedoras, donas de casa, mulheres do sistema prisional, sambistas e candomblecistas.

O resultado das pesquisas e das intervenções servem como fonte para a criação de um novo espetáculo que tem previsão de estreia para novembro de 2013.
Fonte: BrasildeFato.

Clandestinas


A cada dois dias, uma brasileira (pobre) morre por aborto inseguro, um problema de saúde pública ligado à criminalização da interrupção da gravidez e à violação dos direitos da mulher

Por Andrea Dip, da Agência Pùblica,
      Na mesa de madeira em frente a porta de uma sala de audiências no Fórum criminal de São Paulo, repousa uma lista com os processos a serem julgados naquela tarde. Em alguns minutos, será a vez de Marta* ser absolvida sumariamente ou ir a júri popular e pegar até 4 anos de prisão, como explica a defensora pública Juliana Belloque, que atua a seu favor. A primeira folha do processo diz que Marta "provocou aborto em si mesma" e isso basta para condená-la, já que a prática é crime previsto pelo artigo 124 do Código Penal. Mas, quem seguir lendo os autos, saberá que Marta tinha 37 anos, era mãe solteira de 3 filhos pequenos (com idades entre um e seis anos de idade), vinha de um histórico de abandono por parte dos pais das crianças (inclusive o da gravidez que interrompeu) e estava desempregada quando, em 2010, em um ato de desespero, comprou um remédio abortivo de uma prostituta por 250 reais, tirados de sua única fonte de sobrevivência – a pensão da filha. Descobrirá também que Marta é pobre, só completou o primeiro grau, e que morava com os filhos em um bairro afastado de São Paulo quando, três dias após introduzir o remédio na vagina (de forma incorreta, já que não tinha a quem pedir orientação), ainda não havia parado de sangrar e de sentir fortes dores, e por isso procurou o pronto atendimento de um hospital público de seu bairro. O leitor ficará surpreso ou aliviado, dependendo de suas convicções, ao saber que a médica que a recebeu, imediatamente fez a denúncia à Policia Militar, explicando que retirou uma "massa amorfa" de seu útero, "provavelmente" uma placenta resultante de um aborto mal sucedido.


"Não existe prova da gravidez, a única coisa é o depoimento desta médica dizendo que retirou uma quantidade grande de massa amorfa que ela avalia como placenta do útero dessa mulher, que chegou com um sangramento no hospital. Enquanto a mulher está hospitalizada essa médica chama a polícia militar e, enquanto ela está internada, a PM vai até a casa dela, sem mandato, e apreende um lençol sujo de sangue e um balde. Não tinha feto, medicamento, caixa, nada. Apenas um lençol sujo de sangue e um balde, em uma casa muito pobre. Com isso se instaura o inquérito policial. Quando ela é liberada, é levada até uma delegacia e existe uma confissão extrajudicial ao delegado. Essa mulher nunca é ouvida em juízo para confirmar ou não essa confissão" resume a defensora Juliana enquanto esperamos.

     Marta aceitou assinar uma confissão para obter a suspensão condicional do processo – prevista para penas mínimas de até um ano, quando o réu é primário e não responde por outro processo criminal, e que suspende o caso por um período de 2 a 4 anos, desde que o acusado cumpra algumas condições como comparecer periodicamente em juízo para atualizar endereço, justificar ocupação lícita, prestar serviços à comunidade entre outras – mas ela deixou de cumprir essas condições e o processo seguiu o curso. Quando pergunto à defensora se ela acredita que a mulher possa ir realmente a júri popular, ela diz que nunca viu isso acontecer mas que não é impossível. E explica que pretende mostrar ao juiz que o processo é marcado por violações, como a falta de provas, já que não há feto, o testemunho extraoficial porque ela não chegou a ser ouvida em juízo, a denúncia feita por uma médica que quebrou o sigilo de sua relação com a paciente, as buscas sem mandato, a falta de uma perícia e de um exame de corpo e delito. "As mulheres costumam assinar a confissão porque chegam muito fragilizadas e querem se livrar daquilo o mais rápido possível. Os casos que chegam para nós são bem parecidos: mulheres pobres, sozinhas, com filhos, sem antecedentes criminais, que praticam o aborto inseguro em um momento de desespero e que são denunciadas pelos profissionais que as atendem nos hospitais públicos. Os companheiros não existem, nem aparecem seus nomes nestes processos" diz a defensora. Como Marta está desaparecida, a audiência aconteceria sem sua presença, mas foi adiada porque a médica, única testemunha de acusação, estava de férias. Marta ali é um número, um crime que será julgado em alguns meses. Mas também é uma em um milhão de mulheres que, apesar da lei, da religião e da sua opinão pessoal, buscam o aborto clandestino no Brasil todos os anos. Com sorte, fugiria da pior estatística: a de que a prática insegura mata uma mulher a cada dois dias no país e é a 5a causa de morte materna.

