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sexta-feira, 28 de novembro de 2014

Ministério da Saúde lança campanha contra racismo no SUS

O ministro da Saúde, Arthur Chioro, avaliou que o grande desafio da pasta é produzir igualdade em meio à diversidade Antônio Cruz/Agência Brasil

Paula Laboissière - Repórter da Agência Brasil
Edição: Valéria Aguiar

A condição de mulher negra com doença falciforme constantemente esbarra no desrespeito e no descaso quando Maria Zenó Soares procura atendimento no Sistema Único de Saúde (SUS). “Os profissionais de saúde não acreditam na dor que a gente sente. Acham que é exagero”, conta, ao avaliar que a população negra, em sua maioria, sofre racismo institucional na rede pública sem sequer saber que é vítima. “O que queremos é ser respeitados enquanto seres humanos que somos”.

Diante de casos como o de Maria Zenó, o governo federal lançou hoje (25) a primeira campanha publicitária que busca envolver usuários do SUS e profissionais de saúde no enfrentamento ao racismo institucional. Com o slogan"Racismo faz mal à saúde. Denuncie!", a iniciativa visa a conscientizar a população de que a discriminação racial também se manifesta na saúde.

A campanha prevê ainda que, por meio do Disque Saúde 136, as pessoas possam denunciar qualquer situação de racismo que tenham presenciado, além de se informar sobre doenças mais comuns entre a população negra e que exigem maior acompanhamento, como a doença falciforme e o diabetes tipo 2.

Dados do Ministério da Saúde indicam que uma mulher negra recebe menos tempo de atendimento médico do que uma mulher branca. Os números mostram que, enquanto 46,2% das mulheres brancas tiveram acompanhante no parto, apenas 27% das negras utilizaram esse direito. Outro levantamento revela que 77,7% das mulheres brancas foram orientadas sobre a importância do aleitamento materno, enquanto 62,5% das mulheres negras receberam essa informação.

Segundo a pasta, as taxas de mortalidade materna infantil entre a população negra são superiores às registradas entre mulheres e crianças brancas. Os números mostram que 60% das mortes maternas ocorrem entre mulheres negras e 34% entre mulheres brancas. Já na primeira semana de vida, a maioria das mortes é registrada entre crianças negras (47%) entre as brancas, o índice é 36%.

O ministro da Saúde, Arthur Chioro, avaliou que o grande desafio da pasta é produzir igualdade em meio à diversidade. “Dados importantes mostram como a desigualdade e o preconceito produzem mais doença, mais morte, mais sofrimento”, disse. “O que mais pode justificar essa diferença [no atendimento a brancos e negros no SUS] que não seja o preconceito e o racismo institucional”, questionou.

Segundo Chioro, é preciso conscientizar os profissionais de saúde da rede pública sobre a existência do racismo institucional e a necessidade de combatê-lo, além de enfrentar mitos como o de que o negro é mais resistente à dor e, por isso, não precisa de medicação para aliviar o sofrimento. “Não podemos tolerar o preconceito ou nenhuma forma de racismo na saúde”, concluiu.

A campanha vai ser veiculada de 25 a 30 de novembro. Ao todo, 260 mil cartazes e 260 milfolders vão ser distribuídos nas unidades de saúde aos profissionais e à população em geral.

Campanha mobiliza população contra racismo na rede pública de saúde


Com o slogan Racismo faz mal à Saúde. Denuncie!, a Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República (SDH/PR) e o Ministério da Saúde lançaram, nesta terça-feira (25), uma campanha nacional para mobilizar os usuários e profissionais da rede pública de saúde contra a discriminação racial. Na solenidade de lançamento, a ministra dos Direitos Humanos, Ideli Salvatti, destacou que a campanha demonstra o empenho do Estado brasileiro em combater esta prática no país.

Do: SDH,
“O governo está cada vez mais imbuído da necessidade de ampliar as políticas públicas e a igualdade de oportunidades a todos os brasileiros e brasileiras, independentemente da raça, do local de nascimento e da condição econômica. Isto é uma questão central de fortalecimento da democracia”, afirmou. “Todos têm e precisam ter oportunidades e direitos iguais mesmo sendo absolutamente diferentes.”

A ministra lembrou a criação, no dia último dia 20, do Grupo de Trabalho Interministerial que deverá monitorar e mapear os crimes contra os direitos humanos em redes sociais, inclusive os casos de racismo. “Fizemos o lançamento do Grupo de Trabalho no Dia Nacional da Consciência Negra porque o racismo é um dos principais crimes de ódio colocados nas redes sociais. Vamos trabalhar muito atentamente para localizar a origem e quem dissemina essa prática dentro da lógica de que o crime virtual mata”, explicou.

Mobilização: A campanha foi motivada por relatos de discriminação e números que revelam a expressão do racismo no Sistema Único de Saúde (SUS). Segundo dados do Ministério da Saúde, uma mulher negra recebe menos tempo de atendimento médico do que uma mulher branca. Enquanto 46,2% das pacientes brancas tiveram acompanhamento no parto, apenas 27% das negras utilizaram esse direito. Além disso, as taxas de mortalidade materna e infantil na população negra são muito acima das registradas entres as mulheres e crianças brancas.

Na avaliação do ministro da Saúde, Arthur Chioro, os números evidenciam o “racismo institucional” no âmbito do SUS. “Esses dados mostram que a discriminação e o preconceito produzem mais doença, morte e sofrimento. É uma dimensão de que ainda não temos um país igual”, concluiu.

Por meio do Disque Saúde 136 as pessoas poderão denunciar qualquer situação de racismo que tenha presenciado ou obter informações sobre doenças mais comuns entre a população negra e que exigem um maior acompanhamento.

Os profissionais do Disque Saúde passaram por treinamento para identificar as denúncias caracterizadas como racismo, que serão direcionadas aos órgãos competentes.


Fonte: Geledés

Rappin Hood, consciente e na atividade


Para marcar o 20 de novembro de 2014, Dia da Consciência Negra, o editor do site da UNE, Rafael Minoro, bateu um papo com Rappin’ Hood sobre preconceito, começo da carreira, negro na política e manifestações.

Hood está com um novo trabalho engatilhado, o discoSujeito Homem 3, que encerra uma trilogia das mais criativas e importantes para o mundo da música brasileira. A pegada samba-rap, como ele mesmo define o seu som, continua forte e algumas faixas já estão circulando pela internet. Hood fala ainda sobre o quase encerramento da sua carreira, lembra Sabotage e lamenta o extermínio da juventude negra no país.

Confira a entrevista na íntegra:

Rafael Minoro: Onde estava e o que estava fazendo o Rappin’ Hood no dia 20 de novembro de 1994 e onde está e o que está fazendo o Rappin Hood 20 anos depois?

Rappin Hood: Em 1994 eu estava numa reunião no Geledés, instituto da mulher negra, um evento onde estudávamos formas de fazer com que essa data fosse reconhecida e hoje 20 anos depois me vejo feliz pelo reconhecimento da data mas ainda querendo mudanças, muitas mudanças pois a luta ainda continua. Estarei fazendo shows nesse dia, a militância segue.

Como é que o Júnior vai se transformar no Rappin’ Hood? De onde veio o incentivo para buscar uma carreira na música? Foi o meio em que você vivia, a sua realidade, a sua situação, isso serviu como um pilar, um catalisador para a sua arte?

