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terça-feira, 17 de setembro de 2013

Aos poucos, os negros ganham mais espaço no mercado de trabalho

As diferenças raciais persistem, mas há avanços. Em 10 anos, os negócios criados por negros cresceram 29% e, por brancos, apenas em 1%. Salários também subiram mais


"Tenho fé de que uma hora isso (o racismo) vai acabar. Nem que seja na hora em que o mundo acabar junto".  Febrônia Maria de Castro, a dona Dália, comerciante.

Foi capinando no interior da Paraíba, na área rural do município de Patos, que dona Dália aprendeu uma lição para a vida toda: “A história da gente é muito forte, meu filho. O que vale é a personalidade da pessoa. Pode ser preto, branco, o que for: se não tiver respeito e honestidade, não vale de nada”. Febrônia Maria de Castro é o nome de batismo dessa paraibana de 76 anos, viúva, dois filhos, dois netos e um comércio para cuidar de domingo a domingo, em Ceilândia.

Desde que desembarcou com a família na capital do país, em 1961, dona Dália “caça um meio de vida”. Antes de tomar gosto pelo comércio, trabalhou como ajudante de cozinha em restaurantes da então Cidade Livre — hoje Núcleo Bandeirante. Frequentou a escola até a 5ª série. Quando pensou em retomar os estudos, o marido adoeceu. Hoje, tem orgulho de cuidar do próprio negócio, do carro, da casa e de tantas outras conquistas que surgiram a partir dele.

Ânimo para trabalhar não falta. “Estou aqui todo dia”, conta a comerciante, que não entende o “tal do racismo”. “Tenho fé de que uma hora isso vai acabar. Nem que seja na hora em que o mundo acabar junto”, comenta. “O povo está criando mais educação. Está vendo que pode ter um pretinho beleza e um branco desmantelado, e vice-versa”, emenda dona Dália, que alimenta um único sonho: “Viver, né? Desfrutar das coisas, sabe como é? Mas não canso de trabalhar, não”.

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