1 milhão de abortos clandestinos e 250 mil internações por complicações por ano

"A gente não classifica um problema como sendo de saúde pública se ele não tiver ao menos dois indicadores: primeiro não pode ser algo que aconteça de forma rara, tem de acontecer em quantidades que sirvam de alerta. E precisa causar impacto para a saúde da população. Nós temos esses dois critérios preenchidos na questão do aborto no Brasil mas essa é uma ótica nova" explica o ginecologista e obstetra representante do Grupo de Estudos do Aborto (GEA) Jefferson Drezett, que há mais de 10 anos coordena um serviço de abortamento legal no país. "Só para contextualizar nós temos hoje, segundo a OMS, 20 milhões de abortos inseguros sendo praticados no mundo. Por aborto inseguro, a Organização entende a interrupção da gravidez praticada por um indivíduo sem prática, habilidade e conhecimentos necessários ou em ambiente sem condições de higiene. O aborto inseguro tem uma forte associação com a morte de mulheres – são quase 70 mil todos os anos. Acontece que estas 70 mil não estão democraticamente distribuídas pelo mundo; 95% dos abortos inseguros acontecem em países em desenvolvimento, a maioria com leis restritivas. Nos países onde o aborto não é crime como Holanda, Espanha e Alemanha, nós observamos uma taxa muito baixa de mortalidade e uma queda no número de interrupções, porque passa a existir uma política de planejamento reprodutivo efetiva".


     O Uruguai, que descriminalizou o aborto em outubro de 2012, também tem experimentado quedas vertiginosas tanto no número de mortes maternas quanto no número de abortos realizados. Segundo números apresentados pelo governo, entre dezembro de 2012 e maio de 2013, não foi registrada nenhuma morte materna por consequência de aborto e o número de interrupções de gravidez passou de 33 mil por ano para 4 mil. Isso porque, junto da descriminalização, o governo implementou políticas públicas de educação sexual e reprodutiva, planejamento familiar e uso de métodos anticoncepcionais, assim como serviços de atendimento integral de saúde sexual e reprodutiva.

     Jefferson coloca ainda que atualmente no Brasil, acontecem cerca de um milhão de abortos provocados e 250 mil internações para tratamento de complicações pós abortamento por ano. "É o segundo procedimento mais comum da ginecologia em internações. Por isso eu digo: o aborto pode ser discutido sob outras óticas? Deve. Não existe consenso sobre este tema e nunca existirá porque há um feto. Mas não há como negar que temos aí um problema grave de saúde pública e que a lei proibitiva não tem impedido que as mulheres abortem mas tem se mostrado muito eficaz para matar essa mulheres".

Mulher pobre tem risco multiplicado por mil no aborto inseguro

"O aborto não é um bem a ser alcançado. Nenhuma mulher acorda um dia e diz 'vou engravidar daquele canalha que vai me abandonar, só para ter o prazer de provocar um aborto'. As mulheres buscam no aborto soluções para situações extremas. Mas é importante dizer que existe uma diferença entre aborto clandestino e inseguro. O aborto clandestino não é necessariamente inseguro. Ele pode ser feito em clínicas clandestinas porém com todas as condições de higiene, por médicos treinados, quando a mulher tem dinheiro para pagar. A diferença entre as chances de morrer em um aborto inseguro e apenas clandestino é de 1000 vezes. Então acaba se criando uma desigualdade social, uma perversidade porque uma mulher que tem um nível socioeconômico bom, as mulheres dos melhores bairros da cidade de SP, têm acesso a clínicas clandestinas, que não são legalizadas mas são seguras. Esse aborto pode custar mais de dois mil dólares. Enquanto um aborto inseguro pode custar 50 reais" diz o ginecologista. Apesar das diferenças de tratamento, a Pesquisa Nacional de Aborto (PNA), realizada em 2010 pela Anis – Instituto de Bioética, Direitos Humanos e Gênero, mostra que, aos 40 anos, uma em cada cinco mulheres já fez ao menos um aborto. E que o perfil é o da mulher comum em idade reprodutiva. "Não existe surpresa nisso. São mulheres de diversas classes sociais e religiões se arriscando porque a clandestinidade oferece risco. As diferenças mais uma vez estão no fato de que quanto mais pobre essa mulher, mais riscos ela corre por causa dos métodos aos quais tem acesso" explica a autora da pesquisa Débora Diniz. Esta leitura se confirma também no relatório feito pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro em parceria com a organização internacional IPAS "Mulheres incriminadas por aborto no RJ: diagnóstico a partir dos atores do sistema de justiça", que pesquisou casos de criminalização de mulheres por aborto e entrevistou juízes, desembargadores, promotores e atores do judiciário em geral e concluiu que: "é muito mais comum que uma mulher seja incriminada por aborto quando ela utiliza um método abortivo 'caseiro' (remédios obtidos no mercado paralelo e outros métodos) do que quando ela recorre à clínica. Estes casos são justamente aqueles nos quais o procedimento dá errado (a mulher reage à medicação) e cai no sistema público de saúde; lá, um servidor público (em alguns casos o médico do posto, em outros um policial militar de plantão) a encaminha para a polícia. Este aspecto demonstra claramente o recorte sócio-econômico dessa modalidade de criminalização: a maior parte das mulheres que utiliza os serviços públicos de saúde é pobre, muitas das quais desempregadas ou com ocupações de baixa remuneração". O relatório compara ainda duas sentenças dadas a mulheres diferentes: uma mulher de classe média, professora, mãe de dois filhos que foi presa após realizar aborto em clínica clandestina e teve a fiança arbitrada em 300 reais e outra mulher sozinha, que trabalhava com prostituta e mal sabia ler e escrever e teve a fiança arbitrada em 3 mil reais. "Em geral, o perfil da mulher se repetia: pobre, pouco instruída, moradora de periferia. Contudo, este não é necessariamente o perfil das mulheres que fazem aborto, mas sim o perfil das mulheres que são presas por terem feito aborto. Deste aspecto percebe-se uma grande diferença. O sistema captura apenas algumas mulheres, as que necessitam se submeter à saúde pública. Aquelas que encontram outras soluções privadas, não são atingidas. Um claro retrato do recorte socioeconômico".