Sim, todo esse conjunto de fatores colaborou no resultado final, foi a porta que encontrei para seguir, a música é um ótimo caminho, eu faria tudo de novo. No hip hop encontrei a veia certa, devo tudo que tenho ao hip hop. Eu era um garoto e ouvi as batidas de [Afrika] Bambaataa e quando vi Pepeu, Thaide, Metralhas percebi que estava inserido, que eram iguais a mim e assim incentivado pelo finado DJ Natanael Valencio comecei a me apresentar em bailes e eventos. Tudo começou assim…

A sua madrinha e parceira Leci Brandão foi reeleita em 2014 deputada estadual em São Paulo. Quando ela se lançou na política foi uma surpresa e recebeu críticas e elogios. Você tem acompanhado o trabalho dela na Assembleia? Qual a sua opinião sobre a entrada na política de figuras como a Leci? Faltam ainda nas câmaras e assembleias parlamentares que representem, por exemplo, o rap? Na sua opinião, por que o rap, mesmo sendo hoje um movimento grande, organizado, com ramificações em outras áreas da arte, não consegue eleger os seus representantes diretos?

A querida Tia Leci sempre foi militante e politizada e apesar dos críticos está desenvolvendo um belo trabalho lá na Assembleia. É muito bom ter uma representante da mulher negra lá, ela tem um olhar diferente para o povo e espero que ela siga firme nos propósitos, torço por ela. Acredito que ela estava preparada para o cargo. O rap chegará lá quando for o momento certo, por enquanto me sinto representado por ela que está abrindo caminho pra nós chegarmos no futuro. Eu não tenho essa pretensão, mas espero ver algum dos meus irmãos lá, seria bom para o hip hop.

Quais as novidades que você pode adiantar sobre o seu novo trabalho? Já tem previsão de lançamento? Escutamos algumas já, uma, inclusive, um recado para os políticos…

Vem aí Sujeiro Homem 3 e o que posso adiantar é que vem bastante coisa nova, mais de 20 músicas, um cd duplo. A parte samba rap de meu trabalho conta com a produção do Maestro Rildo Hora e com participações de peso como Zeca Pagodinho e Martinho da Vila. Já nos beats, trabalhei novamente com Dj Luciano e Parteum e já soltamos o vídeo de “Ó auê aí o”, música que fala dos protestos.

Como o Rappin Hood, um cara que sempre foi militante do rap, envolvido com projetos sociais, enxergou as manifestações de junho? Você estava acordado ou dormindo?

O Rap sempre esteve acordado, sempre denunciamos isso. O Rap nunca dormiu.

O seu disco novo fecha uma trilogia? Quando lançou o Sujeito Homem, pensava em fazer mais dois discos e fechar um ciclo? Sobre o que essa trilogia falou? O novo trabalho fecha também uma carreira como cantor de rap? Você vai mesmo se aposentar ou voltou atrás?

Sim, fecha uma trilogia, um ciclo. Passei a pensar nisso só quando fiz o segundo cd. Cada cd é um filme e cada filme é diferente um do outro mas com certeza tem um norte a ser seguido, uma raiz a qual sigo, mas estou feliz de fechar essa fase. O terceiro trará gratas surpresas, espero que curtam. Virão outros trabalhos com certeza, a aposentadoria ficou pra depois, eu estava com problemas pessoais, minha mãe estava muito doente e eu disse que pararia, mas a finada Dona Beth me fez prometer que não pararia e por isso estou aqui mais firme que nunca.

Por ser uma figura pública, por cantar rap, que é um estilo carregado de preconceitos e estereótipos, você acha importante passar essa positividade para o público, principalmente para jovens e crianças. Sua postura, a do Sabotage, que também estava sempre “de boa“, e outras figuras como vocês quebram um pouco uma barreira que existe, meio que simbolicamente, entre a alegria e o rap, a coisa boa e a favela?

Não nasci de mal com o mundo o mundo que nos trata mal né!!! Mas tento canalizar pro lado bom, transmitir coisas boas, o mundo já tá tão louco, tento transmitir positividade, uma mensagem de paz, autoestima. Acho que esse é meu papel na sociedade também.

O que mais você se lembra do Sabotage? Qual a cena que você sempre se pega pensando quando lembra dele? Em um exercício de futurologia, o que o Sabotage estaria fazendo no final deste ano de 2014?

Poxa, que saudade! Lembro de vários momentos, mas um que me marcou foi a alegria dele ao instalar o chuveiro elétrico em seu barraco, ali na favela do boqueirão, ele ficava feliz em cada vitória, cada passo que dava, eu acredito que hoje ele estaria gigante como rapper, como ator, acho que estaria fazendo filmes e até novela, por que não? Ele era pra frente, muito inteligente, grande amigo e parceiro querido. Pode crê, mano, Sabotage vive!

Qual o seu envolvimento com a Faculdade Zumbi dos Palmares, uma instituição de ensino voltada para a inclusão do negro no ensino superior? E qual a sua opinião sobre políticas como a das cotas para afrodescendentes no ensino superior público?

Eu sou um ex-aluno da Zumbi, estudei administração lá por quase dois anos mas parei por conta dos compromissos profissionais. Eu acredito que as cotas não resolvem mas ajudam, são uma conquista de nosso povo quer gostem ou não, lá nos EUA isso também aconteceu, acho normal. No Brasil trouxe controvérsia, mas o que não é controverso aqui?

“Ser negro corresponde a [fazer parte de] uma população de risco: a cada três assassinatos, dois são de negros”, afirmam os pesquisadores Almir Oliveira Júnior e Verônica Couto de Araújo Lima, autores do estudo divulgado pelo Ipea e que revelou que a possibilidade de um adolescente negro ser vítima de homicídio é 3,7 vezes maior do que a de um branco. Ainda o assusta sermos um país onde existe o extermínio da juventude negra?

Essa é uma verdade há tempos dita e denunciada pelo rap. O tempo passa e nada muda, infelizmente. Acredito que nosso maior desafio seja esse, nos mantermos vivos. Esse fato não me assusta e sim me entristece pois estamos num novo século e a humanidade ainda não entendeu que somos todos irmãos. Que pena!

Confira o novo clipe de Rappin Hood: 


Fonte: Geledés

Ação Periferia | Programa Ação Periferia Dia 22 De Novembro 2014



Proposta de Reforma da Polícia Militar

Nós, da Rede Urbana de Ações Socioculturais (RUAS), reconhecemos a importância da polícia. Acreditamos, sobretudo, em uma polícia desmilitarizada e mais humana, que trata as pessoas com respeito e dignidade enquanto protege os cidadãos e cidadãs. Essa polícia, infelizmente, ainda não é uma realidade em nosso país, como é em outros diversos países, mas ainda assim, acreditamos na polícia.

Acreditamos na polícia, mas a polícia não sabe quem somos nós, quem está por debaixo do boné aba reta ou dos dreadlocks. Trata-nos como “suspeito padrão” e nos revista, nos expondo a situações constrangedoras diante de olhares curiosos e tementes de passantes. Muitos de nossos colaboradores e gestores da RUAS já passaram por isso. Apenas uma polícia desmilitarizada e socialmente engajada compreende a importância de romper com o ciclo do racismo institucional e outras mazelas a ele atreladas.

