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quarta-feira, 9 de agosto de 2017

”Ele disse: ‘Você prefere maçã? Não, né?”’, relata agente que acusa advogado de injúria racial


Mulher que afirma ter recebido banana de passageiro em Confins, prestou depoimento nesta sexta-feira. Advogado negou ofensa, mas foi preso em flagrante e terá que pagar fiança de R$ 3 mil

A agente do Aeroporto Internacional Tancredo Neves, em Confins, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, que acusa um advogado de injúria racial, prestou depoimento na tarde desta sexta-feira. Ela voltou a dizer que recebeu uma banana do passageiro depois que ele se irritou com um erro no computador da companhia aérea. “Fiquei em choque”, comentou. Por sua vez, o defensor negou as acusações e disse ter entregado a fruta para a jovem por achar que ela estava com fome. De acordo com a Polícia Civil, ele foi preso em flagrante por injúria racial. Foi arbitrada fiança de R$ 3 mil.

O ato aconteceu por volta das 7h30. De acordo com a agente de aeroporto Aline Tatiane Campos, de 35 anos, que acusa o advogado, o homem se irritou ao ser cobrado equivocadamente pelo despacho de uma caixa. Como cliente vip e por ter crédito com a companhia aérea, ele estava liberado do pagamento, mas o computador em que Aline trabalha não acusou o bônus.

O problema com o despacho da caixa foi resolvido com a ajuda de outras funcionárias, que descobriram que o advogado tem dois registros no sistema da Azul. Resolvido o impasse, ele abordou a agente e a entregou a banana. “Ele me disse que eu havia esquecido algo. Respondi que não. Então, ironicamente, retirou uma banana da bolsa e me deu. E disse assim: ‘Você prefere uma maçã? Não, né? Banana mesmo’. Fiquei em choque e ele foi para o saguão. Embarcou”, recordou Aline.

Em entrevista à TV Globo, ele negou o cunho racial de seu ato. “Não consigo ver isso em relação à cor da pessoa. Foi oferecido como uma fruta, não só banana, maça e biscoito”, justificou o advogado, que sugere seu ato como solidário à funcionária, que iniciou jornada de trabalho às 4h. “Esse é meu jeito. Não vou mudar”, pontuou.A mulher e testemunhas disseram o contrário. “Em pleno século 21… Fiquei em estado de choque quando ele me entregou uma banana. O senhor já chegou arrogante. Perguntei-lhe o destino é ele me respondeu que iria para o céu”, indignou-se a agente.

Colegas de trabalho da agente a orientaram relatar o fato à gerência da companhia, que acionou a Polícia Federal. O gerente da Azul entrou no avião e pediu que o advogado levantasse e o acompanhasse. Agentes da Federal aguardavam o senhor no saguão. Neste momento, 16h50, Aline e o advogado prestam depoimento numa delegacia de plantão em Vespasiano, na Grande BH, responsável pela cidade vizinha de Confins.

Em nota, a Azul Linhas Aéreas informou que “já está prestando assistência à sua tripulante e que não vai comentar o caso para não atrapalhar o inquérito policial”.


Fonte: Estado de Minas.

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