Quem dá o pão dá o castigo

     Mariana* tinha 20 anos quando chegou ao pronto atendimento de um hospital particular de seu convênio médico em São Paulo com um aborto espontâneo e acabou sendo tratada como criminosa. "Estava com dois meses de gestação, acordei uma noite com muita cólica e sangramento e corri para o hospital. Apesar de não estar mais com o pai do bebê e da minha família ter me dado a opção de fazer o aborto em uma clínica, minha religião me fez desconsiderar essa hipótese" conta. "Assim que cheguei ao hospital, sozinha, e comuniquei à recepcionista o que estava acontecendo, senti a conversa mudar. Ela passou a me tratar com descaso e mesmo passando por uma hemorragia, tive de esperar muito mais tempo do que os outros para ser atendida". Mariana lembra que assim que entrou no consultório, o médico perguntou se ela havia provocado o aborto e, diante da negativa, continuou perguntando seguidas vezes. "Antes da curetagem também perguntou muitas vezes se eu não havia mesmo usado nenhuma droga naqueles dias. Ele disse que eu estava com um aborto retido e que estava com uma grave infecção no útero. Fiquei vários dias internada no andar da maternidade e todas as vezes que saia no corredor, de cadeira de rodas, todas as mães, enfermeiras e atendentes me olhavam com ar de reprovação. Já estava triste por ter perdido o bebê e ainda tive de passar por isso mesmo sem ter provocado nada".

     Apesar de o Conselho Regional de Medicina de São Paulo (CREMESP) e o Conselho Federal de Medicina (CFM) terem se colocado várias vezes contra a denúncia da paciente que provoca o aborto por parte dos médicos e do próprio Ministério da Saúde determinar em norma técnica que "Toda mulher em processo de abortamento, inseguro ou espontâneo, terá direito a acolhimento e tratamento com dignidade no Sistema Único de Saúde (SUS)", o que se vê nos hospitais públicos e de convênios é o que relata Mariana, ou pior. "Diminuiu o número de mulheres que procuram o SUS por complicações de aborto e não é porque o número de abortamentos diminuiu. É porque os profissionais recebem essa mulher com julgamento, xingamentos, deixam-na sangrando por horas antes de internar e muitas vezes fazem os procedimentos sem anestesia que é 'para aprender" diz a socióloga integrante da Frente contra a criminalização das mulheres e pela legalização do aborto Dulce Xavier, que há muitos anos acompanha estes casos. "Nós não temos uma política de planejamento reprodutivo no Brasil, faltam preservativos nos postos de saúde, muitos serviços que estão nas mãos de organizações sociais religiosas (esta matéria do site Viomundo fala das relações entre as OSS e o SUS e do prejuízo que muitas causam aos cofres públicos) se negam a fazer laqueadura e distribuir pílulas do dia seguinte – tanto que a presidente precisou sancionar uma lei para garantir o direito às vítimas de violência, o que já deveria ser feito desde a década de 1980 e mesmo assim houve protestos – e quando essa mulher engravida sem querer e provoca um aborto em ato de desespero, é descriminada por atendentes, enfermeiras e médicos" lamenta. Drezett complementa: "Eu trabalhei mais de 22 anos como chefe de plantão do centro obstétrico do hospital Eleonora Mendes de Barros e sempre perguntava aos residentes qual era a conduta que eles deveriam ter se uma mulher chegasse dizendo que havia feito um aborto. Eles não tinham nenhuma informação sobre isso. Os médicos não sabem o que fazer. Muitos acham que tem o dever de comunicar a polícia. Não são todos, mas isso ainda existe. E tem os que fazem procedimentos sem anestesia que é para a mulher aprender a não abortar mais. Porque senão ela vai ficar grávida toda hora para vir fazer um aborto aqui. Esse raciocínio só não é risível porque é patético. Mas o que tem por trás de tudo isso? A falta de clareza de lidar com o aborto como questão de saúde pública".