O tema requer muito diálogo e envolvimento com a causa, que está para além de uma divisão entre policiais e bandidos, ricos e pobres, negros e brancos. E isso nos faz pensar que um diálogo com a instituição se faz novamente necessário. Um diálogo institucionalizado, de onde possa sair propostas em curto prazo. No mesmo ritmo que a nossa juventude negra de periferia está morrendo, assim deve ser a resposta deste órgão que deve atuar sim, no combate à violência, mas com vistas a proteger e não a reprimir os cidadãos.

Acreditamos que a polícia deve sim, cuidar da criminalidade, da prevenção do crime, usar as tecnologias para investigação, realizar ações integradas para prevenir tráfico de armas, drogas e pessoas, prostituição infantil, lavagem de dinheiro, crimes cibernéticos entre outros. Referendamos ainda que, a abordagem policial como ação preventiva é importante e necessária, mas existem normas de procedimentos aprovadas pela ONU que o Brasil é signatário que orientam quanto a abordagem. O policial militar deve usar a educação, se identificar, explicar a ação, pedir os documentos do cidadão e por fim, caso nada constar, agradecer ao cidadão por colaborar com o trabalho, ou seja, o diálogo é a principal ferramenta de abordagem, avaliação e ação.

Ao contrário do que se pensa a desmilitarização da polícia não significa menos controle social, ou que o policial andaria desarmado, e sim, que para além de qualquer armamento, a proximidade à comunidade atendida e o debate sobre suas necessidades seria a prioridade na atuação dos profissionais. É preciso haver uma discussão, por exemplo, do tipo de armamento a ser utilizado, se há necessidade de portar um calibre 38, quando uma arma menos letal seria suficiente para imobilizar e prender uma pessoa que não apresenta risco iminente (uma pessoa desarmada, como está a maioria dos jovens abordados). O investimento em armas menos letais e, consequentemente, mais baratas, faria sobrar mais recursos para uma relação mais tranquila e menos bélica entre a polícia e os cidadãos a quem visa proteger. Uma polícia próxima à comunidade, que a respeita e a protege (e não a reprime) seria o primeiro passo rumo a uma cultura de não violência.

Infelizmente, tudo isso ainda é uma utopia. Ainda vivemos a realidade apresentada por estatísticas alarmantes. Dados da Organização das Nações Unidas (ONU), Mapa da Violência, Conselho Nacional de Justiça, Ministério Público Federal, revelam um triste fato: temos uma polícia racista, que mata sem investigações, fragmentada nela mesma (militar, civil, Federal), e atrasada perante as outras polícias do mundo. A brasileira é uma das que mais matam no mundo (ultimosegundo.ig.com.br/brasil/crimes…do-mundo.html ) .

Ao sabermos da notícia de que teríamos centenas de policiais novos nas ruas do Distrito Federal, comemoramos, pois sempre é possível começar de novo e repensar a formação das antigas turmas. Mas ainda não nos deram a chance de conhecê-los. Eles ainda não apareceram nas nossas quebradas. Talvez fosse um bom exercício para eles, e também para nós, como num estágio, que começassem seu novo trabalho, tão essencial para uma sociedade em equilíbrio, aqui, com as centenas de jovens dos projetos sociais, conversando com as associações de mães, de bordadeiras, nas escolas próximos de nossos alunos. Mas não. Eles não estão aqui.

Ainda assim, acreditamos na polícia, e a temos como parceira em ações estratégicas nos nossos eventos e em discussões sobre segurança pública. Em 2012, por exemplo, o Programa Jovem de Expressão (maior projeto executado pela RUAS) trabalhou o tema “Segurança Pública” com oficinas, palestras, e visitas ao 8º Batalhão (Ceilândia). Tivemos um link ao vivo na TV Record, juntamente com o Tenente Coronel representante deste batalhão na época, que, juntamente com seu batalhão, ouviu nossas demandas, em especial levadas a ele pelo Programa Educação para Cidadania e Segurança (EDUCS). Para, além disso, traçamos parcerias, conversas e contribuições diversas com o Programa Pró-Vítima, a Rede Social de Ceilândia, ONG’s, e grupos culturais com atuação nessa temática.

No dia 8 de novembro de 2012, fizemos um grande encontro no Centro Universitário IESB, Campus Ceilândia: “Diálogos com a juventude – Segurança Pública”. Cerca de 200 pessoas participaram e discutiram os eixos transversais do encontro, que foram: Mortalidade juvenil, Revitalização dos espaços urbanos, e Juventude e polícia. Entre os participantes estavam líderes comunitários, PMDF, Bombeiros, Polícia Civil, ONU, IESB, e outras entidades ligadas ao tema.

Caros senhores, este extenso relato se faz necessário para que entendam que este diálogo é urgente e caro para nós. Que somos parceiros, e não adversários, na luta para tornar nossas quebradas locais seguros e tranquilos, com qualidade de vida para seus moradores. Quanto mais demorado esse diálogo for, mais jovens sofrerão nas ruas manchadas de sangue, que os rap’s periféricos alertam há muito tempo. Acreditamos que o primeiro passo para este diálogo seja a aproximação, profissionais pouco burocráticos e muito comprometidos com a vida. Jogamos contra o tempo e sabemos que a burocracia, os tratados assinados pouco fazem parar a enxurrada de sangue derramado nas vielas onde nascemos.

Sendo assim, nós, em nome da RUAS e das ruas, registramos que:

1) Somos contra qualquer ato de abuso de poder;
2) Não somos contra a polícia, mas contra a forma militar como ela se organiza. É preciso discutir a desmilitarização;
3) Precisamos avançar com ouvidorias independentes e corregedorias espalhadas nas cidades;
4) É necessário ampliar o debate de se implementar uma Policia realmente comunitária, com Uso Progressivo da Força e Cidadã;
5) A fim de que a população conheça sua polícia, faz-se necessário que seja publicado o nome dos comandantes por área e que o mesmo participe das rede sociais locais e de foros de dialogo com a comunidade de forma permanente;

Contudo, pedimos diálogo, pois uma das nossas bandeiras é o enfrentamento ao genocídio da juventude negra. Convidamos o Secretário de Segurança do Distrito Federal e o Comandante Geral da Polícia Militar ao diálogo.
Viva a juventude! Vida aos nossos jovens negros! Juventude NEGRA VIVA.

Rede Urbana de Ações Socioculturais.

Ouça e escute o programa:

Aquecimento | Marcha das Mulheres Negras 2015


Mulherada preta de Brasília - no próximo sábado vamos fazer as filmagens do vídeo-chamada especial para a Marcha das Mulheres Negras 2015. Levem suas mães, filhas, sobrinhas amigas, namoradas, vizinhas e amoras em geral.

Anotem aí. Sábado, 29 de novembro, na área externa do Museu da República, a partir das 15h - aparecer bonitonas no vídeo da Marcha das Mulheres Negras 2015! Fechou?

Racionais MC’s lança seu novo álbum, “Cores e Valores”


Após 12 anos de espera, o novo disco do grupo de rap mais importante do país já está disponível. Na música “A praça”, Mano Brown, Ice Blue, Edi Rock e KL Jay dão sua versão sobre o polêmico show de 2007 na Virada Cultural.

Por Igor Carvalho no SpressoSP,
Desde 2002, eles não lançavam um disco novo. Mas, na madrugada desta terça-feira (25), a espera acabou. O Racionais MCs acabou de lançar “Cores e Valores”, o oitavo álbum da carreira do grupo.

