Foto: Tiago Zenero/PNUD Brasil
Era uma festa beneficente de uma escola dita progressista, que fica no Plano Piloto – a região central de Brasília.
A música estava ótima, eu dançava Criolo…
Até seis seguranças chegarem de forma agressiva, sem pedir licença nem dizer o que estava acontecendo, e ostensivamente mandarem que eu me calasse quando questionei o motivo da abordagem brusca.
Dois deles me revistaram. Encontraram em minha pochete dois celulares. Digitei a senha no meu e minha amiga no dela.
Tentamos dizer que esse era o pior método e que estávamos assustados. A única resposta era a ordem ríspida de que permanecêssemos em silêncio.
Ao fim da inspeção, como muitas pessoas observaram o acontecimento, um dos seguranças tentou se redimir com a seguinte frase: “Desculpe, senhor, mas você tem as características do bandido”.
Tentei dançar e esquecer, falando internamente que aquele procedimento era habitual e que não passava de um mal-entendido. Mas não funcionou. Fomos embora constrangidos e humilhados. Não havia mais diversão possível.
Buscar quem cometeu os furtos pela aparência é racismo. É absurdo. Uma demonstração escancarada de que mesmo aquele ambiente, dito alternativo, não é para todxs.
O que aconteceu no espaço da Escola Vivendo e Aprendendo não pode ser tratado como normal. Os seguranças contratados pela escola para a festa nos diferenciaram do público branco predominante e colocaram o negro “no seu lugar”.
Em meu Facebook a escola pediu desculpas, disse que debate racismo manifestou intenção de um encontro – que ainda não foi marcado, porque informaram que me contatariam “no chat”, o que até agora não ocorreu – “para entender o caso e tomar as providências necessárias”. Aguardo.
Ontem registrei a ocorrência do crime na DECRIN – Delegacia Especial de Repressão aos Crimes por Discriminação Racial, Religiosa ou por Orientação Sexual ou Contra a Pessoa Idosa ou com Deficiência, e espero que seja devidamente investigado. A impunidade só estimula que o racismo siga ocorrendo. Também tomarei outras providências judiciais. É isso que todas as vítimas de racismo devem fazer.
O mundo que queremos mudar não é formado por uma única classe, cor e por moradores do Plano Piloto.
Fonte: Geledes
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