Aqui, não
     Cansado de presenciar cenas como estas, o ginecologista e obstetra Oswaldo Queiroz começou, há 18 anos, um trabalho de humanização no atendimento pós aborto em parceria com a organização Ipas na Maternidade Escola Assis Chateubriand (MEAC) em Fortaleza. "Nós observamos que muitas vezes a mulher é inimiga da mulher. A paciente vinha sangrando mas quando a atendente, a auxiliar descobria que era aborto, ela mesma rejeitava essa coitada que ficava, 4, 6 horas esperando por atendimento. Em 18 anos trabalhando com isso, eu nunca conheci uma mulher que quisesse abortar. Elas abortam porque estão desesperadas, porque não sabem usar os métodos, não têm orientação, muitas vezes quando o companheiro sabe que a mulher engravidou, o 'couro come', ela apanha de verdade. Não tem uma que não chore quando tudo termina. Não é uma situação agradável para elas" diz. Desde então, meninas e mulheres que chegam na Maternidade Escola com abortos mal sucedidos são atendidas prontamente. "Ninguém pergunta se o aborto foi provocado ou natural. Nós simplesmente prestamos o atendimento através de uma equipe multidisciplinar que tem médico, enfermeira, psicóloga e assistente social, fazemos a curetagem, conversamos, marcamos uma revisão, exames, se elas quiserem podem voltar para atendimento psicológico e o mais importante é que essas mulheres e meninas saem daqui com o método contraceptivo ajustado, explicado, prescrito e com ele na mão" explica dr. Oswaldo em uma sala pequena do pronto atendimento em uma manhã tipicamente quente e agitada de seu plantão. Ele lembra que o Ipas começou esta parceria com outros hospitais do SUS, mas os serviços foram acabando por resistência dos próprios profissionais e gestores. A equipe de Oswaldo atende cerca de 100 mulheres por mês, entre abortos provocados, naturais e vítimas de violência sexual. A idade média das pacientes fica entre 16 a 24 anos. "Mulheres sem orientação, pobres, já com outros filhos, sozinhas, com companheiros que somem quando elas dizem que estão grávidas. Quantas pacientes chegam com infecções, precisam ser internadas, chegam com útero perfurado, ficam estéreis, tudo isso cai na cabeça do contribuinte. Isso poderia ser evitado se o Brasil tivesse uma política de planejamento reprodutivo que funcionasse. No meu entender em qualquer posto de saúde deveria ter anticoncepcional, DIU e camisinha, disponíveis. Mas não tem. Eu mesmo só faço esse trabalho porque vou pessoalmente pedir doações nos laboratórios. Mas você vê, eu preciso me aposentar e não faço porque sei que o serviço vai acabar, ninguém quer se envolver com isso" lamenta.


     Dr. Oswaldo me sugere ir até o andar superior da maternidade onde algumas meninas se recuperam de curetagens feitas pela manhã e conversar diretamente com elas. Seguindo por um largo corredor verde, entro em uma enfermaria com seis camas, três de cada lado da parede, todas ocupadas, cinco delas por meninas com seus bebês. Na última está Beatriz*, 15 anos, uma das pacientes da equipe de dr. Oswaldo. Me aproximo com cuidado, falando baixo, intimidada pelos olhares reprovadores das meninas mães (que aparentam ter no máximo 16 anos cada) sobre ela. Beatriz também responde em um fio de voz, com uma leve sorriso para mostrar que está bem. Ela e o namorado, de 16, moram juntos na casa de sua mãe. Ele trabalha, ela tenta levar a escola adiante, o que é bem difícil já que tem que cuidar do filho de um ano de idade. Conta que engravidou sem querer, mesmo usando a pílula. Quando pergunto se provocou o aborto, responde que sim com um aceno de cabeça mas quando indago sobre o método utilizado, responde que caiu no banheiro e bateu as costas. Foi para o hospital sangrando. Passou pela curetagem e deveria voltar logo para casa, com orientação e método anticoncepcional.

     A ginecologista Zenilda Vieira Bruno, que coordena um serviço de atendimento voltado especificamente a adolescentes da Maternidade, explica que 25% dos abortos provocados que chegam ao hospital são de adolescentes entre 15 e 19 anos. "As meninas geralmente vão sozinhas ou com as amigas. Nós oferecemos acompanhamento por um ano, cuidando da parte de saúde, planejamento reprodutivo e psicológico. Elas dizem que engravidaram de relações esporádicas, que não sabiam que teriam relação então não estavam tomando pílula ou não levaram camisinha. Os garotos nunca se encarregam dessa parte, isso é responsabilidade delas". Zenilda conta que em uma pesquisa que realizaram com as adolescentes (os resultados detalhados podem ser lidos em seu artigo neste livro) constatou que em cinco anos, as meninas que provocaram o aborto e tornaram a engravidar (65%), tiveram o segundo filho. A pesquisa mostra também que as meninas que abortaram eram mais velhas do que as que levavam a gravidez a termo. "Elas diziam que o filho atrapalharia os estudos, o trabalho. As mais novas, de 14, 15 anos com menos escolaridade e perspectiva achavam natural ter o bebê naquela idade e condições como sua mãe fez. Diziam que já cuidavam dos irmãos pequenos então poderiam criar os seus bebês. A maioria das adolescentes usa os anticoncepcionais de maneira errada. Já ouvi meninas que tomavam uma cartela intercalando com a irmã, com o namorado ou só na hora de ter relações. Falta instrução, dar o método e explicar como usar. É muito fácil criminalizar mas não dar a contrapartida" diz.

     A Pública tentou entrevistar representantes do Ministério da Saúde e da Secretaria de Políticas para Mulheres a respeito dos temas abordados nesta reportagem mas foi informada pelas assessorias de imprensa de que não havia agenda disponível.

Nem quando amparado pela lei

     Segundo o artigo 128 do Código Penal, de 1940, o aborto é permitido em caso de violência sexual assim como em caso de risco de vida para a mãe e, em decisão posterior do Supremo Tribunal Federal, também nos casos de anencefalia fetal. Mas só em 1989 foi implantado o primeiro serviço para atender esses casos em São Paulo, que nos decorrentes de estupro inclui, além do apoio psicológo e da interrupção da gravidez, exames anti HIV e a contracepção de emergência. Segundo dados do Ministério da Saúde, o país possui 65 hospitais qualificados na rede pública para realizar a intervenção prevista em lei e realizou 1.626 interrupções gerais de gravidez em 2012.