O tempo de duração do disco surpreendeu os fãs, acostumados com canções extensas. Ao todo, as 15 faixas do novo álbum somam 35 minutos. A música “O mau e o bem”, com 5 minutos, é a mais longa.

Na música “A praça”, o grupo relembra o show na Virada Cultural de 2007, quando o público foi surpreendido por uma ação truculenta da polícia. Desde então, o Racionais MCs não se apresentou no evento paulistano. O hiato só foi interrompido em 2013.

Na música, a ação policial é criticada pelo grupo. “Chamaram a Força Tática, Choque e a cavalaria. Polícia despreparada, violência em demasia.” (veja o vídeo)

Na foto de capa do álbum, Mano Brown, Ice Blue, KL Jay e Edi Rock se vestem de garis armados. Um deles, carrega malotes. O show de lançamento do disco será dia 20 de dezembro, no Espaço das Américas, em São Paulo.

Aumente o som e confira:


O disco foi disponibilizado para compra em uma loja virtual, por R$ 9,99.

Fonte: Geledés

quinta-feira, 27 de novembro de 2014

Ver TV entrevista a jornalista Luciana Barreto


O Ver TV entrevista a apresentadora do Repórter Brasil, Luciana Barreto. Ela conversa sobre a representação do negro na televisão, seus estereótipos, a imagem passada para as crianças e importância da TV na construção de uma identidade positiva do negro. Assista:


Fonte:tvbrasil.

Conheça 10 filmes que trazem reflexões sobre o racismo


No mês da Consciência Negra, Brasil de Fato seleciona filmes sobre o negro no Brasil e no mundo

Na última quinta-feira (20), no Dia Nacional da Consciência Negra, o Brasil de Fato selecionou dez filmes que trazem reflexões sobre o problema do racismo no Brasil e no mundo. Entre eles, está “A Outra História Americana”, de Tony Kaye, que retrata a violência e o ódio ao mostrar os crimes de uma gangue racista de skin heads, formada por integrantes neonazistas, nos Estados Unidos.

Outro escolhido é “A Negação do Brasil”, de Joel Zito Araújo. O documentário é uma viagem na história da telenovela no Brasil e particularmente uma análise do papel nelas atribuído aos atores negros, que sempre representam personagens mais estereotipados e negativos.

Acompanhe abaixo o trailer dos dez filmes selecionados:

1.Faça a Coisa Certa (Spike Lee – 1989)


Sal (Danny Aiello), um ítalo-americano, é dono de uma pizzaria em Bedford-Stuyvesant, Brooklyn. Com predominância de negros e latinos, é uma das áreas mais pobres de Nova York. Ele é um cara boa praça, que comanda a pizzaria juntamente com Vito (Richard Edson) e Pino (John Turturro), seus filhos, além de ser ajudado por Mookie (Spike Lee). Sal decora seu estabelecimento com fotografias de ídolos ítalo-americanos dos esportes e do cinema, o que desagrada sua freguesia. No dia mais quente do ano, Buggin’ Out (Giancarlo Esposito), o ativista local, vai até lá para comer uma fatia de pizza e reclama por não existirem negros na “Parede da Fama”. Este incidente trivial é o ponto de partida para um efeito dominó, que não terminará bem.

2. Hotel Ruanda (Terry George - 2004)


O filme Hotel Ruanda, do diretor Terry George, lembra uma das maiores e mais brutais chacinas já perpetradas na história: o assassinato de 800 mil ruandeses da etnia tutsi pela etnia rival, os hutus. Com diferenças mínimas de “raça”, as duas populações têm séculos de ódio acumulado, que explodiram em 1994, com a morte do ditador Juvenal Habyarimana. Armados de facões e paus, os tutsis eliminaram 20% da população do pequeno país africano, durante 100 dias ignorados pela comunidade internacional. Observado pelos olhos de Paul Rusesabagina (Don Cheadle, indicado ao Oscar), gerente de um hotel que ajudou a esconder e salvar 1.200 tutsis e se tornou um herói humanitário, o massacre eternizado no filme é tão ilustrativo do ódio racial no passado recente quanto A Lista de Schindler, de Steven Spielberg, ajudou a iluminar o genocídio nazista para as novas gerações.

3. A Outra História Americana (Tony Kaye – 1998)


Um dos melhores filmes sobre o tema racial da década de 1990, não poupa o espectador da violência e do ódio ao mostrar os crimes de uma gangue racista de skin heads, formada por integrantes neonazistas, nos Estados Unidos. O filme tem o poder de mostrar como o ódio racial acaba com a vida tanto de agressores quanto de agredidos, e é contundente, principalmente pela mensagem e pela ótima interpretação de Edward Norton.

4. Malcolm X (1992)


No país “civilizado” onde o racismo se tornou política explícita, também surgiram notáveis líderes humanitários, como Martin Luther King e o que dá nome a este filme. Malcolm X é a biografia do carismático (e brilhante) missionário do Islã, que propunha a emancipação dos negros americanos numa comunidade separada dos brancos, nos anos 1960, antes de ser brutalmente assassinado. É também a obra-prima do mais ruidoso opositor do racismo no cinema, o diretor Spike Lee. Se, em filmes como Faça a Coisa Certa e A Hora do Show, ele produz obras panfletárias, didáticas, ainda que carregadas de ironia, em Malcolm X ele aposta na dimensão humana e trágica do racismo, o que, somado ao escopo épico e à fluidez narrativa, dignos de grandes mestres americanos (Scorsese, Coppola, Kubrick), mais o melhor desempenho da carreira de Denzel Washington, só poderia dar nisso: Um filme essencial sobre a questão racial e uma das obras essenciais do cinema.

5. A Negação do Brasil (Joel Zito Araújo – 2001)


O documentário é uma viagem na história da telenovela no Brasil e particularmente uma análise do papel nelas atribuído aos atores negros, que sempre representam personagens mais estereotipados e negativos. Baseado em suas memórias e em fortes evidências de pesquisas, o diretor aponta as influências das telenovelas nos processos de identidade étnica dos afro-brasileiros e faz um manifesto pela incorporação positiva do negro nas imagens televisivas do país.

6. Quanto Vale Ou É Por Quilo? (Sergio Bianchi – 2005)


Adaptação livre do diretor Sérgio Bianchi para o conto “Pai contra Mãe”, de Machado de Assis, Quanto Vale ou É Por Quilo? desenha um painel de duas épocas aparentemente distintas, mas, no fundo, semelhantes na manutenção de uma perversa dinâmica sócio-econômica, embalada pela corrupção impune, pela violência e pelas enormes diferenças sociais. No século XVIII, época da escravidão explícita, os capitães do mato caçavam negros para vendê-los aos senhores de terra com um único objetivo: o lucro. Nos dias atuais, o chamado Terceiro Setor explora a miséria, preenchendo a ausência do Estado em atividades assistenciais, que na verdade também são fontes de muito lucro. Com humor afinado e um elenco poucas vezes reunido pelo cinema nacional, Quanto Vale ou É Por Quilo? mostra que o tempo passa e nada muda. O Brasil é um país em permanente crise de valores.