      Ainda assim, a resistência por parte de profissionais e da própria sociedade, fez necessária a criação de uma lei, com tudo que já era determinado por norma, sancionada pela presidente Dilma em agosto, sob fortes protestos dos religiosos do Senado. Além disso, dos serviços que se dizem em funcionamento, nem todos realmente atendem todos os procedimentos, como explica Drezett: "Foi feita uma pesquisa em 2006, com as secretarias municipais de saúde de cerca de 800 municípios sobre os serviços de atendimento à mulher vítima de violência. Quando se pergunta quantos tinham o atendimento, quase 90% dizem que sim. Então a pesquisa pergunta quantos destes serviços oferecem a concepção de emergência e e mais da metade disse que não. Aí vem a parte interessante: quando se pergunta sobre o abortamento legal, 30% de cara já diz que não faz. 6% se recusa a falar sobre o assunto. Dos que fazem, apenas 1,9% tinham feito um aborto nos últimos dois anos. Quer dizer: é bonito dizer que tem, mas prometer que eu vou cuidar de você e te abandonar no momento em que você mais precisa de mim e está totalmente vulnerável é muito cruel" lamenta.

     Dulce Xavier lembra ainda que "quando o serviço foi instalado em São Paulo em 1989 no Jabaquara, a equipe tinha a casa apedrejada, recebia telefonemas ameaçadores, médicos eram perseguidos por serem 'aborteiros'. Houve no Ministério da Saúde um movimento para esclarecer, mas quem atende tem receio de entrar nisso", ela diz.

     Diante desta situação, alguns hospitais referência como o Pérola Byington em São Paulo, têm sua demanda aumentada por casos que chegam de todo o Brasil, como explica a psicóloga Daniela Pedroso: "Nós atendemos uma média de duas mulheres por semana, vítimas de violência sexual. Chegam mulheres e meninas de outras cidades e até outros estados". Ela conta que desde a criação do serviço já foram feitos cerca de 1300 procedimentos e que a idade média das vítimas é de 20 a 24 anos. "mas também chegam adolescentes e até crianças. A menina mais nova que atendemos tinha 10 anos de idade". Os casos de anencefalia, após uma dura batalha no judiciário que resultou na descriminalização por decisão do STF ( Veja aqui o documentário de Eliane Brum que conta a trajetória de uma mulher grávida de um bebê anencéfalo) hoje já são encarados com menor resistência por parte dos profissionais da saúde, mas ainda há casos de anomalias fetais graves que precisam de decisão judicial, que às vezes não saem, como explica a advogada Juliana Belloque. "O caso que foi levado para o Supremo era de um anencéfalo então foi concedido para anencefalia. Mas é evidente que se há inviabilidade de vida extrauterina não é crime. O exemplo era de um anencéfalo mas os médicos entendem isso restritivamente, existe um temor da classe médica de sofrer processos por essa conduta, então eles têm uma tendência a se resguardar. Quando é anencéfalo o médico faz. Qualquer outro tipo de inviabilidade a mulher precisa de um alvará judicial e a defensoria atende toda semana essas mulheres buscando alvarás. Aqui na capital a maioria dos juízes concede, mas ainda existem os mais conservadores ou religiosos que vão contra".

Estatuto do Nascituro expressa retrocesso

     No dia 1o de agosto, a presidente Dilma Rousseff sancionou, sem vetos, a lei que obriga os hospitais a prestarem atendimento integral e multidisciplinar às vítimas de violência sexual, embora essa permissão já constasse do Código Penal desde 1940. Houve protestos por parte dos deputados da bancada religiosa, que se apressaram em apresentar vários projetos para derrubar a nova lei, focando principalmente na distribuição da pílula do dia seguinte que, contra todas as evidências médicas e científicas, é por eles considerado"uma espécie de aborto".O relatório preliminar da reforma do Código Penal, que segue lentamente, retira o aumento de permissivos para o aborto e mantém apenas o que já era garantido por lei – apesar do Conselho Federal de Medicina ter se pronunciado a favor da autonomia de decisão pela mulher até a 12a semana de gravidez. Após a derrota na Câmara, em 2008, o PL 1.135/91, que tentou descriminalizar o aborto, a maioria dos projetos que tramitam hoje no Senado e na Câmara visa a aumentar as penas para o aborto clandestino e restringir ainda mais o abortamento legal – como o PLS 287/2012 de autoria da senadora Maria do Carmo Alves (DEM/SE), que pede que o aborto em caso de anencefalia volte a ser crime. No mesmo sentido, o projeto que ganhou mais destaque é o Estatuto do Nascituro (Projeto de Lei 478/2007), que tem sido rechaçado por médicos e militantes dos direitos humanos – e provocado protestos em todo o país – por tentar estabelecer que o nascituro "é ser humano concebido mas ainda não nascido", prevendo o pagamento de um salário mínimo aos filhos de estupro e o direito de ter o nome do "pai" na certidão de nascimento.Durante a campanha para a presidência em 2010, diante de uma ameaça de boicote por parte das igrejas evangélicas e católicas, Dilma teria se comprometido a não apresentar nenhum projeto para a descriminalização do aborto. Com as bancadas religiosas e autodenominadas "pró-vida" a repressão tende a aumentar, explica Dulce Xavier: "Nós retrocedemos muito nesta questão nos últimos anos. Se em 2008 nós discutíamos a descriminalização destas mulheres, em 2013 estamos tomando as ruas para pedir que não se aprove uma lei absurda como é o Estatuto do Nascituro, e tudo por pura pressão religiosa sobre um estado laico". Drezett vai além: "O Estatuto do Nascituro trata a mulher como um detalhe. Deveria substituir a palavra 'mulher' por 'receptáculo de esperma humano'. Se for aprovado, o Brasil será o país mais atrasado, conservador e limitado no mundo em direitos reprodutivos. A pergunta não deveria ser 'quem é contra o aborto' mas se a mulher que provoca o aborto nestas condições de total abandono social deveria ser presa. Ninguém é a favor do aborto. Eu não sou e tenho certeza que nenhuma destas mulheres é. Acontece que faltam contrapartidas e as minhas convicções morais e religiosas sobre a concepção da vida são diferentes das suas e sobre isso nunca haverá consenso. Enquanto isso, a lei pode te fazer dormir tranquilo com sua moral mas nem a minha, nem a sua opinião e nem mesmo a própria lei têm impedido um milhão de mulheres de colocar suas vidas em risco todos os anos".