7. Ao Mestre Com Carinho (1967)


Possivelmente o mais adorado filme que trata da relação professor versus aluno. O longa mostra Sidney Poitier - no auge da carreira - como um professor negro em uma escola de alunos predominantemente brancos. O maior desafio do professor Mark, porém, não é lidar com as diferenças raciais - embora elas existam - e sim com a falta de disciplina de boa parte dos estudantes.

8. Agosto Negro (Samm Styles – 2007)


do ativista condenado George Lester Jackson (Gary Dourdan, da série CSI) se torna o estopim para uma revolução, dando início a mais sangrenta rebelião ocorrida em toda a história do presídio de San Quentin. Agosto Negro narra a jornada espiritual e a violenta fé de Jackson, desde sua condenação por roubar 71 dólares de um posto de gasolina até galvanizar a Família Black Guerrilla com seu incendiário livro, criado a partir de cartas, Soledad Brother, ou espalhar ferocidade nos corredores de San Quentin em um dia de agosto, quando seu irmão mais novo, Jonathan, chocou o país ao fazer refém toda uma corte de justiça na Califórnia, em protesto pelo julgamento de Jackson. Para o militante George Jackson, a revolução não era uma escolha, mas uma necessidade.

9. Bróder (Jeferson De – 2011)


Capão Redondo, bairro de São Paulo. Macu (Caio Blat), Jaiminho (Jonathan Haagensen) e Pibe (Sílvio Guindane) são amigos desde a infância e seguiram caminhos distintos ao crescer. Jaiminho tornou-se jogador de futebol, alcançando a fama. Pibe vive com Cláudia e tem um filho com ela, precisando trabalhar muito para pagar as contas de casa. Já Macu entrou para o mundo do crime e está envolvido com os preparativos de um sequestro. Uma festa surpresa organizada por dona Sonia (Cássia Kiss), mãe de Macu, faz com que os três amigos se reencontrem. Em meio à alegria pelo reencontro, a sombra do mundo do crime ameaça a amizade do trio.

10. Histórias Cruzadas (Tate Taylor – 2012)



Jackson, pequena cidade no estado do Mississipi, anos 60. Skeeter (Emma Stone) é uma garota da sociedade que retorna determinada a se tornar escritora. Ela começa a entrevistar as mulheres negras da cidade, que deixaram suas vidas para trabalhar na criação dos filhos da elite branca, da qual a própria Skeeter faz parte. Aibileen Clark (Viola Davis), a emprega da melhor amiga de Skeeter, é a primeira a conceder uma entrevista, o que desagrada a sociedade como um todo.Apesar das críticas, Skeeter e Aibileen continuam trabalhando juntas e, aos poucos, conseguem novas adesões.

Governo lança telefone para denúncia de racismo em hospitais e postos

Foto: Divulgação

O Ministério da Saúde lançou nesta terça-feira (25), em Brasília, uma campanha para incentivar denúncias de racismo no Sistema Único de Saúde (SUS). O slogan da campanha é: “Racismo faz mal à Saúde. Denuncie!”.

Por meio do número 136, do Disque Saúde, as pessoas poderão denunciar qualquer situação de racismo que tenham presenciado ou sofrido em ambientes da rede pública de saúde.

A ação é feita em conjunto com a Secretaria de Direitos Humanos e a Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, e leva em conta casos de racismo informados ao Ministério da Saúde. Dados do ministério demonstram que uma mulher negra recebe menos tempo de atendimento médico do que uma mulher branca.

“Não é o SUS que é racista. O SUS expressa, através dele, aquilo que a sociedade produz”, disse André Bonifácio, Secretário de Gestão Estratégica e Participativa do Ministério da Saúde, durante o anúncio.

Os profissionais do Disque Saúde passaram por treinamento para identificar denúncias caracterizadas como racismo e, ao serem identificadas, serão direcionadas aos órgãos competentes. Os casos servirão de mote para a criação de novas políticas públicas que impeçam o racismo no SUS.

A campanha está sendo lançada pouco depois do Dia da Consciência Negra, celebrado em 20 de novembro.

“Produzir a igualdade na diversidade que é o grande desafio”, disse o ministro da Saúde Arthur Chioro. “Dados mostram que o preconceito produz mais doenças, mais mortes e sofrimento”, afirmou o ministro.

Saúde dos negros
Através do número 136, a população poderá, ainda, obter informações sobre doenças mais comuns entre os negros e que exigem um maior acompanhamento. Caso do diabetes tipo 2, por exemplo, tem taxa de mortalidade, a cada 100 mil habitantes, de 34,1 habitantes entre os negros, enquanto na população parda, a doença atinge 29,1 habitantes e, entre a branca, 22,7.

A anemia falciforme também é encontrada em maior escala entre a população negra.

O Ministério da Saúde iniciou ainda duas novas ações para reforçar o combate ao racismo no SUS. Em uma delas, mais de 2,4 mil profissionais de saúde foram inscritos em módulo virtual de educação à distância sobre Saúde Integral da População Negra.

Cem projetos de pesquisa científica voltados para a saúde da população negra foram inscritos em iniciativa conjunta com a CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico).

A ação também marca os dez anos da Política de Saúde da População Negra. que, segundo a pasta, firmou compromisso para a construção da equidade racial em saúde para a população negra, com atenção às comunidades quilombolas.

Fonte: jatv

Quando um homem esfrega teoria na nossa cara: sobre Jean Wyllys e a mulher negra que ousa falar


atrasadA
eu tô um pouco sim (…)
seu jogo é sujo
e eu não me encaixo…
(“Negro Drama”, Racionais MCs – com as devidas adaptações de gênero)

A véspera do dia 20 de Novembro não foi nada fácil para nós, mulheres negras. Como se não bastassem os recorrentes ataques deslegitimadores daqueles que evocam a “consciência humana” – ou, ainda pior, a “consciência branca” (a cidade de Sertãozinho que o diga) -, tivemos uma série de acontecimentos que afetaram diretamente nosso círculo feminista negro.

O primeiro deles foi o ataque a nossa irmã do Blogueiras Negras, Charô Nunes, que acabou sendo vítima de um cara cuja profissão (sic) é a própria manifestação da barbárie misógina promovida contra mulheres negras: Julio César, o autointitulado “mulatólogo”, fez um post em seu blog expondo nossa companheira e deslegitimando seu trabalho. O discurso desse indivíduo recorria, como era de se esperar, à constante desqualificação do lugar da mulher negra empoderada: o tal “mulatólogo” chega, inclusive, a duvidar da formação intelectual de Charô, afirmando que ela “se autointitula arquiteta” (como se “mulatólogo” fosse algo além de uma invenção perversa da cabeça dele…). Felizmente a sororidade preta não falha, e nos unimos numa campanha em apoio à Charô para acabar com esses ataques preconceituosos e deslegitimadores.

O segundo caso teve a participação da desastrosa série Sexo e as negas, dirigido por Miguel Falabella, ambos severamente criticados pelos círculos feministas negros. Jean Wyllys, parlamentar do PSOL e também proclamado “defensor das minorias”, esqueceu de ouvir a uma delas (mulheres negras) e soltou um vídeo em sua página no facebook em apoio ao seriado global, para uma campanha chamada#euamosexoeasnegas. No vídeo, o deputado afirma adorar a cultura de massa, especialmente as telenovelas, e destaca a importância do diretor do seriado machista, a quem credita muita generosidade por dar “oportunidade” aos intérpretes negros. Jean ainda reclama de uma parte do movimento negro que, segundo ele, criticou a série sem antes assisti-la e a julgou “apenas” pelo título. Ele fala que a série, ao contrário do que afirma essa suposta “ala radical do MN”, é “inteligente” e trata de uma “nova representação dos negros na TV”. Em seguida, Jean pede a Falabella uma segunda temporada de Sexo e as negas…

Ao apoiar e, por extensão, legitimar o seriado dirigido por Falabella, Jean silenciou nossas críticas. Só quem é mulher negra sabe o que significa ter sua identidade associada a hiperssexualização, algo que a Rede Globo sempre explorou muito bem em suas produções. Só quem é mulher negra periférica sabe o quanto pesa a repercussão diária das produções desta emissora, que visam arquetipar a favela e aquilo que a pertence. De Adelaide de “Zorra Total” (uma personagem negra que vive a pedir esmola nos vagões de trem, interpretada por um ator que se utiliza da técnica “blackfaced”) às personagens rasas de Sexo e as negas, temos um ponto em comum: a construção da mulher negra periférica que convém à elite branca global, aquela que pena na miséria do possível e que se encontra distante do espaço de produção do conhecimento. Afinal, onde estão as autoras negras de telenovelas? De seriados humorísticos? Onde estão as intelectuais negras para compor as mesas redondas de debates políticos, tão comuns nos telejornais?

O terceiro episódio, novamente protagonizado pelo deputado, ocorreu em Brasília durante o evento SERNEGRA, em que um dos debates contou também com a presença de Maria de Fátima, técnica em enfermagem e mãe do dançarino DG, assassinado brutalmente pela polícia carioca. Nesta mesa, Jean se utilizou de um espaço de fortalecimento das mulheres negras para, novamente, deslegitimá-las. Em sua defesa apaixonada pela cultura de massas – principalmente pelo aspecto da possibilidade de ressignificação que as classes populares podem conferir à obra televisiva – o deputado reitera sua última leitura de Sexo e as negas, confirmando que a série pode ser apropriada, na perspectiva de leitura ambivalente, e produzir um conteúdo questionador. A estratégia retórica de Jean no espaço do SERNEGRA é, obviamente, diferente daquela utilizada no vídeo de veiculação virtual. Ao firmar os dois pés no espaço acadêmico do IFB – aliás, muito bem acomodados, graças ao salário milionário de deputado – Jean assume a persona pedante de professor universitário. O tom de sua voz é firme e resistente (resiste a quê?), seus gestos são incisivos: ele quer nos iluminar – ou como ele mesmo diz, “não fala de achismo”. Jean se utiliza de seu vasto currículo parlamentar em prol das minorias para legitimar seu discurso. Distorce a fala de uma mulher negra, afirmando ter sua negritude desqualificada, quando o que estava em jogo era o respeito ao protagonismo de mulheres negras. Depois se coloca na posição de especialista em teoria da comunicação. Cita Jean Baudrillard. Gramsci. Différance, de Derrida. Ao empreender a tarefa da abstração, Jean Wyllys violenta simbolicamente aquelas cujo incômodo parte da concretude e dureza de ser mulher negra diariamente. Ignorar a leitura da mulher negra, que parte de sua vivência, e assumir a via academicista da carteirada, é uma das formas mais perversas de nos afastar de espaços que historicamente nunca nos pertenceu. Constantemente a mulher negra que ousa falar em espaços acadêmicos é deslegitimada. É recorrente ouvirmos: “você está desrespeitando a instituição”, “você precisa estudar mais para entender sobre isso”, “você utiliza a sua vivência para entender algo que você não entende”, “você está muito apegada a sua experiência”, “acalme-se” etc. Curiosamente, muito do mote dessas frases foi reproduzido durante a discussão.


Jean também esquece de analisar o custo da inserção de culturas não-hegemônicas (principalmente a cultura negra e periférica) no cenário mainstream. Para isso, a fala de Maria de Fátima surge num contexto muito apropriado. Ao ser perguntada sobre a exploração midiática em torno da morte de seu filho, Fátima denuncia a direção do programa Esquenta e sua apresentadora, Regina Casé. A mãe de DG, além de ter sido coagida e utilizada em prol do sensacionalismo televisivo, foi proibida de afirmar que seu filho foi assassinado pela polícia do Estado do Rio de Janeiro. Disputar os meios hegemônicos tem seus custos: enquanto a emissora visa atender a demanda de uma nova classe consumidora e, para tanto, precisa dos nossos para que ela se sinta representada, em contrapartida nós, dentro desses espaços, ficamos com as migalhas.

Se Jean curte tanto assim debater cultura pop, deveria se lembrar que há um elemento essencial nessa discussão: a representatividade. Um homem branco compondo uma personagem mulher negra jamais pode ser considerado uma “nova representação dos negros na TV”. Isso é apenas a manutenção do que sempre existiu: nossas vozes e experiências silenciadas e nossos corpos coisificados para atender a demanda do consumo. Não adianta falar em “disputar os veículos de massa” se não estamos nele – ou ainda, se somos apenas estereótipos. É necessário falarmos por nós mesmas. Em primeira pessoa. E parece que com monopólio midiático isso está longe de acontecer.

O que fazemos aqui, na blogosfera feminista negra, tem muito a ver com a crise generalizada de representatividade. Nem a mídia a favor da burguesia, que está nas mãos de seis famílias, nem a imprensa tradicional de esquerda – com seus colunistas quatrocentões – consegue nos representar. O que fazemos aqui é trabalho intelectual. Doe a quem doer. É no espaço virtual que encontramos lugar privilegiado para pautarmos nossas demandas, narrarmos nossas histórias, trocarmos experiências e leituras. Foi graças a esse espaço que conheci muita mulher de luta (inclusive a Charô, citada no começo desse texto) e, com elas, muitas leituras. Também foi aqui que tive acesso a autoras que jamais tive a oportunidade de ler, nem na escola e nem na universidade.

Não duvido da necessidade de lermos Gramsci e Derrida, mas se os lemos é para destruí-los. A prioridade é conhecer e divulgar os nossos e principalmente as nossas. Fortalecermos umas as outras.

A disputa, Jean, tem que ser completa. E se você pretende continuar “representante das minorias”, aprenda a nos ouvir. Por isso você e seu discurso academicista não me representa.

Fonte: Geledés

Roda de capoeira torna-se Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade

18.nov.2014 – Grupos de capoeira se apresentam para usuários de Parque Memorial Zumbi dos Palmares, em União dos Palmares (AL)


Do: Uol,
Dança, luta, símbolo de resistência e uma das manifestações culturais mais conhecidas no Brasil, a roda de capoeira recebeu hoje (26) o título de Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).

Após votação durante a 9ª Sessão do Comitê Intergovernamental para a Salvaguarda do Patrimônio Imaterial, em Paris, a roda de capoeira ganhou oficialmente o título.

A presidenta do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), Jurema Machado, presente na sessão do comitê, explicou que as políticas de patrimônio imaterial não existem apenas para conferir títulos, mas para que os governos assumam compromissos de preservação de seus bens culturais, materiais e imateriais.

“O reconhecimento representa um tributo à capoeira como manifestação cultural importante que durante séculos foi criminalizada, além de dar visibilidade internacional. Além disso, reconhece que o Brasil tem políticas públicas para cuidar do seu patrimônio cultural”, disse Jurema em entrevista à Agência Brasil.