Fonte: Revista Fórum.

Propostas sobre violência contra mulher não avançam e dependem de ajustes



Por Carolina Gonçalves,
Brasília – O crime de assassinato de mulheres pode se tornar parte da lei brasileira, mas a inclusão do “feminicídio” como um dos tipos de homicídio previstos na legislação ainda está na fase inicial no Congresso Nacional. A proposta foi apresentada pela Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) da Violência contra a Mulher. Na segunda sessão em que senadores deveriam discutir o tema na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ), o debate foi suspenso para que eles pudessem analisar o texto com mais cuidado.

A relatora da matéria, senadora c (PT-ES), disse que qualificar esse tipo de homicídio não vai garantir que o crime seja evitado, mas “tem como objetivo dar visibilidade ao crime cometido contra a mulher”.

Pela proposta, além de estabelecer que o feminicídio é homicídio resultante de violência contra a mulher, com pena de 12 a 30 anos de reclusão, a relatora incluiu o crime na relação de atos hediondos. O texto ainda prevê que as circunstâncias que podem tipificar o feminicídio são a violência doméstica e familiar, a violência sexual, a mutilação ou desfiguração da vítima e a tortura ou qualquer meio cruel ou degradante contra a mulher.

Apesar de aplaudida no colegiado, alguns senadores defenderam que a medida tem que ser incluída na pauta da comissão especial de reforma do Código Penal.

Além de aguardar a análise dos parlamentares, a senadora Ana Rita disse que vai se debruçar sobre a proposta que criaria um Fundo Nacional de Enfrentamento à Violência contra as Mulheres, que foi rejeitada pelo colegiado. Os senadores lembraram que o Legislativo não pode criar uma obrigação para o Poder Executivo e o fundo não poderia ser composto pelas dotações orçamentárias da União, dos estados e dos municípios.

Ana Rita disse que vai corrigir os problemas e reapresentar a proposta ao Congresso.

Fonte: Combate Racismo Ambiental.

terça-feira, 24 de setembro de 2013

Seminário/Encontro: Memória Arte e Cultura Afro-brasileira, nos dias 27 e 28 de Setembro.


A CAL E O MUSEU DOS CORREIOS REALIZAM EVENTO NA 7ª PRIMAVERA DOS MUSEUS

A Casa da Cultura da América Latina (CAL) e o Museu Nacional dos Correios realizam, nos dias 27 e 28 de setembro, o Seminário/Encontro: Memória Arte e Cultura Afro-brasileira. Inserido dentro da 7ª Primavera dos Museus, o evento está com inscrições abertas até o dia 26 de setembro (quinta-feira), na Interfoco (https://www.sistemas.unb.br/siex/publico/oferta_extensao_listagem.xhtml).

Integrando a agenda anual do Instituto Brasileiro de Museus (Ibram), e no intuito de promover o debate sobre temas da atualidade, estimular a visitação dos museus e incentivar a aproximação entre sociedade e museus, a Primavera dos Museus acontece sempre no início da primavera nos mesmos moldes da Semana Nacional de Museus. A 7ª edição acontece de 23 a 29 de setembro de 2013, com o temaMuseus, Memória e Cultura Afro-brasileira, desenvolvendo atividades especiais como: exposições, palestras, oficinas, seminários, ações educativas em torno de um mesmo tema.

Com o seminário, a CAL visa estreitar parceria com o Museu Nacional dos Correios, colocando em cena as suas atividades culturais, criando um espaço para diversas linguagens artísticas enriquecendo a agenda cultural de Brasília. O público presente ao seminário receberá certificado de extensão. Todos os participantes, com efetiva presença no evento, poderão inscrever artigo sobre temas referentes ao Encontro para ser publicado no livro que será lançado, em 2014.