Segundo ela, um bem registrado como Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade garante mais respaldo ao governo para apoiar, com recursos públicos, iniciativas de preservação do bem cultural, com o incentivo à transmissão do conhecimento e a formas de organização dos capoeiristas. A roda de capoeira é reconhecida como patrimônio cultural pelo Iphan desde 2008.

No dossiê de candidatura, o Iphan enumerou uma série de ações para difundir a modalidade e propõe medidas de salvaguarda orçadas em mais de R$ 2 milhões, como a produção de catálogos e encontros. O documento destacou que o registro vai favorecer a consciência sobre o legado da cultura africana no Brasil e o papel da capoeira no combate ao racismo e à discriminação. O dossiê lembra que a prática chegou a ser considerada crime e foi proibida durante um período da história. Hoje, a capoeira é praticada em muitos países.

“O reconhecimento da roda de capoeira pela Unesco é uma conquista muito importante para a cultura brasileira. A capoeira tem raízes africanas que devem ser cada vez mais valorizadas por nós. Agora, é um patrimônio a ser mais conhecido e praticado em todo o mundo”, destacou, em nota, a ministra interina da Cultura, Ana Cristina Wanzeler.

Além da presidenta do Iphan, a diretora do Departamento de Patrimônio Imaterial (DPI-Iphan), Célia Corsino, diplomatas da Delegação do Brasil junto à Unesco e capoeiristas brasileiros também acompanharam a votação, entre eles os mestres Cobra Mansa, Pirta, Peter, Paulão Kikongo, Sabiá e Mestra Janja.

Segundo o Ministério da Cultura, o Iphan deu apoio aos capoeiristas para fazer amplo inventário dos grandes grupos de capoeira e mestres no Brasil e ajudou-os a instalar comitês estaduais distribuídos pelo país. Neles, capoeiristas podem formular reivindicações e compromissos relacionados à salvaguarda e à promoção dessa manifestação cultural.

Com o título, a prática cultural afro-brasileira reúne-se agora ao Samba de Roda do Recôncavo Baiano (BA), à Arte Kusiwa- Pintura Corporal (AP), ao Frevo (PE) e ao Círio de Nazaré (PA), também reconhecidos como Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade.


Fonte: Geledés

quarta-feira, 26 de novembro de 2014

“Racismo faz mal à Saúde. Denuncie!” Governo lança telefone para denúncia de racismo em hospitais e postos


O Ministério da Saúde lançou nesta terça-feira (25), em Brasília, uma campanha para incentivar denúncias de racismo no Sistema Único de Saúde (SUS). O slogan da campanha é: “Racismo faz mal à Saúde. Denuncie!”.

Do UOL,
Por meio do número 136, do Disque Saúde, as pessoas poderão denunciar qualquer situação de racismo que tenham presenciado ou sofrido em ambientes da rede pública de saúde.

A ação é feita em conjunto com a Secretaria de Direitos Humanos e a Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, e leva em conta casos de racismo informados ao Ministério da Saúde. Dados do ministério demonstram que uma mulher negra recebe menos tempo de atendimento médico do que uma mulher branca.

Os profissionais do Disque Saúde passaram por treinamento para identificar denúncias caracterizadas como racismo e, ao serem identificadas, serão direcionadas aos órgãos competentes. Os casos servirão de mote para a criação de novas políticas públicas que impeçam o racismo no SUS.

A campanha está sendo lançada pouco depois do Dia da Consciência Negra, celebrado em 20 de novembro.
Saúde dos negros

Através do número 136, a população poderá, ainda, obter informações sobre doenças mais comuns entre os negros e que exigem um maior acompanhamento. Caso do diabetes tipo 2, por exemplo, tem taxa de mortalidade, a cada 100 mil habitantes, de 34,1 habitantes entre os negros, enquanto na população parda, a doença atinge 29,1 habitantes e, entre a branca, 22,7.

A anemia falciforme também é encontrada em maior escala entre a população negra.

O Ministério da Saúde iniciou ainda duas novas ações para reforçar o combate ao racismo no SUS. Em uma delas, mais de 2,4 mil profissionais de saúde foram inscritos em módulo virtual de educação à distância sobre Saúde Integral da População Negra.

Cem projetos de pesquisa científica voltados para a saúde da população negra foram inscritos em iniciativa conjunta com a CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico).

A ação também marca os dez anos da Política de Saúde da População Negra. que, segundo a pasta, firmou compromisso para a construção da equidade racial em saúde para a população negra, com atenção às comunidades quilombolas.


Fonte: Geledés

CONVITE: Câmara Federal receberá visita do rei do povo Yorubá da Nigéria







Chega de extermínio da juventude negra! (26/11)



Em 2012, houve 56 mil homicídios no Brasil. Destes, 30 mil tiveram como vítimas jovens de 15 a 29 anos, dos quais 77% eram negros.

A juventude negra é a maior vítima da violência no Brasil: lidera os números de vítimas de homicídios, lidera os números de jovens privados de liberdade, lidera o perfil de áreas com forte aparato repressor do Estado, mas não lidera o perfil de áreas com políticas públicas de lazer e cultura, tampouco é vista de forma prioritária no orçamento público. 

Estamos exterminando nossa juventude preta, pobre e da periferia. Estamos exterminando nosso futuro. Estamos matando nosso presente e reproduzindo um passado colonial que hierarquizou raças, cores e saberes.

É o mês da Consciência Negra, mas sabemos que o dia da Consciência Negra é todo dia.

Vamos conversar, trocar, partilhar vivências e construir caminhos. Vamos nos fortalecer! Todas e todos são bem-vindas/os para somar forças a esse debate e às ações de fortalecimento da nossa juventude negra!

SERVIÇO
Hoje (26/11) às 14:00
CREAS Estrutural/DF 


Fonte: CREAS

Agenda especial no CRP/DF em parceria com a SEPIR/DF: Mesa - Desocultando o racismo que faz sofrer.







DESOCULTANDO O RACISMO QUE FAZ SOFRER.

Ele faz parte do mês de novembro, mês da Consciência Negra. Será às 19h, na sede do CRP DF.

Estarão na mesa:

Viridiano Custodio de Brito 
[Secretário da Secretaria Especial de Promoção da Igualdade Racial do DF - SEPIR/DF]
Tema: Políticas implantadas na SEPIR/DF

Jacira da Silva 
[Ouvidora da SEPIR/DF]
Tema: Disque Racismo

Márcia Maria da Silva 
[Conselheira do Conselho Regional de Psicologia do DF - CRP DF]
Tema: Desocultando o Racismo na clínica

Participem! O auditório do Conselho Regional de Psicologia do DF fica no SRTVN Quadra 701 - Ed. Brasília Rádio Center - Ala A - 4o andar, Asa Norte, Brasília-DF

A polícia é a mesma em qualquer lugar? Por que o policial que matou um negro nos EUA foi inocentado


Os primeiros protestos em Ferguson tinham dois slogans: “Mãos ao alto, não atire” — se referindo às últimas atitudes de Michael Brown antes de ser morto — e “Justiça para Michael Brown.” Na mente dos manifestantes, a justiça só poderia vir com uma acusação de Darren Wilson, o policial que atirou nele. Não, ele provavelmente não iria para a prisão. Mas, se nada mais acontecesse, uma acusação iria mostrar que a vida de Brown importava. Que a vida de pessoas como Brown importava. E que as comunidades merecem respostas e explicações para a violência policial.