Programação
Dia 27 de setembro (sexta-feira), no Auditório do Museu Nacional dos Correios
19h - Coffee break e abertura com o chefe do Departamento de Gestão Cultural do Museu Nacional dos Correios, Rômulo Valle Salvino 
19h15 - Concerto Choro com a flautista Thanise Silva e Regional
19h30 - Palestra 1: Verger, Medeiros e Cravo Neto: a fotografia em um complexo sistema de crenças, com a fotógrafa e professora Denise Camargo
20h30 – Palestra 2: Patrimônio afro-brasileiro com o professor da UnB, Nelson Fernando Inocêncio da Silva 


Dia 28 de setembro (sábado), no Auditório da Casa da Cultura da América Latina
10h – Coffee break e abertura com o diretor da Casa da Cultura da América Latina, professor Ebnézer Nogueira
10h15 - Palestra 3: Cultura afro-brasileira em Museus: Entre representação e identidade, com a professora da UnB, Deborah Silva Santos 
11h15 - Palestra 4: A questão da abolição no liberalismo brasileiro na primeira metade do século XIX, pelo professor da UnB, Virgílio Caixeta Arraes

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Endereço do Museu Nacional dos Correios: SCS, Quadra 4, Bloco A, Edifício Apolo. Telefone: 61 3213 5000, 3213 5017

Endereço da CAL/DEX/UnB: SCS, Quadra 4, Bloco A, Edifício Anápolis. Telefone: 61 3321 5811.

Fonte: SEPPIR/DF.

O desabafo de uma mulher negra humilhada na loja Malwee

O caso de racismo ocorrido na loja Malwee do shopping Interlagos chegou a público depois que a mãe publicou seu desabafo nas redes sociais. Loja "reconheceu o erro" e tentou se desculpar


(Foto: Jonathan Camuzo)

Maria Rita Casagrande, Blogueiras Negras ,

Feche os olhos e imagine por um minuto:
Então você, negra, de black e linda acorda em um belo domingo e decide ir até o shopping, como você tem uma filha/o e como crianças de qualquer idade, tamanho, cor de pele (sim, pasmem, as negras também) usam e perdem muitas roupas você entra em uma loja cujo slogan remete a um carinho para fazer compras. Sua filha/o passa mal e vomita dentro da loja. Até aqui tudo comum na vida de qualquer mãe, quem nunca passou por uma situação do tipo que atire a primeira pedra. A situação começa a ficar incomum no pior sentido da palavra, quando a vendedora te traz um balde e um pano e te coloca para limpar a loja ‘Por gentileza, a senhora limpe essa sujeira da loja‘. No susto e no desespero, porque ter sua filha/o sem roupa, passando mal, exposta ao ar condicionado é uma situação desesperadora, você executa a tarefa enquanto vendedores e clientes observam sua atividade.

Consegue imaginar esta situação acontecendo? Agora mude um pouquinho os detalhes e altere esta mãe para alguém de pele branca. Foi mais difícil enxergar agora? Doeu mais o frio da criança ou o constrangimento da mãe?

O caso ocorrido na loja Malwee do shopping Interlagos chegou a público depois que a mãe em questão publicou seu desabafo nas redes sociais. Eu acompanhei o caso com olhos bem atentos não apenas porque eu considerei de um racismo inacreditável (sim sou da opinião que se esta mãe fosse branca a vassoura jamais lhe seria apresentada e também porque não acho que o racismo no Brasil esteja de mãos dadas com o Papai Noel, o Coelho da Páscoa e o Saci, portanto ele existe e se materializa diante dos nossos olhos sempre que há uma brecha), foi também de um despreparo e falta de tato e empatia das vendedoras da loja, que poderiam ao menos ter oferecido um copo de água para esta criança, chamado socorro ou acionado o serviço de limpeza.

Responsabilidade das vendedoras? Sim sem duvida, algumas coisas a gente traz no coração e ponto final. Mas e a Malwee? Até onde eu sei, vendedores passam por treinamentos, aprendem sobre as atividades da loja, sobre respeito e ética. Me pergunto: que treinamento as moças envolvidas receberam uma vez que a própria Malwee apresenta uma nota que mais parece um atestado de descaso na mesma rede social que a mãe apresentou o seu caso e como ele foi muito criticado na própria página da marca exigia um “cala boca”.

Só isso, Malwee? Claro que não. No dia 09 de setembro esteve na residência desta mãe uma representante da marca que repetiu o que foi publicado na nota, pediu desculpas e “presenteou” a família com 4 sacolas com itens da loja. Vamos recapitular: está mãe não comprou uma camiseta estragada para que fosse substituída por uma nova e, como pedido de desculpas, recebeu sacolas com itens da loja pelo transtorno, esta mãe foi humilhada, não só a mãe, mas a criança também, assistir sua mãe “levando uma bronca” por causa de um acidente que te envolve não é como um passeio no parque.

O que passou pela cabeça desta assessoria para entregar brindes a esta família, como um indivíduo, ou um grupo de indivíduos, conclui que bastam alguns brindes para que tudo seja esquecido? Qual é a visão da marca Malwee com relação a sua consumidora?

A mim não basta contratar algumas crianças negras para aparecerem nos comerciais, eu quero mais, quero o mesmo tratamento, quero respeito por onde passo e quero isto para meu filho também.

Eu era compradora Malwee, já não sou mais. Nem eu, nem grande parte da família que já está ciente do ocorrido.