Do: DCM,
Na segunda-feira à noite, o promotor do condado de St. Louis Bob McCullough disse que, após três meses de deliberações, os 12 membros do júri chegaram a sua decisão: Darren Wilson não seria indiciado. Em seu comunicado anunciando a decisão, McCullough explicou que o júri considerou pela evidência disponível que Wilson tinha motivos razoáveis para atirar em Brown, e não foi responsável por um crime.




Nada disso foi uma surpresa. É extremamente raro um policial enfrentar uma acusação por atirar em alguém, ainda mais uma punição criminal. “O FBI relatou 410 homicídios justificáveis pela aplicação da lei em 2012″, observou o site Talking Points Memo em uma matéria de agosto: “O número de acusações é mínimo”.

E não são apenas tiroteios; no início deste ano, a polícia da Geórgia equivocadamente invadiu uma casa e feriu gravemente uma criança. A promotoria convocou um júri, e o júri votou contra a acusação. “A investigação de droga que levou a esses eventos foi apressada, desleixada, e, infelizmente, não de acordo com as melhores práticas e procedimentos”, escreveu o júri na sua decisão. Ainda assim, ninguém da força policial foi responsabilizado.

O fato é que a polícia pode matar por qualquer motivo, sem temer acusações criminais.

A verdade é que a lei dá amplo apoio para uso da polícia para força letal. Apenas dois meses antes de Brown ser morto, o Supremo Tribunal deu a sua decisão no caso Plumhoff v. Rickard, em que os autores foram processados depois que policiais puseram fim a uma perseguição em alta velocidade disparando 15 tiros no carro, matando o motorista e um passageiro.

O tribunal considerou que isso não era “força excessiva” em violação da Constituição. “É lógico”, escreveram os juízes em um parecer, “que, se os policiais têm justificativa para disparar contra um suspeito a fim de acabar com uma ameaça grave para a segurança pública, os agentes não precisam parar de atirar até que a ameaça não exista mais”.

Além disso, existem as normas gerais de uso de força letal pela polícia, que dão ampla liberdade aos funcionários que usam armas. A Suprema Corte permite que a polícia use suas armas em duas circunstâncias: para defender suas vidas e para deter um criminoso que escapou.

Se Wilson acreditava que Brown era um criminoso, ou cometeu um crime doloso, então ele foi justificado nos termos da legislação existente. E se Wilson acreditava que ele estava em perigo de perder a vida, a crença de que só tem que ser “objetivamente razoável” não é provável. Então, mais uma vez, ele foi justificado nos termos da legislação existente.

Quando você adiciona este clima de deferência legal às circunstâncias específicas do julgamento, inclusive a reputação do júri de McCullough de apoiar os policiais, o não indiciamento era quase inevitável. Exceto se algo extraordinário ocorresse, Wilson sairia livre. O sistema judicial simplesmente não está equipado ou mesmo disposto a prender policiais responsáveis por tiroteios e outros delitos. Ou, dito de outra forma, o simples fato é que a polícia pode matar por qualquer motivo, sem medo de acusações criminais.

O que quer dizer é isso: teria sido poderoso ver acusações apresentadas contra Darren Wilson. Ao mesmo tempo, a justiça real para Michael Brown, num mundo em que os homens jovens como Michael Brown não podem ser morto a tiros sem consequências — isso não virá do nosso sistema de justiça criminal.

Infelizmente, nós não vivemos em uma sociedade que dá dignidade e respeito para gente como Michael Brown. Em vez disso, temos organizado o nosso país para negar isso, sempre que possível, através de estereótipos negativos da criminalidade, através de segregação e negligência, e através do espetáculo que vemos em Ferguson e St. Louis, onde a polícia está habilitada a aterrorizar sem conseqüência, e os residentes são condenados e atacados quando tentam resistir.





Se o racismo e alguma coisa que você esta cansado de ouvir, imagine como estão exaustos as pessoas que vivem isto todos os dias – Jon Stewart


Se você não esta com raiva, você não esta prestando atenção











Fonte: Geledés

terça-feira, 25 de novembro de 2014

Número de negros em universidades brasileiras cresceu 230% na última década








Para cada cem médicos formados no país, menos de três são negros; salários para pessoas com mesma formação e função também variam de acordo com a cor da pele

Por Rede Angola,
Mais da metade da população brasileira se autodeclarou negra, preta ou parda no censo realizado pelo IBGE em 2010. Mas apenas 26 em cada 100 alunos das universidades do país são negros. Apesar de ainda muito inferior, o acesso da população negra ao ensino superior aumentou 232% na comparação entre 2000 e 2010. Os dados constam no infográfico Retrato dos Negros no Brasil feito pela Rede Angola.

O aumento no acesso à formação universitária reflete as políticas afirmativas implementadas pelo governo nos últimos anos, em resposta às reivindicações históricas do movimento negro no país, mas os dados apontam o gargalo ainda existente: de cada cem formados, menos de três, ou 2,66%, são pretos, pardos ou negros.

Outro aspecto apontado pelo site angolano é que para cada R$100 reais ganhos por um branco, um homem negro, com a mesma formação e na mesma função, recebe R$57,40. No caso de uma mulher negra, o salário cai para R$38,5.

Confira:
Foto de capa: Bruno Spada/ABr

Fonte: revistaforum

Pesquisa mostra índices de desenvolvimento humano desiguais entre cidades do DF e Entorno



O levantamento faz parte do Atlas das Regiões Metropolitanas, uma ampliação dos dados do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), realizado pelo PNUD


O Distrito Federal ainda tem um longo caminho a percorrer para superar a desigualdade social na região. É o que demonstra o Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM), elaborado pela Fundação João Pinheiro, Ipea e Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), divulgado nesta terça-feira (25/11). Foram considerados 23 municípios, que integram a Região Integrada de Desenvolvimento do DF e Entorno (Ride-DF). 

O Plano Piloto, Lago Sul, Sudoeste, Noroeste, Águas Claras têm IDHM na faixa mais alta da classificação, entre 0,955 e 0,957. Por outro lado, a Estrutural ficou no último lugar da lista, perto do Recanto das Emas, Samambaia, São Sebastião e Sobradinho 2, que empatam com o mesmo valor: 0,616.

O levantamento faz parte do Atlas das Regiões Metropolitanas, uma ampliação dos dados do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), realizado pelo PNUD. Para este documento, as entidades envolvidas criaram o conceito de Unidade de Desenvolvimento Humano (UDH), separando regiões com características homogêneas e população suficiente para desagregação estatística. Ou seja, cada cidade da Ride pode significar uma ou várias UDHs. O objetivo é mostrar as diferenças intramunicipais com base nos dados do Censo 2000 e 2010, que consideravam o DF como cidade e município, sem detalhar as variações internas.

Em 2000, o IDHM do DF era igual a 0,680, situando-se na faixa de Médio Desenvolvimento Humano. Em 2010, o número cresceu para 0,792, alcançando a faixa de Alto Desenvolvimento Humano. A região também apresentou um aumento nos três indicadores que compõe o IDHM: educação, longevidade e renda. Entre 2000 e 2010, o primeiro foi o que mais evoluiu, passando de 0,516 para 0,701.