(Resposta da Malwee – Reprodução)

Mas talvez você seja do grupo dos que bradam: “Ah, mas vocês veem racismo em tudo!” A você eu só posso afirmar que vejo racismo onde ele está representado, onde eu consigo me enxergar diante da dor ou do constrangimento a que a pessoa foi exposta sem a menor necessidade, se é em tudo é mais um motivo para que a gente fale muito sobre o assunto, aponte onde ele ocorre e batalhe para que situações como a deste episódio triste não ocorram mais. E se ainda assim você não se convenceu da necessidade de abrir os olhos para o que é aceitável e o que não é, sobre o que é respeito independente de etnia, tom de pele, nacionalidade, instrução, volte lá no primeiro paragrafo e faça o exercício de imaginar você nesta situação.

Quando nós, mães, pais, tios, tias, madrinhas, padrinhos vamos às compras, não raro avaliamos se o material das roupinhas é bom, se é puro algodão, se não foi costurado por crianças chinesas, por outras mães bolivianas em situação de semiescravidão, se agrediu o meio ambiente no processo de tingimento, além das perguntas corriqueiras como causa alergia ou dá a mobilidade necessária, cada um tem seu critério de avaliação para aquisição de qualquer produto embora a indústria aparentemente insista que basta ser bonitinho e com um comercial apelativo que nosso cérebro será lavado e compraremos como zumbis.

Eu não gosto de ter minha inteligência subestimada. Além de avaliar uma série de critérios na hora das minhas compras, eu levo em consideração o modo como uma marca trata seu consumidor e no (DES)caso da Malwee, além de vendedoras despreparadas e racistas, sua assessoria é, no mínimo, desrespeitosa e não deu nem a esta família nem aos seus tantos consumidores uma resposta digna (a não ser de lamento).

Malwee na minha casa nunca mais. Este ABRAÇO eu estou dispensando.

Os monstros da minha casa

Desenhos de crianças retratando o abuso que sofreram
 
Esses são os desenhos da exibição bizarra e comovente "os monstros da minha casa" que aconteceu em Outubro de 2010, na Espanha. Várias crianças que sofreram abusos sexuais fizeram esses desenhos acompanhados por especialistas, que interpretaram as imagens.

Andreu, 8 anos

Foi abusado pelo padrasto desde os 4 anos. No desenho ele representa ele mesmo em pânico, e dá atenção especial ao zíper da sua calça e os botões de sua camisa, que pra ele representam um símbolo de quando os atos sexuais iriam começar.

Fernando, 13 anos.

Ele foi abusado pelo seu pai desde cedo, e agora mora com a mãe, que conseguiu fazer ele se recuperar bem. Ele desenhou o pai como um demônio em um bar, bebendo cerveja e jogando em caça-níqueis. Os riscos saindo do demônio representam o cheiro de álcool. Fernando sente raiva quando mencionam o pai perto dele.

Elena, 6 anos.

Elena sofreu abusos sexuais do seu pai. Agora ela vive com a vó. No desenho, ela coloca sua avó e sua mãe bem grandes. Ela se sente protegida perto das duas. Ela também representa o seu pai transando com ela, bem pequeno, em cima das letras.

Miriam, 9 anos

Sofreu abuso psicológico. Sua mãe chegou na Espanha com 15 anos de idade e grávida dela. Ela era uma minoria racial por lá, e ela sofreu abusos dos colegas de classe por conta de sua etnia. Ela é a menor pessoa do desenho, que está envolvida com alguma coisa, representando sua solidão. No canto ela tinha escrito "me sinto sozinha" mas apagou porque tem vergonha disso.

David, 8 anos

Ele sofreu abuso sexual. No desenho, ele destaca os olhos e o pênis do agressor. Ele escreve também "marica" e "chupa-rolas". O agressor falava isso enquanto o estuprava.

Isabel, 8 anos

Foi abusada sexualmente pelo pai. No desenho ela retrata o momento do abuso. O pai colocou ela em uma cadeira pra penetrá-la por trás. Na parte superior da imagem, ela retrata o irmão mais novo dela, que ficou vendo tudo acontecer pela porta.

Joan, 8 anos.

No desenho ele coloca o cara que estupro ele numa gaiola, fechada com um cadeado, e a chave (no canto superior direito) protegida por espinhos, pra ninguém conseguir pegar.

Marina, 5 anos.

Era abusada pelo pai, que também obrigava ela a assistir filmes pornô. No desenho, ela retrata um dos filmes que ela assistiu. Ela disse ao especialista que nesses filmes as pessoas "ficavam peladas e faziam coisa feia".

Ester, 9 anos
Ela desenhou a posição que tinha que ficar quando o seu pai abusava dela.

Toni, 6 anos
O especialista pediu pra ele desenhar o cara que abusou dele. Ele disse "é um monstro". Destacou o pênis ejaculando.

Andrea, 10 anos
Representou como eram os abusos, onde ela tinha que tocar o pênis do cara, e ele tocava a vagina dela. Ela ficou com vergonha de responder as questões do psiquiatra, e aceitou escrever as respostas no desenho, por isso os "sims" e o não.

Victor, 7 anos
Ele era obrigado, aos 4 anos de idade, a fazer sexo oral no seu pai. A linha que sai da boca dele e vai até o pênis do pai representa a sua língua.

Fonte: Blog de Lucas Mombaque - Ovelhas Voadoras
Retirado de:Página oficial da exibição .